Colunistas

    Jornal Roraima Agora
    Tia Lyka

    Perereca independente

    Olá, queridos

    Sem querer ser feminista – detesto rótulos que nos marcam que nem vaca no pasto – mas acho importante abordar um assunto que tem deixado muita mulher independente sem rola fixa. É, fofas, ter profissão, casa e carro próprios e saber onde fica o botãozinho de gozar pode jogar você na estatística das “sem marido”.

    E vamos combinar que a gente gosta de ter um pau gostoso em casa pra fazer saliência. Adoro! A diferença é que eu emito fatura.

    A Deyse Sobral dos Santos Padilha, jornalista, 23 anos, já enfrenta o problema por se bancar. Vejam o que a escriba diz:

    Titia linda e maravilhosa, que sempre tem solução para nossos problemas sexuais (os mais destruidores de vidas),

    Gostaria de saber por que os homens de hoje em dia têm tanto medo da gente que trabalha, é formada e independente? Eu pensei que deveria ocorrer o contrário, mas parece que os caras se intimidam. E quando vou pra cima e faço um super boquete, o cara fica louco, mas também parece se sentir incapaz de dar conta do recado "todo".

    Querida, Deyse!

    Adorei o “titia linda e maravilhosa”. Parece até ser da família (risos).

    Vê só: imagina que prender o xixi foi a única sensação de orgasmo que sua vó teve a vida toda. De lá para cá, evoluímos bastante. Hoje tem vibrador, sela da bicicleta, massagem erótica, Pokémon, o caralho de asa para nos dar prazer.

    É muita ferramenta disputando com as pirocas. O homens num guenta, fia. Quando eles vêem uma mulher com diploma, chave do carro na mão, pensam logo: “Fudeu! Vou ter que me esforçar. Nada de meter e gozar logo”.

    É nessa hora que a gente tem que dar uma de “mulherzinha”. Como? Ficar manhosa, dizer que ele tem a maior pica do mundo, que ele é forte, machão. Fala isso no ouvidinho dele que, aposto meu cu, vai ficar de pau duro por três dias.

    Caso dê errado, tem muito pedreiro dando sopa por aí: são viris, gostam de trepar e vão te tratar como princesa. Depois, você paga um curso de engenharia pra ele.

    Ui!

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    Aroldo Pinheiro

    Erasmo quase parou o Brasil

    Atendendo convite do governo, que precisava de professores para expandir a rede escolar, Erasmo Sabino de Oliveira mudou-se para Roraima. Em Boa Vista, enquanto se dedicava à educação de adolescentes, viu possibilidades de ganhar dinheiro no setor imobiliário. Se deu bem.

    No final do século passado, numa dessas campanhas de governo em tempo de crise, a Caixa Econômica Federal alardeou que teria bastante dinheiro para financiar quem quisesse investir em casas populares.

    Ao saber que existiria verba fácil para o setor, o empresário, destemido, resolveu que aquele seria o momento de alavancar seus negócios.

    Ao ver o projeto de Erasmo, o gerente do banco federal assegurou-lhe que, depois de análise da documentação, o dinheiro seria liberado. Com aquela garantia verbal, para ganhar tempo, o potiguar resolveu iniciar a construção de seu conjunto habitacional.

    Depois de um mês de desembolso, a fonte secou e o financiamento oficial não havia saído. “É questão de dias”, garantiu-lhe o gerente. Para não parar, Erasmo passou a comprar fiado o material necessário para dar andamento nas obras.

    Sessenta dias se passaram e o empréstimo não tinha sido aprovado. O gerente disse que logo, logo, a grana estaria na conta do empreendedor. Desmobilizar equipes redundaria em prejuízo. Além do mais, sem reservas, como pagar rescisões trabalhistas? A saída: pedir dinheiro emprestado a agiotas e tocar o que havia iniciado.

    Já bastante endividado no comércio e pendurado em mãos de agiotas, Erasmo soube que a carteira para o financiamento que ele pleiteara havia sido fechada.

    Desespero. Apelar pra quem?

    Ao ouvir lamúrias do empresário, Marivaldo Barçal, advogado, prometeu levá-lo a Brasília para falar com Romero Jucá. Para o influente senador, não seria difícil mobilizar a Caixa Econômica Federal e resolver o problema de Erasmo.

    Passagens foram compradas com cheque pré-datado. Difícil foi convencer dona Dalva, proprietária da boutique Shalon a vender-lhe fiado um paletó.

    Numa sexta-feira, Marivaldo e Erasmo embarcaram juntos para encontrar-se com o senador às oito horas de segunda na capital federal.

    No gabinete, além do senador, estavam presentes uns oito homens vestindo elegantes e finos paletós pretos: os picões da Caixa Econômica Federal. Romero Jucá iniciou o discurso:

    - Senhores, esta reunião foi agendada para ver se, juntos, conseguimos encontrar uma solução para o problema deste grande empresário roraimense. Erasmo enfrenta sérias dificuldades desde que a Caixa Econômica fechou uma carteira de crédito e está a ponto de parar um dos maiores empreendimentos imobiliários de nosso Estado.

    Com um olhar, o vice-presidente consultou o presidente da Caixa Econômica Federal; sentindo-se autorizado a falar, dirigiu-se ao empresário:

    - Quantas casas o senhor está construindo?

    Apesar de nervoso, Erasmo respondeu alto:

    - 55.

    Os homens da Caixa se entreolharam, o senador Romero Jucá mostrou-se nervoso. O vice-presidente da instituição reinquiriu Erasmo com certo sarcasmo:

    - Quantas?

    Erasmo respondeu pausada e nervosamente:

    - Cin-quen-ta e cin-co.

    Os homens da Caixa abriram risadas, Romero Jucá ficou vermelho de vergonha; o presidente fechou:

    - Senador, problemas desse tamanho, a gente resolve com um telefonema...

    Erasmo ficou satisfeito com a promessa de que seu financiamento seria liberado no dia seguinte. Depois de agradecer o senador Romero Jucá pela ajuda, pediu-lhe R$ 200 reais emprestados para pagar o táxi.

    - Senador, problemas desse tamanho, a gente resolve com um telefonema...

    Erasmo ficou satisfeito com a promessa de que seu financiamento seria liberado no dia seguinte. Depois de agradecer o senador Romero Jucá pela ajuda, pediu-lhe R$ 200 reais emprestados para pagar o táxi.

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    Ulisses Moroni

    Monteiro Lobato: infância e brasilidade

    Saudade, muita e boa saudade!

    Esta a melhor para palavra para descrever a sensação que tive ao ver uma foto do principal elenco da primeira versão do "Sítio do Pica-pau Amarelo" - série de televisão baseada na obra do escritor Monteiro Lobato, criada e transmitida pela Rede Globo no final dos anos setenta e início dos oitenta.

    Os personagens da foto eram Dona Benta, Tia Anástacia, boneca Emília, Visconde de Sabugosa, Pedrinho e Narizinho. Estes os principais, de todos os episódios.

    Mas havia outros, a bruxa-jacaré Cuca, o saltitante Saci Pererê, Tio Barbabé, o porquinho Marques de Rabicó, o burro-sábio Conselheiro...

    Vendo isto, parece que retorno no tempo. Meus pensamentos voam e, como num filme, assisto-me em uma cena.

    Estou saindo da escola, segundo, terceiro ou quarto ano do primeiro grau.

    Naquele tempo se chamava assim. Hoje, o quarto e quinto anos do ensino fundamental.

    Eu saía das aulas querendo chegar logo em casa, para assistir ao 'Sítio'.

    Estudava à tarde. Saía rápido pelas ruas entre a escola e minha casa, calculando a velocidade dos passos para chegar na hora de o programa começar.

    Usava uma mochila tipo pasta, ia alternando de uma mão para a outra, para não incomodar.

    Antes, um copo de leite, pãozinho, alguma fruta, e... televisão!
    Quantas gerações de brasileiros não fizeram isto.

    Depois as crianças da série cresceram, e colocaram outras. Mas a primeira versão é inesquecível.

    Quanta infância, quanta alegria, quanta criatividade.

    A magia de Monteiro Lobato, a competência dos atores e produtores.

    Sim, pois os artistas da televisão se uniram com o artista das letras.

    O resultado foi sempre um bom episódio.

    Havia humor, suspense, conhecimentos técnicos e morais, inteligência emocional.

    Quanta alegria, que saudade!

    Pergunto-me se Monteiro Lobato teve aquela infância? Ou se inspirou na de seus filhos? Se foi assim, que paizão foi ele.

    E, porque não falar, quanto brasilidade!

    A Cuca, apareceu aqui agora.

    O Visconde de Sabugosa, sempre um cientista, um sábio.

    Emília, a percepção feminina aguçada em tudo que olhava.A música tema, seu refrão, "Sítio do Pica-pau amarelo, sítio do pica-pau amarelo...! Um trecho da música de um episódio: "Sete piratas sobre um caixão, ho!, ho!, ho!, e uma garrafa de rum. No fim da bebida, saiu confusão, ho!, ho!, ho!, e não sobrou nenhum! Tum tum tum tum tum tum". Cantada em coro. Que boa recordação!

    Passado sim, mas a alegria inesperada que estas lembranças trouxeram é presente, sentida aqui e agora.

    O bom passado é sempre presente, uma alegria conquistada na estrada da vida.

    Que o espírito de Monteiro Lobato reencarne, para criar histórias na era da internet, para as crianças de hoje!

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    Tia Lyka

    Beijar o furico é bom?

    Olá, meu povo de esquerda e de direita!

    Aqui, o único partido que manda é o meu (por enquanto). E digo mais: ninguém vai ver meu nome em lista de propina. Mesmo dando pra ala do PT e caciques do PMDB, todo serviço que faço é limpinho. Sou puta e honesta.

    Mas meu papo aqui não é de política, se bem que a boa sacanagem está perdendo feio pra esse povo do Congresso, né, não?! Hum. Deixa quieto!

    Seguinte: hoje falo de uma bolinação gostosa de fazer e que tem até curado quem tem prisão de ventre. Vejam só o que a Maria Estelita Gomes B. Grupette, 43 anos, ex-gafanhota, me contou pelo “zap zap”:

    Tia Lyka,
    
    Arrumei um velho tarado em fiofó. Quando me conheceu, foi logo arreando minha calcinha e enfiando a língua no “redodin”. Fui lá no Curupira e voltei de tão bom.

    Tenho prisão de ventre e notei que as linguadas do velho têm me ajudado a evacuar regurlarmente. Mas fico travada, contraio a bunda, o que faço pra relaxar?

    Querida, Estelita

    Como diz o Mike Guy Bras: “Ê, maluco, se é bom, deixa rooolar!”

    Fofa, se o velho gosta de chupar cu, deixa. Para com esse negócio de ficar travada, pensa nos benefícios anais que esse homem está te fazendo. Você sabe o quanto é ruim ficar entupida. Fico arrepiada, só de me imaginar cagando um coco.

    Faz assim abestada: a melhor maneira de curtir bem a linguada na bunda é deixar ela bem escancarada. Abre bem essa bunda que Deus te deu (com as duas mãos sua lôca) e deixe a cara do velho se perder dentro dela. Pra deixá-lo mais tarado, reboladas na velocidade 5. Copiou?

    Ah! Não se esquece de assear bem esse cu com sabonete íntimo (na Farmavita tem). Eu uso com alecrim e menta, fica super refrescante. Porque fedor de cu é pior do que cheirar arroto de chefe depois do almoço: a gente quer vomitar na cara da peste, mas prefere se manter no emprego.
    
    Ui!

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    Tia Lyka

    Boi na linha

    Olá, pessoal!

    Feliz da vida com o sucesso que a versão on-line do jornaleco está fazendo. Esse jornalzinho fuleiro atravessou fronteiras e agora está em smatphones, tabletes, notebooks e o caralho a quatro.

    Na cozinha, no banheiro, na fila da lotérica, qualquer lugar é apropriado para se manter informado e – por que não – com um pouco de tesão. Acessem! Quem entrar primeiro, vai gozar mais rápido. Mas vamos ao que interessa. Vejam o que esse sexgenário está passando:

    Tia Lyka,

    Estou namorando há cinco anos uma mulher de 27 anos. De uns meses pra cá venho notando um tratamento diferente dela. Tem evitado trepar comigo, sempre está com dor de cabeça, menstruada ou com inflamação no útero.

    Eu ando cabreiro. Ela está sempre depilada, calcinha nova e perfume dentro da bolsa. Será que, de dono, virei sócio?

    Sou José Carlos A. Monteiro, 67 anos, servidor público federal.

    Querido, Carlos

    Tem boi na linha, mano.

    Vê só: se tua namorada anda negando fogo, mas desfilando de calcinha nova e com a xereca raspada, coisa boa ela não anda aprontando, já te alerto.

    Agora, vamos combinar, né? Quarenta anos te separam da mulher, cara. Tu achas que ainda tem sangue nas veias pra bombear esse pau velho? A mulher tá no auge, deve ter aprendido a gozar um dia desses, imgina o vulcão no meio dessa vagina.

    A decisão é tua. Ou continua a levar chifre, mas feliz por desfilar com a franguinha e fazer inveja pros teus amigos, ou deixa a biscate e procura uma vovó professora aposentada numa dessas serestas da cidade.

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    Aroldo Pinheiro

    O juiz e o BMW

    Uma noite, em dezembro de 1998, antes de mais uma viagem à terra de Tio Sam, eu tomava uísque com Adilson Dantas, na época juiz do Trabalho em Boa Vista. Ao sair de minha casa, no portão, meu amigo encomendou: “Se passares pela Biscayne Boulevard, dá uma paradinha e vê o preço de um BMW 325 pra mim”.

    Na época, o rombo deixado pelo juiz do Trabalho Nicolau dos Santos Neto e o ex-senador Luís Estêvão na construção da sede do Tribunal do Trabalho, em São Paulo, ocupava todos os espaços da mídia nacional. Um pouco da imprensa estadunidense também dava destaque ao juiz ladrão, que ficara conhecido pelos gastos em restaurantes de luxo, coleção de carros importados e investimentos milionários que fazia em Miami.

    Resolvido o que eu fora tratar, saí de meu hotel em South Beach para pequenas compras no centro da capital da Flórida e, eis que, ao parar num sinal vermelho, olho para a placa de identificação da avenida e leio “Biscayne Boulevard”. Lembrei-me da incumbência que Adilson me dera de brincadeira.

    Duas quadras adiante, entrei em imensa e luxuosa loja de veículos europeus. O terno do sujeito que me recebeu era mais caro do que a surrada F-1000 e o rodado Fiesta que ocupavam a garagem de minha casa. Somados.

    Eu, vestido com camiseta, calça jeans desbotada e surrado tênis do dia a dia, não me apequenei à frente vendedor. Cheio de moral, disse-lhe que estava interessado num BMW 325.

    O homem conduziu-me a uma mesa, mostrou-me panfletos, falou da potência, do conforto e dos opcionais para aquele modelo de máquina alemã. Disse-me que só poderia entregar o veículo de meus sonhos em, pelo menos, oito meses a partir do pedido.

    Passo seguinte: preencher formulário para futuros contatos. Ao perguntar meu nome, disse-lhe chamar-me Adilson Dantas; naturalidade: brasileira; profissão: juiz do Trabalho.

    Quando soube de minha procedência e ocupação, os verdes olhos do vendedor brilharam. Claro que, para completar a ficha – e a brincadeira –, passei endereço, telefone e e-mail de Adilson.


    Saí da loja sobraçando uns dois quilos com ricos impressos sobre BMWs.


    De volta ao Brasil, tomando umas doses de uísque, contei a história para Adilson e entreguei-lhe todo o material que eu conseguira sobre o “BMW dele”.

    Até pouco tempo antes de transferir-se para a Justiça do Trabalho amazonense, Mr. Adilson Dantas recebia mensagens do elegante e insistente vendedor querendo fechar negócio num BMW 325.

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    Tia Lyka

    Pau “drobado”

    Olá, meus amores!

    Como vão de arraiá? Aposto meu grelo que, se fizesse uma pesquisa em Boa Vista, ganharíamos como povo que mais gosta de bagaceira; segundo lugar, seria em fudelança – faz sentindo, né?

    Mas também, é arraiá pipocando pra tudo quanto é lado. Eu acho é bom, chego com a bolsinha cheia em casa, além de comer horrores nessas festas. Tô parecendo uma pamonha de tanto milho que já empurrei pra dentro.

    Falando em empurrar, lembrei de msg que leitor me mandou por Whatsra. Vejam o sofrimento do pobre:

    Tia Lyka,

    Tenho 62 anos e namoro uma mulher de 40. Meu pênis não fica duro como quando eu tinha 20. Por problemas cardíacos, não posso usar vasodilatadores.

    O que faço pra penetrar minha parceira e dar-lhe prazer?

    José Leotávio A. Monteiro, autônomo.

    Querido José,

    Mete “drobado”, lá dentro o bicho se ajeita.

    Brincadeirinha.

    Esse papo de pau mole, sempre me dá trabalho. Pra você ter uma ideia como o assunto é delicado, a clientes com disfunção erétil (é brocha, tá!), estou dando um tratamento diferenciado: massagem tântrica, mantra para conseguir dinheiro inesperado, fio-terra, batida de ovo de pato, simpatia. Até surra com folhas de mari mari estou usando.

    Agora, vocês também não se emendam, né? Pegar vaca nova sem ter capim no pasto, dá nisso! Mulher de 40 – saibam – está saindo faísca pelas ventas. Estão doidas pra trepar, já sabem sua posição peferida, como atingir orgasmo, ponto G, ter gêmeos, menino com olho azul. São profissa, mermão! Quando entram no play é pra jogar.

    Aí o cabrinha fica brincando de encher o “boneco”. Não acompanha.
    Pra ti, que é cardíaco, só vejo uma solução: compra uma rola de “prástico”- as de motorzinho são as melhores (prazer em 4G) – e leva pro cambate, guerreiro. Quem sabe, teu pau vendo outro tinindo e ainda fazendo barulho não se anime.

    Aviso: não vale ficar com inveja e enfiar o pau no rabo.

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    Aroldo Pinheiro

    Visita inesperada

    Boa Vista, anos 1960, ruas empoeiradas, sem asfalto, sem calçadas. Num dia de ponto facultativo, depois de tomar preguiçoso café da manhã, Petrônio Mota recostou-se no muro de sua residência, na esquina da rua Coronel Mota com avenida Benjamin Constant, acendeu um cigarro e abandonou-se em pensamentos olhando para o movimento da cidade sem movimento.

    Na avenida, lá perto do grupo Escolar Oswaldo Cruz, debaixo de guarda chuva, usando sombras dos pés de “dona téri” para proteger-se do sol escaldante, surge figura conhecida.

    Depois de cruzar a rua Barão do Rio Branco, Davi Cruz, em indefectíveis calça e camisa de linho branco, atravessa a avenida para aproveitar a sombra de frondoso fícus italiano da frente da residência de Áureo Cruz. Com a visão cerceada pelas abas do chapéu e da sombrinha, o policial ouve a saudação:

    - Bom dia, Davi.

    A voz rouca, de garganta consumida pelos muitos pau-roncas fumados desde a infância, responde:

    - Bom dia, Petrônio. Tudo bem?

    - É. Vendo o tempo passar. Aonde você vai com tanta pressa?

    - Vou aqui na casa do Santiago, tenho assunto urgente pra tratar com ele e com Maria Mota.

    - Entra prum cafezinho, homem? - Tá bom. Já que você insiste, vou parar pra fumar um cigarro e prosar um pouquinho.

    Entraram, sentaram-se à longa mesa da varanda e, entre uma e outra xícaras de café e muitos cigarros, se abandonaram em conversa. Quase monólogo, pois seu Davi dominava a prosa. Falou de caçadas, de pescarias, de doenças, de saudades, de vidas e de mortes.

    Convidado para almoçar, Davi diz que “vai fazer só uma boquinha” e se farta com a rabada preparada por dona Dorzinha. Rabada com arroz e farinha d’água, grossa como piçarra, comida de macho, como o caboco.

    Antes do suculento doce de caju, Davi lembra: “Rapá, eu tenho que falar com Santiago”.

    Água fresca do pote, mais café, mais conversa. Davi falou sobre a filha que morava no Rio de Janeiro, sobre o arrependimento que sentia por ter comprado um jipe velho, Candango, que só vivia no prego, sobre a seca que não dava chance de o gado engordar, sobre a alta constante do custo de vida.

    E chegou a noite.

    Por cima da cerca de pau-rainha, Davi olha para a residência de Santiago, do outro lado da rua, volta-se para Petrônio e diz:

    - Minha Nossa Senhora, o tempo passou e Santiago tá de saída com a Maria.

    Ansioso para que a visita vá-se embora, Petrônio não faz comentário. Davi acrescenta:

    - Tá bom, eu volto amanhã. Se você estiver por aqui, eu dou uma paradinha pra botar assuntos em dia...

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    Tia Lyka

    Dar o furico vicia

    Olá, gente bonita!

    Vocês nem notaram meu cabelinho encarnado, né? Pintei pra despistar umas quengas que andam querendo levar fama com meu nome. Qualquer hora, arranco essa verruga. Homens reclamam de cócegas na bunda.
    Vamos falar de cu alheio?

    Vejam o que a servidora pública (federal) Jocicléia Matias C. Picanço, 35 anos, quer saber:

    Tia Lyka,
    Há tempos, estou para lhe perguntar: dar o cu vicia?

    Querida Jô Picanço,

    Não sei. Experimenta: dá o teu e depois me conta.
    Falando dos vera: não só vicia como arranca as pregas se não der direito.

    O truque é ter sempre à mão um lubrificante à base de água. Cuspe é o mais barato. E eficaz. Antes da penetração, também é bom brincar de Chacrinha: “Roda, roda, roda a fita”. Lembra dos dedinhos das chacretes?

    Eu tenho uma miga que adora dar o fiofó. Último namorado terminou porque não agentava mais traçar furico. Todo dia, enjoa. Nhã!
    Roscofe, minha nega, é iguaria especial e só deve ser oferecido em ocasiões especiais: aniversário, Dia dos Namorados, Natal, Ano Novo. Tem mulher que se empolga tanto que se esquece que tem perereca.

    Além do que, “esses pessoal” que gostam de dar a rodela sabem bem o trabalho que dá pra deixar a área da fossa limpa. Duchinha, limão, dieta de suco verde, Luftal e por aí vai. Comer feijoada? Nem pensar. Se você souber usar bem o rabicó, não vai faltar roupa nova e geladeira cheia em casa. É só saber a hora certa de oferecer pro boy magia. E se o gato estiver ciscando em terreiro alheio é só ameaçar que vai tirar a bundinha da cesta básica. Ele enlouquece.

    Agora, se você está com medo de ficar viciada, me passa o endereço do bofe que eu empresto o meu de vez em quando.

    Ui!

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    Aroldo Pinheiro

    O corte

    Ele se diz italiano, mas nunca mostrou documento que o comprove. Diz também que morou em Londres, mas até hoje não apresentou registro de sua passagem pela terra de Winston Churchill. Independentemente disso, o cara é gente boa.

    Descontrolado com números e orçamento, ele está sempre no vermelho. Por misturar salário com bicos, nunca sabe quanto ganha. Nem quanto gasta.

    Divorciado, assumiu mais uma despesa mensal: pensão alimentícia. Sabendo que falha nesse tipo de pagamentos é uma das poucas coisas que dá cadeia, ele prioriza depósitos nas contas da ex e da filha.

    A coisa pegou. Muita farra, muita muiezada, contas começaram a se acumular. Em determinado momento, ele passou a sortear quem seriam os felizardos a receber atrasados.

    Imposto Predial foi o primeiro compromisso a ser botado no escaninho de “pago se um dia puder”. Em seguida, o consórcio. Conta de telefone residencial também entrou no rol. Seguida por telefone celular.

    Os ímãs da porta da geladeira já quase não suportavam o peso de tantos boletos quando ele decidiu atrasar contas de água e de luz.

    Perdido, ele passou a se preocupar com o dia em que sua energia elétrica seria cortada, pois,na porta do refrigerador, três papelotes da Eletrobras e amontoavam à espera de pagamento.

    Certa noite, ao apelar para a caderneta da pequena mercearia da vizinhança, conseguiu três latas de sardinhas, um quilo de farinha, seis ovos, meia dúzia de limões e o aviso: “Daqui pra frente, só com dinheiro, viu?”.

    Em casa, ele destampou a meiota de caninha Pitu e embriagou-se pensando na vida.

    Calor. Calor infernal. Ele acordou e viu que o condicionador de ar estava desligado. Acionou o interruptor de luz. Nada. Correu à geladeira em busca de água para tirar o gosto de cabo de guarda chuva que lhe vinha à boca e viu que o branco vazio dera lugar a uma penumbra sobre as poucas garrafas de H₂O que descansavam, suarentas, nas grades enferrujadas. Pensou: “Cortaram minha luz”.

    Lá fora, um barulho ensurdecedor, diferente. Ao abrir a janela cuidadosamente, deu com fios elétricos espalhados na rua e um caminhão Munck retirando o poste de frente de sua casa.

    Assustou-se. Conseguiu pensar: “Esse povo não tem consideração: com três meses de atraso, eles agora levam até o poste”.

    Com calma, deu-se conta de que, em operação preventiva, os funcionários da companhia energética faziam manutenção de rede e colocavam postes de concreto no lugar de similares de madeira.

    Aliviado, ligou para a ex-mulher, pediu-lhe dinheiro emprestado, pagou duas das contas de luz em atraso e voltou a tocar a vida como vinha tocando.

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    Aroldo Pinheiro

    Praga de mãe

    E ninguém queria mais a responsabilidade de ser governador do Lions Cube de Roraima. É que, para levar a coisa a sério, demanda tempo e muitos que abraçaram a missão ficaram momentaneamente sem condições de abraçar seus negócios.

    Erasmo se viu praticamente forçado a assumir o cargo, no Distrito L-1, composto pelos estados de Roraima, Amazonas, Rondônia e o Acre. Na época, diretores do Lions no Amazonas, muito influentes dentro da Zona Franca, tiveram facilidade arrecadar fundos entre empresários e promover a maior convenção leonística jamais ocorrida no Brasil.

    Iniciando-se no mundo dos negócios, o empresário de Roraima zerou saldo de conta bancária e rapou o fundo do tacho para, comparecer ao evento. Ali, decidir-se-ia quem iria a Hong Kong participar de convenção mundial da associação beneficente.

    Erasmo Sabino foi o indicado. Por um lado, Sabino festejava a chance de visitar o outro lado do Planeta. Antevia, também, a oportunidade de encontrar-se com seu irmão, Genivaldo, diplomata, que à época, servia na representação brasileira em Pequim. O problema seria dinheiro para bancar despesas pessoais na grande viagem. O potiguar usou a máxima “já que tá gostoso deixa”.

    No encerramento da convenção amazonense, muitos dos presentes teriam que fazer pronunciamentos. Erasmo, que até então só tinha discursado para alunos em sala de aula, apesar de ter rabiscado roteiro para improviso de sua fala, estava nervoso. Ficou ainda mais nervoso quando viu pessoas do naipe de Gilberto Mestrinho e Arthur Virgílio Neto sentados à mesa dos trabalhos.

    Apesar de alguns copos de cerveja, os belos discursos deixavam Erasmo com medo de fazer feio. “Como fazer bonito depois de um Mestrinho ou um Arthur Virgílio?”, pensava. Sabino até cogitou abandonar o recinto sem dizer nada. “Filho de Chico Fumeiro não foge da raia”, ponderou.
    Eis que o nome de Erasmo Sabino de Oliveira foi anunciado. Ao púlpito, como disfarce para seu nervosismo, o empresário ajustou o microfone e, sem abrir o roteiro que trazia no bolso do paletó,depois de saudar os presentes, desabafou:

    - É praga de mãe... A plateia não entendeu nada. Erasmo deu sequência: “Nunca em minha vida, eu pensei em fazer viagem internacional. Hoje, lembrei-me de minha mãe que, quando se via atentada, gritava a qualquer um de seus filhos: “Menino, vai pra China”. Meu irmão, Genivaldo, é diplomata e, hoje, mora em Pequim. Eu, dentro de poucos dias, estarei em Hong Kong. Se as coisas continuarem nesse embalo, logo, logo, todos os filhos de Chico Fumeiro, meu pai, terão ido ao outro lado do mundo pra cumprir a praga que dona Severina, minha mãe, rogou.

    Risos. Aplausos. Bem à vontade, Erasmo sentiu-se tranquilo e encerrou seu discurso. Até Mestrinho e Arthur Virgílio o aplaudiram de pé. No seu jeito simples de ser, Erasmo chorou.

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    Jaider Esbell

    Antes do céu cair

    Parentes, eu vou sair. Vou sair nu e eles vão perguntar por vocês, vão querer saber sobre vocês. Vou dizer: perguntem a eles, eles estão lá no norte da Amazônia, esparramados no pé do monte Roraima. Eles estão todos lá, são sobreviventes. Se, felizes ou tristes, perguntem a eles. Se satisfeitos ou decepcionados, perguntem.

    Olha eles aqui ó, na arte, vê na geografia? Podem estar sadios e mortos. Vamos, acessem a internet, escrevam no Google – GARIMPO MATA A AMAZÔNIA. Eu poderia te enrolar, desconversar, te contar mitos, fazer desenhos coloridos. Poderia falar de qualquer coisa, mas eu não vejo TV, não discuto politicagem, nem gosto de futebol. Eu só insinuarei: Talvez eles sejam como vocês. Tipo assim ó: Os açougueiros não se entendem porque têm facas. Os ignorantes têm insultos. Os amores têm seus ciúmes. Os deuses querem melhor aos seus e por aí em diante.

    Talvez falte diálogo, entendimento, trabalho, compreensão, compromisso. Mas, o que aparece mesmo é a felicidade: essa se sobressai. O povo tem uma tendência à felicidade. É a desgraça que torna aquilo mais vida? Essas coisas boas de ver, de fazer, sentir. O índio tem flechas, mas não floresta. Conhecimento. Vamos encher o nosso livro de prazer e dor e dar para a ciência. Vamos estar nas estantes virtuais, encaixotados como mercadoria sem venda. Vamos ser bibliografia, papel pros brancos e nossos filhos cheirarem.

    Tudo parecia bem mas, os bens de uns são as ruínas dos outros. Os minutos passam e é a própria eternidade. Ninguém vê ou sente a agonia banalizada. Nessa primeira abordagem já está claro? Claro, não vou contar o segredo de ninguém. Minha mãe nunca me disse: não fale com estranhos. Ela sabia. Todos somos estanhos. Então seria melhor não dizer nada, pois sabia. Logo eu saberia.

    Hoje, estou aqui e vou te dizer: gosto mesmo dos estranhos. Eles são nossos reflexos e você sabe, reflexos encantam, e haja vida para buscá-los. Direi eles estão lá, e eles virão pra ver se eu sou eu mesmo ou só um mentiroso a mais no parlamento. O despertador tocou. Trocamos nossa cultura, não levantamos mais na lua.

    -          Senhor Jaider Esbell – O seu embarque é o próximo!

    -          Eu: muito obrigado! Vamos parentes!

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    Ulisses Moroni

    Boas notícias também existem

    São tantas as notícias negativas divulgadas na imprensa, que parece que tudo é ruim.

    As coisas boas da vida parecem não existir, ou então não viram notícias.

    Porém, estão no "mundo bom" que está a nosso redor, basta observarmos.

    Dia destes, andando pela rua fiquei positivamente emocionado.
    Frequentemente vou a um local aqui em Boa Vista, onde moro.
    Estaciono meu carro e sigo a pé por alguns metros.
    Neste dia que do fato aqui relatado foi assim. 
    Manhã de sol e céu azul, dia quente, um clima de felicidade! 
    Na minha curta caminhada entre o local onde estaciono meu carro e o destino final, passo defronte a umas casas, com as janelas abertas diretamente para a rua. 
    Além de abertas para a rua, são baixas e sem cortinas ou obstáculos. 
    Então, para não ver dentro do imóvel, necessário desviar o olhar. 
    Meu telefone celular toca, atendo e pedem para eu esperar enquanto a linha é transferida. 
    Já me condicionei a não andar falando ao celular, nem de carro nem a pé. Questão de segurança. Fico parado bem de frente a uma daquelas janelas, que estava aberta. 
    O sol me empurra para mais perto, onde havia sombra.
    Involuntariamente, presto atenção no que ocorria no interior da casa. 
    No local havia algumas crianças e adolescentes, umas quatro pessoas. Diria que talvez com idades entre uns 10 a 14 anos, não pude ver bem. Faziam tarefa escolar.
    Uniformes escolares, roupas brancas. Escola pública.
    Discutiam em voz alta, bem concentrados, sobre matemática. 
    Foi possível ouvir bem que o assunto tratava sobre ‘fórmulas e números’. 
    Um dizia que era assim que se resolvia a questão, outro dizia que era de outro jeito. Enfim, interação para aprenderem. Trabalho em equipe visando aprendizado escolar. Abriram livros, mostravam uns para outros. 
    Meu coração começou a ficar apertado.
    Não sei se pela saudade desta época escolar em minha vida. 
    Ou então pela beleza da cena que eu testemunhava.
    Em minha frente estava o “mundo bom”! 
    Para mim foi uma dose forte de entusiasmo na vida, acho que ganhei meu dia. 
    Aquelas crianças e adolescentes estudando sério, talvez para as aulas da tarde. 
    Não vemos publicadas notícias boas assim nos jornais.
    O ruim, o “mundo mau” tem mais divulgação.
    Coisas simples, de um bom e saudável cotidiano. 
    Dá para ver que o mundo vai bem, obrigado. 
    Saí dali entusiasmado em fazer minha parte corretamente.
    Para deixar este mundo melhor.
    Boa, simples e muito feliz cena cotidiana!

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    Tia Lyka

    Pau pequeno em buraco grande

    Olá, pessoal!

    Doidinha de vontade pra falar sacanagem gostosa, aí me vem um leitor me pedir receita pra pau pequeno, pode?

    Pau pequeno, pra mim, é que nem churrasquinho de dois reais. Você come, come e não enche o bucho. Mas deixa pra lá, tia Lyka também é inclusão social, vamos ajudar o deficiente.

    Olha a situação do rapaz:

    Tia Lyka,

    Tenho pau pequeno, 11 centímetros. Arrumei uma paquera no pagode e, no rala e rola, ao passar a mão na peladinha dela, tomei um susto. Pensei que ela tinha escondido o Fofão debaixo das pernas.

    Se a demônia demorasse a nascer mais um pouquinho, ia ser que nem armário de pobre: só barata. Fiquei até com medo de ir adiante e não dar conta com pau desse tamanho. O que faço?

    José Raimundo Rodrigues M. de Jesus, cearense, açougueiro, 38 anos.

    Querido JotaErre,

    Até eu fiquei com medo dessa buceta!

    Fofinho, vou ser sincera: não dá pra fazer muita coisa com um pau pequeno desse. Mas não se desanime, auto estima é tudo. Às vezes, esses bucetões só tem cara de bicho papão. Quando você começa a tirar as dobras, sobra só um buraquinho.

    O que vai fazer você pôr medo nela é entrar guloso. Primeira coisa: cair de boca. Deixa os grandes lábios e seus irmãos siameses tomarem conta dessa cara de tigela. Importante é deixar sua parceira bem assanhadinha para receber seu toquinho de amarrar osga.

    Mas não deixe, de forma alguma, ela pegar no seu “tiquin” pra pôr “padentro”. Capaz de brochar na hora. Segure-o com as duas mãos e sinta-se o Alexande Frota no filme “As Brasileirinhas”, ponha-a de quatro (essa posição faz seu pau crescer uns dois centímetros) e solte o mantra do pau pequeno:

    - Mô, te aguenta que vou meter com tuuuudo!

    Ui!

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    Tia Lyka

    Dica pra emprestar o redondo

    Olá, pessoal!

    Animadinhos para mais uma dica de Tia Lyka? Tirem os meninos da sala, pois vamos falar de cu alheio.

    E quem traz o assunto à tona, é a professora Talita C. e A. Braga, 23 anos:

    Tia Lyka,
    Admiro muito tua sinceridade e sabedoria, além de escreveres melhor do que muitos jornalistas por aí. Seguinte: uma amiga me disse que sexo anal é só uma questão de costume, que com o tempo fica gostoso. A senhora acha que devo seguir com o conselho? Já tentei 6 vezes e foi horrível, mesmo estando toda limpa e cheirosa, usando lubrificante. Me ajude!

    Querida, Talita CeA

    Cuidado com esse sobrenome, Ana Paula Valadão vai te dar uma surra de harpa. Tá repreendido!

    Seguinte: você sabe que eu sou muito sincera, não gosto de mentir.

    Então, não vou te esconder a verdade. Dói, querida! É a mesma sensação de estar cagando pra dentro. Parece que teus olhos vão sair da caixa.

    Mas, hoje em dia, está bem melhor do que no meu tempo, quando a única opção era passar cuspe. Agora, tem lubrificante à base d´água, tem até anestesia, pode?! Mas fique atenta: as pomadas anestésicas não são indicadas pelos médicos porque tiram a sensibilidade do ânus e, com a penetração, pode romper pregas.

    Depois, quando sentir do fechamento será tarde. Não sabem a falta que elas fazem quando se está diante de um engarrafamento na Bola do Centro Cívico. Vontade de correr pro Palácio dos Campos e dar uma cagada ligeira.

    Eu suo frio só de pensar. Então, vamos às alternativas mais simples?
    Peça ao parceiro pra começar com o dedo - o mindinho, se você tiver o cu infantil. Encorajada com o dedo do boy magia, é hora de trocá-lo pela marreta de fogo. A melhor posição para iniciante é de “ladinho”.

    A vontade é de correr pro banheiro pensando que vai cagar um cupuaçu.

    Relaxa, o pior está por vir! Nunca ouviu dizer que “pica não tem ombro”?

    Ui!

     

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    Aroldo Pinheiro

    Ordem Judicial

    Virou bagunça. Falta de vergonha impera nesse país. Do rádio ou da televisão, a qualquer minuto, de qualquer emissora, só se ouve falar em delações, mandados, depoimentos, prisões. Termos jurídicos se tornaram tão comuns que, noutro dia, ao dizer para o irmão que a mãe o estava chamando, a filha de minha vizinha ameaçou: “Se tu não for logo, ele vai te coercitivar”.

    A honestidade foi pras cucuias. Tenho saudade de pessoas como Waldir Abdala, Petrônio [Mota] Oliveira, Eurides do Carmo Macellaro Barreto e José Figueiredo Filho, homens que sempre trabalharam em setores financeiros do então Território Federal e viveram exclusivamente de seus salários.

    Pela administração do Território e do Estado passaram outros honestos, mas, pra mim, os quatro citados são suficientes para exemplificar verdadeiras mãos limpas.

    José Figueiredo Filho morreu há poucos dias. Com ele, eu gostava de prosear. Algumas vezes, poucas, invadi o quintal de “seu” Figueiredo só para um cafezinho e ouvir histórias interessantes da pequena e antiga Boa Vista.

    José Figueiredo chegou aqui no início dos anos 1960. Ocupou cargos de confiança em muitos governos. Isso num tempo em que, para ocupar cargo de confiança, a pessoa tinha que ser confiável mesmo.

    Figueiredo, entre outros cargos importantes, foi presidente da Companhia de Águas e Esgotos de Roraima. Ele me contou que recebeu a companhia com muitas dívidas, principalmente com o INPS (hoje INSS).

    Desde sua criação, administradores da empresa estatal nunca tinham se preocupado com repassasses de valores cobrados de seus funcionários para o Instituto de Previdência. A dívida estava impagável. O governo do Território contava com uma anistia que não vinha.

    Sem caixa, o Instituto Nacional de Previdência Social fazia campanha para receber tudo que lhe era devido em todas as unidades da Federação. A ordem era “se não fizer acordo, cobrar judicialmente”.

    E eis que, certo dia, José Figueiredo Filho recebeu a visita de Otoniel Ferreira de Souza. O oficial de Justiça explicou ao presidente da Caer que estava ali para fazer acordo sobre as dívidas com o INPS. O manda chuva da estatal respondeu-lhe que a arrecadação mal dava para pagar funcionários, que as repartições públicas não quitavam seus débitos e que, assim sendo, não havia condições sequer de propor um acordo. Otoniel foi taxativo:

    - Seu Figueiredo, então nós vamos ter que penhorar alguns bens da Caer.

    O presidente sorriu, olhou seriamente nos olhos do oficial de Justiça e capitulou:

    - Otoniel, o terreno em que fica a administração da empresa pertence à União, os veículos que utilizamos pertencem ao governo do Território; a única coisa que pertence de fato à Caer é essa caixa d’água enorme que acabou de ser inaugurada. Pode empenhá-la.

    Ao ouvir aquilo, desanimado, o oficial de Justiça deixou o gabinete do presidente e, depois de conversar com o juiz de direito, nunca mais voltou para cobrar a Companhia de Águas e Esgotos de Roraima.

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    Jaider Esbell

    Me bata, mas bata nocaute ou...

    Pra ir me conhecendo por mim mesmo, se gostar me recomenda, por favor e obrigado!

    Bom mesmo é ser estranho, mutante e ouvir de sua mãe que você é doido e mau.

    Já fui de um tudo onde deu pra ir nessa vida miserável. Pedreiro, bom neto, lenhador, pescador, professor. Vaqueiro, vagabundo, igrejeiro, atleta, coroinha. Flechador, fazedor de tijolo, de farinha e assustei os outros na noite breu.

    Fui vendedor, capinador, ciscador. Já fui vigia, já tive vontade de fugir de casa. Já fui encrenqueiro, vítima, trapaceiro, nunca traí ou fui X9.

    Apanhei de palmatória, peguei irmão pra levar surra, levei surra em casa, na rua, fui o rei da figurinha. Repeti de ano na escola, ganhei medalha, trabalhei sem receber.

    Já fui andarilho, estudante, eletricista, sonhador, canoeiro. Já fui guia, estive perdido, arranquei pedra na serra, perturbei as filhas alheias, os filhos, fiz o escambau.

    Já fui poeta, toquei fogo no campo, fumei, peidei silenciosamente, soltei o jabuti e fui pra roça.

    Já corri de bicicleta, a pé, de cavalo, andei em cabos de alta voltagem, pulei de 100 metros n'água.
    Já fui a Paris só dizer, oi.

    Já fui leitor, contador de estórias, já lacei boi, montei cavalo brabo, fiz saliência, danação, já fui feliz, desci boiando o rio, brinquei de guerra feri uns corações.

    Bom mesmo é ser estranho, azedo, feio e fedorento. Sábio, lezo, sonso, mas nunca traí a honra e tenho horror à pobreza de espírito e desonestidade.

    Nunca tive castidade, nunca aceitei minha idade, portanto não tenho cidade nem comunidade.

    Já corri com medo da vaca, subi em pé de caimbé e de lá vi o horizonte e no auge da sanoloucura Deus me disse: “Não tem jeito, esse é você e não te falo mais nada. Procure um espelho e se multiplique. Vai, infeliz, que você não é nada disso. Você é um artista, e só”.

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    Ulisses Moroni

    Onde há vida há esperança (cada pessoa, uma lição)

    No meu trabalho, conheci um senhor que sofreu acidente grave. Ao mergulhar em um rio, ele bateu a cabeça e fraturou a coluna e, como consequência, está tetraplégico. Está, em linhas gerais, sem movimentos nos braços e pernas. O cérebro não consegue mandar seus comandos, devido à lesão na coluna cervical.

    Eu iria falar que ele FICOU tetraplégico. Mas, depois da conversa que tive com ele, vou dizer que ele ESTÁ tetraplégico.
    O acidente ocorrera há uns vinte anos.

    Com uns cinquenta anos, ele estava acompanhado dos filhos, que o ajudavam.

    Falei bastante com ele, possibilitado pelo momento.
    Iniciou-se naquela conversa, ali, uma aula de vida para mim.
    Contou-me que, em verdade, sofria de tetraplegia em menor grau. E explicou os diversos tipos desta situação.

    Até aquele momento, eu achava que todas as situações de tetraplegia eram iguais. Depois da conversa, vi que existem classificações.
    Falou da ida ao Hospital Sarah Kubistchek, em Brasília, referência mundial nesse tipo de tratamentos.

    Lá chegando, os pacientes são encaminhados para uma determinada ala, onde estão internadas pessoas com lesões mais graves que a daquele que chega.

    Ou seja, o acidentado, agora paciente do hospital, verá pessoas que estão em situação de saúde pior que a dele.

    E, no caso específico de meu personagem, realmente havia pessoas em situação pior, com mais limitações ou lesões.

    Saber, e ver, que sempre tem alguém que pode estar em situação mais desfavorável que a nossa é, talvez, o primeiro tratamento que aquele hospital oferece. Remédio gratuito contra a tristeza e a insatisfação.
    Lá, nosso tetraplégico recebeu orientações sobre novas atividades, como postura, higiene, comunicação, dentre outras situações.

    Seguindo na conversa, falou-me sobre as pesquisas com células-tronco. E como estas poderão recuperar órgãos danificados de muitas pessoas como ele.

    Explicou que no Brasil as pesquisas seguem determinada linha de pesquisa, enquanto outros países seguem outra.
    O brilho nos olhos dele era forte, quando falava sobre as pesquisas com células tronco.

    A esperança é um combustível para a vida. Seus olhos mostravam isso.
    Diálogo finalizado, tive a experiência de me sentir melhor e maior.
    Saí de lá aprimorado como pessoa.

    Aprender sempre, a todo tempo com qualquer pessoa.

    Todos sempre têm algo a nos ensinar. Exercitemos a humildade.

    Acreditar sempre que nossa vida, e o mundo, podem e irão melhorar.
    Esperança, um combustível da vida!

    Gratuito e a ao alcance de todos.

    A qualquer tempo, em qualquer lugar.

     

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    Tia Lyka

    As preferidas dos machos

    Oi, gentêê!!

    Tô gostando da interação de vocês aqui na coluna. Quando não me xingam pro Barão, querem comer meu rabo ensopado. Ora, saibam as senhoras (só mulher que me esculhamba; será por que, hein?) que daqui, não saio.
    Pra mostrar que sou boazinha, trago assunto que interessa a todas, suas horrorosas.Que o diga Maricélia Gutierrez C. Maranhão, 36 anos.

    Tia Lyka,
    Comecei um namoro e estou querendo aprender posições novas. Como sou muito tímida e tenho pouca experiência, preciso de sua ajuda: quais posições mais agradam os homens?

    Querida Maricélia,

    Dúvida: esse teu sobrenome não tem nada a ver com o deputado da anulação, né?

    Gosto de novinhas que adoram trepar, mas não entendem do riscado. São mais obedientes.

    Claro que há muitas dicas para deixar homem enfeitiçado. É muito fácil: basta não sonegar periquita. Se tem uma coisa que deixa os homens estressados e com o pau doendo é mulher que marca dia e hora pra trepar.

    Conhecer posições que eles preferem também ajuda bastante. Aqui estão quatro delas que vão deixar teu boy “doidin doidin” pela tua pepeca. 1. Por cima – Eles adoram ver você cavalgar. Mesmo que não goze, dá uns gemidos que o pau dele cresce uns dois centímetros;

    2. Por cima e de costas – Essa é pra glorificar igreja. A visão da bunda da parceira e o domínio nos movimentos dão ao homem um prazer inenarrável. Melhor do que quibe de arroz;

    3. De quatro – Eles gostam mais do que clássico com Vasco e Flamengo. Além da visão extraordinária da bunda da mulher, homens vibram quando se sentem dominadores. Pra animar, inclina bem a coluna e deixa o bumbum mais empinadinho;

    4. 69 – Nessa, eu sempre me engasgo com os ovos. Os homens adoram porque podem chupar e serem chupados simultaneamente. Lava bem o rabo quando for fazer.

    Se você praticar essas posições, saiba que seu namorado não vai querer outra coisa. A não ser que alguém o convide para comer uma tartaruga. Tem gente que só sai de buceta pra comer quelônio.

    Ui!
    Jornal Roraima Agora

     

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    Aroldo Pinheiro

    Acho que um tal de Alzheimer tá me devendo

    Boa parte dos que ultrapassam a barreira dos 60, como eu, têm medo de ouvir falar no alemão: Alzheimer. No mundo, mais de 35 milhões de pessoas sofrem com a doença; só no Brasil, há mais de um milhão e duzentas mil vítimas desse mal. Seu Zé faz parte dessa estatística. 

    Português, trabalhador, seu Zé chegou ao Brasil quando tinha 19 anos.

     

    Carpinteiro, começou trabalhando nas obras que se erguiam junto ao sonho de construir Brasília. Em 1959. Juntando dinheiro, montou marcenaria, que evoluiu para loja de móveis, que evoluiu para rede de revenda de eletrodomésticos, e, paralelamente, uma imobiliária. Ficou rico. Milionário.

     

    Homem bom, quando procurado, seu Zé ajudava amigos e parentes. Dinheiro ele não dava: emprestava. Fazia pequenos empréstimos com juros bem abaixo daqueles praticados por bancos. Ao emprestar algum trocado, exigia de volta conforme o combinado. Sem dispensa de juros. “Se não for assim, os vagabundos se acomodam”, dizia seu Zé, com forte sotaque lusitano.

     

    O português começou a variar. Passou a confundir situações, esquecer fim de histórias que começara a contar, fazia confusão até com os nomes dos oito filhos. Levado a médico, a família ouviu o que tinha medo de ouvir: mal de Alzheimer.

     

    Toda família tem uma ovelha negra. Joaquim era o problema na casa de seu Zé. Vagabundo, farrista, bon vivant, nunca soube o que é trabalho. Aproveitava-se do fato de ser o filho preferido e, contrariando princípios do portuga, conseguia e renovava empréstimos feitos pelo velho com a promessa de um dia pagar. Com juros, claro. 

     

    Seu Zé abria a carteira para Joaquim e anotava a nova operação com esperança de que um dia, quem sabe, o filho tomasse tenência, desse rumo à vida e pagasse o que lhe era devido.

    Manoel, filho mais velho do português, advogado bem sucedido no Rio de Janeiro, ligou para saber notícias do pai. Telefonema atendido por Joaquinzinho:

    - Tudo bem por aí?

    - Tudo beleza, mano.

    - E papai, como está?

    - Muito bem. Saudável, come com vontade. Fisicamente, muito bem mesmo. Psicologicamente, na fase ideal pra se pedir dinheiro emprestado: ele empresta e se esquece quanto e pra quem emprestou... 

     

     

    Acho que um tal de Alzheimer tá me devendo

    Boa parte dos que ultrapassam a barreira dos 60, como eu, têm medo de ouvir falar no alemão: Alzheimer. No mundo, mais de 35 milhões de pessoas sofrem com a doença; só no Brasil, há mais de um milhão e duzentas mil vítimas desse mal. Seu Zé faz parte dessa estatística.

    Português, trabalhador, seu Zé chegou ao Brasil quando tinha 19 anos. Carpinteiro, começou trabalhando nas obras que se erguiam junto ao sonho de construir Brasília. Em 1959. Juntando dinheiro, montou marcenaria, que evoluiu para loja de móveis, que evoluiu para rede de revenda de eletrodomésticos, e, paralelamente, uma imobiliária. Ficou rico. Milionário.

    Homem bom, quando procurado, seu Zé ajudava amigos e parentes. Dinheiro ele não dava: emprestava. Fazia pequenos empréstimos com juros bem abaixo daqueles praticados por bancos. Ao emprestar algum trocado, exigia de volta conforme o combinado. Sem dispensa de juros. “Se não for assim, os vagabundos se acomodam”, dizia seu Zé, com forte sotaque lusitano.

    O português começou a variar. Passou a confundir situações, esquecer fim de histórias que começara a contar, fazia confusão até com os nomes dos oito filhos. Levado a médico, a família ouviu o que tinha medo de ouvir: mal de Alzheimer.

    Toda família tem uma ovelha negra. Joaquim era o problema na casa de seu Zé. Vagabundo, farrista, bon vivant, nunca soube o que é trabalho. Aproveitava-se do fato de ser o filho preferido e, contrariando princípios do portuga, conseguia e renovava empréstimos feitos pelo velho com a promessa de um dia pagar. Com juros, claro.

    Seu Zé abria a carteira para Joaquim e anotava a nova operação com esperança de que um dia, quem sabe, o filho tomasse tenência, desse rumo à vida e pagasse o que lhe era devido.

    Manoel, filho mais velho do português, advogado bem sucedido no Rio de Janeiro, ligou para saber notícias do pai. Telefonema atendido por Joaquinzinho:

    - Tudo bem por aí?

    - Tudo beleza, mano.

    - E papai, como está?

    - Muito bem. Saudável, come com vontade. Fisicamente, muito bem mesmo. Psicologicamente, na fase ideal pra se pedir dinheiro emprestado: ele empresta e se esquece quanto e pra quem emprestou...

     

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