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    Quinta, 01 Fevereiro 2018 15:10

    Cuidado com o exame

                         Passei muito tempo com medo de fazer o exame de endoscopia digestiva. Ouvia gente falar em dor intensa, outros no perigo de encrencar, enfim, o pânico vencia de goleada. Como resultado, eu adiava a recomendação médica sem prazo de reverter a medida.

                    Recentemente, meu filho, Marcus, convenceu-me a superar o medo – tudo bem, pânico. Estava na hora de cumprir a ordem, do médico, preocupado com meu aparelho digestivo quase setentão. Fiz o exame em Brasília.

                    Veterano em endoscopia, o Marcus garantia ser o exame indolor. Eu estaria anestesiado, embora pudesse reagir a ordens do médico. Em suma, a minha memória estaria comprometida no período de sedação, como se fosse o tristemente famoso golpe Boa Noite, Cinderela. O máximo seria eu dizer coisas desconexas, ainda sob o efeito da anestesia.

                    Comecei a ter memória já no apartamento do Marcão. Mas onde estavam o hospital, o médico, os auxiliares? Como eu parei ali? Lembrava apenas de colocar um protetor bucal a pedido da anestesista, nada mais.

                    O Marcão, aos risos, contou como ocorreu o pós-exame. Levaram-me para sala de repouso, onde eu me recusava a abrir os olhos. Nem por isso fiquei impedido de chamar um táxi, pois precisava ir ao rodízio de pastéis no Pressão Alta - restaurante em Miguel Pereira, no Estado do Rio. Ainda irritado, fiz discurso contra a baderna promovida por bandidos travestidos de torcedores do meu Flamengo, na final contra o Independiente, da Argentina, dias antes. Só depois de muita confusão abri os olhos e fui para o carro.

                    Ri da história, mas pensei na situação de pacientes acompanhados da esposa no exame. Sem controle da língua, poderiam relatar possíveis relações extra-conjugais sem o menor constrangimento. Na certa, receberiam o resultado do exame com a intimação da ação de divórcio do casal...

     

    Domingo, 14 Janeiro 2018 15:08

    Janeiro, mês da ressaca

    Depois do dezembro festivo, de muitos presentes, orgia alimentar e que tais, entramos janeiro com a certeza de “um novo dia, de um novo tempo que começou”, como diz o jingle de fim de ano da Globo. Aí você cai na real e descobre o tal futuro.

    Comecemos pela balança. Nos últimos dias de 2017 circulou nas redes sociais mensagem que sugeria ao leitor: “No dia 1° de janeiro, atrase a balança em cinco quilos”. Em alguns casos, oito quilos seria atitude mais adequada. Enquanto os alucinados do garfo, faca e copo – eu incluso – reclamam das festas, nutricionistas sugerem evitar, também, o descontrole entre o Ano Novo e o Natal...

    Você recebeu cartão de Natal do conselho profissional onde é filiado? No início do ano chega o boleto com a cobrança da anuidade. Tem carro? Aguarde o IPVA. Mora em casa própria? Lá vem o IPTU. Comemorou as festas em sua casa? A fornecedora de energia elétrica lembrará o anfitrião daqueles momentos agradáveis.

    Fatura de cartão de crédito merece destaque. Empolgado com o espírito natalino, você pegou pesado nas despesas. Inspirado em Cazuza, levou a sério o verso ”o meu cartão de crédito é uma navalha”. Agora, a conta chegou estratosférica. Você confere uma, duas, trocentas vezes, mas o histórico da despesa bate com as compras feitas. Era Natal, bolas! Como evitar o clima de bem-aventurança?

    Por isso mesmo, janeiro é o mês da ressaca. Lá pelo dia 10 você começa a prometer nunca mais ganhar tanto peso, fazer tantas despesas, arrumar dívida quase impagável. Foi o último ano com o modelo fora de controle. Como o povo brasileiro é passional por natureza e emotivo por vocação, basta tocar Noite Feliz em novembro e tudo recomeça.

    Feliz 2018 a todos!!!!!!

    PS – Encontre brecha no cartão para a TV novinha em folha, em junho, quando começa a Copa do Mundo...

               

               

    Domingo, 17 Dezembro 2017 20:28

    Euzébio Maia, grande figura

    Quem passa pela porta do Hotel Euzébio’s nem imagina o quanto foi difícil para o empresário Euzébio Maia, já falecido, chegar até ali. Conversar com ele era muito divertido. Dono de sinceridade única, adorava receber em sua casa, onde a esposa, Verônica, era um capricho só com os quitutes fartos e variados servidos aos convidados.

    A história do hotel começa bem antes, quando ele era proprietário do bar Boi na Brasa. O governador do então Território, coronel Hélio Campos, gostava de jantar toda noite por lá. Junto, iam assessores, secretários e amigos. O faturamento aumentou bastante. Reconhecido, Euzébio jamais cobrou a hospedagem do futuro deputado federal e senador, quando ele estava sem mandato. “O que esse homem fez por mim, não há dinheiro que pague”, comentava.

    Certa ocasião, sugeri mais opções no cardápio do restaurante do hotel. Com a lógica do empresário, ele questionou: “Quantas vezes você leva a sua esposa para jantar fora durante o mês”? Respondi umas duas vezes, talvez. Ele matou o assunto na hora: “Só duas vezes? E você ainda quer que eu ponha mais pratos no cardápio”?

    Ao saber da morte do ex-treinador da seleção brasileira e do Flamengo Cláudio Coutinho, Euzébio mostrou-se surpreso e lamentou a perda. Quando chegou em casa, comentou com Verônica: “O Cláudio Coutinho morreu”. Sem ligar o nome à pessoa, a esposa questionou quem seria o falecido. A resposta foi ainda mais surpreendente: “Não sei, mas do jeito que me contaram, era alguém muito importante”. Futebol não era assunto comum na pauta do empresário.

    Euzébio e o empresário Ademir Viana eram grandes amigos. Batiam papos intermináveis toda semana. Ambos viam o cenário do comércio roraimense do mesmo modo. Eles acreditavam no potencial da Avenida Ville Roy como ponto comercial do futuro, ao contrário da tendência da época em apostar na Jaime Brasil. 

    Pessoas como o Euzébio fazem falta.

     

    Sábado, 09 Dezembro 2017 01:47

    Curiosidade tem limite

    Recebi de grande amiga do grupo do Colégio Pedro II a historinha abaixo. Ela é muito ativa nas redes sociais, dona de opiniões fortes, mas sempre educada. Vale conferir.

    “Eu estava no supermercado, com um grande pacote de ração para cachorros, 18 quilos. Uma senhora atrás de mim perguntou?

     - A senhora tem cachorro?

     Quem me conhece pode imaginar a minha cara quando me virei para responder:

     - Não, senhora – eu disse. Esta ração é a base da minha dieta. Eu ponho um pouco no bolso e como quando bate a fome. 

    Bem, quem estava na fila começou a prestar atenção ao papo. Mas eu fui em frente:

    - Dá resultado, embora eu tenha ido parar no hospital semana passada.

     A curiosa, espantada, ponderou:

    - Pudera. Ração de cachorro deve fazer mal a humanos. Todos esperavam o desfecho do caso. Minha resposta surpreendeu-os:

    - Não foi por causa da ração. Longe disso. Fiquei machucada quando fui para o portão lati r e me deram uma pedrada na cabeça...” 

    Ao terminar o texto no Facebook, nossa amiga completou: “Recebi essa história de uma amiga e resolvi passar adiante, porque é muito divertida”.

    Piada ou não, o caso traz à tona os papos em locais públicos. O ser humano costuma ser curioso, mesmo se o interlocutor for desconhecido. As redes sociais ampliaram a sensação de intimidade entre as pessoas. Quebraram-se barreiras antes existentes na maioria das vezes. Sou usuário contumaz das redes, seja pelo meu trabalho como jornalista ou mesmo como curioso de plantão. Considero o mundo virtual um avanço fantástico no cotidiano da humanidade, apesar dos problemas com o seu mau uso. Dar limites à comunicação tornou-se imenso desafio. Enquanto procuramos o caminho do equilíbrio, esbarramos aqui e ali em histórias como a de cima. Só precisamos ter cuidado para não lati r no portão. A pedrada pode ser inevitável.

    Sábado, 02 Dezembro 2017 22:50

    Os conselhos dos pais

    Desde a infância ouvimos conselhos de nossos pais sobre qualquer assunto. Pais sempre acreditam manter a responsabilidade da orientação dos filhos, mesmo se a “criança” passar dos 60 anos...

    Papai usava máximas incríveis. Tais conselhos variavam de idade para idade. Lá pelos três anos, ele me avisava: “Se puser o dedo na tomada vai levar choque. Eletricidade é perigoso”. Fui tentar ligar a vitrola, tomei choque inesquecível, mesmo 64 anos depois. Ao saber da traquinagem malsucedida, emendou: “Eu avisei...”

    Quando eu vociferava, aos 19 anos, contra injustiças no trabalho e ameaçava pedir demissão, ele me advertia: “Fernando, de insubstituíveis o cemitério está cheio”. Era a dica certa ao futuro desempregado, caso continuasse a manter a impaciência onde ganhava dinheiro. O mundo era assim mesmo, justo ou injusto. Combata a injustiça com inteligência e garanta sua integridade moral e financeira.

    Mamãe insistia com o estudo. Os conselhos estavam sempre centrados na necessidade de eu estudar mais. Meu método, digamos, diferente de estudar a assustava. Eu colocava o livro no chão, deitava sobre a banqueta e ficava debruçado sobre o material de estudo. Era caso único na família, segundo ela. Nunca fiquei tonto, consegui concluir o curso superior sem crise, mas, hoje, desaconselho o método.

    Quando eu exagerava em busca da perfeição em determinada tarefa, mamãe advertia: “Meu filho, o diabo tanto enfeitou o filho que furou o olho”. Nunca entendi de onde ela tirou o ditado, mas o recado ficava claro. Simplificar é o melhor caminho ao sucesso.

    Pouco antes de nos deixar, aos 84 anos, lúcida, mostrava o quanto ficava em dúvida entre a emoção e a razão. Pelo telefone, convidava-me a visitá-la para comer pastéis fantásticos, seguidos de bolo inigualável, tudo regado a Coca-Cola. Quando eu terminava aquela orgia alimentar, lá vinha o conselho: “Meu filho, você engordou muito. Precisa fazer dieta”. Saudades dos conselhos dos pais.

                 

     

    Segunda, 27 Novembro 2017 21:25

    Redes sociais ou redes de intrigas?

    Além de diversão, informação e entretenimento, Facebook, WhatsApp ou Instragram podem trazer problemas

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    Segunda, 27 Novembro 2017 20:11

    Tempos de cinema

    No início da década de 1980, o Super K era o único cinema em atividade na cidade, depois do fechamento do cine Boa Vista, anos antes. Nas confortáveis instalações do primeiro, passavam filmes de todos os gêneros. Às quartas-feiras, todos pagavam a metade do preço do ingresso normal. Jogada comercial do Grupo Kimak, proprietário do empreendimento. A oferta atraía os soldados do Exército, única força armada representada no Estado. Podemos dizer que, se o corneteiro tocasse reunir, a sala de projeções esvaziava rapidinho. No programa, filmes de ação, como Rambo, e de sexo, as tais pornochanchadas brasileiras, tão em voga desde os anos 1970.

    Como a frota de carros existente à época era pequena, as placas ainda estavam nas letras AA, ou seja, faltava para chegar aos primeiros dez mil veículos emplacados. Ficava fácil saber quem estava no cinema. Bastava conferir os carros parados ao longo da avenida Major Williams.

    Dois filmes produziram alvoroço na cidade. O primeiro a ser lançado foi Garganta Profunda, sucesso da atriz americana Linda Lovelace, cujo desempenho em sexo oral animava a tropa não apenas às quartas-feiras. Garganta ficou em cartaz por três semanas, com sessões bastante concorridas e público de todos os matizes. Os Kimak apostaram na ousadia e ganharam o jogo.

    Mais tarde, outro filme polêmico: O Império dos Sentidos, japonês. O público das quartas compareceu certo do enredo pornô contumaz, porém encontrou filme de mensagem profunda, cuja cena mais ousada era o corte do pênis do protagonista. Ninguém entendeu a ideia, os homens ficaram espertos com as parceiras (vai que a moda pega?), enfim, bota polêmica nisso.

    Entre as muitas discussões sobre o filme, encontrei marido satisfeito com o enredo. Aos risos, ele explicava: “Levei minha mulher para assistir ao filme porque o ator era japonês. Quando ela viu o tamanho do pênis do japa, percebeu o quanto precisa valorizar o produto da casa...”

     

    Sábado, 11 Novembro 2017 22:23

    O despejo do tucano

    O telefone toca. Era o porteiro do condomínio. Avisava sobre a troca de todos os postes antigos por outros, novinhos em folha. Nada de madeira antiga, com perigo de queda na primeira ventania.  A modernidade exigiria cinco horas sem energia, à tarde. Como era dia de semana, a chance de haver novelas ou jogos de futebol no horário diminuía bastante.

    Logo veio a primeira bronca. “Por que não usaram o WhatsApp do condomínio, com boa antecedência?”, protestou moradora. A resposta do síndico veio rápida, pelo zap: “A empresa já marcou antes e faltou. Queríamos ter certeza da realização do serviço na data prometida”.

    Em seguida, a pessoa envia outra mensagem: “Vão tirar o poste onde mora o tucano? Como ficam os filhotes?” Aí a coisa era mais complicada. Se trocariam os postes de madeira, mexeriam no ninho do tucano, também morador, mas sem a obrigação de pagar condomínio, energia, água, IPTU... A ave de bico grande escolheu o topo daquele poste há muitos anos. Nem deve ser o primeiro, pois vários filhotes já nasceram ali. Os advogados defenderiam o direito à propriedade, por usucapião.

    Agregada ao despejo, vinha a questão ambiental. Mexer com flora e fauna de maneira indevida causa processo judicial, com risco de prisão inafiançável. Depois, como desalojar a ave sem dar alternativa de mudança? Tremenda covardia. Os condôminos têm direito a notificação judicial, defesa em várias instâncias. E o tucano?

    Antes de o caso tomar corpo, o síndico fechou a questão. “O poste do tucano será preservado. Já comunicamos ao pessoal do meio ambiente. Eles examinarão o caso e darão a solução ideal”.  Assim, a ave continuará a bicar as janelas dos condôminos, onde vê sua imagem refletida, e a fazer suas necessidades fisiológicas no teto dos carros dos vizinhos, estes, sem alardear, na torcida pelo despejo do tucano e família...

    Rotary Club Boa Vista-Caçari homenageia decano do radialismo roraimense

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    Quarta, 01 Novembro 2017 15:14

    Como enlouquecer seu professor

    Semana passada fez seis anos do falecimento do jornalista e professor da Universidade Federal de Roraima Zequinha Neto. Profissional da mais alta competência, contrastava o talento com a pouca paciência ao ver erros de quem quer que fosse. Por isso mesmo, o hoje professor doutor, à época aluno, Maurício Zouein e eu tínhamos como esporte favorito caprichar nos textos e títulos odiados pelo Zequinha.

    Na cadeira de Edição 1, ele passou como trabalho preparar primeira página de jornal. Logo depois, deu tilt no sistema cardíaco do professor e lá foi ele fazer cirurgia de transplante de veias safena e mamária em São Paulo. Ele receberia o material por e-mail.  Maurício e eu resolvemos testar o sucesso da cirurgia.

    A manchete era: “Ministério Público investiga superfaturamento em pontes de safena”. Na chamada, “Novo escândalo foi denunciado ao Ministério Público local. Segundo informantes, o professor Zequinha Neto obteve suas pontes em processo superfaturado. Os fornecedores, Bar do Futrica e a suspeitíssima linguiça Vai que é mole (nomes inventados por ele na sua coluna de jornal), emitiram notas fiscais em valores estratosféricos. Mais detalhes na página 3”.

    Logo abaixo, matéria com o título “Naval prostra desafeto a facadas”. A linguagem era da antiga crônica policial brasileira, em desuso desde os anos 1960. Na chamada, “Soldado da briosa Marinha do Brasil desferiu golpe certeiro na vítima, que caiu em decúbito ventral. Esta foi levada ao nosocômio (hospital) mais próximo, porém sucumbiu ao ferimento. O corpo deu entrada no IML (“Onde já se viu corpo dar entrada em algum lugar, porra?”), de onde sairá o féretro em direção ao campo santo (cemitério) da cidade”.

    Finalmente, aproveitamos a má fase do verdão paulista, time pelo qual Zequinha era fanático: “Baré recusa amistoso contra o Palmeiras”. Explicávamos: “Time roraimense prefere jogar contra adversário competitivo”.

    Tão logo recebeu nosso “trabalho”, Zequinha explodiu: “Vão levar zero, seus filhos da puta! Vocês querem me matar!”

    O Zequinha faz falta...

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