Na inocência de 1962, quando as drogas ainda não dominavam o cotidiano mundial, amigos se reuniram, organizaram e colocaram na avenida uma bandinha composta por homens fantasiados em cima de uma cafuringa (antiga picape) que, com instrumentos de sopro e percussão, animaram o carnaval boa-vistense por mais de 10 anos.
Com a chegada de novembro e os primeiros bailes pré-carnavalescos em que as novas músicas eram apresentadas para foliões, Zé Pinheiro reunia os amigos para discutir tema e música que levariam para a avenida.
Politicamente correto: um saco
No primeiro ano, eles levaram “Qual é pó?” (Escute a música: https://www.youtube.com/watch?v=y5fEozD4S9g), sucesso de Emilinha Borba no carnaval anterior (1961).
Por referir-se à dúvida que um rapazinho vestindo roupa com detalhes de trajes femininos evocava, Emilinha Borba, componentes do Bloco do Pó e milhões de foliões seriam processados por homofobia ou coisa parecida se a música fosse gravada e cantada nos dias de hoje.
Waldir Abdala, Hildegardo Bantim, Luiz Avelino, Raimuno "Alemão" Barros, Sabá Bodó e Zepinheiro - o dia em que tudo começou
O nome
Por causa de naufrágio de barco cargueiro, Zé Pinheiro, comerciante, recebera grande quantidade de talco da marca Gessy com embalagens avariadas, inservíveis para revenda. Abasteceu a cafuringa com a mercadoria perdida e os brincantes do bloco se divertiam jogando pó em passantes.
Para os anos subsequentes, com o fim do estoque da loja A Brasileira, o Bloco do Pó passou a comprar talco da marca Yardley, na antiga Guiana Inglesa. Fato é que, por mais de 10 anos, essa turma animada empoou o povo e animou o carnaval de rua de Boa Vista