Colunistas

    Jornal Roraima Agora
    Aroldo Pinheiro, 56 anos, roraimense, comerciante, jornalista formado pela Universidade Federal de Roraima. Três livros publicados: "30 CONTOS DIVERSOS - Causos de nossa gente" (2003), "A MOSCA - Romance de vida e de morte" (2004) e "20 CONTOS INVERSOS E DOIS DEDOS DE PROSA - Causos de nossa gente".
    Aroldo Pinheiro

    Vai sem medo, amigo

    "Mais um que se foi ou menos um pra contar a história?" Se ele pudesse comentar a própria morte, era assim que ele falaria. Irreverente, inteligente, língua afiada, Nelson da Costa morreu e há de fazer falta.

    Integrado à vida boa-vistense, entre uma e outra cachimbadas, o filósofo gostava de dizer: "Metade dos advogados não gosta de mim; a outra metade me odeia". Claro que era puro exercício de bom humor. Nelson da Costa era querido até por quem não gostava dele.

    De manhã, ao receber um bom-dia, o gaúcho de Santa Maria respondia: "Mal dia". Hoje, alguns de seus pares contavam essa e outras tiradas do Cachimbão.

    Hóspede mais antigo do Hotel Lobo D'Almada, na avenida Benjamin Constant, Nelson da Costa dizia que vivia sozinho, mas não era solitário. E justificava: "Não posso me sentir solitário num lugar onde conheço todo mundo e todo mundo me conhece".

    Ele não refrescava. Se inspirado, soltava o verbo. Lembro-me que, numa manhã ensolarada dos anos 1980, embusca de algo para incrementar o almoço de domingo, dirigi-me ao bar do Neir, onde Nelson da Costa fazia ponto. Desci de mãos dadas com meu filho, enquanto Maura, minha mulher permanecera no carro.

    Daniel, magrinho, sambudo, catarrento, não era nenhum ícone de beleza infantil. Agravante: naquele dia, eu havia raspado os cabelos de meu garoto e lhe aplicado permanganato de potássio para combater umas piras que haviam surgido em seu couro cabeludo.

    Ao ver-me com "aquela coisa" que eu chamava de filho, Nelson da Costa puxou uma cachimbada e gritou:

    - Aroldo, leva esse menino na LBA pra pegar umas latinhas de leite!

    Ouvindo aquele comentário, Maura, soltando fogo e fumaça, saiu em defesa da cria:

    - Quem é esse filho da puta que está falando mal de meu filho?

    Apressado, antes que a coisa virasse confusão, intercedi:

    - Calma, mulher... Esse é simplesmente o meu amigo Nelson da Costa.

    Em alguns de nossos encontros, essa história foi lembrada com gargalhadas.

    Alguns meses atrás, na última vez que me encontrei com Nelson da Costa – leitor assíduo do Roraima Agora – convidei-o para escrever crônicas mensais para este jornaleco. Nelson morreu sem me dar resposta.

    Sem choro, sem vela, como acho que ele gostaria que fosse, dou adeus a Nelson da Costa: "Tá com medo de morrer? Vai sem medo, amigo". 

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    Aroldo Pinheiro

    Deixar como encontrou

    Josinaldo entrou no serviço público logo depois de completar 18 anos. Aos 30, funcionário de carreira, bom partido, deu mole, apaixonou-se por amazonense faceira e, quando deu fé, estava dizendo sim à pergunta feita por padre Luizinho, na igreja de São Francisco das Chagas. 

    Com os quatro filhos já encaminhados, Josinaldo e Patrícia resolveram pôr fim ao casamento. Nada de problema. Puro desgaste. Agora, perto de aposentar-se, Josinaldo vivia muito bem vivida a vida de solteiro e dizia que "nunca mais juntaria panos de bunda com mulher nenhuma". 

    Certa noite, numa dessas arapucas do destino, Josinaldo encontrou-se com Hildete – morena jeitosa que sempre lhe despertara tesão. O casamento de Detinha não ia lá muito bem e os encontros com Josinaldo passaram a ser cada vez mais frequentes. 

    Uns dois meses depois de iniciado o affair entre o casal de sexagenários, o divórcio de Hildete com Irineu foi homologado. Na mesma semana, sem nem virar o colchão desocupado, Josivaldo mudou-se para os aposentos da namorada. 

    Tudo ia bem até quando Detinha começou a ter crises de ciúmes e perturbar o juízo de Josinaldo sempre que ele saía para encontrar-se com amigos. A marcação era cerrada, as brigas se tornaram caa vez mais constantes e nosso funcionário público decidiu dar um basta à situação. 

    Numa sexta-feira, depois do almoço, Josinaldo explicou seus motivos e comunicou à parceira que voltaria para o seu muquifo e sua paz. Hildete não botou dificuldades, mas fez uma única exigência. 

    - Olha, Naldo, quando nós começamos a sair, eu tinha um homem nesta casa. Irineu só foi-se embora daqui depois que você surgiu em minha vida... 

    E propôs: "Você pode até ir-se embora de vez, mas só depois que eu arranjar um homem pra ocupar o seu lugar". 

    Não tenho certeza, pois o povo fala muito. Em mesa de bar, ouvi que Josinaldo anda doido pra encontrar um namorado para a sua ex-namorada. 

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    Aroldo Pinheiro

    Tá chegando mais

    No embalo desses forrós safados e de muito mau gosto, empresário de visão resolveu adaptar imensa área urbana para que aficionados se entregassem aos bate-coxas e rela-buchos. Contratou um arremedo de banda forrozeira, quatro periguetes que se diziam dançarinas, espalhou algumas dezenas de mesas e cadeiras de plástico pelo terreiro, deu o nome de Fazendinha ao mais novo point da cidade e deixou o fuzuê comer no centro. 

    Lá, dava gente de todo tipo. Em visita ao point, Tonhão, um amigo meu, sentenciou: "Meu irmão, eu nunca tinha visto tanta gente feia por metro quadrado". 

    Daniela, acadêmica de Comunicação Social na Universidade Federal de Roraima, 20 anos, mocinha de muito bom gosto, gostava da balada, mas oferecia resistência a lugares que considerava suspeitos. Lugares que pudessem "queimar o filme", como ela dizia. 

    Certa noite de sábado, depois de a turma zanzar sem rumo, alguém deu ideia de encerrar a farra no Fazendinha. Dani pulou fora. 

    - Não, não, não. Faço questão de não ir a esse lugar. Além de muito arriscado, lá só tem gente feia... 

    Os amigos rebateram: 

    - Ei, menina, nós vamos em grupo. Ninguém vai nos incomodar... Lá tem tanta gente, que tu nem vais ser notada. 

    Para não se tornar desmancha prazeres, Dani capitulou. Retocou a maquiagem, ajeitou a roupa e, de braços dados com dois amigos, misturou-se ao resto da galera. Ao cruzar o portão do point, a moçoila ouviu o refrão da música de boas vindas: "O Fazendinha tá cheio de quenga/ E cada hora tá chegando mais.../ O Fazendinha tá cheio de quenga/ E toda hora tá chegando mais..." 

    Fazer o quê? A acadêmica se entregou ao ritmo apelativo e dançou entre as "outras" quengas até o dia amanhecer. 

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    Tia Lyka

    Dica para dar bem o redondo

    Olá, pessoal! 

    Animadinhos para mais uma dica de tia Lyka? Então, tirem os meninos da sala que vamos falar de cu alheio. 

    E quem traz o assunto à tona, é a professora Talita C. A. Berta, 23 anos: 

    Tia Lyka, 

    Amiga minha disse que sexo anal é só uma questão de costume e que com o tempo fica gostoso. Já tentei seis vezes e foi horrível, mesmo estando toda limpa e cheirosa, usando lubrificante. Me ajude! 

    Talitinha, 

    Antes de mais nada, cuidado com a abreviatura desse sobrenomes. Dessa maneira, a macharada pode pensar que você está aberta pra tudo. 

    Seguinte: Não vou te esconder a verdade. Dói, querida! É a mesma sensação de estar cagando pra dentro. Mas hoje em dia, está bem melhor do que no meu tempo, quando a única opção era passar cuspe. Agora, tem lubrificante à base d'água, e até anestesia; pode?! Mas fique atenta: as pomadas anestésicas não são indicadas pelos médicos porque tiram a sensibilidade do ânus e, com a penetração, pode romper pregas. Depois, ao sentir falta do pregueado, pode ser tarde demais. Você não sabe a falta que elas fazem quando dá vontade de peidar numa daquelas intermináveis filas do Banco do Brasil. Só de pensar nisso, valorizo meu cuzinho usado, mas ainda trancado. 

    Para iniciar, peça para o parceiro começar com o dedo - o mindinho, se você tiver o cu infantil. Encorajada com a penetração digital do boy magia, é hora de trocá-lo pela marreta de fogo. A melhor posição para iniciante é de "ladinho". A vontade é de correr pro banheiro pensando que vai cagar um cupuaçu. Relaxa, o pior está por vir! Nunca ouviu dizer que "pica não tem ombro"? 

    Fui! 

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    Tia Lyka

    Mamãe, eu quero gozar

    Meninos e meninas,

    Pelamordideus! Essa surubada que a gente vê em Brasília faz medo. Fico em dúvida se a louca sou eu ou esse bando de políticos corruptos.

    O dinheiro saiu de cofres públicos e das contas de empresários, mas, parece, ninguém recebeu. Em declarações à imprensa, parece que a bandidagem tem nojo de dinheiro. Ninguém recebeu nada.

    O presidente da República abandona seu homem de confiança à própria sorte com uma mala contendo 500 mil reais. Loures, o leso, parece que vai se fuder sozinho. Será que tem grana perdida pelo Planalto Central? Sinto até uma vontadezinha de dar um tempo com meus bofes e partir pruma garimpada nos cerrados do Distrito Federal. Quem sabe?

    Independentemente de qualquer coisa, alguém vai se foder. Resta saber se o povo brasileiro ou o Michel Temer com o PMDB. Ou, quem sabe?, todos. Mas, por falar em foder, recebi cartinha da professora Juliana Morais, 44, que, apesar de vida sexual ativa desde os 17, afirma não conhecer o gosto – gostooooooso – de um orgasmo.

    Tia Lyka,

    Comecei a transar aos 17. Casei-me aos 21. Tive somente dois parceiros sexuais em toda a minha existência. Até hoje, não sei o que são esses orgasmos que minhas amigas falam. A falha é minha ou é incompetência dos homens?

    Juju,

    Dados científicos confirmam que mais de 30% das mulheres não conseguem atingir o orgasmo. Os fatores são os mais diversos. Hoje, há farta literatura e profissionais dedicados ao problema. Procure ler, se informar, abra o jogo com o(s) parceiro(s) e saia em busca do gozo. Tenho certeza de que, se libertando psicologicamente e partindo em busca de resolver essa situação, você, na idade da loba, ainda vai gozar como merece.

    Boa sorte. Divirta-se.

    Fui!

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    Tia Lyka

    Água pra que te quero

    Olá, meninos e meninas,

    É muita água. O nível do rio Branco vem subindo rapidamente. Ainda bem que estamos no fim do mês de junho, quando a frequência de chuvas cai. O perigo de grandes alagamentos e hordas de desabrigados fica distante.

    Mas quem disse que eu entendo de meteorologia ou tenho algo a ver com a Defesa Civil? Meu negócio é sexo, e nisso eu sou boa.

    E já que estamos falando em água, responderei à cartinha que a Deusalina Oliveira mandou:

    Tia Lyka,

    Fui casada durante oito anos. Meu marido, o único homem de minha vida até então, morreu em agosto do ano passado. Na semana passada, aceitei convite de um antigo paquera e terminamos a noite na cama dele. Gozei como nunca tinha gozado. Na primeira sequência de orgasmos, minha queca expeliu grande quantidade de líquido. Não era urina, pois não tinha cheiro de nada. Estou com medo e com vergonha. Isso é normal? Devo procurar um médico?

    Deusalina, isso de mulher esporrar existe desde que o King Kong era macaco prego. Aristóteles, que não era leso e também estudava periquitas, já se referia a essa ejaculação feminina. Esse fenômeno varia de mulher para mulher e nem todas mulheres o têm. Não se preocupe: o fato de você ter ocorrido com você não quer dizer que vá ocorrer sempre. Mesmo que esse "esporro" tenha ocorrido com você, não quer dizer que sempre vá ocorrer. Nada de procurar médico. Mantenha uma boa higiene corporal e transe à vontade: faz bem.

    Não se esqueçam de usar camisinha: o risco de gravidez ou de contrair uma doença sexualmente transmissível existe sempre.

    Fui!

    o 

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    Tia Lyka

    70? Troca por dois de 35

    Tudo belê!? 

    A crise está tão braba que tô diminuindo até as palavras. Daqui a uns dias, num vou tá nem mais gemendo. Jesus! Mas não quero falar de liseira com vocês, não. Vamos falar de sacanagem que é de graça e todo mundo pode fazer, basta ter tesão. 

    E por falar nisso, trago uma queixa da Maria das Graças R. do C. Grande, 39 anos, pernambucana. Vejam as história da quenga: 

    Tia Lyka, 

    Arrumei um coroa pra namorar. Gente boa, me dá tudo que quero – roupa, calcinha, creme para desembaraçar os cabelos, esmalte, etc. –, mas não me dá o que eu mais gosto: piroca. Quando o conheci, no Forró dos velhos, ele estava todo fogoso, quase que me comia no salão. Agora, pra fuder é um suplício. Faço de tudo, chupo, esfrego a perseguida na cara dele e nada. O velho só quer ver o Ratinho. E o cara só tem 69 anos. 

    Querida, Graça do C. Grande,

    Namorar com velho requer paciência. Eles já estão preguiçosos, o pau só levanta tomando a azulzinha, sem contar que peidam dormindo. Portanto, se queres continuar com o coroa - vi que ele é bonzinho, te dá de um tudo e isso é muito importante: ter um pai pra nos sustentar. Então, seja compreensiva com o véio, arrume um pé de pano pra dar uma trepada de vez em quando e mantém o sexagenário só no cheirinho. Véio adora um cheiro de priquito. 

    Fui! 

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    Tia Lyka

    Sexo na hora errada

    Olá, povo do grelo grande! 

    Com essa muvuca que tá em Brasília já cancelei viagem pra cidade candanga. Político que quiser comer tia Lyka vai ter que pegar avião pra a Macuxilândia. E o medo de morrer queimada num daqueles prédios dos três poderes? Deus me livre! 

    A grana que eu ganho tem que ser quinenquieu: limpinho. Falando em limpinho, vejam a saia justa que minha costureira, Dorinha, está passando. Ela que faz os bolsos das minhas calcinhas. 

    Tia Lyka, 

    Estava tudo indo bem com meu coroa, até que resolvi fazer-lhe surpresinha uma noite dessas. Após o jantar, pus uma lingerie que comprei nas Lojas Marisa e, com cara de safada – dedinho na boca e outro na xereca – rumei pro quarto. Fui repreendida pelo polaco. Disse que não era hora de trepar - eram só 11 da noite – que ele só fode até as 6 da tarde pra não dar congestão. Ai, eu pergunto: desde quando existe hora pra furunfar? 

    Querida Dorinha 

    Trepar é que nem vontade de urinar. Quando vem, tem de fazer senão mija nas calças. Mas, segundo pesquisas, a melhor hora é às 5h48. Da manhã. Diz que homens e mulheres possuem picos de excitação diferentes durante o dia e que, a essa hora, a libido está em alta pros dois. 

    Agora, a regra não deve valer pro teu véio. Capaz de, a essa hora, ele estar roncando e babando. 

    Ui! 

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    Tia Lyka

    Buraco pequeno pra pau grande

    Meninos e meninas, 

    Quando será que esses bandidos vão parar de fuder o Brasil? Com tanta rola entrando, o buraco dessa Nação não para de aumentar. Mas, por falar em buraco aumentando, vamos tentar resolver o problema enfrentado por Keyla. 

    Tia Lyka, 

    Casei-me e cedo desenganei-me com o companheiro. Além de ter uma merreca de pinto, meu marido não gostava de usá-lo. Não deu: nos separamos. Casei-me de novo. Desta vez, além de ter uma rola enooooorme, meu marido quer sexo de manhã, de tarde e à noite. Às vezes, mais de uma vez num desses turnos. Confesso que, em vez de prazer, tenho sofrimento, pois aquela picona me machuca muito. Quando dá, eu invento desculpa e fujo. O que faço para que ele me entenda e não se ofenda ao saber a verdade? 

    Keyla, 

    O seu problema seria a felicidade de muitas mulheres. Mas... Minha madrinha enfrentava situação parecida com a sua. Mirrada, ela tinha bucetinha pequena e sofria quando meu padrinho ia comê-la.

    Depois da segunda gravidez, Dindinha propôs ao marido que ele procurasse se satisfizer na rua. Com qualquer uma. Havia uma condição: aquele cacete nunca deveria ser usado com nenhuma das amigas dela nem com nenhuma das mulheres da família. 

    Eles respeitaram esse acordo até o dia em que ele morreu. Ah, quando queria gozar, Dindinha o convidava para fazerem sexo – desde que ele não viesse com história de enfiar o pirocãozão na boca da coitada. Ela contava, rindo, que tinha medo de morrer com falta de ar. 

    Taí, que tal essa solução? Se achar muito radical, converse com o maridão e cheguem a um acordo. 

    Fui! 

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    Jaider Esbell

    Custo X Benefício provado, saiam

    Aos parentes, os indígenas brasileiros, a minha solidariedade como Makuxi. 

    Soubemos esses dias, por outras palavras, o que sempre teve dito e desejado. O olho grande do "desenvolvimento" sobre os territórios indígenas demarcados e homologados agora mareja de um desejo ainda mais descontrolado: acabar de vez com o que eles, o poder do capital, chamam de "palhaçada". 

    Tanta terra para poucos índios, que já não são índios e ainda atrapalham o avanço econômico do país, pois são preguiçosos, sujos e baderneiros. Essa ladainha é desde sempre e encontra eco em todo o país, pois somos uma massa quase homogênea de gente ignorante, portanto, preconceituosa e ativa em discriminar com violência. 

    Sim, esses somos nós, os brasileiros. Sempre achamos que somos uma fábrica de jogadores de futebol e que o verde de nossas matas pode virar pasto pra ter carne para o churrasco, o milho pra cerveja ruim e grama para o campo de futebol. Mas que leseira, se a melhor picanha ia para fora, o melhor milho para os porcos em outros cantos e os craques se vendem por milhões no exterior para não fazer gol. 

    Esses dias, o homem maior da justiça orquestrada fez o papel bem feito esperado ao patriota. O senhor ministro disse que nós, indígenas brasileiros, deveríamos provar pela equação capitalista descontextualizada do custo x benefício o porquê de continuarmos com o direito ancestral e internacional de nos mantermos nas terras virgens ou em regeneração no Brasil. 

    Pobre é o país que já nasce morto e que não deixa nem sua podre matéria alimentar a floresta, que alimenta a todos com ar puro e de vida plena os muitos que ainda vivem lá. 

    Uma fotografia gigantesca comparando áreas verdes com cinzas e outra mostrando os efeitos dos desequilíbrios ambientais ao redor do mundo talvez sirva para mais uma vez dizer: onde tem índio tem natureza e onde não tem nada há. E isso, meus caros karaiwas, não é questão de opinião, é mais mecânica e matemática que filosofia ou putaria. Respeitem!" 

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    Aroldo Pinheiro

    Chama que arderá para sempre

    "​Eu sou é madeira/ Em samba de roda já dei muito nó.../ Em roda de samba sou considerado,/ De chinelo novo brinquei Carnaval, Carnaval. Eu sou é madeira/ Meu peito é do povo do samba e da gente,/ E dou meu recado de coração quente/ Não ligo a tristeza, não furo eu sou gente. Sou é a madeira/ Trabalho é besteira, o negócio é sambar/ Que samba é ciência e com consciência/ Só ter paciência que eu chego até lá... Sou nó na madeira/ Lenha na fogueira que já vai pegar/ Se é fogo que fica ninguém mais apaga/ É a paga da praga que eu vou te rogar" (João Nogueira)

    Com letra e embalo da música de João Nogueira homenageio com saudade o Gilson, caboco querido, sangue bom, animado, espirituoso, brincalhão, bom de farra, amigo prestativo. 

    O peito de Gilson explodia com música de qualidade, com samba da gente. Carnaval era com ele. 

    Gilson era assim, não ligava pra tristeza, não furava: Gilson era gente. A notícia da morte do "Nó-na-madeira" – era assim que eu o cumprimentava, pois, para mim, essa música o identificava como bom intérprete de sambas bem humorados – pegou-me de surpresa. 

    Há algum tempo eu não me encontrava com Gilson. Não sabia que uma broca, em forma de câncer, estava corroendo essa madeira de lei roraimense. 

    Como boa madeira, Gilson se consumiu estalando, lutando contra essa doença que, covarde, invade organismos silenciosamente. 

    Gilson Leitão era nó na madeira, lenha na fogueira que já vai pegar e, se é fogo que fica ninguém mais apaga. 

    A chama de dor e saudade deixada por Gilson Leitão no coração de inúmeros fãs e amigos há de ficar acesa por meio das muitas horas de prazer e alegria que a companhia desse caboco nos proporcionou. 

    As noites roraimenses ficaram menos alegres. 

    Deus te guarde, Nó-na-madeira. 

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    Jornal Roraima Agora

    Santana rasga a fantasia dos estadistas de galinheiro

    Em novembro de 2010, numa entrevista ao jornalista Fernando Rodrigues, o marqueteiro João Santana, deslumbrado com a vitória da dupla formada por Dilma Rousseff e Michel Temer, garantiu que a seita lulopetista havia chegado ao reino dos céus pela rota do Planalto. Acabara de eleger uma mulher que tinha tudo para ocupar no imaginário brasileiro o trono à espera de uma rainha. E no banco de reservas, além do príncipe consorte Michel Temer, sentava-se ninguém menos que Lula, o Pelé da política.

    Neste outono, nos depoimentos à Lava Jato, o delator premiado demonstrou que até Maria I, a Louca, era muito mais confiável e mentalmente equilibrada que a monarca provida de um neurônio só, transferiu o Pelé de araque para o banco dos réus e provou que Michel Temer fez bonito enquanto esteve alojado na corte infestada de vigaristas. O que nem Santana consegue entender é por que tanta gente acreditou por tanto tempo nas fantasias que criou para apresentar como salvadores da pátria três estadistas de galinheiro.

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    Érico Veríssimo

    Incompetência não precisa de atestado

    O Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, do Ministério da Justiça, constatou o óbvio nesta semana ao apresentar na Assembleia Legislativa um relatório sobre o sistema penitenciário de Roraima, classificado como “caótico e assustador”. “Há um descontrole por parte do Estado, que não sabe qual o perfil de cada preso”, diz o documento.

    Onde estavam essas pessoas quando mais de 30 presos foram executados na Penitenciária Agrícola? Faziam relatórios sobre os presídios do Amazonas ou do Rio Grande do Norte?
    Como já estamos fartos de saber, a incompetência do governo local não precisa de atestadoalheio, pois já foi comprovada há muito tempo, principalmente quanto ao (des)controle do
    sistema prisional. Não é necessário que comitivas de fora identifiquem as nossas deficiências.

    Mas, esse problema não é “exclusividade” nossa. “Falta de acesso à saúde, à educação, a trabalho e de informações sobre pessoas privadas de liberdade”. Esse é outro trecho do relatório. Os “peritos” constataram ainda “violência e tortura generalizada” no Centro Socioeducativo, que deveria abrigar 69 adolescentes, mas está com 90.

    Qual é a alma ingênua que não sabe o que acontece nas unidades prisionais? Isso há muito já foi relatado, inclusive pelo Ministério Público estadual. E por que a surpresa do deputado petista Evangelista Siqueira, presidente da Comissão de Direitos Humanos, ao ter acesso ao relatório? Ele demonstrou “preocupação” ao saber como o sistema foi encontrado. Deputado, onde o senhor esteve nos últimos anos?

    Suely Campos não tem força para, sozinha, resolver os problemas de um sistema há muito deteriorado, por isso a necessidade de recursos e outras ajudas federais. Mas também não
    é preciso que uma dezena de inspeções e relatórios sejam feitos para se mostrar como estão as unidades carcerárias do Estado.Ou será que ela nunca soube e, assim como Siqueira, está surpresa? É um desperdício de tempo, dinheiro e “palavras”.

    Desde janeiro, quando foram mortos 33 presos na Pê-Á, medidas enérgicas deveriam ter sido tomadas, sem necessidade de vistorias aprofundadas. Aliás, muito antes do massacre, mortes pontuais ocorreram, além das recorrentes fugas de presos. 

    Enquanto as “autoridades” tentam se organizar, a bandidagem já está organizada e demonstra não estar nem aí para OAB, MJ, CNJ e outras tantas siglas, que, para eles, nada querem dizer, muito menos para seus relatórios de obviedades.

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    Tia Lyka

    Sonambulismo ou safadeza?

    Olá, meninos e meninas,

    A coisa tá mais feia do que a gente pensa. Quem assumiu a presidência dizendo querer acabar a corrupção parece ser mais corrupto do que os apeados do poder. Descuidados, “os pessoal” do novo Brasil se deixa gravar, filmar, fotografar. Só faltam passar recibo do dinheiro ilícito recebido. Não é atoa que a cafetina Maria Cuscuz se candidata a assumir a presidência desta Nação; ela justifica: “De puteiro, eu entendo”. 

    Mas vamos ao problema que a professora Maria da Piedade, 38 anos, solteira, enfrenta.

    Tia Lyka,

    Minha irmã viajou e deixou meu sobrinho de 13 anos aos meus cuidados. Apartamento pequeno, ele dorme comigo em minha cama. De uns dias pra cá, de madrugada, ele me abraça e me atraca com as pernas. Sinto que, nessas horas, ele fica de pinto duro. Fico em dúvida se isso é sonambulismo ou safadeza. O que que eu faço?

    Maria,

    Nada de piedade. Pela idade do menino, tudo leva a crer em safadeza. Tem mais, você, balzaquiana, no auge da sexualidade, corre risco de fraquejar e entrar na putaria com o menino. Lembre-se que crime de pedofilia dá cadeia braba. Pelo rumo das coisas, é melhor mandar esse menino ir cantar noutra freguesia. Mas faça isso urgentemente.

    Fui!

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    Aroldo Pinheiro

    O companheiro de viagem

    Não gosto de conversar com estranhos. Quando viajo, levo comigo algumas revistinhas de palavras cruzadas e, para evitar papos desinteressantes, me entrego aos quebra-cabeças.

    Um belo dia, ali pelos anos 1980, de viagem para Brasília, com conexão em Manaus, entrei em Boeing 737 da Varig e, avião praticamente vazio, sentei-me em lugar marcado  numa das primeiras fileiras de poltronas.

    Abri minha revista e abandonei-me nas horizontais e verticais. Ou melhor: quase me abandonei na “Recreativa”, pois, logo, um homem diminuto, vermelho como tomate, trajando camisa oficial do Clube de Regatas do Flamengo, cumprimentou-me e se dizendo “feliz por ter com quem conversar durante a viagem”, aboletou-se na cadeira ao lado, apertou o cinto e abriu a boca em interminável monólogo. 

    Joãozinho Melo, figura carimbada entre roraimenses mais antigos, como bom descendente de paraibanos, não deu sossego a meus ouvidos durante os 60 minutos de voo que separavam Boa Vista de Manaus.

    Eu não conseguiria ser desatencioso com pessoa tão querida e inocente. Depois de fechar minha revistinha, passei a ouvi-lo – e concordar com tudo o que ele falava. Disse-me que estava indo a São Paulo para convenção do PMDB, partido sob cuja sigla ele se elegeu vereador de Boa Vista, “e, aproveitando a oportunidade, vou ao Rio de Janeiro pra ver o Mengão dar uma peia no Fluminense”, sentenciou empolgado com sua agremiação política e seu time de futebol.

    Ao descer no aeroporto de Manaus, a pretexto de fazer compras em lojinhas ali mesmo no terminal de passageiros, dei um perdido em João Melo e rezei para que pudesse viajar tranquilo, sem ouvir conversa alguma, durante as duas horas e trinta minutos que enfrentaríamos entre Manaus e Brasília.

    Entrei no Airbus 210 e, sabendo-a quase vazia, corri a isolar-me na última fileira de poltronas. Antes que eu conseguisse abrir meu livrinho de palavras cruzadas, ouvi a voz alta e em falsete de João Melo: “Eita, parente, esse avião é tão grande que eu quase não consigo te encontrar”. Lasquei-me.  

    Obrigado a dividir a atenção entre jogadas de mestre feitas por jogadores do Rubro-negro e lances dos bastidores da política roraimense. Depois da aterrissagem e despedidas no Aeroporto Internacional de Brasília, Joãozinho sentenciou: “Parente, pra mim só existem dois homens no mundo: Ulisses Guimarães na presidência do PMDB e Márcio Braga na presidência do Flamengo”. 

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    Érico Veríssimo

    Com duas patas ao volante e duas nos pedais

    Na semana passada, a Prefeitura de Vitória da Conquista, na Bahia, determinou que carroceiros da cidade tenham habilitação e seus respectivos cavalos usem fraldões, a partir da segunda quinzena deste mês, para não sujar as ruas da cidade.

    Além da carteira, a carroça deverá estar emplacada e licenciada. Menores de 18 anos não poderão “pilotar”. A punição para quem não cumprir a lei é a apreensão do animal. Outra cidade baiana e duas fluminenses já haviam adotado tal medida.

    A população, claro, chiou, ressaltando que problemas de segurança e ruas esburacadas são mais importantes do que a preocupação da administração local em evitar “cacas” de cavalo pelas ruas.

    A ideia, embora não seja original, tendo em vista que outros municípios já a haviam adotado, poderia ser abraçada pela Prefeitura de Boa Vista, “incrementada” e estendida a condutores de veículos motorizados da cidade, principalmente àqueles que costumeiramente fazem “cacas” mais fedorentas (e de fato arriscadas) do que as dos animais da cidade baiana.

    Mas creio que o uso obrigatório de fraldões os faria pensar bem antes de cometer qualquer porcaria no trânsito, principalmente quando envolve terceiros.

    Ou será que não podemos dizer que tão irracionais quanto os equinos são os condutores que insistem em trafegar alcoolizados, não costumam dar seta, invadem sinal vermelho, param em faixas de pedestre e fazem tantas outras barbaridades quando estão atrás de um volante ou guidão de uma moto?

    Como num velho dito popular lá das bandas da Bahia, há gente que para ser cavalo só precisa das patas.

    Enquanto os equinos puxam carroças, há os motoristas que, se comportando como aqueles animais, invertem os papéis e com duas patas ao volante e as outras duas nos pedais dos veículos, os conduzem como se carroças fossem. 

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    Tia Lyka

    Meu primeiro amor

    Meninos e meninas,

    Há males que vêm para o bem e coisas boas que vêm para o mal. Explico: venezuelanas que vendem o corpo no bairro Caimbé festejam a recente ação da Polícia Federal e, como o número de quengas diminuiu, os preços de qualquer programa aumentaram; por outro lado, clientes das putas importadas reclamam que essa mesma ação da PF provocou inflação no mercado e quem cobrava R$ 80 está cobrando até R$ 150 por uma saida básica.

    Mas deixemos quengas e economia de lado e vejamos a situação vivia pela secretária Maria do Rosário. 

    Tia Lyka,

    Tenho 23 anos e sou virgem. Sabendo disso, minhas colegas, de brincadeira, me deram um pênis com vibrador pelo meu aniversário. Resolvi experimentá-lo e gostei da brincadeira. Tenho sentido sensações ma-ra-vi-lho-sas. Hoje, sinto vergonha dessas sessões de masturbação e, na igreja, fico com medo que o pastor veja as mudanças que vêm ocorrendo comigo. O que faço é pecado?

    Querida Maria,

    Masturbação existe entre todos os animais. Com o ser humano é muito mais gostosa pois somos os únicos seres que praticam sexo por prazer. Quem garante que pastores, padres, freiras, monges e rabinos não se masturbem e procurem os prazeres do sexo? Se você se dá bem com o brinquedinho, continue com suas brincadeiras. Tenha certeza de que você não está fazendo mal pra ninguém; pelo contrário, está fazendo um bem para si mesma. Lembre-se de trocar as pilhas, pois, se vazarem, o ácido delas pode machucar sua queca.

    Fui!

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    Ulisses Moroni

    Redação, uma dívida eterna

    Observo pessoas repetindo histórias de sua vida. Cheguei a achar isto  falta de inovação. Hoje, entendo. Se vivêssemos eternamente, talvez nem teríamos passado. Como não é assim, nossa passagem por este mundo se torna um somatório de momentos. Daí os momentos marcante são contados repetidamente.

    Tenho algumas histórias de vida que sempre contarei. Uma destacada  certamente é sobre um detalhe no concurso de ingresso no Ministério Público de  Roraima. Um desvio intenso e ao mesmo tempo definidor da minha trajetória.              

    Devo a aprovação a isto que faço agora: ESCREVER. Claro que devo a meus pais, ao meu esforço, aos estudos, livros e professores e, evidentemente, à sorte. Mas, o diferencial foi a redação. Explico.

    Em 1997 eu fazia todos os concursos que apareciam. Queria um cargo de operador do Direito, e especificamente promotor de justiça. Saiu o edital,  e fiz inscrição para o concurso de promotor em Roraima. Tudo era difícil e concorrido. 

    Voltando mais no tempo, tive o privilégio de ter um curso específico de redação onde eu morava. Era semestral. Gostei tanto que cursei três vezes. Recomendavam aos alunos fazer duas redações por semana. Eu fazia uma ou mais por dia! Um amor eterno ali surgiu com o manuseio das palavras.

    Retornando ao concurso, faria num sábado prova de múltipla escolha. No domingo haveria uma dissertação, que deveria ocupar todo o espaço disponível. Seria corrigida pelo conteúdo jurídico e qualidade do texto.

    Eu até que era preparado, mas o conteúdo das matérias era extenso. Na quinta-feira anterior, li um texto de apenas uma página sobre HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL. São critérios para interpretar uma constituição. Literalmente,  apenas analisando o texto. Sistematicamente, analisando-a como um todo. Históricamente, conforme o momento em que foi elaborada. Teleologicamente, conforme o objetivo de cada dispositivo. Entre outros critérios. Algo amplo e complexo. 

    O tema da dissertação foi justamente Hermenêutica Constitucional! Um tema que conhecia pouco, mas tinha aquela pequeno texto na cabeça. Graças à prática de escrever, preenchi todo o espaço. E, do pouco que li, pude desenvolver extensos e lógicos raciocínios. Com pouca tinta, pintei uma área extensa!

    Resultado: obtive a nota mínima necessária na dissertação. Foi o suficiente para seguir e desenvolver as outras fases. No fim,  aprovação e rápida nomeação. É assim, então, que devo à redação, uma arte ou técnica, a um dos principais momentos de minha vida. Isso há 19 anos!

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    Tia Lyka

    Chifre trocado e advertência

    Meninos e meninas,

    Ainda bem que nossa liberdade chegou. Apesar de tímida em alguns assuntos, hoje podemos fazer quase tudo o que nossos parceiros fazem. Sem remorsos. Eu, graças a Deus, depois de passar nove anos no mesmo quarto com um só homem, me libertei. Hoje, dou pra quem quero, na hora que quero. Só não dou se o boymagia não quiser.

    Diante dessas mudanças comportamentais, motorista de táxi, que pede anonimato, sofre com o chifre que a patroa está lhe pondo por vingança e consulta:

    Tia Lyka, Depois de 14 anos de casado, descobri que minha esposa está caçando rola noutros poleiros. Temos falado em separação e, pelo jeito, será litigiosa. Pergunto, se eu provar que ela está me traindo, ela perde direito aos bens e à guarda das crianças?

    Meu caro motora, já foi o tempo em que chifre colocado por mulher trazia prejuízo na hora da separação. E você está sendo egoísta, pois, pelo Whats, você me disse que a patroa descobriu há algum tempo você tem uma teúda e manteúda no Raiar do Sol.

    Vou lhe dar conselho que ouvi há muito tempo, quando de minhas andanças pelo Ceará. Como se trata de chifre trocado, vocês podiam passar a régua e se comprometerem a mudar de vida. Lute para não chegar ao divórcio, pois seu prejuízo pode ser grande. Veja: se houver separação, você vai perder metade de seus bens e a totalidade da periquita da patroa; se levaram o casamento adiante, numa boa, você
    garante 100% do patrimônio e, pelo menos, 50% da periquita da companheira.

    Como diz mestre Afonso Rodrigues de Oliveira: pense nisso.

    Fui!

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    Aroldo Pinheiro

    Juiz ladrão

    Depois do fiasco contra a Alemanha na última copa e do fraco desempenho sob a batuta de Dunga, a Seleção Brasileira de Futebol parece estar achando seu caminho.  Assim sendo, o verde-amarelo da camisa de nossos jogadores volta a empolgar torcedores.

    Expectativas, críticas às convocações, a eterna disputa com a Argentina, o medo de que equipes menores possam surpreender, o receio de enfrentar seleções famosas e maceteadas, tudo isso faz parte do dia a dia dos papos em esquinas e mesas de bar. O esporte trazido por Charles Miller par o Brasil, enfim é papo recorrente.

    Causos também. Há muita coisa interessante no anedotário do futebol Brasileiro.

    Quase todo cidadão boa-vistense com mais de quarenta anos conheceu Áureo Cruz. Nem que seja de ouvir falar. Elegante, galanteador, ele era uma espécie de príncipe no reino da Macuxilândia.

    Nascido de família abastada, as poucas vezes em que trabalhou foram para tirar algum proveito social ou investir em nova paquera. Áureo, entre outras coisas, foi diretor e locutor da Rádio Difusora Roraima. Apaixonado por esportes, fazia parte da Federação Roraimense de Futebol e do quadro de árbitros local; Áureo, também, era torcedor fanático do Atlético Roraima Clube.

    Estádio João Minieor, alguma tarde dos anos 1960. Lotado. Mais de 30 pessoas ocupavam o palanque coberto de zinco; umas 80 se aboletavam no alambrado de madeira que isolava o campo de terra. De terra não: de barro. Naquele tempo, não existiam gramados em Boa Vista. O povo esperava o início do clássico: Baré X Roraima. Só havia dois clássicos no território: Baré X Roraima ou Roraima X Baré.

    O primeiro tempo da partida terminou zero a zero. O segundo seguia modorrento. Os atletas suavam a cachaça ingerida no sábado; estavam amis pra tomar água do que pra correr atrás da bola. Aos 32 minutos, Roberto recebeu um lançamento e, de trivela, chutou contra a meta guardada por Guilherme. Mário Rocha acordou para mexer no placar.

    Áureo Cruz, o árbitro, se desesperou. Ameaçou até expulsar o bandeirinha que não tinha marcado o off side¹. Do reinício do jogo até o fim dos 45 minutos regulamentares, o Baré prendia a bola e administrava a vitória. A torcida alvi-rubra festejava a conquista do troféu Governador do Território.

    Quarenta e seis minutos. O árbitro, sem encarar o público, deixava a bola rolar. Quarenta e oito, quarenta e nove, 50 minutos. Abdala Fraxe ameaçava invadir o campo. Aos 57 minutos, Tracajá roubou a pelota do center half² barelista e, morrendo de cansaço, chutou contra a meta de Zé Maria. Chute chocho. O goleiro escorregou, caiu e a bola entrou. O árbitro sorriu e deu um pulo com a mão fechada para cima; em seguida, recolheu a redonda e apitou o fim da partida. Pronto. A final do torneio ficou transferida para o próximo domingo.

    Protegido pelos guardas territoriais, Maxixe, Duca, Coivara e Cento-e-seis, o juiz cruzava o portão do estádio sob protestos da torcida do Baré, quando Antônia Mariê aproximou-se de Áureo, meteu-lhe o dedo na cara e disparou:

    - Juiz ladrão!!!

    Áureo, com empáfia, antipatia, imponência, prepotência e ironia, respondeu à torcedora:

    - O juiz pode ser ladrão, mas é soberano.

    -------------

    off side¹ - impedimento.

    center half² - meio de campo

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