Fernando Quintella

    Fernando Quintella

    Quarta, 03 Março 2021 02:29

    Coisas da vovó

    Nossa sobrinha-neta Bianca, recém formada em medicina, era bem pequena quando desenhou a avó, Denize, com traços bem envelhecidos. Minha irmã protestou na hora:

    - Bianca, eu nem tenho 50 anos! Seu desenho está errado.

    A resposta primou pela lógica:

    - Toda vovó é velhinha.

    À época, livros infantis retratavam avós como pessoas bem idosas, muitas vezes com a indefectível bengala para suportar o peso dos anos. Os cabelos brancos eram obrigatórios.   

    O Terceiro Milênio mudou esse conceito. Recursos científicos modernos são responsáveis pelo aumento na longevidade dos avós atuais. Muita bisavó passa longe de bengala; bate o ponto nas academias da vida.

    Vovó Neném, mãe da minha mãe, desde o começo dos anos 1950 estava nesse grupo dos idosos com saúde debilitada. O médico de família determinava dieta pobre em gorduras e açúcares, evitar aborrecimentos, enfim, segurar a onda.

    Entre a ordem médica e a realidade, havia aquela cozinha sempre cheia de comidas convidativas, embora proibidas. Ela e vovô Quintella moravam com meus tios, Arandy e Zita. Havia sempre olhos atentos aos movimentos da dona Neném.

    Mas, tal qual os dribles certeiros do Garrincha, vovó usava e abusava da imagem da inofensiva. Com seu vestido longo, todo abotoado à frente, com dois grandes bolsos nas laterais, movimentava-se sorrateira próximo às panelas. Bobeou, ela beliscava algo fora do cardápio recomendado.

    O gol de placa teve início em casa e terminou no hospital. Era véspera de Natal. Vovó ficou de olho na cozinha, onde as comidas gostosas eram preparadas. Deu aquela voltinha de praxe, saiu de fininho e foi descansar na varanda. Pouco depois, sentiu-se mal. A pressão estava alterada.

    Alguma coisa estava errada. No carro, a caminho do hospital, ela jurava ao tio Arandy ser inocente no quesito estripulias na cozinha. Negou até o fim. Só entregou os pontos quando o médico, depois de examiná-la na emergência, trouxe a prova do crime: vários bolinhos de bacalhau encontrados nos bolsos. Dona Neném era demais...

     

    Sexta, 20 Novembro 2020 20:17

    Respeita o juiz, Rivaldo

               Uma historinha com Rivaldo Neves, o peladeiro

    Quinta, 12 Novembro 2020 10:08

    As cravinas proibidas

    Meu tio Custódio, já falecido, adorava contar histórias da infância vivida nos primeiros anos do século passado, no Rio de Janeiro. Garoto levado, como se dizia à época, deixava seus pais apavorados com suas trapalhadas. Se o assunto fosse pipa, então, era com ele mesmo. Sabia fazê-las com extrema habilidade.

    O caso das cravinas proibidas marcou sua memória. Aqui explico o cenário antes de prosseguir. Até hoje há quem tenha pavor de cemitérios. Pessoas morrem de medo (sem trocadilho) de entrar nos antes chamados de campos santos ou mesmo ter consigo objetos lá recolhidos.

    Vida dura de garoto de subúrbio, tio Custódio se virava para conseguir alguns trocados. Vendia pipas, levava encomendas, capinava jardins, enfim, se havia algum pequeno serviço, lá estava ele disponível.

    Próximo ao Dia de Finados, nosso personagem ficava na porta do Cemitério do Caju, o maior do Rio de Janeiro. Bastava aparecer algum parente de pessoas lá enterradas e ele oferecia seus serviços de limpeza de túmulos e jazigos.

    Certo dia, ao limpar as proximidades de um túmulo, o tio viu um pé de cravina carregado de flores. Antes de ir embora, arrancou um galho e levou para casa. Plantou no jardim sem dar explicações à mãe. Já com a muda bastante crescida, a família recebeu visita em casa. Ao passar pelo jardim, a visitante elogiou as cravinas exuberantes. Curiosa, quis saber de onde a muda viera. Dona Miquelina, portuguesa, questionou o filho sobre a origem da muda. Tio Custódio, sem pensar nas consequências, cometeu o sincericídio:

    - Peguei no Cemitério do Caju, no dia de Finados.

    As duas tiveram um chilique. Depois de se benzerem, dona Miquelina decretou o fim das cravinas em tom elevado:

    - Arranca tudo! Tudo!

    Morreu Augusto Cardoso.

    Terça, 28 Julho 2020 03:18

    Bom humor no ar

    Esqueci os nomes dos personagens, mas só sei que foi assim:

    Segunda, 29 Junho 2020 15:47

    Dia de desfile

    Você já viu tartaruga a motor? Quem estava naquele desfile em um 13 de setembro qualquer nos anos 1980 viu. A data marcava a criação, em 1943, pelo então presidente Getúlio Vargas, do Território Federal do Rio Branco, denominação mantida até 1962, quando passou a ser Território Federal de Roraima, por projeto de autoria do deputado roraimense Valério Caldas de Magalhães.

    Explicado o motivo da comemoração, vamos aos fatos. As escolas preparavam-se durante meses para o desfile. A avenida Ene Garcez ganhava grande público, animado com o garbo dos desfilantes e criatividade de alegorias, representativas das mais variadas áreas da vida roraimense.

    O público divertia-se com as bandas escolares, onde preponderava o Ginásio Euclides da Cunha (GEC), sob a batuta do cabo músico do Exército Guerreiro. Há quem discorde e prefira outras bandas, mas a ideia é essa. O contraditório.

    Agora que você já está na avenida, lá vem a tartaruga a motor. Ideia das sempre criativas irmãs Maria das Dores e Petita Brasil, era um fusquinha coberto por capa de pano desenhado como quelônio, que circulava pela Ene Garcez em “visita” a ambos os lados da pista. O público vibrou com a engenhosidade da dupla. Sucesso absoluto.

    Na saída do desfile, Maria das Dores lamentava problema ocorrido com o som instalado no fusca, com as mensagens de preservação ambiental preparadas por elas. Os alto-falantes falharam. Mesmo assim, foi espetacular. 

    Pouco tempo depois, Maria das Dores Brasil faleceu. Tabeliã titular do Cartório de Imóveis, artista plástica cinco estrelas, tinha consciência ambiental na medida certa. Na parceria com Petita, no desfile, saiu de cena com o brilho de sempre.

    Sábado, 28 Março 2020 11:46

    Armadilhas da tecnologia

    O telefone celular toca no banheiro da casa, onde a mãe toma banho no chuveiro, enquanto o filho pequeno diverte-se com o aparelho. Ao atender a chamada, ela ouve, do outro lado da linha, a amiga, com a voz agitada, tentar explicar alguma coisa. Toda molhada, comenta: “Desculpe, estou no banho. Ligo já, já”. Então a amiga dá a resposta mais apavorante possível: “Eu sei que você está no banho. Aliás, todos os seus amigos sabem, porque o seu celular está transmitindo ao vivo”.

    Pois é, o garotinho, com poucos anos de idade, sabia mexer no celular, inclusive para transmissão de vídeo em tempo real. Certamente, ele achou um barato mostrar que a mãe é limpinha; toma banho mesmo. São os novos tempos. A tecnologia permitiu avanços nas comunicações com velocidade incrível. A garotada aprendeu a trabalhar com os aparelhos eletrônicos. Já os adultos, na maioria das vezes tropeçam na quantidade de opções existentes, custam a entender os passos a dar, esquecem as senhas, tremenda loucura.

    O caso da live (transmissão ao vivo, na linguagem dos iniciados) feita pelo cinegrafista ocasional está longe de ser fato isolado. Todos os dias, ouvimos relatos de travessuras de pequenos com o celular dos parentes. Bobeou, lá vem encrenca. Aliás, muitos pais desconhecem as funções de bloqueio de conteúdo em sites, medida ideal se você quer evitar problemas.

    Outro dia, certa jovem confessava ter aprendido a ver as horas recentemente. Segundo seu relato, ela sempre consultou o celular para fazê-lo. É digital, fácil de visualizar e está sempre conectado com o satélite (hora certa garantida). O relógio no pulso serve como componente estético.

    Os hábitos mudam, assim como o mundo. O progresso é inevitável; ainda bem. De qualquer maneira, tenha cuidado ao entrar no banho ou trocar de roupa no quarto. Antes confira se o celular está em lugar seguro ou desligado. Já imaginou, você pelado(a), ao vivo, para um Brasil de audiência?

    Quinta, 26 Março 2020 15:33

    Você está preparado para o futuro?

    Quem não embarcar no trem da informática corre o risco de perder a viagem da vida

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    Sábado, 04 Janeiro 2020 04:33

    O pudim do Barão

    Um pouco da vidinha tranquila de Boa Vista

    Profissionais do rádio festejam 40 anos da FM93 Equatorial

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