Colunistas

    Jornal Roraima Agora
    Aroldo Pinheiro, 56 anos, roraimense, comerciante, jornalista formado pela Universidade Federal de Roraima. Três livros publicados: "30 CONTOS DIVERSOS - Causos de nossa gente" (2003), "A MOSCA - Romance de vida e de morte" (2004) e "20 CONTOS INVERSOS E DOIS DEDOS DE PROSA - Causos de nossa gente".
    Tia Lyka

    A crise e o “banho de gato”

    Olá, queridos – e queridas!

    Sei que a vida não está fácil, tem muita gente trepando sem ligar a central de ar – ninguém aguenta 40% de aumento de energia, né? Eu mesma tive que reajustar a tabela de meus serviços sexuais. F... no calor não dá! Eu suo que nem tirador de espírito. Mas digo a vocês: sexo é prioridade. Podem cortar tudo, cabelereiro, manicure, lavagem e polimento do carro, cervejinha, mas a perereca e um talo bem afiado não podem faltar.

    Trago o assunto à pauta porque tenho recebido muitos e-mails de casais, amantes, querendo se separar e um dos motivos, acreditem, são os gastos do(a) parceiro(a). Eu digo: meu bem, você já sustentou uma puta um mês? Então, não sabe o que é gastar.

    O Antônio Ferreira Neto, 65 anos, é uma dessas criaturas que está desesperado. Quer dispensar a namorada, uma novinha de 20 anos.

    Tia Lyka,

    Estou namorando uma novinha há sete meses, mas estou pensando seriamente em terminar. A menina só quer andar com calça de marca, cabelo e unhas feitas, academia, perfume importado e celular da moda. Toda vez que falo em terminar, ela me dá um “banho de gato” que faz eu desistir na hora. Me ajude a terminar essa relação, sem perder esse “mimo”. Adoro ser chupado.

    Querido Toinho,

    Eu não vejo solução para o teu caso. Se a novinha faz o caqueado gostoso, você tem que investir, enchê-la de presenes. É que nem em restaurante, o garçom te serve bem, você paga os dez por cento sem reclamar.

    Até porque, nessa tua idade, o pau já não atende aos comandos, fica preguiçoso. Você já não faz mais todas posições – um papai-mamãe uma vez na vida outra na morte. Só goza com boquete ou se estimular a próstrata.

    Das duas uma: ou você mantém a novinha que faz o boquete caprichado, mas é careira, ou compra um animal de estimação em fase de amamentação. Os gatinhos são mais carinhosos.

    Fui!

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    Aroldo Pinheiro

    O homem nu

    Vivo sozinho há alguns anos. Antes, tinha muito medo da solidão. Com a experiência, descobri que viver sozinho não é sinônimo de ser solitário. Acostumei-me de tal maneira com a situação que não sei se me adaptaria a uma nova vida a dois. 

    Alguém mostrou que, entre as vantagens de morar sozinho, estão a possibilidade de usar banheiro com porta aberta, beber água no gargalo de garrafas, se esparramar na cama, não ter hora para dormir nem para acordar, comer o que quiser à hora que quiser... Tem mais uma: viver nu. Adoro viver nu. Chegando à minha casa, depois que o carro cruza o limite da rua, antes mesmo de o portão se fechar completamente, tiro toda a roupa e passo o resto do tempo como Deus me trouxe ao mundo.

    Portões de ferro e três metros de muro garantem minha individualidade em meu cantinho naturista.
    Mas, para viver assim, neguinho tem que ser cauteloso. Situações vexaminosas podem ocorrer.

    Sábado desses, em casa, nu, do jeitinho que gosto de ficar, lavei cuecas, li um pouco e, depois, ouvindo acordes emitidos por Eric Clapton, abandonei-me nos braços de Johnnie Walker - cachorro engarrafado, o verdadeiro amigo do homem. Lá pelas duas da manhã, resolvi limpar a cozinha e botar a sujeira para fora. Com poucos vizinhos, morando em rua de pouco movimento, parti para a ação do jeitinho que estava: vestido de nada. Com sacos de lixo nas mãos, acionei o comutador da entrada de visitas e dirigi-me à lixeira. “Pá” – um vento forte e sacana fechou o portão. Sem chave, sem controle remoto, como voltar pra dentro do meu terreiro?

    Como um homem de 62 anos, que não pratica nenhum exercício, poderia escalar um muro de três metros de altura? E se conseguisse subir, como chegar ao chão do outro lado sem desmentir ou fraturar ossos já meio corroídos pela osteoporose?

    Ali, lembrei-me que fugitivos da Pê-á usam a vizinhança como rota de fuga. “E se alguns meninos tiverem escapado e os homens vierem dar um baculejo por aqui?”, pensei.

    Apavorei-me com a possibilidade de, nu, às duas da matina, tentando pular um muro, dar de cara – ou de bunda – com policiais. Até que eu explicasse que berimbau não é gaita, os tiras já teriam me colocado aos costumes, bem do jeitinho que sabem e gostam de fazer.

    Na rua, caminhando de um lado para outro, pensando, lembrei-me que a casa do lado da minha estava desocupada, que o mecanismo do portão eletrônico estava desativado e que a parede entre nossos imóveis é bem mais baixa que a muralha que cerca o meu muquifo. Corri pra lá, abri o portão torcendo para que ninguém o ouvisse o impacto de ferrugem correndo pra lá e pra cá. Fiz-me de surdo para a cachorrada que latia ali perto, escalei dois metros e dez de muro e, já em casa, joguei-me na “piscínica” para controlar medo, nervosismo e batidas cardíacas. Ri da situação, tomei duas talagadas de uísque e, deitado na rede, sem me incomodar com as estupidezes que saíam da boca de Serginho Groissman, dormi. Nu, claro.

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    Ulisses Moroni

    A oportunidade e o livre arbítrio

    Três pessoas denunciadas por dois furtos, em residências de Boa Vista. Fatos ocorreram há mais de dez anos. Todos os réus tinham, na época, idades próximas aos dezoito anos.

    Processo antigo, fora encaminhado ao mutirão da justiça penal. Concluí a instrução processual, participando das audiências. Chamou minha atenção pelo destino dos réus.
            
    O primeiro, ao sair da prisão, foi participar de crimes mais graves. Ele acabou morrendo em confronto. Não sei se com outros bandidos, ou com a polícia.

    O segundo permaneceu na marginalidade. Não conseguindo emprego ao sair da prisão, voltou a furtar. Foi novamente preso e processado. Agora reincidente, ficou na cadeia mais tempo. Saiu novamente. E, novamente... 'caiu'. Não cometeu crimes mais graves, ficando 'apenas' nos furtos. Reincidente, terá dificuldades de sair em condicional ou liberdade provisória. AQUELA CHANCE QUE ELE TEVE LÁ ATRÁS... FICOU LÁ ATRÁS! Ele ainda é jovem, antes dos trinta anos. Terá outra oportunidade daqui a algum tempo.

    Porém, o terceiro reú chamou muito mais minha atenção. Considerado o mais perigoso dos três na época dos fatos, foi abandonado por pai e mãe. Envolveu-se nas chamadas ‘galeras’ de jovens, que pintavam o terror. “Semente de coisa boa” ele não era! Seguindo a lógica dos outros dois réus, eu não esperava boas notícias do terceiro.

    Fiquei muito surpreso quando ele entrou na sala. Era uma pessoa que eu conhecia de vista, um empresário local. Contou-me que todos ficaram presos pelo mesmo tempo, no primeiro fato. Foram soltos praticamente juntos.

    Assim que ele saiu da prisão, teve oportunidade de trabalhar com um serralheiro, na manutenção e fabricação de portões. Passado um tempo, pediu demissão para tentar ser empreendedor. E deu muito certo. Trabalham com ele atualmente umas doze pessoas. Tem dois filhos, mostrou as fotos.

    Houve tempo para conversar mais com ele sobre o assunto. Reconhece o erro que cometeu. Não expõe o fato do processo como cartão de visitas, pois se trata de passado distante. Hoje ele é outra pessoa. Disse que teve a oportunidade de trabalhar e precebeu que poderia dar algo melhor à sua vida. Fez isso. Sua mudança não se motivou por religião,  programas de recuperação governamentais ou mesmo um amor.

    Logicamente, foi condenado pelo furto cometido. Como era primário, e o crime não foi grave, houve substituição da pena de prisão por  prestação pecuniária. Uma ilustração do ditado popular: QUERER É PODER!

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    Tia Lyka

    Chupetinha pra curar o estresse

    Olá, pessoal!

    Espero que vocês estejam doidos para falar de sacanagem porque eu já estou molhadinha só de pensar. Comigo é assim: quando não tô fazendo, tô falando. Problema de memória.
    Tenho recebido muitas queixas de mulheres  - de homens também – sobre seus parceiros (as). Povo anda estressaaado. Mas o que me chamou atenção foi a mensagem da Jussara Bernardo A. Silva, 45 anos. Ela é professora de língua estrangeira e disse que está quase largando tudo e voltando pro Ceará. Motivo? Estresse do macho.

    Tia Lyka,

    A senhora é a última tentativa para salvar meu casamento. Há dois meses, meu marido está insuportável. A vida dele é reclamar de tudo, nada está bom, a comida está salgada, o arroz está cru. Desde que fui promovia no trabalho e comecei a chegar mais tarde em casa – e morta de cansada - os problemas começaram.

    Sei que a senhora é especialista em ensinar o povo a trepar -  no meu caso, a gente nem anda fazendo mais isso, ando sem tesão – mas gostaria que me desse uns conselhos pra ter ele tem, responde que é “estresse” do trabalho. Me ajude!

    Querida, Ju

    Seguinte: homem estressado é falta de boquete. É! Quer ver um homem ficar mansinho é só fazer uma chupetinha caprichada nele. Você começou a se dedicar mais ao trabalho e se esqueceu que tem um macho em casa? Não pode.

    Um casamento sem sexo não se sustenta. Nem com dinheiro. Eis uma dica simples: Surpreenda o boymagia hoje. Faça uma jantinha gostosa, bote os meninos pra dormir cedo, veste aquele lingerie que você comprou na promoção e bota pra f... Preguiça? Imagina que ele tá te pagando uma nota, que você vai poder comprar muitos perfumes, bolsas caras, sapatos lindos. Comigo sempre dá certo.

    E se estiver com muuuuuita preguiça, só dar uma chupetinha (já ensinei aqui) de fazer ele lamber os beiços. Mulher que tem preguiça de trepar, tem que saber chupar, fofa. Copia.

    Fui!

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    Tia Lyka

    Remédio pra esquecer chifre

    Pessoal, de novo, vou tratar de um tema que pouca gente gosta de falar – menos quando é da vida dos outros -, mas que a toda hora esquenta cabeça de gente: chifre. E digo a vocês: dói pra disgrama. Pensam que puta não leva chifre, é? Hum! Até se apaixona.

    Nesses dias, encontrei-me com amigo (de infância) na lotérica. Ele leva chifre desde criança, quando a gente brincava de manja trepa na Praça da Bandeira. Fez questão de me dizer que continua continua levando diadema de vaca. Agora, satisfeito. “Eu sempre como primeiro”, me confidenciou ao pé de ouvido. Tão vendo? Tudo depende da maneira como você encara as adversidades da vida. É isso que vou explicar à Judith Pedrosa de A. Fonseca, 42 anos. Vejam o perrengue que a bombeira está passando:

    Tia Lyka Estava desconfiada do meu namorado e resolvi segui-lo. Flagrei ele caindo de boca numa periguete no pagode, pode? Além da decepção de ver o homem que, até semana passada, era com quem eu queria casar e ter muitos filhos, ainda passei vergonha de presenciar a cena na frente das minhas amigas e dos “pessoal” da oposição. O que faço, tia? Mesmo sendo traída com uma feiosa, sou louca por ele. E tenho medo de ficar solteirona que nem minhas amigas.

    Querida, Ju!

    Tem certeza que vai ter esse tanto de menino com essa idade? Te apressa.

    E mais: menino é brinquedo caro. Pensa bem antes de começar a parir. Outra: quem procura, acha. Falta do que fazer sair atrás de macho pra fazer flagrante.

    Antes de você querer colocar coleira no seu macho, ponha na ponta do lápis as vantagens que ele pode trazer pra sua vida. Não pode entrar só com a pica. Ganha bem? Super dotado? ejaculação precoce? Sabe lavar louça? Gosta de trepar (esse item é importantíssimo, pelo menos pra mim)? Se ele não atender a um desses pré-requisitos, caia fora urgente.

    Conselho? Pra esquecer o negócio é trepar. Trepa chorando, mas trepa, querida.

    Fui!

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    Tia Lyka

    Panela velha e penico novo

    E aí, pessoal! Caçando muitos Pokémons por Boa Vista City?

    Estou até gostando dessa brincadeira de procurar esses bichinhos.
    Gosto mais quando eles se escondem dentro da minha calcinha e o boy magia tem que matá-los. Até arrepio só de pensar. Delícia!

    Quem não está muito ligada na nova onda e correndo do pau é a professora Aurora de Melo A. Pinto. Olha a reclamação da “mardita”:

    Tia Lyka

    Tenho 58 anos, arranjei um namorado de 24, mas tou meio arrependida, o menino quer transar toda hora. Tem remédio pra baixar o tesão? Estou cansada de furunfar. Já sou uma idosa.

    Querida Aurora,

    Isso que dá arrumar macho novo. Esses meninos são que nem pedreiro na hora do almoço: comem tudo e ainda lambem o prato. Já acordam querendo furunfar (não vou mais falar “fuder”. Barão anda reclamando. Tnc!).

    Tá pensando que é a Suzana Vieira? Ela é rica, bem. Mulher com dinheiro fode (assim pode falar) se quiser. Agora uma lisa que nem você, arruma um rapazinho de 24 anos? Boa de levar uma surra de cipó.

    Tudo bem. Sei que faz bem pro ego uma coroa desfilar com cabra novo.
    Também é bom sentir um pau bem durinho bulinando a gente de noite, né? Eles são tarados, gozam até raspando a rola.

    Eu sei que meu papel aqui é trazer soluções, mas também não posso deixar de falar a real. Agora, se você está “xonada” e paixão de velha é que nem lombriga em menino renova a cada seis meses, deixa eu balançar os peitos aqui e vê o que cai de solução.

    Pensando, pensando... Anota aí:

    Toda vez que o boy magia quiser trepar, você cai de boca nos bagos dele. Capricha no boquete até ele pedir pra Jesus voltar. A ideia é esvaziar os ovos do bofe, deixar ele esmorecido que nem picolezeiro em final de expediente.

    Caso, não funcione, manda esse cabra pra mim. Mas manda com a carteria cheira. Eu cobro caro e gosto de furunfar a noite toda.

    Fui!

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    Aroldo Pinheiro

    Se for abençoada, não faz mal

    Zé Camargo chegou a Roraima com os primeiros paraibanos. Nem sabia dizer como se deu a mudança. Contava que, bebendo com amigos em Catolé do Rocha, acompanhou-os na subida em pau-de-arara. Apesar de ter medo de água, aboletou-se num ita. Sem nunca ter visto uma máquina daquelas, embarcou num DC-3. Quando Camargo curou-se do porre, estava deitado numa fianga, em quartinho safado da pensão de Dona Alice, na avenida Sebastião Diniz.

    Trabalhou como ajudante de pedreiro, limpador de quintais, vigia de obra, menino de recado de putas. Nada dava certo: o vício na marvada pinga punha tudo a perder. Amigos se cotizaram e, para ele, montaram um boteco. Tinham que vigiá-lo, pois, se dessem mole, Zé Camargo entornaria todo o estoque de pinga.

    Não há organismo que resista à quantidade de álcool que Camargo consumia regularmente. Um dia, em coma alcoólico, foi conduzido ao Hospital Nossa Senhora de Fátima. Chegou à casa de saúde quase morto. Seu Cosme, homem que dedicou a vida àquele hospital, e as madres enfermeiras, sempre prestativas, conseguiram trazer Camargo de volta à vida.

    Seis meses internado, vivendo à base de aguadas sopinhas e secos grelhados. O paraibano recebeu alta. Antes, porém, madre Aquilina chamou- o para papo sério: “Meu filho, você tem que cortar o álcool de sua vida. Do contrário, você é um homem morto”.

    Zé Camargo voltou para a direção do boteco. Resistiu nos primeiros dias, mas, logo, capitulou e retomou a vida de caneiro. Numa segunda-feira, por volta das 11 da manhã, o paraibano entornava um traçado, “pra abrir o apetite” quando deu com madre Aquilina entrando no boteco. Zé não teve tempo de esconder o copo ou disfarçar. Olhando nos olhos de cabra morta do caneiro, a irmã-enfermeira aproximou-se do paraibano e disparou:

    - Seu Zé Camargo, o senhor não merece um pingo de confiança. Falta-lhe amor pela vida.

    Antes que a freira abrisse o resto da ladainha, o bebum apelou:

    - Madre, esse traçado é feito com quinado São Raphael, conhaque São João da Barra e cachaça São Francisco. Duvido que três santos fortes como esses prejudiquem um pobre temente a Deus como eu.

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    Plinio Vicente

    O emporcalhado

    Jucimar era sujeitado arretado, atirado, sem medo de nada, não enjeitava desafio. Caminhoneiro, certa vez teve que parar uns dias numa vila do interior à espera do conserto de seu 12 rodas. Não havia o que fazer e na tarde do sábado, andava à toa quando ouviu a voz de uma jovem, pedindo ajuda. Correu e ficou sabendo: ela levava uma leitoa para vender e fazer dinheiro para a feira quando a bicha escapou e escafedeu-se brejo adentro. Encantado com a beleza da moça, e sabendo que o tédio estava por acabar, não teve dúvidas: atirou-se à caça da suína. Quando voltou com leitoa nos braços, todo sujo, labreado, ganhou uma recompensa que jamais esquece: o regaço quente e acolhedor de uma cabrocha. 

    Labreado - [Part. de labrear.] - Adjetivo - 1.Bras. N.E. Sujo, emporcalhado, breado, lambrecado.

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    Plinio Vicente

    A mocambeira de lábios de mel

    Maceió, ainda pequena, praias de arrecifes alagoados e outros encantos, levaram Casimiro vir de longe para conhecer os lugares de que tanto ouvira falar. Solitário, arredio, de pouca conversa, arranjou um guia, Manduca, que depois de levá-lo pra todo canto, propôs uma visita às lagoas no rumo sul. Alugaram um barco e foram entrando Mundaú adentro, gente pescando, gente passando, nada demais. Até que se deslumbrou com a jovem morena, labirinteira, na porta de um mocambo, sorriso nos lábios que mais pareciam favos de mel. Virou catador de sururu, fez do Mundaú seu novo lar e hoje quem quiser saber por onde anda Casemiro, basta ir à lagoa e o verá nos braços da sua mocambeira dos lábios de mel.

    Labirinteira - [De labirinto + -eira.] - Substantivo feminino - 1.Bras. N.E. Mulher que faz labirinto (9): 

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    Aroldo Pinheiro

    Belém, belém...

    No início o ruído à minha volta tornou-se tão constante – e irritante – que prometi a mim mesmo que não ia aderir ao modismo.

    Logo, vi que não ter o aplicativo me tornava um alienado. Capitulei e troquei meu antigo e querido aparelho celular analógico por modernoso smartphone – com tantas utilidades que, tenho certeza, não vou utilizar nem 10% delas até o dia de minha morte – e instalei o WhatsApp.

    No inicio, me apaixonei pela nova modalidade de comunicação. A paixão começou a sumir no dia em que começaram a me adicionar a grupos e eu passei a receber mais de mil mensagens por dia. Destas mensagens, poucas eram aproveitáveis.

    As mesmas piadinhas sem graça são enviadas por quase todos os integrantes de diferentes grupos. Mensagens de “bom dia”, “boa tarde”, “boa noite”, “bom fim de semana”, “bom domingo” cheias de flores, animaizinhos, crianças, paisagens e músicas românticas passaram a ocupar o espaço de memória de meu aparelho e a encher de impaciência o meu saco.

    Filmes de sacanagem e sexo explícito e vídeos com pegadinhas ridículas fazem parte do pacote.

    Comecei a dedicar boa parte de meu precioso tempo a excluir-me de grupos que tinham me adicionado sem me consultar e deletar mensagens idiotas e desinteressantes. Comecei, também, a ter ódio do WhatsApp.

    Usuários do WhatsApp acham que temos de estar prontos para ler, ver, ouvir e, se for o caso, responder às mensagens que nos enviam a qualquer hora. Há os chatos que te encontram na rua e, mostrando o display de seus aparelhos, perguntam: “Tu viste essa?”

    E o aplicativo é fofoqueiro. Se você, por algum motivo, alega não ter recebido determinada mensagem, o interlocutor corta: “Recebeu sim. Às 10h43 os pauzinhos ficaram azuis. Além do mais, vi que tu ficaste on-line até as 11h37; falavas com quem?”

    Já aconteceu de ouvir o sinal anunciando mensagem às três da manhã. Com filhos e mãe - de 92 anos de idade - morando fora do Estado, vi-me obrigado a despertar, revirar-me na cama com todas as dores que a coluna me dedica, pegar o celular na mesinha de cabeceira, digitar a senha do aparelho e ler: “Dormindo?” Resposta: “Estava até a hora que você me mandou a porra dessa pergunta!” Claro que a vontade de digitar um palavrão é grande.

    Nada contra a modernidade. Celular é útil e WhatsApp é prático, mas, por favor, tenhamos um pouco mais de respeito como nossos semelhantes.


    Em tempo: se alguém me adicionar a algum grupo depois de publicado esse desabafo, pode considerar-se meu inimigo. Belém, belém, nunca mais fico de bem.

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    Ulisses Moroni

    Ainda tenho muito a fazer por aqui

    Eu lia um jornal de Manaus e vi uma notícia sobre a novel Avenida das Torres.

    Trata-se de via expressa que corta parte da capital amazonense.

    Via de alta velocidade, que fica mais rápida à noite.

    Recordei de um episódio ocorrido comigo nessa avenida.

    Quase me envolvi em um acidente, que provavelmente seria fatal.

    Eu andava dirigindo meu carro, à noite, já altas horas.

    Como não conhecia bem o lugar, sem querer adentrei na avenida sem parar!

    Talvez por ser obra recente, não havia placa de PARE na rua onde eu andava.

    Eu achava que estava na preferencial...

    Cruzei, e uma picape veio na minha direção pela via preferencial.

    Andava com velocidade superior a uns 100 km/h.

    Cruzei a avenida, quase junto à picape.

    Foi possível sentir o vento dela passando por detrás do meu carro.

    Um segundo a menos, e colidiria com minha porta.

    Provavelmente eu sofrereria uma lesão grave ou mesmo fatal.

    Desta recordação, outras cenas surgem, na minha parede da memória.

    Moleque, de bicicleta, uma vez fui querer segurar em um caminhão, pegando carona.

    Todo mundo fazia isto, achei que seria fácil. Segurei com a mão esquerda o caminhão, e com a direita o guidão da bicicleta.

    Era frio e eu usava uma jaqueta.

    Não sei o que aconteceu, mas minha roupa ficou presa no caminhão.

    Este corria cada vez mais, e eu não conseguia me soltar.

    De repente chegou um quebra-molas, e o caminhão reduziu a velocidade. Com salto do quebra-molas eu pulei, e minha roupa soltou.

    A bicicleta desgovernou, e fui ao chão, mas miraculosamente nada aconteceu.

    Menino ainda, resolvi descer um escorregador na lateral de uma piscina funda.

    Estava vazia, e tive uma "ideia brilhante": desceria até o fim da rampa e, antes de cair na água, com os pés eu parava.

    Detalhe: EU NÃO SABIA NADAR!

    Claro que não consegui parar e caí na água.

    Houve um milagre: invés de eu morrer afogado, aprendi a nadar!

    Outra vez, já adulto, entrei numa construção.

    Deveria usar capacete, mas não usei.

    Erro também quem deixou-em entrar sem a proteção.

    Uma barra de ferro cai do alto em cima de mim.

    Quando eu virei para ver o que acontecia, tirei a cabeça de sua trajetória.

    Senti o vendo nos meus ouvidos. O impacto foi tão forte que perfurou o piso.

    São muitas as cenas 'POR UM TRIZ' na parede da memória.

    O céu não me chamou em nenhuma destas ocasiões.

    Acredito que Ele quis me dizer que ainda tenho muito a fazer por aqui.

    Certamente o Criador, com sua concessão, espera que eu faça o bem.

    Espero não desapontá-lo!

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    Tia Lyka

    Periquita ou Pokémon?

    Olá, queridos do meu Brasil.

    O que tenho visto de mulher abraçada em pé de cajueiro depois da receitinha que passei aqui não está na conta. Se acalmem! O chá pra buceta não é milagroso. Se estiver muito afolozada, só fazendo cirurgia pra deixar a perseguida bem justinha, original.

    Se bem que tem homem que nem liga se está apertada ou frouxa. É. Tem neguinho trocando buceta por Pokémon. Espiem esta conversa:

    Tia Lyka

    Namoro um rapaz há oito meses. De uns tempos pra cá, ele começou a sair com um amigo de infância para caçar Pokémon. Ando meio desconfiada, esse colega dele nunca teve namorada; será que meu amado anda trocando perereca por pinto?

    Augusta Aurelina S. Pinto, professora, 38 anos

    Querida Augusta

    Não vou te enganar: Parece que essa Coca é Fanta.

    Tá bom, não chora. Vamos pensar que o rapaz não teve infância e agora quer compensar o tempo perdido brincando com o amiguinho. Mas se você não quer perder o bofe, bom entrar na brincadeira e sair à caça dos bichinhos.

    Eu, quando brincava de manja-esconde (gostava mais da manja trepa) sempre dava uma recompensa pros meninos: o primeiro que me achasse, levava um boquete. Não sei até hoje por que só colocavam eu pra me esconder.

    De lá pra cá, muita coisa mudou, ninguém mais brinca de amarelinha, manja, queimada. As brincadeiras agora estão na tela do computador, nos smartphones, mas a essência dos joguinhos de procura acha continua a mesma: sedução, descoberta. A sensação é a mesma que dar uma pirocada da vida: os meninos “pira”.

    Portanto, use a curiosidade dos rapazes a seu favor. Quando o Coca e o Fanta, digo, teu namorado e o amiguinho dele forem jogar, enrabicha atrás e propõe premiação: a cada bichinho encontrado, um boquete bem demorado.

    Só precisa ficar atenta pra esses bichinhos não se esconderem em cu de caboco. Caso isso aconteça, pode guardar a buceta pra outro e deixa os meninos se divertirem com os Pokémons.

    Fui!

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    Tia Lyka

    Perereca arrochadinha

    Gente!

    Tem coisa melhor do que meter numa perereca apertadinha ? A minha é mais arroxada do que cu de sapo. Querem saber o segredo? O primeiro deles é fazer exercícios vaginais pelo menos três vezes por semana. Eu já ensinei aqui, perderam essa aula?

    Vamos fazer uma revisão rápida. O curso completo estarei vendendo em breve na internet. Não vou ficar aqui contando meus segredos sem ganhar um tostão. Comigo é assim: dinheiro na mão, calcinha no chão.

    O exercício é bem tranquilo, pode ser feito na fila do banco, vendo novela, no cabeleleiro e até em velório. Contraia a vagina como se estivesse prendendo o xixi. Prende, solta, prende, solta. Repita pelo menos 10 vezes seguida, descansa; depois faz de novo.

    Essa prática vai fortalecer as paredes da sua vagina (também uso nome bonito pra buceta, tá!) e deixar seu bofe magya louco de tesão. Tem outra dica que é pra mulher sem vergonha e chifreira que nem a Francemeire Augusta do O. Grande, 46 anos. Olha o aperreio da maranhense:

    Tia Lyka

    Venho por meio desta pedir socooooro!

    Depois de um mês fora de casa, meu marido deve chegar de viagem dia 20 de agosto. Arrumei um negão que tem uma lapa de pica. São 17 centímetros contra 11 do meu esposo. Além de grande, é grossa que aaaarde.

    O que eu faço pra ficar arrochadinha antes de ele chegar? Não quero morrer degolada. Por favor, me ajude!

    Querida France do O Grande,

    Anota aí, malacabada:

    Faz um chá com a casca do cajueiro, deixa esfriar, depois coa e guarda. Pega uma bacia e higieniza (álcool ou água quente) para fazer um banho de assento.

    Antes do asseio, lave bem a queca, tire o sebinho. Depois, coloque água morna e o chá na bacia, mergulhe a perereca e deixe ela lá se afogando por uns por 15 minutos. Fazer só umas duas vezes por semana para não ter ressecamento. E nada de fuder com o negão nesses dias.

    O resto é deixar com o pau pequeno.

    Fui!

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    Aroldo Pinheiro

    Gravidez temporã

    Há muito tempo, o Departamento de Trânsito do Distrito Federal foi exemplo de bom atendimento e respeito ao público. As cidades incharam, a frota automobilística, proporcionalmente, cresceu mais do que a população, e o Detran-DF, infelizmente, parou no tempo. Perdeu a corrida.

    A qualidade dos serviços deixa a desejar. Se você não madrugar às portas da repartição, dificilmente conseguirá resolver seus problemas.
    Cedo, entrei na fila para vistoriar o surrado Corsa. Às 11h30, saí do veículo para alimentar pulmões e estômago. Nicotina e alcatrão para o primeiro e um salgadinho safado para o segundo.

    Lá longe, vi uma figura que me pareceu familiar. Seria o Mangulão?
    O corpo arredondado, a barriga proeminente, os cabelos esbranquiçados e aqueles óculos que eu não conhecia provocaram dúvidas. Os mais de dois metros de altura e o desajeitado jeito de andar, porém, me deram a certeza. Ali pertinho de mim, estava um colega de faculdade. Colega de 40 anos atrás.

    Surpresa maior: ao seu lado, em vestido solto cobrindo enorme barriga, Celinha, a sua namorada dos nossos tempos de CEUB.

    - Mangulão!?!?

    A figura me estudou por alguns minutos e, logo, um sorriso se abriu:

    - Índio? Não é possível! Celinha, ‘ocê num tá reconhecendo o Índio?

    Abraços, cumprimentos, perguntas, lembranças...

    - Puxa vida, estou feliz pelo reencontro. Mais feliz por saber que vocês casaram e que ainda tão fazendo menino.

    Mangulão abriu um sorriso, puxou-me pro lado e confidenciou:

    - Que menino que nada, rapaz. Eu tou mexendo com revenda de automóveis e tenho que vir ao Detran todos os dias. Com essas filas enormes, eu não dou conta de resolver meus negócios. – E arrematou. – Resolvi comprar uma barriga postiça para a Celinha e ela, diariamente, monta a gravidez para ter atendimento preferencial...

    Com um tapa nas minhas costas, ele encerrou:

    - Tu tá pensando que eu sou leso? Já faz mais de um ano que ela tá “grávida”...

    É. Zé Eustáquio, o Mangulão, meu colega de faculdade, não mudou nada.

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    Tia Lyka

    Perereca independente

    Olá, queridos

    Sem querer ser feminista – detesto rótulos que nos marcam que nem vaca no pasto – mas acho importante abordar um assunto que tem deixado muita mulher independente sem rola fixa. É, fofas, ter profissão, casa e carro próprios e saber onde fica o botãozinho de gozar pode jogar você na estatística das “sem marido”.

    E vamos combinar que a gente gosta de ter um pau gostoso em casa pra fazer saliência. Adoro! A diferença é que eu emito fatura.

    A Deyse Sobral dos Santos Padilha, jornalista, 23 anos, já enfrenta o problema por se bancar. Vejam o que a escriba diz:

    Titia linda e maravilhosa, que sempre tem solução para nossos problemas sexuais (os mais destruidores de vidas),

    Gostaria de saber por que os homens de hoje em dia têm tanto medo da gente que trabalha, é formada e independente? Eu pensei que deveria ocorrer o contrário, mas parece que os caras se intimidam. E quando vou pra cima e faço um super boquete, o cara fica louco, mas também parece se sentir incapaz de dar conta do recado "todo".

    Querida, Deyse!

    Adorei o “titia linda e maravilhosa”. Parece até ser da família (risos).

    Vê só: imagina que prender o xixi foi a única sensação de orgasmo que sua vó teve a vida toda. De lá para cá, evoluímos bastante. Hoje tem vibrador, sela da bicicleta, massagem erótica, Pokémon, o caralho de asa para nos dar prazer.

    É muita ferramenta disputando com as pirocas. O homens num guenta, fia. Quando eles vêem uma mulher com diploma, chave do carro na mão, pensam logo: “Fudeu! Vou ter que me esforçar. Nada de meter e gozar logo”.

    É nessa hora que a gente tem que dar uma de “mulherzinha”. Como? Ficar manhosa, dizer que ele tem a maior pica do mundo, que ele é forte, machão. Fala isso no ouvidinho dele que, aposto meu cu, vai ficar de pau duro por três dias.

    Caso dê errado, tem muito pedreiro dando sopa por aí: são viris, gostam de trepar e vão te tratar como princesa. Depois, você paga um curso de engenharia pra ele.

    Ui!

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    Aroldo Pinheiro

    Erasmo quase parou o Brasil

    Atendendo convite do governo, que precisava de professores para expandir a rede escolar, Erasmo Sabino de Oliveira mudou-se para Roraima. Em Boa Vista, enquanto se dedicava à educação de adolescentes, viu possibilidades de ganhar dinheiro no setor imobiliário. Se deu bem.

    No final do século passado, numa dessas campanhas de governo em tempo de crise, a Caixa Econômica Federal alardeou que teria bastante dinheiro para financiar quem quisesse investir em casas populares.

    Ao saber que existiria verba fácil para o setor, o empresário, destemido, resolveu que aquele seria o momento de alavancar seus negócios.

    Ao ver o projeto de Erasmo, o gerente do banco federal assegurou-lhe que, depois de análise da documentação, o dinheiro seria liberado. Com aquela garantia verbal, para ganhar tempo, o potiguar resolveu iniciar a construção de seu conjunto habitacional.

    Depois de um mês de desembolso, a fonte secou e o financiamento oficial não havia saído. “É questão de dias”, garantiu-lhe o gerente. Para não parar, Erasmo passou a comprar fiado o material necessário para dar andamento nas obras.

    Sessenta dias se passaram e o empréstimo não tinha sido aprovado. O gerente disse que logo, logo, a grana estaria na conta do empreendedor. Desmobilizar equipes redundaria em prejuízo. Além do mais, sem reservas, como pagar rescisões trabalhistas? A saída: pedir dinheiro emprestado a agiotas e tocar o que havia iniciado.

    Já bastante endividado no comércio e pendurado em mãos de agiotas, Erasmo soube que a carteira para o financiamento que ele pleiteara havia sido fechada.

    Desespero. Apelar pra quem?

    Ao ouvir lamúrias do empresário, Marivaldo Barçal, advogado, prometeu levá-lo a Brasília para falar com Romero Jucá. Para o influente senador, não seria difícil mobilizar a Caixa Econômica Federal e resolver o problema de Erasmo.

    Passagens foram compradas com cheque pré-datado. Difícil foi convencer dona Dalva, proprietária da boutique Shalon a vender-lhe fiado um paletó.

    Numa sexta-feira, Marivaldo e Erasmo embarcaram juntos para encontrar-se com o senador às oito horas de segunda na capital federal.

    No gabinete, além do senador, estavam presentes uns oito homens vestindo elegantes e finos paletós pretos: os picões da Caixa Econômica Federal. Romero Jucá iniciou o discurso:

    - Senhores, esta reunião foi agendada para ver se, juntos, conseguimos encontrar uma solução para o problema deste grande empresário roraimense. Erasmo enfrenta sérias dificuldades desde que a Caixa Econômica fechou uma carteira de crédito e está a ponto de parar um dos maiores empreendimentos imobiliários de nosso Estado.

    Com um olhar, o vice-presidente consultou o presidente da Caixa Econômica Federal; sentindo-se autorizado a falar, dirigiu-se ao empresário:

    - Quantas casas o senhor está construindo?

    Apesar de nervoso, Erasmo respondeu alto:

    - 55.

    Os homens da Caixa se entreolharam, o senador Romero Jucá mostrou-se nervoso. O vice-presidente da instituição reinquiriu Erasmo com certo sarcasmo:

    - Quantas?

    Erasmo respondeu pausada e nervosamente:

    - Cin-quen-ta e cin-co.

    Os homens da Caixa abriram risadas, Romero Jucá ficou vermelho de vergonha; o presidente fechou:

    - Senador, problemas desse tamanho, a gente resolve com um telefonema...

    Erasmo ficou satisfeito com a promessa de que seu financiamento seria liberado no dia seguinte. Depois de agradecer o senador Romero Jucá pela ajuda, pediu-lhe R$ 200 reais emprestados para pagar o táxi.

    - Senador, problemas desse tamanho, a gente resolve com um telefonema...

    Erasmo ficou satisfeito com a promessa de que seu financiamento seria liberado no dia seguinte. Depois de agradecer o senador Romero Jucá pela ajuda, pediu-lhe R$ 200 reais emprestados para pagar o táxi.

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    Ulisses Moroni

    Monteiro Lobato: infância e brasilidade

    Saudade, muita e boa saudade!

    Esta a melhor para palavra para descrever a sensação que tive ao ver uma foto do principal elenco da primeira versão do "Sítio do Pica-pau Amarelo" - série de televisão baseada na obra do escritor Monteiro Lobato, criada e transmitida pela Rede Globo no final dos anos setenta e início dos oitenta.

    Os personagens da foto eram Dona Benta, Tia Anástacia, boneca Emília, Visconde de Sabugosa, Pedrinho e Narizinho. Estes os principais, de todos os episódios.

    Mas havia outros, a bruxa-jacaré Cuca, o saltitante Saci Pererê, Tio Barbabé, o porquinho Marques de Rabicó, o burro-sábio Conselheiro...

    Vendo isto, parece que retorno no tempo. Meus pensamentos voam e, como num filme, assisto-me em uma cena.

    Estou saindo da escola, segundo, terceiro ou quarto ano do primeiro grau.

    Naquele tempo se chamava assim. Hoje, o quarto e quinto anos do ensino fundamental.

    Eu saía das aulas querendo chegar logo em casa, para assistir ao 'Sítio'.

    Estudava à tarde. Saía rápido pelas ruas entre a escola e minha casa, calculando a velocidade dos passos para chegar na hora de o programa começar.

    Usava uma mochila tipo pasta, ia alternando de uma mão para a outra, para não incomodar.

    Antes, um copo de leite, pãozinho, alguma fruta, e... televisão!
    Quantas gerações de brasileiros não fizeram isto.

    Depois as crianças da série cresceram, e colocaram outras. Mas a primeira versão é inesquecível.

    Quanta infância, quanta alegria, quanta criatividade.

    A magia de Monteiro Lobato, a competência dos atores e produtores.

    Sim, pois os artistas da televisão se uniram com o artista das letras.

    O resultado foi sempre um bom episódio.

    Havia humor, suspense, conhecimentos técnicos e morais, inteligência emocional.

    Quanta alegria, que saudade!

    Pergunto-me se Monteiro Lobato teve aquela infância? Ou se inspirou na de seus filhos? Se foi assim, que paizão foi ele.

    E, porque não falar, quanto brasilidade!

    A Cuca, apareceu aqui agora.

    O Visconde de Sabugosa, sempre um cientista, um sábio.

    Emília, a percepção feminina aguçada em tudo que olhava.A música tema, seu refrão, "Sítio do Pica-pau amarelo, sítio do pica-pau amarelo...! Um trecho da música de um episódio: "Sete piratas sobre um caixão, ho!, ho!, ho!, e uma garrafa de rum. No fim da bebida, saiu confusão, ho!, ho!, ho!, e não sobrou nenhum! Tum tum tum tum tum tum". Cantada em coro. Que boa recordação!

    Passado sim, mas a alegria inesperada que estas lembranças trouxeram é presente, sentida aqui e agora.

    O bom passado é sempre presente, uma alegria conquistada na estrada da vida.

    Que o espírito de Monteiro Lobato reencarne, para criar histórias na era da internet, para as crianças de hoje!

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    Tia Lyka

    Beijar o furico é bom?

    Olá, meu povo de esquerda e de direita!

    Aqui, o único partido que manda é o meu (por enquanto). E digo mais: ninguém vai ver meu nome em lista de propina. Mesmo dando pra ala do PT e caciques do PMDB, todo serviço que faço é limpinho. Sou puta e honesta.

    Mas meu papo aqui não é de política, se bem que a boa sacanagem está perdendo feio pra esse povo do Congresso, né, não?! Hum. Deixa quieto!

    Seguinte: hoje falo de uma bolinação gostosa de fazer e que tem até curado quem tem prisão de ventre. Vejam só o que a Maria Estelita Gomes B. Grupette, 43 anos, ex-gafanhota, me contou pelo “zap zap”:

    Tia Lyka,
    
    Arrumei um velho tarado em fiofó. Quando me conheceu, foi logo arreando minha calcinha e enfiando a língua no “redodin”. Fui lá no Curupira e voltei de tão bom.

    Tenho prisão de ventre e notei que as linguadas do velho têm me ajudado a evacuar regurlarmente. Mas fico travada, contraio a bunda, o que faço pra relaxar?

    Querida, Estelita

    Como diz o Mike Guy Bras: “Ê, maluco, se é bom, deixa rooolar!”

    Fofa, se o velho gosta de chupar cu, deixa. Para com esse negócio de ficar travada, pensa nos benefícios anais que esse homem está te fazendo. Você sabe o quanto é ruim ficar entupida. Fico arrepiada, só de me imaginar cagando um coco.

    Faz assim abestada: a melhor maneira de curtir bem a linguada na bunda é deixar ela bem escancarada. Abre bem essa bunda que Deus te deu (com as duas mãos sua lôca) e deixe a cara do velho se perder dentro dela. Pra deixá-lo mais tarado, reboladas na velocidade 5. Copiou?

    Ah! Não se esquece de assear bem esse cu com sabonete íntimo (na Farmavita tem). Eu uso com alecrim e menta, fica super refrescante. Porque fedor de cu é pior do que cheirar arroto de chefe depois do almoço: a gente quer vomitar na cara da peste, mas prefere se manter no emprego.
    
    Ui!

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    Tia Lyka

    Boi na linha

    Olá, pessoal!

    Feliz da vida com o sucesso que a versão on-line do jornaleco está fazendo. Esse jornalzinho fuleiro atravessou fronteiras e agora está em smatphones, tabletes, notebooks e o caralho a quatro.

    Na cozinha, no banheiro, na fila da lotérica, qualquer lugar é apropriado para se manter informado e – por que não – com um pouco de tesão. Acessem! Quem entrar primeiro, vai gozar mais rápido. Mas vamos ao que interessa. Vejam o que esse sexgenário está passando:

    Tia Lyka,

    Estou namorando há cinco anos uma mulher de 27 anos. De uns meses pra cá venho notando um tratamento diferente dela. Tem evitado trepar comigo, sempre está com dor de cabeça, menstruada ou com inflamação no útero.

    Eu ando cabreiro. Ela está sempre depilada, calcinha nova e perfume dentro da bolsa. Será que, de dono, virei sócio?

    Sou José Carlos A. Monteiro, 67 anos, servidor público federal.

    Querido, Carlos

    Tem boi na linha, mano.

    Vê só: se tua namorada anda negando fogo, mas desfilando de calcinha nova e com a xereca raspada, coisa boa ela não anda aprontando, já te alerto.

    Agora, vamos combinar, né? Quarenta anos te separam da mulher, cara. Tu achas que ainda tem sangue nas veias pra bombear esse pau velho? A mulher tá no auge, deve ter aprendido a gozar um dia desses, imgina o vulcão no meio dessa vagina.

    A decisão é tua. Ou continua a levar chifre, mas feliz por desfilar com a franguinha e fazer inveja pros teus amigos, ou deixa a biscate e procura uma vovó professora aposentada numa dessas serestas da cidade.

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    Aroldo Pinheiro

    O juiz e o BMW

    Uma noite, em dezembro de 1998, antes de mais uma viagem à terra de Tio Sam, eu tomava uísque com Adilson Dantas, na época juiz do Trabalho em Boa Vista. Ao sair de minha casa, no portão, meu amigo encomendou: “Se passares pela Biscayne Boulevard, dá uma paradinha e vê o preço de um BMW 325 pra mim”.

    Na época, o rombo deixado pelo juiz do Trabalho Nicolau dos Santos Neto e o ex-senador Luís Estêvão na construção da sede do Tribunal do Trabalho, em São Paulo, ocupava todos os espaços da mídia nacional. Um pouco da imprensa estadunidense também dava destaque ao juiz ladrão, que ficara conhecido pelos gastos em restaurantes de luxo, coleção de carros importados e investimentos milionários que fazia em Miami.

    Resolvido o que eu fora tratar, saí de meu hotel em South Beach para pequenas compras no centro da capital da Flórida e, eis que, ao parar num sinal vermelho, olho para a placa de identificação da avenida e leio “Biscayne Boulevard”. Lembrei-me da incumbência que Adilson me dera de brincadeira.

    Duas quadras adiante, entrei em imensa e luxuosa loja de veículos europeus. O terno do sujeito que me recebeu era mais caro do que a surrada F-1000 e o rodado Fiesta que ocupavam a garagem de minha casa. Somados.

    Eu, vestido com camiseta, calça jeans desbotada e surrado tênis do dia a dia, não me apequenei à frente vendedor. Cheio de moral, disse-lhe que estava interessado num BMW 325.

    O homem conduziu-me a uma mesa, mostrou-me panfletos, falou da potência, do conforto e dos opcionais para aquele modelo de máquina alemã. Disse-me que só poderia entregar o veículo de meus sonhos em, pelo menos, oito meses a partir do pedido.

    Passo seguinte: preencher formulário para futuros contatos. Ao perguntar meu nome, disse-lhe chamar-me Adilson Dantas; naturalidade: brasileira; profissão: juiz do Trabalho.

    Quando soube de minha procedência e ocupação, os verdes olhos do vendedor brilharam. Claro que, para completar a ficha – e a brincadeira –, passei endereço, telefone e e-mail de Adilson.


    Saí da loja sobraçando uns dois quilos com ricos impressos sobre BMWs.


    De volta ao Brasil, tomando umas doses de uísque, contei a história para Adilson e entreguei-lhe todo o material que eu conseguira sobre o “BMW dele”.

    Até pouco tempo antes de transferir-se para a Justiça do Trabalho amazonense, Mr. Adilson Dantas recebia mensagens do elegante e insistente vendedor querendo fechar negócio num BMW 325.

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