Como você classifica ferramentas como o Facebook, o Twitter e o WhatsApp? Seriam divãs virtuais de usuários, em que problemas são expostos publicamente à procura de conforto ou sugestões de solução? Talvez ringue de luta, onde pessoas com pensamentos diversos debatem assuntos em tons racionais ou nem tanto? Quem sabe espaço divertido, útil e necessário ao seu cotidiano? Ou tudo isso junto, a depender do momento e do grupo? Se você marcou todas as opções acima está bem perto da realidade. Especialistas debruçam-se sobre o assunto.
Os debates esquentam a cada pancadaria virtual ou comemoração pelo reencontro de pessoas amigas, há anos – ou décadas – afastadas do convívio. Profissionais de todos os ramos analisam os temas e as reações postados.
Comunicação é coisa séria. Antigamente, o cidadão comum só tinha acesso aos veículos de massa caso fosse jornalista ou parte de notícia importante publicada pela imprensa. Hoje, o celular transformou cada um de nós em comunicadores, sem o profissionalismo exigido de quem noticia algo. A maravilha moderna trouxe vantagens e desvantagens. Se conseguimos acessar público até maior do que os tradicionais veículos de imprensa, também temos segmento de pessoas sem a responsabilidade necessária para avaliar as consequências de suas postagens. Muitas vezes, tais atitudes transformam a rede em verdadeiro faroeste virtual. As armadilhas são muitas.
Há casos de compartilhamento de notícias falsas, em que acusam -se pessoas de atos de pedofilia ou estupro, cujo resultado final chega ao linchamento dos acusados, embora inocentes. Outras vezes, postam supostos sequestros ou desaparecimentos de pessoas. Os mais afoitos compartilham a notícia, sem antes confirmar se ela é verdadeira. Essa ansiedade em participar do esforço de solidariedade pode ter consequências trágicas, como vimos.
Quem sou eu?
A psicóloga Carmem Cabral Garcia vê como normal o comportamento de feicebuqueiros. Diz que as pessoas são como são e que a internet, pela facilidade de divulgação, só multiplica a quantidade de receptores. As pessoas têm que ter cuidado e responsabilidade com suas postagens.
O jornalista Maurício Zouein, doutor em História Social e professor da UFRR, analisa o cenário como espaço em que as pessoas procuram passar imagem diferente de sua personalidade. “Uma das facetas características do internauta é a busca pela exposição no espaço público – a rede -, onde assume o personagem social, político, cultural que ache certo, naquele contexto histórico. A pessoa perde a referência da realidade social em que vive de fato e de direito”, diz ele.
O professor considera o espaço virtual “zona de conforto, onde a maioria das pessoas assume o discurso mais aceito pelos internautas, muitas vezes contra a própria opinião pessoal”; e complementa: “Vira um avatar”. Amizades cinquentenárias foram pelo ralo por intolerância de uma ou de ambas as partes em assuntos polêmicos. Futebol, religião e política são os campeões de gerar discórdias, muitas vezes com o rompimento irreversível dessas amizades.
Portanto, avatar ou não, use a rede com equilíbrio e tolerância. Seja ou não profissional, a palavra de ordem é responsabilidade em suas postagens. Assim teremos o mundo mais harmônico.