Semana passada fez seis anos do falecimento do jornalista e professor da Universidade Federal de Roraima Zequinha Neto. Profissional da mais alta competência, contrastava o talento com a pouca paciência ao ver erros de quem quer que fosse. Por isso mesmo, o hoje professor doutor, à época aluno, Maurício Zouein e eu tínhamos como esporte favorito caprichar nos textos e títulos odiados pelo Zequinha.
Na cadeira de Edição 1, ele passou como trabalho preparar primeira página de jornal. Logo depois, deu tilt no sistema cardíaco do professor e lá foi ele fazer cirurgia de transplante de veias safena e mamária em São Paulo. Ele receberia o material por e-mail. Maurício e eu resolvemos testar o sucesso da cirurgia.
A manchete era: “Ministério Público investiga superfaturamento em pontes de safena”. Na chamada, “Novo escândalo foi denunciado ao Ministério Público local. Segundo informantes, o professor Zequinha Neto obteve suas pontes em processo superfaturado. Os fornecedores, Bar do Futrica e a suspeitíssima linguiça Vai que é mole (nomes inventados por ele na sua coluna de jornal), emitiram notas fiscais em valores estratosféricos. Mais detalhes na página 3”.
Logo abaixo, matéria com o título “Naval prostra desafeto a facadas”. A linguagem era da antiga crônica policial brasileira, em desuso desde os anos 1960. Na chamada, “Soldado da briosa Marinha do Brasil desferiu golpe certeiro na vítima, que caiu em decúbito ventral. Esta foi levada ao nosocômio (hospital) mais próximo, porém sucumbiu ao ferimento. O corpo deu entrada no IML (“Onde já se viu corpo dar entrada em algum lugar, porra?”), de onde sairá o féretro em direção ao campo santo (cemitério) da cidade”.
Finalmente, aproveitamos a má fase do verdão paulista, time pelo qual Zequinha era fanático: “Baré recusa amistoso contra o Palmeiras”. Explicávamos: “Time roraimense prefere jogar contra adversário competitivo”.
Tão logo recebeu nosso “trabalho”, Zequinha explodiu: “Vão levar zero, seus filhos da puta! Vocês querem me matar!”
O Zequinha faz falta...