Voltemos os ponteiros de relógios da vida para os anos 1960, tempo em que EDUCAÇÃO se escrevia com letras maiúsculas, tempo em que filhos respeitavam pais, alunos respeitavam mestres; tempo em que professores tinham prazer de ensinar e estudantes tinham prazer de aprender. Naquele tempo, o Ginásio Euclides da Cunha (GEC) tinha poucas centenas de alunos. A escola era dirigida por padre Mauro Francello, que, apesar de muito querido e amigável, exigia que a disciplina estivesse em primeiro plano. A começar pelo uniforme - calças cáqui para homens, saias grená para mulheres e camisas beje claro para ambos os sexos.
Sapatos pretos, brilhantes, e meias brancas, eram conferidos no portão. De um por um. Em caso de dúvida, o garoto levantava a barra da calça e, se em desacordo, era privado da aula. Com anotação em caderneta.
Para manter as linhas do plisssado, num tempo em que Boa Vista só era servida por energia elétrica das 18h às 23h, depois de engomadas, mocinhas dobravam as saias e, cuidadosamente, colocavam-nas sob o colchão da cama.
Em 1968, quando a evolução cultural iniciada pelos Beatles tomava conta do mundo e a juventude começava, aos poucos, a dar seus gritos de liberdade, os ginasianos também mostravam sua rebeldia. Encerradas as aulas, quando chegavam à avenida Jaime Brasil, rapazes sacavam camisas para fora das calças e mocinhas dobravam os cós das saias, deixando joelhos e pequenas partes das coxas à mostra, chamando a atenção de passantes e paqueras.
Desfilar pra lá e pra cá, até que o sol se pusesse, por três quarteirões da principal via da capital roraimense, fazia parte do show da saudável juventude de meados do século passado.
Nesse clima de saudade e comemoração, pouco mais de duas dezenas dos 37 alunos que concluíram o curso ginasial no GEC, em 1968 se reúnem para, durante dois dias - 7 e 8 de dezembro -, dar graças a Deus, botar assuntos em dia e se divertir.
DE TUBINHO, ao centro, Auricélia Pinheiro recebe colegas de sala para comemorar seu aniversário, em 1968 (Arquivo pessoal)
Serão 48 horas de programação: missa em ação de graças; reunião com alunos e professores da 9ª série da escola; visita às dependências do GEC; descerramento de placa alusiva ao evento; encontro descontraído em restaurante da cidade; e, para fechar com chave de ouro, jantar de confraternização no salão do Hotel Aipana Plaza.
Ivonete Liberato, empresária, idealizadora do Jubileu - que já está em sua oitava edição - lamenta que alguns integrantes dessa turma tenham morrido e lamenta mais ainda pelo fato de que outros, deliberadamente, tenham optado por não participar de uma festa que tem tudo para marcar positivamente a vida desses jovens sexagenários.
Aos ausentes, uma mensagem: quem não for, perdeu muito. À turma de 1969, um aviso: vão esquentando motores, pois a vez de vocês está chegando.
CONTEMPORÂNEOS - a vida social na capital roraimense começava a partir das atividades de ginasianos (Arquivo pessoal)
Ginásio Euclides da Cunha - Formandos de 1968
Adriano Soares Pereira
Ana Maria Araújo Lima
Antônio da Costa Ferreira Lima
Antônio de Melo Cabral
Áurea Amélia M. de Souza Cruz
Bráz Barros da Silva (falecido)
Cleonice Teles da Silva
Edmilson de Brito Oliva (falecido)
Élzio Pinho Pereira
Flacy F. Nascimento (falecida)
Francisco Canuto Araújo
Getúlio Alberto de Souza Cruz
Idalice Batalha Maduro
Janete Vieira Paiva
João Fernando Barros Matos (falecido)
Joaquim Pinto Souto Maior (falecido)
José Euclides Francisco dos Santos
José Queiroz da Silva
Jumbo Mirando Filho (falecido)
Maria Auricélia Pinheiro
Maria da Glória Souto Maior Nogueira
Maria de Jesus Galvão Vieira
Maria de Nazaré Pereira
Maria Gardênia Noleto da Silva
Maria Izanete Liberato da Silva
Maria José dos Santos Velasco
Maria Miramar Mesquita
Maria Perpétua do Socorro Dias Fraxe
Marleide de Melo Cabral
Osvaldo Silva Nogueira
Rosani Dias Cidade (falecida)
Sebastião Cordeiro de Matos
Valmir Ribeiro Lago
Vitor Almeida do Nascimento (falecido)
Waldemarisa Vieira Gomes
Wendy Diane Chee-A-Tow
Zélio Torreias do Nascimento