Colunistas

    Jornal Roraima Agora
    Aroldo Pinheiro, 56 anos, roraimense, comerciante, jornalista formado pela Universidade Federal de Roraima. Três livros publicados: "30 CONTOS DIVERSOS - Causos de nossa gente" (2003), "A MOSCA - Romance de vida e de morte" (2004) e "20 CONTOS INVERSOS E DOIS DEDOS DE PROSA - Causos de nossa gente".
    Tia Lyka

    Pau “drobado”

    Olá, meus amores!

    Como vão de arraiá? Aposto meu grelo que, se fizesse uma pesquisa em Boa Vista, ganharíamos como povo que mais gosta de bagaceira; segundo lugar, seria em fudelança – faz sentindo, né?

    Mas também, é arraiá pipocando pra tudo quanto é lado. Eu acho é bom, chego com a bolsinha cheia em casa, além de comer horrores nessas festas. Tô parecendo uma pamonha de tanto milho que já empurrei pra dentro.

    Falando em empurrar, lembrei de msg que leitor me mandou por Whatsra. Vejam o sofrimento do pobre:

    Tia Lyka,

    Tenho 62 anos e namoro uma mulher de 40. Meu pênis não fica duro como quando eu tinha 20. Por problemas cardíacos, não posso usar vasodilatadores.

    O que faço pra penetrar minha parceira e dar-lhe prazer?

    José Leotávio A. Monteiro, autônomo.

    Querido José,

    Mete “drobado”, lá dentro o bicho se ajeita.

    Brincadeirinha.

    Esse papo de pau mole, sempre me dá trabalho. Pra você ter uma ideia como o assunto é delicado, a clientes com disfunção erétil (é brocha, tá!), estou dando um tratamento diferenciado: massagem tântrica, mantra para conseguir dinheiro inesperado, fio-terra, batida de ovo de pato, simpatia. Até surra com folhas de mari mari estou usando.

    Agora, vocês também não se emendam, né? Pegar vaca nova sem ter capim no pasto, dá nisso! Mulher de 40 – saibam – está saindo faísca pelas ventas. Estão doidas pra trepar, já sabem sua posição peferida, como atingir orgasmo, ponto G, ter gêmeos, menino com olho azul. São profissa, mermão! Quando entram no play é pra jogar.

    Aí o cabrinha fica brincando de encher o “boneco”. Não acompanha.
    Pra ti, que é cardíaco, só vejo uma solução: compra uma rola de “prástico”- as de motorzinho são as melhores (prazer em 4G) – e leva pro cambate, guerreiro. Quem sabe, teu pau vendo outro tinindo e ainda fazendo barulho não se anime.

    Aviso: não vale ficar com inveja e enfiar o pau no rabo.

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    Aroldo Pinheiro

    Visita inesperada

    Boa Vista, anos 1960, ruas empoeiradas, sem asfalto, sem calçadas. Num dia de ponto facultativo, depois de tomar preguiçoso café da manhã, Petrônio Mota recostou-se no muro de sua residência, na esquina da rua Coronel Mota com avenida Benjamin Constant, acendeu um cigarro e abandonou-se em pensamentos olhando para o movimento da cidade sem movimento.

    Na avenida, lá perto do grupo Escolar Oswaldo Cruz, debaixo de guarda chuva, usando sombras dos pés de “dona téri” para proteger-se do sol escaldante, surge figura conhecida.

    Depois de cruzar a rua Barão do Rio Branco, Davi Cruz, em indefectíveis calça e camisa de linho branco, atravessa a avenida para aproveitar a sombra de frondoso fícus italiano da frente da residência de Áureo Cruz. Com a visão cerceada pelas abas do chapéu e da sombrinha, o policial ouve a saudação:

    - Bom dia, Davi.

    A voz rouca, de garganta consumida pelos muitos pau-roncas fumados desde a infância, responde:

    - Bom dia, Petrônio. Tudo bem?

    - É. Vendo o tempo passar. Aonde você vai com tanta pressa?

    - Vou aqui na casa do Santiago, tenho assunto urgente pra tratar com ele e com Maria Mota.

    - Entra prum cafezinho, homem? - Tá bom. Já que você insiste, vou parar pra fumar um cigarro e prosar um pouquinho.

    Entraram, sentaram-se à longa mesa da varanda e, entre uma e outra xícaras de café e muitos cigarros, se abandonaram em conversa. Quase monólogo, pois seu Davi dominava a prosa. Falou de caçadas, de pescarias, de doenças, de saudades, de vidas e de mortes.

    Convidado para almoçar, Davi diz que “vai fazer só uma boquinha” e se farta com a rabada preparada por dona Dorzinha. Rabada com arroz e farinha d’água, grossa como piçarra, comida de macho, como o caboco.

    Antes do suculento doce de caju, Davi lembra: “Rapá, eu tenho que falar com Santiago”.

    Água fresca do pote, mais café, mais conversa. Davi falou sobre a filha que morava no Rio de Janeiro, sobre o arrependimento que sentia por ter comprado um jipe velho, Candango, que só vivia no prego, sobre a seca que não dava chance de o gado engordar, sobre a alta constante do custo de vida.

    E chegou a noite.

    Por cima da cerca de pau-rainha, Davi olha para a residência de Santiago, do outro lado da rua, volta-se para Petrônio e diz:

    - Minha Nossa Senhora, o tempo passou e Santiago tá de saída com a Maria.

    Ansioso para que a visita vá-se embora, Petrônio não faz comentário. Davi acrescenta:

    - Tá bom, eu volto amanhã. Se você estiver por aqui, eu dou uma paradinha pra botar assuntos em dia...

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    Tia Lyka

    Dar o furico vicia

    Olá, gente bonita!

    Vocês nem notaram meu cabelinho encarnado, né? Pintei pra despistar umas quengas que andam querendo levar fama com meu nome. Qualquer hora, arranco essa verruga. Homens reclamam de cócegas na bunda.
    Vamos falar de cu alheio?

    Vejam o que a servidora pública (federal) Jocicléia Matias C. Picanço, 35 anos, quer saber:

    Tia Lyka,
    Há tempos, estou para lhe perguntar: dar o cu vicia?

    Querida Jô Picanço,

    Não sei. Experimenta: dá o teu e depois me conta.
    Falando dos vera: não só vicia como arranca as pregas se não der direito.

    O truque é ter sempre à mão um lubrificante à base de água. Cuspe é o mais barato. E eficaz. Antes da penetração, também é bom brincar de Chacrinha: “Roda, roda, roda a fita”. Lembra dos dedinhos das chacretes?

    Eu tenho uma miga que adora dar o fiofó. Último namorado terminou porque não agentava mais traçar furico. Todo dia, enjoa. Nhã!
    Roscofe, minha nega, é iguaria especial e só deve ser oferecido em ocasiões especiais: aniversário, Dia dos Namorados, Natal, Ano Novo. Tem mulher que se empolga tanto que se esquece que tem perereca.

    Além do que, “esses pessoal” que gostam de dar a rodela sabem bem o trabalho que dá pra deixar a área da fossa limpa. Duchinha, limão, dieta de suco verde, Luftal e por aí vai. Comer feijoada? Nem pensar. Se você souber usar bem o rabicó, não vai faltar roupa nova e geladeira cheia em casa. É só saber a hora certa de oferecer pro boy magia. E se o gato estiver ciscando em terreiro alheio é só ameaçar que vai tirar a bundinha da cesta básica. Ele enlouquece.

    Agora, se você está com medo de ficar viciada, me passa o endereço do bofe que eu empresto o meu de vez em quando.

    Ui!

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    Aroldo Pinheiro

    O corte

    Ele se diz italiano, mas nunca mostrou documento que o comprove. Diz também que morou em Londres, mas até hoje não apresentou registro de sua passagem pela terra de Winston Churchill. Independentemente disso, o cara é gente boa.

    Descontrolado com números e orçamento, ele está sempre no vermelho. Por misturar salário com bicos, nunca sabe quanto ganha. Nem quanto gasta.

    Divorciado, assumiu mais uma despesa mensal: pensão alimentícia. Sabendo que falha nesse tipo de pagamentos é uma das poucas coisas que dá cadeia, ele prioriza depósitos nas contas da ex e da filha.

    A coisa pegou. Muita farra, muita muiezada, contas começaram a se acumular. Em determinado momento, ele passou a sortear quem seriam os felizardos a receber atrasados.

    Imposto Predial foi o primeiro compromisso a ser botado no escaninho de “pago se um dia puder”. Em seguida, o consórcio. Conta de telefone residencial também entrou no rol. Seguida por telefone celular.

    Os ímãs da porta da geladeira já quase não suportavam o peso de tantos boletos quando ele decidiu atrasar contas de água e de luz.

    Perdido, ele passou a se preocupar com o dia em que sua energia elétrica seria cortada, pois,na porta do refrigerador, três papelotes da Eletrobras e amontoavam à espera de pagamento.

    Certa noite, ao apelar para a caderneta da pequena mercearia da vizinhança, conseguiu três latas de sardinhas, um quilo de farinha, seis ovos, meia dúzia de limões e o aviso: “Daqui pra frente, só com dinheiro, viu?”.

    Em casa, ele destampou a meiota de caninha Pitu e embriagou-se pensando na vida.

    Calor. Calor infernal. Ele acordou e viu que o condicionador de ar estava desligado. Acionou o interruptor de luz. Nada. Correu à geladeira em busca de água para tirar o gosto de cabo de guarda chuva que lhe vinha à boca e viu que o branco vazio dera lugar a uma penumbra sobre as poucas garrafas de H₂O que descansavam, suarentas, nas grades enferrujadas. Pensou: “Cortaram minha luz”.

    Lá fora, um barulho ensurdecedor, diferente. Ao abrir a janela cuidadosamente, deu com fios elétricos espalhados na rua e um caminhão Munck retirando o poste de frente de sua casa.

    Assustou-se. Conseguiu pensar: “Esse povo não tem consideração: com três meses de atraso, eles agora levam até o poste”.

    Com calma, deu-se conta de que, em operação preventiva, os funcionários da companhia energética faziam manutenção de rede e colocavam postes de concreto no lugar de similares de madeira.

    Aliviado, ligou para a ex-mulher, pediu-lhe dinheiro emprestado, pagou duas das contas de luz em atraso e voltou a tocar a vida como vinha tocando.

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    Aroldo Pinheiro

    Praga de mãe

    E ninguém queria mais a responsabilidade de ser governador do Lions Cube de Roraima. É que, para levar a coisa a sério, demanda tempo e muitos que abraçaram a missão ficaram momentaneamente sem condições de abraçar seus negócios.

    Erasmo se viu praticamente forçado a assumir o cargo, no Distrito L-1, composto pelos estados de Roraima, Amazonas, Rondônia e o Acre. Na época, diretores do Lions no Amazonas, muito influentes dentro da Zona Franca, tiveram facilidade arrecadar fundos entre empresários e promover a maior convenção leonística jamais ocorrida no Brasil.

    Iniciando-se no mundo dos negócios, o empresário de Roraima zerou saldo de conta bancária e rapou o fundo do tacho para, comparecer ao evento. Ali, decidir-se-ia quem iria a Hong Kong participar de convenção mundial da associação beneficente.

    Erasmo Sabino foi o indicado. Por um lado, Sabino festejava a chance de visitar o outro lado do Planeta. Antevia, também, a oportunidade de encontrar-se com seu irmão, Genivaldo, diplomata, que à época, servia na representação brasileira em Pequim. O problema seria dinheiro para bancar despesas pessoais na grande viagem. O potiguar usou a máxima “já que tá gostoso deixa”.

    No encerramento da convenção amazonense, muitos dos presentes teriam que fazer pronunciamentos. Erasmo, que até então só tinha discursado para alunos em sala de aula, apesar de ter rabiscado roteiro para improviso de sua fala, estava nervoso. Ficou ainda mais nervoso quando viu pessoas do naipe de Gilberto Mestrinho e Arthur Virgílio Neto sentados à mesa dos trabalhos.

    Apesar de alguns copos de cerveja, os belos discursos deixavam Erasmo com medo de fazer feio. “Como fazer bonito depois de um Mestrinho ou um Arthur Virgílio?”, pensava. Sabino até cogitou abandonar o recinto sem dizer nada. “Filho de Chico Fumeiro não foge da raia”, ponderou.
    Eis que o nome de Erasmo Sabino de Oliveira foi anunciado. Ao púlpito, como disfarce para seu nervosismo, o empresário ajustou o microfone e, sem abrir o roteiro que trazia no bolso do paletó,depois de saudar os presentes, desabafou:

    - É praga de mãe... A plateia não entendeu nada. Erasmo deu sequência: “Nunca em minha vida, eu pensei em fazer viagem internacional. Hoje, lembrei-me de minha mãe que, quando se via atentada, gritava a qualquer um de seus filhos: “Menino, vai pra China”. Meu irmão, Genivaldo, é diplomata e, hoje, mora em Pequim. Eu, dentro de poucos dias, estarei em Hong Kong. Se as coisas continuarem nesse embalo, logo, logo, todos os filhos de Chico Fumeiro, meu pai, terão ido ao outro lado do mundo pra cumprir a praga que dona Severina, minha mãe, rogou.

    Risos. Aplausos. Bem à vontade, Erasmo sentiu-se tranquilo e encerrou seu discurso. Até Mestrinho e Arthur Virgílio o aplaudiram de pé. No seu jeito simples de ser, Erasmo chorou.

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    Jaider Esbell

    Antes do céu cair

    Parentes, eu vou sair. Vou sair nu e eles vão perguntar por vocês, vão querer saber sobre vocês. Vou dizer: perguntem a eles, eles estão lá no norte da Amazônia, esparramados no pé do monte Roraima. Eles estão todos lá, são sobreviventes. Se, felizes ou tristes, perguntem a eles. Se satisfeitos ou decepcionados, perguntem.

    Olha eles aqui ó, na arte, vê na geografia? Podem estar sadios e mortos. Vamos, acessem a internet, escrevam no Google – GARIMPO MATA A AMAZÔNIA. Eu poderia te enrolar, desconversar, te contar mitos, fazer desenhos coloridos. Poderia falar de qualquer coisa, mas eu não vejo TV, não discuto politicagem, nem gosto de futebol. Eu só insinuarei: Talvez eles sejam como vocês. Tipo assim ó: Os açougueiros não se entendem porque têm facas. Os ignorantes têm insultos. Os amores têm seus ciúmes. Os deuses querem melhor aos seus e por aí em diante.

    Talvez falte diálogo, entendimento, trabalho, compreensão, compromisso. Mas, o que aparece mesmo é a felicidade: essa se sobressai. O povo tem uma tendência à felicidade. É a desgraça que torna aquilo mais vida? Essas coisas boas de ver, de fazer, sentir. O índio tem flechas, mas não floresta. Conhecimento. Vamos encher o nosso livro de prazer e dor e dar para a ciência. Vamos estar nas estantes virtuais, encaixotados como mercadoria sem venda. Vamos ser bibliografia, papel pros brancos e nossos filhos cheirarem.

    Tudo parecia bem mas, os bens de uns são as ruínas dos outros. Os minutos passam e é a própria eternidade. Ninguém vê ou sente a agonia banalizada. Nessa primeira abordagem já está claro? Claro, não vou contar o segredo de ninguém. Minha mãe nunca me disse: não fale com estranhos. Ela sabia. Todos somos estanhos. Então seria melhor não dizer nada, pois sabia. Logo eu saberia.

    Hoje, estou aqui e vou te dizer: gosto mesmo dos estranhos. Eles são nossos reflexos e você sabe, reflexos encantam, e haja vida para buscá-los. Direi eles estão lá, e eles virão pra ver se eu sou eu mesmo ou só um mentiroso a mais no parlamento. O despertador tocou. Trocamos nossa cultura, não levantamos mais na lua.

    -          Senhor Jaider Esbell – O seu embarque é o próximo!

    -          Eu: muito obrigado! Vamos parentes!

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    Ulisses Moroni

    Boas notícias também existem

    São tantas as notícias negativas divulgadas na imprensa, que parece que tudo é ruim.

    As coisas boas da vida parecem não existir, ou então não viram notícias.

    Porém, estão no "mundo bom" que está a nosso redor, basta observarmos.

    Dia destes, andando pela rua fiquei positivamente emocionado.
    Frequentemente vou a um local aqui em Boa Vista, onde moro.
    Estaciono meu carro e sigo a pé por alguns metros.
    Neste dia que do fato aqui relatado foi assim. 
    Manhã de sol e céu azul, dia quente, um clima de felicidade! 
    Na minha curta caminhada entre o local onde estaciono meu carro e o destino final, passo defronte a umas casas, com as janelas abertas diretamente para a rua. 
    Além de abertas para a rua, são baixas e sem cortinas ou obstáculos. 
    Então, para não ver dentro do imóvel, necessário desviar o olhar. 
    Meu telefone celular toca, atendo e pedem para eu esperar enquanto a linha é transferida. 
    Já me condicionei a não andar falando ao celular, nem de carro nem a pé. Questão de segurança. Fico parado bem de frente a uma daquelas janelas, que estava aberta. 
    O sol me empurra para mais perto, onde havia sombra.
    Involuntariamente, presto atenção no que ocorria no interior da casa. 
    No local havia algumas crianças e adolescentes, umas quatro pessoas. Diria que talvez com idades entre uns 10 a 14 anos, não pude ver bem. Faziam tarefa escolar.
    Uniformes escolares, roupas brancas. Escola pública.
    Discutiam em voz alta, bem concentrados, sobre matemática. 
    Foi possível ouvir bem que o assunto tratava sobre ‘fórmulas e números’. 
    Um dizia que era assim que se resolvia a questão, outro dizia que era de outro jeito. Enfim, interação para aprenderem. Trabalho em equipe visando aprendizado escolar. Abriram livros, mostravam uns para outros. 
    Meu coração começou a ficar apertado.
    Não sei se pela saudade desta época escolar em minha vida. 
    Ou então pela beleza da cena que eu testemunhava.
    Em minha frente estava o “mundo bom”! 
    Para mim foi uma dose forte de entusiasmo na vida, acho que ganhei meu dia. 
    Aquelas crianças e adolescentes estudando sério, talvez para as aulas da tarde. 
    Não vemos publicadas notícias boas assim nos jornais.
    O ruim, o “mundo mau” tem mais divulgação.
    Coisas simples, de um bom e saudável cotidiano. 
    Dá para ver que o mundo vai bem, obrigado. 
    Saí dali entusiasmado em fazer minha parte corretamente.
    Para deixar este mundo melhor.
    Boa, simples e muito feliz cena cotidiana!

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    Tia Lyka

    Pau pequeno em buraco grande

    Olá, pessoal!

    Doidinha de vontade pra falar sacanagem gostosa, aí me vem um leitor me pedir receita pra pau pequeno, pode?

    Pau pequeno, pra mim, é que nem churrasquinho de dois reais. Você come, come e não enche o bucho. Mas deixa pra lá, tia Lyka também é inclusão social, vamos ajudar o deficiente.

    Olha a situação do rapaz:

    Tia Lyka,

    Tenho pau pequeno, 11 centímetros. Arrumei uma paquera no pagode e, no rala e rola, ao passar a mão na peladinha dela, tomei um susto. Pensei que ela tinha escondido o Fofão debaixo das pernas.

    Se a demônia demorasse a nascer mais um pouquinho, ia ser que nem armário de pobre: só barata. Fiquei até com medo de ir adiante e não dar conta com pau desse tamanho. O que faço?

    José Raimundo Rodrigues M. de Jesus, cearense, açougueiro, 38 anos.

    Querido JotaErre,

    Até eu fiquei com medo dessa buceta!

    Fofinho, vou ser sincera: não dá pra fazer muita coisa com um pau pequeno desse. Mas não se desanime, auto estima é tudo. Às vezes, esses bucetões só tem cara de bicho papão. Quando você começa a tirar as dobras, sobra só um buraquinho.

    O que vai fazer você pôr medo nela é entrar guloso. Primeira coisa: cair de boca. Deixa os grandes lábios e seus irmãos siameses tomarem conta dessa cara de tigela. Importante é deixar sua parceira bem assanhadinha para receber seu toquinho de amarrar osga.

    Mas não deixe, de forma alguma, ela pegar no seu “tiquin” pra pôr “padentro”. Capaz de brochar na hora. Segure-o com as duas mãos e sinta-se o Alexande Frota no filme “As Brasileirinhas”, ponha-a de quatro (essa posição faz seu pau crescer uns dois centímetros) e solte o mantra do pau pequeno:

    - Mô, te aguenta que vou meter com tuuuudo!

    Ui!

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    Tia Lyka

    Dica pra emprestar o redondo

    Olá, pessoal!

    Animadinhos para mais uma dica de Tia Lyka? Tirem os meninos da sala, pois vamos falar de cu alheio.

    E quem traz o assunto à tona, é a professora Talita C. e A. Braga, 23 anos:

    Tia Lyka,
    Admiro muito tua sinceridade e sabedoria, além de escreveres melhor do que muitos jornalistas por aí. Seguinte: uma amiga me disse que sexo anal é só uma questão de costume, que com o tempo fica gostoso. A senhora acha que devo seguir com o conselho? Já tentei 6 vezes e foi horrível, mesmo estando toda limpa e cheirosa, usando lubrificante. Me ajude!

    Querida, Talita CeA

    Cuidado com esse sobrenome, Ana Paula Valadão vai te dar uma surra de harpa. Tá repreendido!

    Seguinte: você sabe que eu sou muito sincera, não gosto de mentir.

    Então, não vou te esconder a verdade. Dói, querida! É a mesma sensação de estar cagando pra dentro. Parece que teus olhos vão sair da caixa.

    Mas, hoje em dia, está bem melhor do que no meu tempo, quando a única opção era passar cuspe. Agora, tem lubrificante à base d´água, tem até anestesia, pode?! Mas fique atenta: as pomadas anestésicas não são indicadas pelos médicos porque tiram a sensibilidade do ânus e, com a penetração, pode romper pregas.

    Depois, quando sentir do fechamento será tarde. Não sabem a falta que elas fazem quando se está diante de um engarrafamento na Bola do Centro Cívico. Vontade de correr pro Palácio dos Campos e dar uma cagada ligeira.

    Eu suo frio só de pensar. Então, vamos às alternativas mais simples?
    Peça ao parceiro pra começar com o dedo - o mindinho, se você tiver o cu infantil. Encorajada com o dedo do boy magia, é hora de trocá-lo pela marreta de fogo. A melhor posição para iniciante é de “ladinho”.

    A vontade é de correr pro banheiro pensando que vai cagar um cupuaçu.

    Relaxa, o pior está por vir! Nunca ouviu dizer que “pica não tem ombro”?

    Ui!

     

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    Aroldo Pinheiro

    Ordem Judicial

    Virou bagunça. Falta de vergonha impera nesse país. Do rádio ou da televisão, a qualquer minuto, de qualquer emissora, só se ouve falar em delações, mandados, depoimentos, prisões. Termos jurídicos se tornaram tão comuns que, noutro dia, ao dizer para o irmão que a mãe o estava chamando, a filha de minha vizinha ameaçou: “Se tu não for logo, ele vai te coercitivar”.

    A honestidade foi pras cucuias. Tenho saudade de pessoas como Waldir Abdala, Petrônio [Mota] Oliveira, Eurides do Carmo Macellaro Barreto e José Figueiredo Filho, homens que sempre trabalharam em setores financeiros do então Território Federal e viveram exclusivamente de seus salários.

    Pela administração do Território e do Estado passaram outros honestos, mas, pra mim, os quatro citados são suficientes para exemplificar verdadeiras mãos limpas.

    José Figueiredo Filho morreu há poucos dias. Com ele, eu gostava de prosear. Algumas vezes, poucas, invadi o quintal de “seu” Figueiredo só para um cafezinho e ouvir histórias interessantes da pequena e antiga Boa Vista.

    José Figueiredo chegou aqui no início dos anos 1960. Ocupou cargos de confiança em muitos governos. Isso num tempo em que, para ocupar cargo de confiança, a pessoa tinha que ser confiável mesmo.

    Figueiredo, entre outros cargos importantes, foi presidente da Companhia de Águas e Esgotos de Roraima. Ele me contou que recebeu a companhia com muitas dívidas, principalmente com o INPS (hoje INSS).

    Desde sua criação, administradores da empresa estatal nunca tinham se preocupado com repassasses de valores cobrados de seus funcionários para o Instituto de Previdência. A dívida estava impagável. O governo do Território contava com uma anistia que não vinha.

    Sem caixa, o Instituto Nacional de Previdência Social fazia campanha para receber tudo que lhe era devido em todas as unidades da Federação. A ordem era “se não fizer acordo, cobrar judicialmente”.

    E eis que, certo dia, José Figueiredo Filho recebeu a visita de Otoniel Ferreira de Souza. O oficial de Justiça explicou ao presidente da Caer que estava ali para fazer acordo sobre as dívidas com o INPS. O manda chuva da estatal respondeu-lhe que a arrecadação mal dava para pagar funcionários, que as repartições públicas não quitavam seus débitos e que, assim sendo, não havia condições sequer de propor um acordo. Otoniel foi taxativo:

    - Seu Figueiredo, então nós vamos ter que penhorar alguns bens da Caer.

    O presidente sorriu, olhou seriamente nos olhos do oficial de Justiça e capitulou:

    - Otoniel, o terreno em que fica a administração da empresa pertence à União, os veículos que utilizamos pertencem ao governo do Território; a única coisa que pertence de fato à Caer é essa caixa d’água enorme que acabou de ser inaugurada. Pode empenhá-la.

    Ao ouvir aquilo, desanimado, o oficial de Justiça deixou o gabinete do presidente e, depois de conversar com o juiz de direito, nunca mais voltou para cobrar a Companhia de Águas e Esgotos de Roraima.

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    Jaider Esbell

    Me bata, mas bata nocaute ou...

    Pra ir me conhecendo por mim mesmo, se gostar me recomenda, por favor e obrigado!

    Bom mesmo é ser estranho, mutante e ouvir de sua mãe que você é doido e mau.

    Já fui de um tudo onde deu pra ir nessa vida miserável. Pedreiro, bom neto, lenhador, pescador, professor. Vaqueiro, vagabundo, igrejeiro, atleta, coroinha. Flechador, fazedor de tijolo, de farinha e assustei os outros na noite breu.

    Fui vendedor, capinador, ciscador. Já fui vigia, já tive vontade de fugir de casa. Já fui encrenqueiro, vítima, trapaceiro, nunca traí ou fui X9.

    Apanhei de palmatória, peguei irmão pra levar surra, levei surra em casa, na rua, fui o rei da figurinha. Repeti de ano na escola, ganhei medalha, trabalhei sem receber.

    Já fui andarilho, estudante, eletricista, sonhador, canoeiro. Já fui guia, estive perdido, arranquei pedra na serra, perturbei as filhas alheias, os filhos, fiz o escambau.

    Já fui poeta, toquei fogo no campo, fumei, peidei silenciosamente, soltei o jabuti e fui pra roça.

    Já corri de bicicleta, a pé, de cavalo, andei em cabos de alta voltagem, pulei de 100 metros n'água.
    Já fui a Paris só dizer, oi.

    Já fui leitor, contador de estórias, já lacei boi, montei cavalo brabo, fiz saliência, danação, já fui feliz, desci boiando o rio, brinquei de guerra feri uns corações.

    Bom mesmo é ser estranho, azedo, feio e fedorento. Sábio, lezo, sonso, mas nunca traí a honra e tenho horror à pobreza de espírito e desonestidade.

    Nunca tive castidade, nunca aceitei minha idade, portanto não tenho cidade nem comunidade.

    Já corri com medo da vaca, subi em pé de caimbé e de lá vi o horizonte e no auge da sanoloucura Deus me disse: “Não tem jeito, esse é você e não te falo mais nada. Procure um espelho e se multiplique. Vai, infeliz, que você não é nada disso. Você é um artista, e só”.

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    Ulisses Moroni

    Onde há vida há esperança (cada pessoa, uma lição)

    No meu trabalho, conheci um senhor que sofreu acidente grave. Ao mergulhar em um rio, ele bateu a cabeça e fraturou a coluna e, como consequência, está tetraplégico. Está, em linhas gerais, sem movimentos nos braços e pernas. O cérebro não consegue mandar seus comandos, devido à lesão na coluna cervical.

    Eu iria falar que ele FICOU tetraplégico. Mas, depois da conversa que tive com ele, vou dizer que ele ESTÁ tetraplégico.
    O acidente ocorrera há uns vinte anos.

    Com uns cinquenta anos, ele estava acompanhado dos filhos, que o ajudavam.

    Falei bastante com ele, possibilitado pelo momento.
    Iniciou-se naquela conversa, ali, uma aula de vida para mim.
    Contou-me que, em verdade, sofria de tetraplegia em menor grau. E explicou os diversos tipos desta situação.

    Até aquele momento, eu achava que todas as situações de tetraplegia eram iguais. Depois da conversa, vi que existem classificações.
    Falou da ida ao Hospital Sarah Kubistchek, em Brasília, referência mundial nesse tipo de tratamentos.

    Lá chegando, os pacientes são encaminhados para uma determinada ala, onde estão internadas pessoas com lesões mais graves que a daquele que chega.

    Ou seja, o acidentado, agora paciente do hospital, verá pessoas que estão em situação de saúde pior que a dele.

    E, no caso específico de meu personagem, realmente havia pessoas em situação pior, com mais limitações ou lesões.

    Saber, e ver, que sempre tem alguém que pode estar em situação mais desfavorável que a nossa é, talvez, o primeiro tratamento que aquele hospital oferece. Remédio gratuito contra a tristeza e a insatisfação.
    Lá, nosso tetraplégico recebeu orientações sobre novas atividades, como postura, higiene, comunicação, dentre outras situações.

    Seguindo na conversa, falou-me sobre as pesquisas com células-tronco. E como estas poderão recuperar órgãos danificados de muitas pessoas como ele.

    Explicou que no Brasil as pesquisas seguem determinada linha de pesquisa, enquanto outros países seguem outra.
    O brilho nos olhos dele era forte, quando falava sobre as pesquisas com células tronco.

    A esperança é um combustível para a vida. Seus olhos mostravam isso.
    Diálogo finalizado, tive a experiência de me sentir melhor e maior.
    Saí de lá aprimorado como pessoa.

    Aprender sempre, a todo tempo com qualquer pessoa.

    Todos sempre têm algo a nos ensinar. Exercitemos a humildade.

    Acreditar sempre que nossa vida, e o mundo, podem e irão melhorar.
    Esperança, um combustível da vida!

    Gratuito e a ao alcance de todos.

    A qualquer tempo, em qualquer lugar.

     

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    Aroldo Pinheiro

    Acho que um tal de Alzheimer tá me devendo

    Boa parte dos que ultrapassam a barreira dos 60, como eu, têm medo de ouvir falar no alemão: Alzheimer. No mundo, mais de 35 milhões de pessoas sofrem com a doença; só no Brasil, há mais de um milhão e duzentas mil vítimas desse mal. Seu Zé faz parte dessa estatística. 

    Português, trabalhador, seu Zé chegou ao Brasil quando tinha 19 anos.

     

    Carpinteiro, começou trabalhando nas obras que se erguiam junto ao sonho de construir Brasília. Em 1959. Juntando dinheiro, montou marcenaria, que evoluiu para loja de móveis, que evoluiu para rede de revenda de eletrodomésticos, e, paralelamente, uma imobiliária. Ficou rico. Milionário.

     

    Homem bom, quando procurado, seu Zé ajudava amigos e parentes. Dinheiro ele não dava: emprestava. Fazia pequenos empréstimos com juros bem abaixo daqueles praticados por bancos. Ao emprestar algum trocado, exigia de volta conforme o combinado. Sem dispensa de juros. “Se não for assim, os vagabundos se acomodam”, dizia seu Zé, com forte sotaque lusitano.

     

    O português começou a variar. Passou a confundir situações, esquecer fim de histórias que começara a contar, fazia confusão até com os nomes dos oito filhos. Levado a médico, a família ouviu o que tinha medo de ouvir: mal de Alzheimer.

     

    Toda família tem uma ovelha negra. Joaquim era o problema na casa de seu Zé. Vagabundo, farrista, bon vivant, nunca soube o que é trabalho. Aproveitava-se do fato de ser o filho preferido e, contrariando princípios do portuga, conseguia e renovava empréstimos feitos pelo velho com a promessa de um dia pagar. Com juros, claro. 

     

    Seu Zé abria a carteira para Joaquim e anotava a nova operação com esperança de que um dia, quem sabe, o filho tomasse tenência, desse rumo à vida e pagasse o que lhe era devido.

    Manoel, filho mais velho do português, advogado bem sucedido no Rio de Janeiro, ligou para saber notícias do pai. Telefonema atendido por Joaquinzinho:

    - Tudo bem por aí?

    - Tudo beleza, mano.

    - E papai, como está?

    - Muito bem. Saudável, come com vontade. Fisicamente, muito bem mesmo. Psicologicamente, na fase ideal pra se pedir dinheiro emprestado: ele empresta e se esquece quanto e pra quem emprestou... 

     

     

    Acho que um tal de Alzheimer tá me devendo

    Boa parte dos que ultrapassam a barreira dos 60, como eu, têm medo de ouvir falar no alemão: Alzheimer. No mundo, mais de 35 milhões de pessoas sofrem com a doença; só no Brasil, há mais de um milhão e duzentas mil vítimas desse mal. Seu Zé faz parte dessa estatística.

    Português, trabalhador, seu Zé chegou ao Brasil quando tinha 19 anos. Carpinteiro, começou trabalhando nas obras que se erguiam junto ao sonho de construir Brasília. Em 1959. Juntando dinheiro, montou marcenaria, que evoluiu para loja de móveis, que evoluiu para rede de revenda de eletrodomésticos, e, paralelamente, uma imobiliária. Ficou rico. Milionário.

    Homem bom, quando procurado, seu Zé ajudava amigos e parentes. Dinheiro ele não dava: emprestava. Fazia pequenos empréstimos com juros bem abaixo daqueles praticados por bancos. Ao emprestar algum trocado, exigia de volta conforme o combinado. Sem dispensa de juros. “Se não for assim, os vagabundos se acomodam”, dizia seu Zé, com forte sotaque lusitano.

    O português começou a variar. Passou a confundir situações, esquecer fim de histórias que começara a contar, fazia confusão até com os nomes dos oito filhos. Levado a médico, a família ouviu o que tinha medo de ouvir: mal de Alzheimer.

    Toda família tem uma ovelha negra. Joaquim era o problema na casa de seu Zé. Vagabundo, farrista, bon vivant, nunca soube o que é trabalho. Aproveitava-se do fato de ser o filho preferido e, contrariando princípios do portuga, conseguia e renovava empréstimos feitos pelo velho com a promessa de um dia pagar. Com juros, claro.

    Seu Zé abria a carteira para Joaquim e anotava a nova operação com esperança de que um dia, quem sabe, o filho tomasse tenência, desse rumo à vida e pagasse o que lhe era devido.

    Manoel, filho mais velho do português, advogado bem sucedido no Rio de Janeiro, ligou para saber notícias do pai. Telefonema atendido por Joaquinzinho:

    - Tudo bem por aí?

    - Tudo beleza, mano.

    - E papai, como está?

    - Muito bem. Saudável, come com vontade. Fisicamente, muito bem mesmo. Psicologicamente, na fase ideal pra se pedir dinheiro emprestado: ele empresta e se esquece quanto e pra quem emprestou...

     

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    Tia Lyka

    Sexo depois dos 80

    Olá, queridos!

    Muita gente sofre só de pensar em chegar à terceira idade. A maioria acredita que, ter 60 anos ou mais é deixar de trepar, cagar e limpar o cu sozinho. As mulheres sofrem com medo de cair tudo, até o pinguelo.

    Nada disso, gente! Olha a Suzana Vieira, aos73 anos, pegando novinho direto na balada. E o Stênio Garcia, com 83, fazendo nudes com a mulher. Leiam, abaixo, o depoimento da Alexianne Medeiros S. Araújo, 31 anos:

    Tia Lyka

    Meu namorado tem 81 anos e, pasmem, ainda dá no couro. Com ele, senti meu primeiro orgasmo, tem experiência e sabe tocar no ponto certo. Minha preocupação é que pra ele ficar de pimba dura só tomando a “azulzinha”.

    Ele é cardíaco, tenho medo que a qualquer hora, morra em cima de mim.

    Me ajude!

    Querida, Alexianne (onde tua mãe achou esse nome, criatura?)

    Se for pra morrer, que seja em cima de você, né, fia?!

    Agora, cá pra nós: meio século separam vocês, hein? Você vai matar esse velho de qualquer jeito, minha filha. Manera. Eu sei que gozar é bom, mas ficar viúva antes dos 40 dá azar. A não ser que o velho tenha posses.

    Olha só: juro que passei dois dias estudando seu caso. Encontrar outra saída que não seja a “azulzinha” tá mais difícil que achar o esconderijo do Neudo. Mas a mamãe aqui sempre dá um jeito.

    Pensando bem, velhos têm preguiça de fuder. Quando encontram uma menina nova, eles se assanham, num instante, estufam o peito, parecem galo de briga, é por isso, que querem estar com a rola tinindo.

    Uma saída pra não sacrificar a rola velha é usar as habiidades das mãozinhas engelhadas para uma massagem tântrica? Não sabe o que é? Caça no Google. Põe o octagenário pra massagear essa perereca até ela implodir de tanto prazer.

    Vai sentir vontade de dar uma metida, claro! Quando isso acontecer, tenha em casa uma piroca de borracha, daquelas que amarram na cintura – nesses motéis é só o que tem. Amarra na cintura do velho e grita: seguuura peão.

    Não se esquece de escondê-la no cofre, após o uso. Velho é bicho astucioso.

    Fui! 

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    Aroldo Pinheiro

    O bem e o mal

    Sexta-feira. Dia de rabada no Restaurante da Família. Cheguei cedo. Apreciadores desse prato, preparado por dona Míriam, sabem que quem chega depois das 12h30 dança. Me deliciando com a carne suculenta, não pude deixar de ouvir conversa que vinha de mesa ao lado.

    Os rapazes têm pouco mais de 30 anos de idade. Conheço os dois desde pequeninhos. Doutor Balada - apelido que lhe foi dado pelos colegas de medicina - e Bip-bip - denominação que recebeu depois que trocou noites de farra por longas e cansativas corridas matinais – falavam sobre a nova vida e lembravam um pouco das farras loucas que fizeram até pouco tempo atrás.

    Pagodes e pegadas faziam parte dos relatos. Tudo mais ou menos na base do “lembra daquela noite?”. Essas lembranças não eram alimentadas por saudosismo ou por infelicidade nos dias de hoje, eram simplesmente recordações da loucuras e dos muitos atos irresponsáveis que praticaram em passado recente. Hoje, Bip-bip e Doutor Balada sentem-se felizes com os rumos que deram a suas vidas.

    Quem ouvisse os nomes citados por eles pensaria que escalavam uma dessas gangues galerosas: Batata, Camarão, Come-quieto, Calhambeque, Cavaco, Sem-futuro, Amarrado, Três-pernas, Chumbrega, Passa-quatro, Chupeta, Negão.

    Quando citado o nome de Negão, histórias interessantes surgiram. Farras loucas, claro. Farras que duravam até quatro dias. Pra eles, Negão era a prova de resistência alcoólica. “Ele só parava depois que todo mundo estivesse morto”, comenta Bip-bip.

    - Encontrei-me com ele há poucos dias... – Diz o médico. – Diferente, trabalhando duro, casado, dedicado à família. Nem parece que era o rei da bandalha. E virou católico. Desses de ir à missa todo domingo.

    Bip-bip confirma a informação. E acrescenta: “Encontrei-me com ele num casamento. Ali na igreja Nossa Senhora da Consolata. Falou-me das mudanças na vida dele e me convidou pra frequentar o templo com ele.

    Riram. Bip-bip acrescentou:

    - Nada contra. Acho até legal que ele tenha encontrado o caminho do bem. Mas fugi do convite. E justifiquei: “Negão, como os católicos têm esse negócio de contar pecados prum padre, se eu me ajoelhar no confessionário, vou ter que passar o resto da minha vida dentro da igreja. Só confessando os pecados que cometi no tempo em que eu era errado”.

    Riram muito. Viram que eu prestava atenção à conversa e emudeceram. 

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    Tia Lyka

    Bulindo na rodela

    Olá, pessoas do bem!

    Eu sei que o tema já foi tratado aqui, mas, como as dúvidas persistem, vamos falar de novo no assunto, pois não quero meus leitores deixando de dar (e sentir) prazer por medo de uma linguada.

    Vamos direto ao ponto. Todo mundo gosta, mas a maioria evita falar no assunto, pricipalmente os homens que morrem de medo de virar viado só porque curtiram uma linguada no rabo. Não é bem assim. Eu adoro beijos na bundinha e você?

    Quem também parece gostar é o Osvaldo Paraíba da S. Santos, 57 anos, servidor público. Nessa idade, ele está com medo de queimar a rosca, pode? Espiem a dúvida do cearense:

    Tia Lyka

    Depois de viúvo virei festeiro. Em serestas, sou famoso entre as mulheres - modéstia à parte, sou um verdadeiro “pé de valsa”. Essa minha habilidade me ajuda na conquista da mulherada.

    Noutro dia, conheci uma quarentona que me virou do avesso. Boa de cama, ela fez de tudo comigo. Numa hora, senti a língua dela deslizar no meu fiofó. Gostei e quero repetir. Será que sou gay?

    Meu menino!

    Não precisa ter medo. Uma linguada assim, de surpresa, faz qualquer caboco endoidar. O danado é que isso vicia. Um cliente aqui da casa foi pego de surpresa como você e, hoje, chora se se a gente não der uma raspadinha no brioco dele.

    Você não tem porque se preocupar. Se você gostou e não sente tesão por homem, fique tranquilo que você não é gay. Importante é ter prazer. Seja lá como for.

    Fui!

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    Aroldo Pinheiro

    No cartão. Três vezes

    Ao longe, o azul do céu se misturava com o azul do mar. Mocinhas de corpos perfeitos passavam à sua frente. Quando ele se deliciava com a brisa que amenizava a quentura do sol, o despertador tocou.
    Que pena. Trabalhar.

    Levantou-se, meditou no vazo sanitário por alguns minutos, fez a barba, escovou os dentes, tomou banho pensando na beleza da praia que fizera parte de seu sonho minutos atrás. Teve vontade de voltar para a cama. Queria aqueles momentos de volta, mesmo sabendo que tinha sido um sonho.

    Trabalhar, cara!

    Cumprimentou o cachorro, abasteceu as tigelas com ração e água, verificou se tinha passado chave em todas as portas, checou cadeados. Pelas imagens no monitor, conferiu se todas as câmeras de segurança estavam funcionando, deu partida no carro, acionou o controle do portão elétrico e saiu de casa.

    No caminho, deparou-se com a pressa dos que iam em busca de seu ganha pão. Ele, como quase todos os outros, enfrentaria a rotina da segunda-feira.

    Chegou a seu estabelecimento – panificadora bem frequentada por quem quer matar a broca com delícias regionais e comidinha caseira. Depois de dar uma geral em funcionários, dar uma checada se tudo estava nos conformes na mesa com comidas, sentou-se no lugarzinho de sempre, e, por detrás do vidro que separa a caixa, preparou-se para somar valores em comandas e cobrar o que lhe era devido por clientes.

    Por volta das 8h30, quando o movimento é maior, chegou a vez de atender um rapazinho com cara de sono, barba por fazer, jeito de quem nunca botou um prego numa barra de sabão, mas com ares de quem é o dono do mundo. Típico filhinho de papai.

    Somados os valores, o homem do caixa anunciou: R$ 4,30.
    Preguiçosamente, o cliente puxou a carteira do bolso da bermuda e, dela, um cartão de plástico. Baixinho, preguiçosamente, determinou: “Crédito”.

    O empresário suou frio. Acinte. “Comprar R$ 4,30 e pagar com cartão de crédito?”, pensou. Duas outras pessoas se postavam na fila para pagar suas despesas, quando o rapazinho do cartão pediu: “Parcele em três vezes, por favor”.

    Indignado, quase espumando de raiva, Pimentel obedeceu. Digitou números, emitiu sua via, deu comprovante para o cliente e ironicamente “agradeceu a preferência”.

    Enquanto atendia o próximo da fila que se formava, Pimentel lembrou-se do sonho que tivera antes de sair de casa. Ao somar valores de nova comanda, questionou-se: “Será que o sorriso que aquela mocinha de olhos e biquíni azuis me enviou eram pura educação ou ela ‘tava dando mole’?”

    - Próximo!

     

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    Aroldo Pinheiro

    Quanto vale uma vida humana?

    Depois de fazer meu check in, saí do saguão para alimentar os pulmões com nicotina. Nisso, quase perco o voo. Corri contra o tempo, atropelei pessoas na esteira rolante, mas consegui chegar a meu avião.
    No dia 22 de março, fui o último a embarcar no voo JJ 4674 da TAM, Brasília a Boa Vista.

    Avião lotado. Em céu de brigadeiro, absorvido nas palavras cruzadas, gritos ecoaram de poltronas mais à frente: “Por favor, tem algum médico a bordo?” Depois de afastar curiosos, com dificuldade, o jovem voluntário chegou a uma idosa que passava mal.

    Estávamos voando há uns 40 minutos. O comandante anunciou: “Senhoras e senhores, pedimos que mantenham a calma. Uma passageira está com problema de saúde e teremos que aterrissar no aeroporto de Palmas para dar-lhe assistência apropriada”. A comissária prosseguiu com aquelas instruções para pouso e, depois de violenta pancada contra a pista, o avião taxiou.

    Enquanto paramédicos entraram na aeronave para retirar a idosa que precisava de socorro, pessoas cá do lado de dentro comentavam o ocorrido.

    Muitos reclamavam da atitude tomada pelo comandante do Airbus 320A. Alguns falavam em compromissos inadiáveis e prejuízos causados irrecuperáveis.

    Ao celular, um velho gordo, gritava para que todos ouvissem que ia processar a companhia, “pois, se não estivesse em Boa Vista às 14 horas, perderia mais de 500 mil reais”. Nem sei se ele falava com alguém ou se queria só aparecer para os outros passageiros.

    Um jovem com barba espessa e muitas tatuagens nos braços grossos, característicos de fisiculturistas, vomitava conhecimentos sobre procedimentos de voos: “Esse comandante foi muito irresponsável. Por causa de uma velha, ele colocou em risco a vida de 170 pessoas. Vocês sentiram o impacto na pista? Foi porque o avião estava muito pesado. Os tanques do combustível estavam muito cheios para que ele aterrissasse”.

    Não ouvi ninguém defender a atitude que o comandante Nascimento tomou. Ali, pensei: “Se fosse a mãe ou o filho de um desses reclamantes que precisasse de atendimento médico, será que eles condenariam a decisão que o responsável pela aeronave e seus passageiros tomou?”
    A atitude do comandante Nascimento causou prejuízos à empresa aérea. Quantos litros de combustível foram consumidos na aterrissagem e na decolagem? Qual o desgaste de pneus? Quanto a TAM teve que pagar pelo uso da pista e do aeroporto? No solo, quantas pessoas foram mobilizadas para retirar a idosa que passara mal e conduzi-la para assistência apropriada?

    Certamente alguns milhares de reais foram despendidos com a atitude do comandante Nascimento.

    Para os materialistas que se sentiram prejudicados com a decisão do comandante, uma pergunta: quanto vale uma vida humana?

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    Aroldo Pinheiro

    Os ovos do juiz

    Território do Rio Branco, início da década de 1960. Em Mucajaí, incomodado com chifres ou com a suspeita de tê-los, agricultor, matou a mulher com golpes de enxada na cabeça. Naquele tempo, o crime mais violento ocorrido nesta Terra de Makunaima.

    Sem fórum na cidade, o julgamento de Nilo dar-se-ia no salão da União Operária Beneficente. A cidade parou para assistir ao embate entre o promotor, Aristarte Leite, e Nozinho, advogado de defesa.

    Na mesma hora em que os atores se posicionavam para o julgamento. Zeca Pato-rouco saía de casa com a missão de vender 12 ovos e, com o apurado, comprar carne para que sua mãe recheasse pastéis. Deliciosos, muito apreciados na pequena cidade.

    Enquanto Pato-rouco batia de porta em porta oferecendo a produção da galinha pedrês, testemunhas era m ouvidas no quente salão, desprovido de qualquer sistema de refrigeração. O juiz, doutor Trindade, tinha sido acomodado de costas para a janela, de maneira que a brisa da manhã refrescasse o corpo abafado por paletó e toga.

    Os nãos ouvidos por Zeca foram muitos. Na União Operária, o roteiro do julgamento de Nilo era seguido ao pé da letra. Doutor Aristarte, caminhando de um lado para outro, sobre a prótese de madeira que substituía membro inferior perdido em acidente, desancava o acusado, “monstro covarde que matou indefesa dona de casa”.

    Quase duas da tarde. No momento em que o rábula Nozinho apresentava seus argumentos para os jurados, Zeca voltava pra casa com os doze ovos dentro do já amarfanhado saco de papel. Ao ver muitos carros – bem uns oito – estacionados na frente da União Operária, o menino resolveu encostar: “Quem sabe vendo os ovos por aqui?”

    Público cansado, jurados sonolentos, o juiz pingava dentro das vestes. Doutro Aristarte, com o paletó de linho branco encharcado de suor, rebatia o advogado de Nilo: “Defesa da honra? Esse crápula não tem honra pra defender. O covarde tirou a vida da companheira sem dar-lhe de chance de explicar-se...”

    Sem entender o que se passava no salão, Zeca Pato-rouco pendurou-se na janela, esticou o bracinho e cutucou a costa daquele estranho usando estranho e negro vestido godê. O meritíssimo voltou-se para ver de quem partia a insolência e sensibilizou-se quando ouviu a voz fraquinha do menino magrelo:

    - Moço: o senhor não quer comprar uma dúzia de ovos? É só 20 cruzeiros...

    Faminto, sonhando com o almoço, o juiz levantou-se, levantou a saia, meteu a mão no bolso, entregou ao garoto uma nota de vinte cruzeiros, colocou o saco com ovos em cima da mesa e voltou a atenção para a fala do promotor. “Daqui a pouco, vou me esbaldar em farofa com arroz e feijão”, pensou.

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    Aroldo Pinheiro

    Meu vizinho

    Conheci o meu vizinho. Gente boa.
    Não, não é um novo vizinho. Há mais de dez anos moramos próximos um do outro.
    Nossas conversas, até segunda-feira, se resumiam a simples bons-dias, boas-tardes, boas-noites. Quando passou disso, no máximo, uma reclamação do calor.
    Com o apagão de segunda-feira, pela primeira vez coloquei cadeira na porta da rua e, enquanto fumava cigarros, abandonei-me em pensamentos vazios projetados na espirais de fumaça. De alguma forma, tentava não ficar nervoso com a falta que o Jornal Nacional me fazia.

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