Enquanto curtíamos a ressaca da eliminação em outra Copa, o mundo largava a Rússia de lado e voltava suas atenções para a Ásia, onde 12 jovens jogadores de futebol e seu treinador ficaram presos em caverna inundada, na Tailândia. Parecia ser passeio divertido com a garotada, mas virou momentos de horror com o inesperado fechamento do acesso à saída pela água.
A cada nova notícia o coração da população acelerava. Todos torciam por final feliz, mas a maioria das informações gerava ainda mais pessimismo. Falava-se em meses de espera até as condições de saída estarem favoráveis aos meninos e ao treinador.
Profissionais de mergulho de todos os quadrantes do planeta dispuseram-se a ajudar no esforço de salvamento do grupo. Em determinado momento, o noticiário sobre a possível tragédia superava a curiosidade sobre o campeonato.
A decisão de retirá-los em operação arriscada, mas bem-sucedida, revelou-se acertada. Com a meteorologia jogando contra, valia atacar em vez de defender. Ainda assim, foram três dias de suspense. A cada grupo de quatro resgatados, o alívio do sucesso e a expectativa quanto aos demais.
O impacto causado pelo problema apontou quanto a solidariedade humana ainda reina absoluta no mundo de hoje, tempos de farinha pouca, meu pirão primeiro. Aqui no Brasil, as redes sociais explodiram com pedidos de oração pelo salvamento dos jovens. Exemplo emocionante do famoso coração brasileiro.
Quanto ao cancelamento do feriadaço de terça-feira, 10, data da semifinal, deixou na mão a turma do churrasco, da cerveja, dos fogos de artifício. Bem, nem todos. Como um gaiato escreveu no Facebook, ele pararia de trabalhar ao meio-dia, assaria a carne, beberia a cerveja estupidamente gelada, com ou sem Brasil em campo. Seu argumento era definitivo: “Eu não vou me responsabilizar pelo erro dos outros...”
Embora as pesquisas feitas com os brasileiros nas últimas semanas apontem desinteresse do torcedor canarinho pela Copa do Mundo deste ano, torna-se inevitável falar sobre o assunto na crônica da semana. Quando escrevo o texto (terça-feira, 12), faltam 36 horas para a bola rolar na Rússia, quando os donos da casa enfrentarão a fraca seleção da Arábia Saudita no jogo de abertura. Se os russos perderem, foi a primeira zebra da Copa.
Se a tendência do brasileiro é nem dar bola para a competição da FIFA, como apontam as pesquisas, aposto na mudança da tendência caso o time do Tite dê aquela goleada cinco estrelas na estreia, neste domingo, 17. Aí volta a euforia natural. Porque o nosso povo é passional. O humor popular varia com os resultados. Basta ver o exemplo do Flamengo no Brasileirão. Depois de perder o Campeonato Carioca - a derrota provocou seis demissões do Departamento de Futebol, incluído o treinador Paulo César Carpegiani -, o time começou a ganhar, recuperou a confiança da torcida e, hoje, está em alta com a galera. Pelo menos até a maré virar, se virar.
Os últimos amistosos mostraram a seleção com entrosamento consistente, Neymar em grande fase, defesa segura, meio de campo produtivo. Se mantiverem o ritmo de jogo, as estatísticas pessimistas vão para o espaço e haverá carnaval em julho.
Quem trabalha com jornalismo esportivo deve evitar prognósticos. Comentaristas cansam de tropeçar nos palpites, para o acerto e o erro. Longe de querer adivinhar o futuro, sinto o momento positivo do time brasileiro como indicativo de excelente desempenho da seleção na Copa 2018.
Duro será comparecer ao expediente no trabalho depois de qualquer vitória em dia de semana. O teste será na sexta-feira, 22, depois do jogo contra a Costa Rica. Eu disse sexta-feira... O expediente nas repartições federais começará às 14h. Se o Brasil golear, segunda-feira sobrarão desculpas, inclusive esfarrapadas, para justificar a falta.
Vamos lá, Brasil!