Parentes, eu vou sair. Vou sair nu e eles vão perguntar por vocês, vão querer saber sobre vocês. Vou dizer: perguntem a eles, eles estão lá no norte da Amazônia, esparramados no pé do monte Roraima. Eles estão todos lá, são sobreviventes. Se, felizes ou tristes, perguntem a eles. Se satisfeitos ou decepcionados, perguntem.
Olha eles aqui ó, na arte, vê na geografia? Podem estar sadios e mortos. Vamos, acessem a internet, escrevam no Google – GARIMPO MATA A AMAZÔNIA. Eu poderia te enrolar, desconversar, te contar mitos, fazer desenhos coloridos. Poderia falar de qualquer coisa, mas eu não vejo TV, não discuto politicagem, nem gosto de futebol. Eu só insinuarei: Talvez eles sejam como vocês. Tipo assim ó: Os açougueiros não se entendem porque têm facas. Os ignorantes têm insultos. Os amores têm seus ciúmes. Os deuses querem melhor aos seus e por aí em diante.
Talvez falte diálogo, entendimento, trabalho, compreensão, compromisso. Mas, o que aparece mesmo é a felicidade: essa se sobressai. O povo tem uma tendência à felicidade. É a desgraça que torna aquilo mais vida? Essas coisas boas de ver, de fazer, sentir. O índio tem flechas, mas não floresta. Conhecimento. Vamos encher o nosso livro de prazer e dor e dar para a ciência. Vamos estar nas estantes virtuais, encaixotados como mercadoria sem venda. Vamos ser bibliografia, papel pros brancos e nossos filhos cheirarem.
Tudo parecia bem mas, os bens de uns são as ruínas dos outros. Os minutos passam e é a própria eternidade. Ninguém vê ou sente a agonia banalizada. Nessa primeira abordagem já está claro? Claro, não vou contar o segredo de ninguém. Minha mãe nunca me disse: não fale com estranhos. Ela sabia. Todos somos estanhos. Então seria melhor não dizer nada, pois sabia. Logo eu saberia.
Hoje, estou aqui e vou te dizer: gosto mesmo dos estranhos. Eles são nossos reflexos e você sabe, reflexos encantam, e haja vida para buscá-los. Direi eles estão lá, e eles virão pra ver se eu sou eu mesmo ou só um mentiroso a mais no parlamento. O despertador tocou. Trocamos nossa cultura, não levantamos mais na lua.
- Senhor Jaider Esbell – O seu embarque é o próximo!
- Eu: muito obrigado! Vamos parentes!
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