Difícil estabelecer quando e onde, de fato, surgiram as bonecas de pano. Na Babilônia, no Egito, em Roma, na Grécia, na China e no Japão, registros desse tipo de artesanato são datados da idade antiga.
Conhecidas por “muñecas” na Peninsula Ibérica, as bruxinhas - como passaram a serem chamadas em Roraima - entraram no Brasil por meio dos colonizadores.
Africanos e índios brasileiros, entretanto, já fabricavam suas bonecas de pano mesmo antes do contato com europeus.
A arte de fazer bonecas de pano é difundida em todo o território brasileiro, mas é no Nordeste que o oficio é levado mais a sério e onde se encontra a maior variedade desse segmento artístico. Ali, preços cobrados por um exemplar variam de simples trocados a números com sete dígitos. Não raro surgem encomendas de bonecas feitas com tecidos e acessórios finos, ornadas com metais e pedras preciosas.
E do Nordeste veio uma bonequeira de mão cheia, detalhista, apaixonada pelo que faz e que, aos poucos, vem conquistando clientes em todas as camadas sociais.
Paraibana, de Patos,, a técnica agrícola Catarina Simões deixou, em 1996, a terra natal e mudou-se para Boa Vista, onde, informada por amigos, teria mais chance de vencer na vida.
Aqui, depois de conseguir emprego como assessora parlamentar, procurou enriquecer seu currículo e preparar-se para adversidades: graduou-se como assistente social e concluiu cursos técnico de Secretariado e de Auxiliar de Laboratório.
Mas a arte gritava dentro do peito. Catarina conta que, em sua pequena cidade, era fascinada pelo hábito de as mulheres se sentarem à frente das casas e desenvolverem algum trabalho manual enquanto botavam assuntos em dia. “Eu estava sempre prestando atenção e querendo adquirir um pouco da habilidade de minha mãe e de suas amigas”, diz.
Enquanto desenrolava as atividades burocráticas, utilizava-se de máquina de costura manual para fazer pequenos ajustes em roupas de amigas e vizinhas.
ENQUANTO UNS CHORAM, OUTROS VENDEM LENÇOS
Em 2018, seis meses depois de seu empregador, Paulo César Quatiero, renunciar ao cargo de vice-governador do Estado de Roraima, a paraibana teve que submeter-se a cirurgia que deixou-a afastada de trabalho por algum tempo. Liberada por médicos, voltou a fazer reparos em roupas e começou a produzir bonecas de pano. Com propaganda feita boca a boca, encomendas começaram a surgir. “Eram arranjos para um chá de bebê, almofadas para enfeitar um sofá, uma boneca para dar de presente... Quando vi, eu estava ganhando dinheiro com o que, de fato, me dá prazer”, comemora. E acrescenta: “Com o surgimento da pandemia da covid-19, voltei-me para produzir máscaras de proteção e trabalhei como nunca. Do ano passado pra cá, fabriquei e vendi mais de 2 mil unidades”, diz sorrindo.
RECEITA E DESPESA
Exercendo cargo de assistente social no CHAME - Centro Humanitário de Apoio à Mulher, órgão da Assembleia Legislativa de Roraima, Catarina diz que gosta de chegar a sua casa e se entregar à transformação de tecidos utilizando-se de máquinas, agulhas e linhas. “Muitas vezes me esqueço do tempo e me surpreendo com o passar das horas”, comenta.
A nordestina diz ter muito cuidado com as colunas de débito e crédito de seu negócio. Mandamento número um: não misturar despesas domésticas ou pessoais com despesas da empresa.
Vivendo com os dois filhos - Fred, 22, e Mariana, 16 - em confortável casa própria, no número 481, da rua Santa Rita, bairro Cinturão Verde, a paraibana ultima detalhes para inaugurar, em agosto, um ateliê com cerca de 20m2.
Ao mostrar as instalações e apresentar os modernos equipamentos para a reportagem, ela explica: “Aqui na entrada, ficará a máquina que eu mais utilizo, pois, desse lugar, posso controlar os passantes e ser vista por eles”, encerra com largo sorriso nos lábios.
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