Embora as pesquisas feitas com os brasileiros nas últimas semanas apontem desinteresse do torcedor canarinho pela Copa do Mundo deste ano, torna-se inevitável falar sobre o assunto na crônica da semana. Quando escrevo o texto (terça-feira, 12), faltam 36 horas para a bola rolar na Rússia, quando os donos da casa enfrentarão a fraca seleção da Arábia Saudita no jogo de abertura. Se os russos perderem, foi a primeira zebra da Copa.
Se a tendência do brasileiro é nem dar bola para a competição da FIFA, como apontam as pesquisas, aposto na mudança da tendência caso o time do Tite dê aquela goleada cinco estrelas na estreia, neste domingo, 17. Aí volta a euforia natural. Porque o nosso povo é passional. O humor popular varia com os resultados. Basta ver o exemplo do Flamengo no Brasileirão. Depois de perder o Campeonato Carioca - a derrota provocou seis demissões do Departamento de Futebol, incluído o treinador Paulo César Carpegiani -, o time começou a ganhar, recuperou a confiança da torcida e, hoje, está em alta com a galera. Pelo menos até a maré virar, se virar.
Os últimos amistosos mostraram a seleção com entrosamento consistente, Neymar em grande fase, defesa segura, meio de campo produtivo. Se mantiverem o ritmo de jogo, as estatísticas pessimistas vão para o espaço e haverá carnaval em julho.
Quem trabalha com jornalismo esportivo deve evitar prognósticos. Comentaristas cansam de tropeçar nos palpites, para o acerto e o erro. Longe de querer adivinhar o futuro, sinto o momento positivo do time brasileiro como indicativo de excelente desempenho da seleção na Copa 2018.
Duro será comparecer ao expediente no trabalho depois de qualquer vitória em dia de semana. O teste será na sexta-feira, 22, depois do jogo contra a Costa Rica. Eu disse sexta-feira... O expediente nas repartições federais começará às 14h. Se o Brasil golear, segunda-feira sobrarão desculpas, inclusive esfarrapadas, para justificar a falta.
Vamos lá, Brasil!
Após décadas sem registro de nenhum caso de paralisia infantil nas Américas, doença volta a preocupar
A notícia pegou todos de surpresa. Depois de 29 anos sem registrar qualquer caso de poliomielite no continente, uma criança indígena, de dois anos e dez meses, apresentou sintomas da doença, na comunidade Delta Amacuro, região nordeste da Venezuela. Imediatamente, a OPAS (Organização Pan-americana de Saúde) emitiu alerta a todos os países onde recomenda intensificar a vacinação contra a pólio.
O Brasil ainda deve ser considerado como modelo, pois o sistema de saúde está estruturado, existem profissionais capacitados e disponibilidade de vacina. Talvez exista multiplicidade de fatores para justificar a queda na cobertura. Um deles pode ser a inexistência da doença no país desde 1989, quando foi registrado o último caso, na Paraíba. A OMS (Organização Mundial de Saúde) recomenda o patamar de 95% de vacinação das crianças que tenham até seis anos de idade.
Há muito, algumas áreas apresentam baixo desempenho, com apenas 40% ou menos de presença das crianças nos postos de saúde nos dias de vacinação. O vírus selvagem continua presente em três países: Paquistão, Afeganistão e Nigéria. Embora com poucos casos atualmente, ainda representam perigo real.
Rotary Club Boa Vista-Caçari - Luta constante no combate à poliomielite (Foto: Rotary Club Boa Vista-Caçari)
Entenda o processo
O médico brasileiro Marcelo Haick desenvolve atividades, em nome do Rotary International, junto ao governo brasileiro e agências, no trabalho de combate à poliomielite. O Rotary faz parte da GPEI (Iniciativa de Erradicação Global da Poliomielite), grupo formado pela OMS, Unicef (órgão da ONU na área da Educação), CDC Atlanta (órgão de prevenção e controle de doenças dos Estados Unidos) e Fundação Bill e Melinda Gates. Ele explicou, ao Roraima Agora, o caso do ponto de vista técnico.
Roraima Agora – O que causou o caso de pólio na Venezuela?
Marcelo Haick – Trata-se provavelmente de uma região inóspita e com taxas de cobertura vacinal provavelmente baixas, propicia a poliomielite derivada da vacina. Se a criança infectada tivesse sido vacinada, certamente estaria imune ao vírus.
RA – Houve queda na quantidade de crianças vacinadas no continente?
MH – No caso brasileiro, somos exemplo de estrutura nas campanhas nacionais de imunização. As autoridades sanitárias oferecem todas as condições ao público. Sempre tivemos percentual elevado na cobertura vacinal.
RA – O que é o vírus derivado da vacina?
MH – A vacina oral é feita com o vírus selvagem atenuado. O vírus é metabolizado no sistema digestivo vindo a ser excretado com potencial de ser transmitido ao ambiente. Em áreas de baixa imunidade e condições de higiene precárias o vírus expelido pode afetar a criança que recebeu a vacina ou crianças na comunidade.
RA – Esse tipo de vírus pode se espalhar por outras regiões?
MH – A tendência é que o vírus exposto ao ambiente, permanece restrito à referida comunidade.
RA – A única forma de evitar o vírus é através da vacina?
MH – Sim. A vacina garante a imunidade da criança.
Rotary Club Boa Vista-Caçari - Ivete Bragato voluntaria em campanha de vacinação (Foto: Rotary Club Boa Vista-Caçari)
Vacinar é preciso
Só a vacinação em massa evita a contaminação pelo vírus da poliomielite. Os rotarianos do mundo inteiro fazem coro aos cientistas desde 1985, quando O Rotary International aceitou o desafio feito pela OMS de garantir recursos no patamar de 120 milhões de dólares para reduzir os então 350 mil casos anuais registrados no mundo inteiro à época.
Hoje, 33 anos depois, com mais de um bilhão de dólares investidos nas campanhas, mais a participação dos mais de 1,2 milhão de rotarianos como mão de obra, temos casos isolados na África (Nigéria) e Ásia (Paquistão e Afeganistão). O segredo do sucesso? Vacinação em massa.
A presidente do Rotary Club de Boa Vista-Caçari, Ivete Bragato, reforça o apelo. “Insistimos na necessidade de comparecimento aos postos de vacinação, no período de 6 a 24 de agosto”, alerta a dirigente. “Pais ou responsáveis pelas crianças público-alvo das campanhas têm total responsabilidade pela integridade dessas crianças. Afinal, são vulneráveis, sem o poder de decidir sobre a própria vida”, reforçou Ivete.
Estou em fase de descarte de inservíveis. Mexo em gavetas, caixas, armários, nada fica fora da busca insana. O espaço de armazenagem acabou. Chegou a hora de desapegar, movimento quase sempre doloroso. Como decidi a sério, vamos adiante.
Fiquei impressionando com a quantidade de câmeras fotográficas digitais acumuladas ao longo dos anos. Bastava mudar a qualidade de definição das fotos, lá estava eu em outra viagem Cazuza (“O meu cartão de crédito é uma navalha”). Hoje, aposentei aquelas câmeras. Há muito elas deixaram de atender aos padrões modernos.
Enquanto tentava me lembrar de cada foto feita com a câmera da vez, pensava em quão rápido o tempo passou. À época da compra, todas representavam o avanço máximo da tecnologia no produto. Agora, doze anos depois, parecem fusquinha 1962 diante dos carros luxuosos do Terceiro Milênio.
O próprio papo soa anacrônico, em tempos de celulares com 15 megapixels de definição nas câmeras. Quem quer câmera fotográfica ao estilo antigo, quando os celulares resolvem do mesmo jeito ou até melhor?
Relógios? Outra peça a caminho da aposentadoria. Novamente, o vilão(?) é o telefone celular, aparelho multitarefa; inclusive, faz chamadas telefônicas, imagine. Meu amigo Newton Camargo Moraes, rotariano lá de São José dos Campos, alertou-me sobre o relógio. “A garotada só gosta de usar o celular. Adeus relógio”, ele comentou.
Eu falei em telefone celular? Taí outro item trocado de tempos em tempos. Assim como o lançamento de carros, os fabricantes fazem do anúncio dos novos modelos verdadeira efeméride. Instigam o consumismo e a vaidade alheia. Em módicas parcelas, a maioria dos consumidores faz a troca na maior felicidade.
Sou do tempo dos bens duráveis, mas duráveis mesmo. Carros, enceradeiras, ferros de passar roupa, liquidificadores, batedeiras. Produtos feitos para durar anos. Como tudo agora dura pouco, fico preocupado de eu mesmo tornar-me obsoleto em futuro próximo. É a vida...
Elas são lembradas em todos os estádios de futebol onde haja torcida. Mesmo se estiverem ausentes. Ganham gritos muitas vezes histéricos de parte da massa, apesar de seus nomes jamais serem mencionados pela voz da galera. Longe de ser homenagem por grandes feitos, trata-se de revolta contra o(a) árbitro(a) da partida. Sim, basta haver suposto erro na arbitragem e a galera logo invoca a mãe de quem está com o apito.
Nem adianta aquela velha desculpa de o árbitro ter três mães: uma no céu, outra em casa e a terceira na boca da torcida em horas polêmicas. Imagine-se no lugar dessas senhoras, cujo único pecado (pecado para a torcida contrariada, claro) foi gerar quem, em determinado momento da vida, teve a ideia de apitar futebol. Deve ser doído ouvir os impropérios destilados pelos inconformados de sempre.
Penso, mais, na situação vivida por árbitros neste domingo, dia consagrado às mães. A bola toca na mão de jogador de defesa dentro da área. Se marcar o pênalti, provocará revolta na torcida do time infrator. Se deixar de marcá-lo, o outro lado ofenderá, aos berros, a homenageada do dia.
Alguém se lembra sobre o tempo limitado da vida esportiva dos árbitros? Eles só trabalham até os 45 anos de idade, quando recebem aposentadoria compulsória. Com o futebol veloz dos dias de hoje, ficaria impossível acompanhar o ritmo do jogo. Melhor parar.
Nem interessa se o filho(a) já se aposentou. Cada lance polêmico será lembrado anos depois com a mesma intensidade do dia em que aconteceu.
Eu sou solidário à vida dura dessas injustiçadas. Afinal, mesmo se o(a) filho(a) for muito ruim de apito, qual seria a culpa de quem o(a) gerou? Por isso mesmo, dedico a crônica da semana a todas elas. Prometo poupá-las se houver erro de arbitragem contra o meu Flamengo. Já quem está no apito...
Os pais do Ivo queriam porque queriam que ele tocasse algum instrumento musical. Talvez entusiasmado com a música O Silêncio, em que o solo de piston encantava o público naqueles anos 1960, levou nosso amigo a aventurar-se nos metais. Recebia aulas de professor qualificado, mas estava longe de conseguir algo sequer parecido com o solista da orquestra da TV Tupi, no Rio de Janeiro.
Reconheça-se o esforço do Ivo. Treinava, treinava e treinava mais ainda, todo dia, para desespero da vizinhança. Bastava errar a nota mais aguda e lá ia ele olhar pela janela do apartamento, de frente para a rua, se alguém notara a mancada. Sempre havia piadista à espreita do desafinado. Ele chegava à janela e lá vinha a piada: “Continua. Um dia você acerta”. A briga desigual terminou como todos esperavam. Ivo desistiu. A vizinhança comemorou e a vida seguiu adiante.
Se piston incomoda, imagine bateria. Os músicos experientes garantem: o aluno começa barulhista; depois, se tiver talento, vira baterista. Também, pudera. Com tantos pratos e tambores ali na frente dele, é fácil deixar-se envolver com baquetas nervosas e intensas. A pancadaria dos iniciantes faz qualquer luta de MMA parecer brincadeira de criança. Os vizinhos jamais os esquecerão.
Agora, faça ideia de banda iniciante, com músicos idem. Baile à vista – sim, tem quem contrate -, eles tratam de ensaiar a partir das sete da manhã, em pleno sábado! Passam o repertório trocentas vezes. Se alguém erra, fato comum, começam tudo de novo. O consolo dos vizinhos é imaginar o suplício dos convidados da tal festa.
Com ou sem talento, todos têm direito de arriscar os seus acordes, virtuosos ou não. Se o sucesso passou longe, pelo menos esses heróis anônimos deram assunto ao repórter sem inspiração para a coluna da semana.
Parceria do Rotary Club de Boa Vista-Caçari com Pátio Roraima Shopping cria Bosque Preserve o Planeta Terra
Ela chegou aqui em casa como um foguete. Ainda bebê, mas agitadíssima. Sol Monte Roraima, com nome e sobrenome, inaugurou a raça labrador entre os cães da família. Branquinha, circulava com desenvoltura entre mesas, cadeiras, poltronas, como se fosse a dona do pedaço. E foi. Durante quase dez anos, reinou soberana. Até hoje, 10 de abril, quando nos deixou.
O tempo de traquinagem durou um ano intenso, se muito. Subia e descia das camas com ou sem as patas limpas. Puxava cobertas, mordia pés dos móveis de madeira, exigia atenção redobrada da turma da casa, Marlete e Amarildo, sempre carinhosos, na linha de frente.
Com o tempo, o pelo branco virou caramelo; passou a ter atitudes adultas. Mesmo assim, já com os seus três anos, detonou o ex-futuro almoço da casa, quando dona Nilcéa, mãe da Daysy, bobeou com a carne sobre a pia. Enquanto ela atendia ao telefone em outro cômodo, a Sol levou todos os bifes para o quintal e fez a melhor refeição de sua vida. Longe de reprová-la, achamos graça, inclusive a vó Ceinha. Como reclamar de cadela tão meiga e amiga?
Gulosa, ficava à espreita de aparecer alma caridosa disposta a enriquecer o cardápio de ração, quem sabe, com banana ou manga, suas frutas preferidas. Se engordava, João Marcelo, nosso filho mais novo e parceiraço da Sol, decretava dieta sem exageros.
Com a Marcinha e a Bela, filha e neta, a relação era de amizade total. Em vez de levantar uma pata, levantava as duas! Amor incondicional.
Respeitava o espaço de meditação da Daysy, com quem tinha sintonia finíssima. Parecia entender a finalidade do local. Bagunça, ali, nem pensar. Conhecia cada cantinho da casa. Foi minha parceira de todas as horas; fiel escudeira muito amada.
Antes de nos deixar, ainda teve tempo para a última travessura: ao esticar a pata, ela quebrou o rabo do cavalo da escultura da sala. Se depender de mim, ficará como está. Será lembrança a mais da nossa companheira inesquecível. Sol Monte Roraima, você foi demais! Saudades.