Quando o sonho de Carlos Moura - ter o seu próprio negócio - começava a se realizar, quando o investimento começava a se pagar e ele dava início à colheita de frutos plantados com o restaurante Ponto da Picanha, a desgraça do vírus chinês derrubou o cearense de Quiterianópolis.
O processo foi rápido. Carlos testou positivo no dia 10 de março, internou-se em hospital no dia 18, foi intubado no dia 22 e morreu no dia 25, pegando todo mundo de surpresa.
O mundo de Mayades, a esposa, caiu. Ela estava certa de que o marido, 49 anos, venceria a dura batalha contra o coronavírus.
Mayades talvez não conheça a história, mas, quando Lisboa foi arrasada por terremoto que matou milhares de portugueses na metade do século 18, o Marquês de Pombal só tinha um conselho a dar para o rei Dom José I: “Enterremos os mortos e cuidemos dos vivos”.
Com a morte do marido, problemas surgiram. Mayardes até pensou em desistir de tudo e tentar sobreviver, com a filha, de salário que recebe como contadora de grande rede de lojas local.
Leyse Thamyres Pereira e Fridman Melo, amigos íntimos de Carlos e Mayades Moura, entraram em campanha para que a viúva tocasse o restaurante que vinha fazendo sucesso.
Enquanto Thamyres, advogada, se dedicava à papelada de inventário, os três chegaram a um acordo: Fridman entraria de sócio e, juntos, retomariam as atividades do Ponto da Picanha. “As coisas aconteceram tão rapidamente que, às vezes, eu acho que o Carlos nos ajudou”, diz Mayades.
Organizar a papelada, arranjar um ponto que comportasse o empreendimento, adaptá-lo e reformá-lo demandaria muito tempo, trabalho e dinheiro. “Bom é que com todos os nossos 16 colaboradores envolvidos e torcendo para que a coisa desse certo, nós vencemos todas as barreiras e conseguimos chegar aonde nós estamos hoje”, festeja a viúva.
O Ponto da Picanha foi reinaugurado no dia 9 de abril, no número 900 da avenida Glaycon de Paiva - onde funcionava a Noro’s Pizzaria.
As amizades feitas por Carlos, a agenda do celular dele e a qualidade do serviço que ele implantou muito influíram para que o restaurante mantenha a crescente clientela.
Silvado Ferreira, colaborador do Ponto da Picanha desde o seu surgimento é hoje gerente de salão; Júnior Belém, que tratava chamava Carlos de “Pai”, continua como cheff de cozinha, sendo reponsável pelo delicioso cardápio da casa.
Melhorando e crescendo
Mayades e o sócio Fridman fazem mistério, mas, no salão, fala-se que logo, logo, A cidade de Boa Vista receberá o Ponto da Picanha II.
FRIEDMAN MELO, SILVALDO FERREIRA E MAYADES MOURA - No Ponto da Picanha, eles são iguais aos Três Mosqueteiros: não fogem da luta. Júnior Belém, o chefe de cozinha, age como o quarto espadachim: só aparece se for necessário