Imagine pessoa tímida, muito na dele. Eis o perfil do médico ginecologista Mário Cezar Calegari tempos atrás. O cenário durou até a esposa, Ivanilde, completar 50 anos. Festa planejada, faltava ajustar o momento da dança com o marido. Aí complicou. Sem o menor talento para bailar, seria impossível conseguir cumprir a tarefa. A aniversariante entrou em campo e, como ele mesmo lembra, o “intimou a entrar na escola de dança urgente”. A festa bombou, a dança ficou legal e ele nunca mais deixou a escola.
Médico há 37 anos, esse gaúcho de Tenente Portela, criado no Paraná, em Roraima há 34 anos, é considerado um pé de valsa militante nos dias de hoje. Mário relembra a tortura dos primeiros dias do desafio. “Eu nunca me interessei por dança”, comenta. “Só mesmo a intimação da Ivanilde me faria, pelo menos, tentar aprender alguns passos”. Um mês depois, o ambiente na escola e a motivação criaram novo ânimo no aluno. “Fiquei entusiasmado. Gostava de estar com os outros iniciantes, esfriar a cabeça nas aulas, até tornar-me incentivador da prática”, lembra o médico.
Hoje, ir à academia virou rotina quase diária de Mário Calegari. “Faço aula de segunda a sexta”, diz ele. “Saio do consultório às 17h30 e, às 18h, já estou na escola, onde fico mais de uma hora. São momentos agradáveis”, garante. No começo, ele achava estar mais afinado com o tango ou o bolero, ritmos mais lentos; com o passar do tempo, entretanto, adotou o samba de gafieira como o seu preferido.
Ao analisar, como médico, os benefícios da dança em sua vida, Mário defende a prática com entusiasmo. “Desenvolve a parte física, além de ajudar a pessoa a desestressar do cotidiano. Melhora bastante os lados emocional e psicológico de quem pratica”, assegura. Segundo ele, também permite convívio social interessante, inclusive nos finais de semana, quando o casal vai a festas e bailes onde possam dançar.
Como foi a atuação dele na festa de 50 anos da Ivanilde? Mário avalia a performance como “razoável”. Afinal, ninguém faz milagres em apenas um mês. Hoje, três anos depois, a história é outra. Muito mais experiente, é dos primeiros a entrar na pista e dos últimos a sair. A vida mudou. Para melhor.