"Eu sou é madeira/ Em samba de roda já dei muito nó.../ Em roda de samba sou considerado,/ De chinelo novo brinquei Carnaval, Carnaval. Eu sou é madeira/ Meu peito é do povo do samba e da gente,/ E dou meu recado de coração quente/ Não ligo a tristeza, não furo eu sou gente. Sou é a madeira/ Trabalho é besteira, o negócio é sambar/ Que samba é ciência e com consciência/ Só ter paciência que eu chego até lá... Sou nó na madeira/ Lenha na fogueira que já vai pegar/ Se é fogo que fica ninguém mais apaga/ É a paga da praga que eu vou te rogar" (João Nogueira)
Com letra e embalo da música de João Nogueira homenageio com saudade o Gilson, caboco querido, sangue bom, animado, espirituoso, brincalhão, bom de farra, amigo prestativo.
O peito de Gilson explodia com música de qualidade, com samba da gente. Carnaval era com ele.
Gilson era assim, não ligava pra tristeza, não furava: Gilson era gente. A notícia da morte do "Nó-na-madeira" – era assim que eu o cumprimentava, pois, para mim, essa música o identificava como bom intérprete de sambas bem humorados – pegou-me de surpresa.
Há algum tempo eu não me encontrava com Gilson. Não sabia que uma broca, em forma de câncer, estava corroendo essa madeira de lei roraimense.
Como boa madeira, Gilson se consumiu estalando, lutando contra essa doença que, covarde, invade organismos silenciosamente.
Gilson Leitão era nó na madeira, lenha na fogueira que já vai pegar e, se é fogo que fica ninguém mais apaga.
A chama de dor e saudade deixada por Gilson Leitão no coração de inúmeros fãs e amigos há de ficar acesa por meio das muitas horas de prazer e alegria que a companhia desse caboco nos proporcionou.
As noites roraimenses ficaram menos alegres.
Deus te guarde, Nó-na-madeira.
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