Aroldo Pinheiro, roraimense, comerciante, jornalista formado pela Universidade Federal de Roraima. Três livros publicados: "30 CONTOS DIVERSOS - Causos de nossa gente" (2003), "A MOSCA - Romance de vida e de morte" (2004) e "20 CONTOS INVERSOS E DOIS DEDOS DE PROSA - Causos de nossa gente".
Truculentos, sem dar chance de o cidadão se explicar, policiais prendem inocente que passa pelos piores 11 dias de sua vida nas mãos do sistema prisonal
10h30 do dia 19 de outubro. Entretido com o nivelamento do contrapiso do cubículo que seria usado como depósito e mostruário das peças artesanais produzidas por sua família, o indígena vê três homens invadirem o terreno de sua morada. Eles lhe perguntam seu nome e, ao ouvir “Leonel José da Silva”, imobilizam o pequeno wapixana, colocam--lhe algemas e comunicam:
— O senhor está preso!
— Calma… preso por quê? Eu não fiz nada. Sou inocente…
— O senhor pode ter esquecido, mas a Justiça não esquece.
— Moço, deixa eu pegar meu documento, deixa eu falar com minha mulher… Eu sou inocente…
Sob olhares de curiosos que se posicionam na rua, Leonel é arrastado até a viatura e, antes de ser jogado no camburão, ouve: — O senhor vai ter muito tempo pra ensaiar o que dizer de sua inocência ao juiz…
Lá de trás, do módulo usado para a produção de artesanato, Ana, esposa de Leonel, corre para ver o que está acontecendo. Não deu tempo. Do portão, só viu a viatura se afastando. Ali começava a saga da família wapixana.
Sem nenhuma ideia do que estava ocorrendo, eles precisavam descobrir para onde o patriarca havia sido levado, por quê e o que fazer para tê-lo de volta. Márcio Alexandre, o filho mais velho, sem nenhuma experiência com polícia, justiça ou advocacia, teve que fazer mágica e correr contra o relógio para libertar o pai. Enquanto isso, entre cadeia, IML, audiência de custódia e penitenciária, ninguém ouvia o clamor de inocência de Leonel.
Ninguém se preocupou em verificar se o homem preso era, de fato, o homem procurado. Uma sequência de erros grosseiros cometidos por autoridades levou um inocente a viver os piores dias de sua vida.
Apesar de não ter nenhuma passagem por delegacias, o indígena da etnia wapixana, Leonel José da Silva, 53 anos, foi preso em sua residência e recolhido à Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, onde permaneceu por onze dias — apesar de tentar mostrar, o tempo todo, que sua prisão era um grande erro. Homônimo — A ordem de prisão deveria ter sido cumprida contra outro homem: Leonel José da Silva, conhecido como Zé do Óleo, nascido em 25 de agosto de 1961, filho de José Peter da Silva e Joana Milton da Silva.
Embora todos esses dados de Zé do Óleo estivessem registrados em todas as etapas do processo, agentes policiais coagiram e prenderam o homônimo, Leonel José da Silva, sem checar as dados e nem ouvir os apelos do inocente.
O Habeas Corpus impetrado pelas advogadas Fernanda Félix Cordeiro e Luciane Xavier Cavalcante pôs fim ao erro processual e ao sofrimento do inocente wapixana que, no dia 20, voltou para o seu lar.
No dia 4 de outubro, a partir do meio-dia e varando noite adentro, sambistas de todos os matizes se reuniram no Bar Amarelinho - um dos botecos mais antigos da cidade de Boa Vista - para comemorar os 50 anos de Lucas Nascimento na estrada da música brasileira.
Amigos do Amazonas também vieram para o pagodaço. À reportagem do Roraima Agora, Lucas resume sua trajetória: "Cresci entre amantes da boa música brasileira, entre seresteiros, no meio de músicos e cantores da noite manauara, no tempo em que acordes maravilhosos acompanhavam páginas de Lupiscínio Rodrigues, Ataulfo Alves, Cartola..."
Lucas é natural do Careiro da Várzea (em tempo, Careiro não tem nada a ver com carestia, significa caminho de índio que corta o rio), pequeno município amazonense. Ele continua: "Vim para Boa Vista na década de 1980, onde passei a conviver com militares da que vieram para implantar a Base Aérea de Boa Vista. A maioria desses milicos vinha do Rio de Janeiro e, desse convívio com eles, o samba veio tomando conta de meu coração", relata. Pronto: juntou-se a fome com a vontade de comer. Em Roraima, o nome Lucas Nascimento é sinônimo de samba.
Sem compromisso com um único grupo ele é itinerante e bem recebido em toda e qualquer roda de pagode no Estado. Lucas decidiu ir mais adiante e investir pesado na área. Criou "Uma noite de samba"; na sede do Baré Esporte Clube; e, depois, à margem direita do rio Branco, onde hoje está a parte superior da Orla Taumanã, estabeleceu o "Nova Opção". Ambos os empreendimentos agitaram a noite boaCoisa de pele (Jprge Aragão) vistense, permitindo que Lucas trouxesse famosos nacionais, tipo Jorge Aragão (que esteve em Roraima umas oito vezes) e Neguinho da Beija-flor...
Perfeccionista, Lucas trouxe artistas de outros estados para acompanhar seus sambistas e alguns, como George Farias, nunca mais deixaram o solo macuxi. Casado com a roraimense Linley, Lucas tem três filhos: "Todos formados e consumidores da boa música braileira", frisa. Policial civil nas horas vagas, Lucas diz que seu relacionamento com o samba pode ser sintetizado na letra da música "Coisa de pele" de Jorge Aragão.

Jorge Aragão, entre Zé Geraldo (que não canta nem toca nada) e Lucas Nascimento
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Coisa de pele (Jorge Aragão)
Podemos sorrir, nada mais nos impede/ Não dá pra fugir dessa coisa de pele/ Sentida por nós, desatando os nós/ Sabemos agora, nem tudo que é bom vem de fora/ É a nossa canção pelas ruas e bares, que/ Nos traz a razão, relembrando Palmares/ Foi bom insistir, compor e ouvir/ Resiste quem pode à força dos nossos pagodes/ E o samba se faz, prisioneiro pacato dos nossos tantãs/ E um banjo liberta da garganta do povo as suas emoções/ Alimentando muito mais a cabeça de um compositor/ Eterno reduto de paz, nascente das várias feições do amor/ Arte popular do nosso chão/ É o povo que produz o show e assina a direção/ Arte popular do nosso chão/ É o povo que produz o show e assina a direção/ Podemos sorrir, nada mais nos impede/ Não dá pra fugir dessa coisa de pele/ Sentida por nós, desatando os nós/ Sabemos agora, nem tudo que é bom vem de fora/ É a nossa canção pelas ruas e bares que/ Nos traz a razão, relembrando Palmares/ Foi bom insistir, compor e ouvi/ Resiste quem pode à força dos nossos pagodes/ E um samba se faz, prisioneiro pacato dos nossos tantãs/ E um banjo liberta da garganta/ do povo as suas emoções/ Alimentando muito mais a cabeça de um compositor/ Eterno reduto de paz, nascente das várias feições do amor/ Arte popular do nosso chão/ É o povo que produz o show e assina a direção/ Arte popular do nosso chão/ É o povo que produz o show e assina a direção/
Reconfortante, depois de duas rampas, 24 degraus e dezenas de passos adiante, dar de cara com esse sorriso de Nicolly Aguiar
As belas foram separadas para evitar brigas de admiradores: Tereza Sampaio vende beleza na Segad; e Clicia de Souza abafa na Rádio Roraima
Dá gosto acordar cedo só pra ver a negritude graciosa e simpática de Aldeíde de Jesus saindo pra trabalhar
Lurdinha Ferreira ficou linda com essa carequinha de Kojak. Com câncer não se brinca: a bela está de saída para Fortaleza, onde vai terminar de derrotar o mal. Esperamos pelo retorno com voz e violão
Especial - 80 anos de Aleide Pinheiro Martins
No dia 11 de outubro, no Lago Norte, em Brasília, Julieta Martins uniu-se aos tios Auricélia e Adelson Henriques e, juntos, promoveram um jantar para 80 talheres comemorando o 80° aniversário de Aleide Pinheiro Martins. Com música ao vivo e muita animação, o regabofe rolou madrugada adentro. Aleide, naturalizada roraimense, viúva de José Augusto Freire Martins, morou em Boa Vista até a década de 1970. Ela amou o presente.

Hora do parabéns a você

Zamigas desde picuchutinhas: Ana Tereza Oliveira, Aleide, Carmem Duarte e Perpe Birasil

Pinheirada: Daniel, Anne, Mariana, Guilherme, Maura, Natália e Mac Dias

Mais uma pá de convidados: Isabel Fraxe, Lê SIlva, Teíla Cruz, Carmem Duarte, Queila Pinho, Zeca Fraxe, Ana Teresa Oliveira, Perpe Brasil e Inês Maria Souto Maior
No início, ele estava desconfiado. Olhava para o arquiteto como quem observa um sommelier numa padaria. Não via utilidade. Não via por que pagar alguém para "desenhar o que já estava na cabeça".
- Projeto? Não precisa. O pedreiro entende.
Mas o arquiteto, em vez de brigar, sorriu. Usou sua arma secreta: paciência e estratégia.
- Vamos fazer só o preliminar, depois a gente contrata o restante dos projetos —, disse, como quem oferece um gole do bom vinho a quem só toma sangria da pior qualidade.
Não empurrou o pacote completo, falou que o executivo seria visto depois. Ofereceu o estudo preliminar, mas cobrou como quem sabe o valor do que entrega.
O cliente chorou como quem compra roupa em camelô. Disse que estava apertado, que era só uma ideiazinha, que talvez nem fosse construir agora. Mas, no fundo, tinha uma faísca de curiosidade e foi ela que venceu. Porque, por mais que racionalize, ninguém resiste à vontade de ver com os próprios olhos o que, até então, só existia como intuição. E assim, fechou o estudo preliminar. Não sabia ainda que naquele instante, já estava se apaixonando.
Vieram, então, a volumetria, a planta esquemática e, por fim, o render(*). Aquele render que não mostra só a casa: mostra o sonho.
Quando o cliente viu, seus olhos se arregalaram e brilharam. Na boca, o sorriso tornou evidente que havia se apaixonado pelo que estava vendo.
Ali, naquele instante, não era mais um homem vendo um projeto. Era um homem vendo o futuro.
E o arquiteto, que até então era custo, virou investimento.
Dali em diante, não houve mais discussão sobre honorários, nem dúvidas sobre seguir adiante. A obra deixou de ser tentativa e erro. Virou roteiro. Virou planejamento.
Hoje, o mesmo cliente que desconfiava virou parceiro e amigo, um verdadeiro garoto-propaganda não remunerado da causa arquitetônica.
E anda dizendo por aí: “Fazer projeto não é gasto. É economia. É paz. E é bonito pra c***!"
E quando ele fala, ninguém discute, ele não só fala, ele mostra. Puxa o celular do bolso com orgulho, abre o render(*), e diz — “Aqui ó… Foi aqui que tudo começou.”
(*)Render é o processo de transformar modelos tridimensionais em uma imagem final realista
FIGURINHA CARIMBADA, amiga de outros tempos, Loredana Kotinski derramou charme por onde passava