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    Segunda, 17 Setembro 2018 00:19

    Reis, o homem do gol

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    Reis, o homem do gol Fotos: Fenando Quintella e Capital.Blog / Manipulação: Aroldo Pinheiro

    E lá se vão 33 anos. Inagurado em 7 de setembro de 1975, o Estádio Canarinho tem história. Parte dessa história é Reis, atleta do Baré, que fez o primeiro gol nesse estádio.

    Ele poderia ter sido ponta-direita da seleção brasileira na década de 1970. Bastava assinar contrato com o Internacional, de Porto Alegre. Afinal, Valdomiro concorria com ele e jogou a Copa do Mundo de 1974. Mas o cabo Pedro Pereira Reis ouviu o conselho do seu comandante no Batalhão Ferroviário, sediado em Bento Gonçalves/RS. “O futebol passa; o Exército fica”, disse o coronel Délio Barbosa Leite. Reis, ou Pastel, como era conhecido, fez carreira na farda, mas também deixou sua marca nos campos de futebol do Norte. Foi dele o primeiro gol feito no Estádio Canarinho, na vitória por 1 a 0 do Baré sobre o Roraima.

    Foto histórica - Salada Futebol Clube à frente das arquibancadas do Estádio Canarinho (Foto: Gazeta de Roraima) 

    Aos 72 anos, Reis não tem remorso por ficar no Exército. “Vi muitos jogadores encerrarem a carreira por contusão, sem garantia para o futuro fora dos campos”, analisa. “Eu cheguei à graduação de sargento, pude ajudar o meu país e constituir família”.

    Transferido para Roraima, ainda nos anos 1970, Reis trouxe na bagagem a fama de excelente jogador. Seus colegas de farda fizeram a propaganda do craque. Logo estava no Baré. Dentro de campo, deu o seu recado com o sucesso de sempre.

    Seu grande momento ocorreu no jogo inaugural do estádio. Baré e Roraima era o maior clássico local. Reis ficou na reserva, por decisão de Gerônimo, treinador substituto. No intervalo da partida, o então tenente PM Santos Rosa, treinador da equipe, chegou ao estádio e, imediatamente, chamou Reis para substituir Caetano.os 8 minutos veio o lance decisivo. “O Cunha rebateu, de cabeça, uma bola no meio de campo em direção a mim. Dominei, passei para o Pelezinho, que me devolveu na frente. Eu percebi que o goleiro do Roraima, estava adiantado e toquei por cima. Juarez ainda tentou espalmar, mas a bola bateu no travessão e entrou”, descreve o atacante.

    Explosão da torcida barelista, rivalidade ampliada. Assim Reis entrou para a história do Estádio Flamarion Vasconelos.

     

     

    O gol que não entrou
    Se a partida inaugural do estádio teve sabor delicioso até hoje para Reis, do Baré, aconteceu o inverso com o coronel PM Sílvio Dias. Craque do Roraima, Dias teve nos pés a oportunidade de fazer história. Ainda no primeiro tempo, o árbitro marcou pênalti contra o Baré. Dias bateu e o goleiro Newton defendeu. Há muitos anos, ao comentar o episódio, ele desabafou: “Se você perguntar quem fez o primeiro gol no Canarinho, talvez a pessoa não saiba; mas todos se lembram de quem perdeu o primeiro pênalti”.

    Também quero ver
    Conta a lenda que, marcada falta fora da área contra seu time, certo jogador entrou na barreira, mas ficou de frente para a sua meta, ao contrário dos demais jogadores. Chamado a atenção, ele teria dito: “Quem vai bater é o Zico. Eu também quero ver o gol”.

    Chacretes exoneram secretário
    O estádio recebeu todo tipo de eventos. Desde jogos de futebol e competições de atletismo até shows de artistas, festas de Natal e bingos (nos anos 1980). Em 1984, com a lotação esgotada na visita do apresentador Chacrinha, no aniversário do Território, o jeito foi deixar o público ter acesso ao gramado. No palco, o secretário de Promoção Social da época entusiasmou-se e dançou com as chacretes. No dia seguinte voltou para Brasília, exonerado pelo governador Arídio.

    Viagem sofrida e vitória
    Ainda nos anos 1980, a Seleção Brasileira de Másters teve seu voo de Manaus para Boa Vista cancelado para jogo que seria no sábado. Sem ter como chegar a tempo, os promotores alugaram um ônibus comum e mandaram Félix, Dario e companhia pela estrada. O veículo quebrou na altura da reserva indígena, já de madrugada; todos dormiram no ônibus. O jogo foi transferido para a noite de segunda-feira, pois no domingo seria a decisão do campeonato Brasileiro entre Flamengo e Internacional. Dadá Maravilha provocou os jogadores roraimenses até a hora da partida; dando entrevistas com desafios, ameaçava entortar os zagueiros, criou o clima perfeito. Estádio lotado, Dadá cumpriu a promessa. Fez golaço, depois de arrancada desde o meio de campo, com direito a drible desmoralizante no zagueiro, para delírio da torcida presente. A seleção roraimense, formada por jovens atletas, derrotou os veteranos por 2 a 1.

    O prazer é todo meu
    Em jogo do Flamengo contra a Seleção de Roraima, o time carioca venceu de goleada. O goleiro César Baiacu, do Baré, depois do jogo, comentou: “Foi o maior prazer levar gol do Zico”.

    Ideia brilhante (e esvoaçante)
    Se, na década de 1970, o futebol roraimense era polarizado entre Baré e Roraima, a política dividia-se entre MDB (Movimento Democrático Brasileiro) e Arena (Aliança Renovadora Nacional).
    Misturando futebol com ideologia, o Roraima Agora buscou, no fundo do baú, interessante fato ocorrido durante a solenidade de inauguração do Estádio 13 de Setembro, atualmente Estádio Flamarion Vasconcelos, ou, para os íntimos, Estádio Canarinho.
    A construção do Estádio foi iniciada pelo coronel aviador Hélio da Costa Campos, governador nomeado para o Território Federal de Roraima. Próximo à eleição de 1974, o coronel Hélio Campos candidatou-se a deputado federal. Fernando Ramos Pereira, também coronel da Aeronáutica, assumiu o governo. Foram colegas de turma na AFA (Academia da Força Aérea).
    Embora pertencesse à Arena, Hélio Campos aliou-se ao MDB, partido de oposição. Exaltação de ânimos entre os dois coronéis tornou-se inevitável. Hélio elegeu-se com folga em uma das duas vagas disponíveis.
    Com o estádio pronto para ser inaugurado, era ponto pacífico que Hélio Campos não deveria ser convidado para a solenidade. Pior: seu nome não deveria nem ser citado em discursos.
    Apoiadores de Hélio Campos, Amazonas Brasil, Parimé Brasil e Elilson “Cicinho” Rocha Lima reuniram-se com Sílvio Leite, presidente do partido de oposição, e surgiram com ideia brilhante para “melar” a festa de Ramos Pereira.
    De Manaus, trouxeram especialista manipulador de gás Hélio (aqui é mera coincidência com o nome do ex-governador) e, depois de muitos cálculos e muito trabalho, colocaram o plano em ação.
    Tarde de 13 de setembro de 1975. Arquibancadas do novo estádio lotadas. Ladeado por diretores de divisões e puxassacos, o governador Fernando Ramos Pereira discursava. Ao meio da fala do chefe do Executivo, os olhos dos milhares de presentes se voltavam para o céu. Palmas e gritos irromperam da multidão.
    Integrantes da comitiva e o próprio governador se viraram para ver o que a multidão via e divisaram centenas de balões subindo ao céu, carregando uma faixa branca com dizeres em letras azuis: “HÉLIO CAMPOS SAÚDA O POVO DE RORAIMA”.
    Tempo de exceção, o governador queria descobrir os autores do “crime”. Só veio a saber da trama quando nada mais podia ser feito. Na eleição seguinte, em 1978, Hélio Campos foi reconduzido ao Parlamento com a maior votação individual de um candidato, só superada na eleição de 1986.

     

    Lido 6939 vezes Última modificação em Segunda, 17 Setembro 2018 00:40

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