Crianças e animais formam parceria imbatível nas memórias de todos nós. Cães e gatos, em especial, ocupam nosso tempo com muita alegria e amor. Mesmo em momentos difíceis, a garotada apega-se a eles como companheiros de todas as horas. Com os venezuelanos refugiados em Roraima, o cenário pode ser de sucesso ou perda. Vários fatores interferem na decisão de manter os animais de estimação, dá-los ou mesmo abandoná-los.
A Operação Acolhida, coordenada pela Força Tarefa Logística Humanitária do Governo Federal, lida com a situação todos os dias. Famílias lamentam terem abandonado animais na Venezuela ou mesmo em Pacaraima, cidade brasileira fronteiriça, por total impossibilidade de mantê-los. A norma vigente nos abrigos só admite pessoas nas barracas, por segurança sanitária. É comum cães de rua entrarem nos abrigos. Por isso, faz-se procedimento de castração, a fim de assegurar o controle de zoonoses e populacional do grupo.
Muitos deixam os animais do lado de fora dos abrigos, sem a garantia de encontrá-los no dia seguinte. Mesmo assim, alguns conseguem tê-los por perto e até levá-los quando são interiorizados para outros estados, seja por transporte público (voos da FAB) ou privado.
Dá-se um jeito
A capitão veterinária Renata Simões Barros Bothona, com mestrado em Doenças Infecciosas na Fiocruz (Fundação Instituto Oswaldo Cruz), da célula D11 da Operação Acolhida, enumera as exigências para o transporte de animais. “O proprietário deve apresentar atestado sanitário e carteira de vacinação atualizados, como garantia de o animal estar apto ao convívio com as pessoas”, diz ela.
O custo da regularização pode ser zero, pois a Prefeitura oferece a vacina e a Operação Acolhida tem veterinários disponíveis à aplicação da dose. Já o preparo para embarque exige caixa apropriada, cujo custo gira em torno de 100 reais.
A militar lembra o lado afetivo das crianças com os animais. “Se os pais conseguem resolver todas as pendências, como regularidade sanitária, custo do transporte e garantia de ter onde alojar o animal no destino, temos o modelo perfeito”, avalia Renata. Quem consegue, comemora.
Cães acompanham seus donos na nova vida
ora e Diego já estão em Manaus
Karina Elena inscreveu sua família na modalidade de interiorização Reunião Familiar, quando há parentes no estado de destino. Foram para o Amazonas, de ônibus. Levar os pets Dora e Diego fazia parte do pacote, mas faltava dinheiro. Militares da Operação Acolhida cotizaram-se e resolveram o problema.
Luna vai sentir frio
Nova Friburgo, região serrana do Rio de Janeiro, é conhecida pelo clima frio e arquitetura típica dos Alpes. Johams Seijas, a esposa, Reina Nunes, e as filhas Reina e Ruth decidiram trocar Valle de La Páscua (Venezuela) pela cidade fluminense. Foram na modalidade Reunião por Sociedade (no caso, fim religioso). Na bagagem, levaram a cadelinha poodle Luna. As meninas adoraram.
Três cadelas na terra dos frigoríficos
Maria Eugênia Larrosa e o marido, Yoel José Carrión, conseguiram emprego em Chapecó, região oeste de Santa Catarina, onde estão instalados grande frigoríficos. Saíram, com o filho, na modalidade Vaga de Emprego, com direito a carteira assinada e salário. As três cadelas poodle deram mais trabalho na hora do embarque. Só duas puderam ir. A terceira viajou no dia seguinte, com outra interiorizada, após mediação da equipe da Operação Acolhida.