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    Domingo, 22 Outubro 2017 05:07

    Pavani procura o que não perdeu

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    PASSARINHANDO - Pavani, com Estêvão e Hideko, dois admiradores de aves que vieram de longe para apreciar espécies roraimenses PASSARINHANDO - Pavani, com Estêvão e Hideko, dois admiradores de aves que vieram de longe para apreciar espécies roraimenses JPavani

    Fotógrafo profissional se dedica a ramo de turismo que promete trazer boas divisas para o Estado

    Pouca gente sabe o que é um ornitófilo; em Roraima, quase ninguém ouviu falar em Jorge Donizetti. Se o termo ornitófilo for substituído por passarinheiro e o sobrenome Pavani  for acrescentado ao personagem principal desta reportagem, jornalistas, ecologistas e amantes da natureza saberão que a referência é feita a fotógrafo profissional de primeira linha e um dos maiores incentivadores do turismo de observação de pássaros em terras de Makunaima.

    Jorge Donizetti Pavani, 54 anos, é apaixonado por fotografia desde a infância. Nos anos 1980, decidiu mudar-se para Londres – onde ficaria mais perto de grandes nomes dessa arte. A dificuldade com o idioma de Shakespeare mostrou ao paulista, de Amparo, que berimbau não era gaita: teve que frequentar escola para aprender inglês e perder tempo na realização de seus planos.

    Idas e vindas entre a Inglaterra e o Brasil abriram-lhe portas para ter seus trabalhos como freelancer publicados em importantes jornais e revistas nacionais e estrangeiras.

    Marcelo Camacho e Pavani em busca de pássaros raros nas matas roraimenses (Foto: JPavani)

    Roraima: destino final

    Apaixonado pela natureza, Pavani descolou viagens pelo Brasil. Um dia, bateu no extremo norte brasileiro para, primeiramente, fotografar o Monte Roraima, os índios yanomamis e, em seguida, registrar o trabalho do Ibama na proteção às tartarugas de água doce. 

    As longas temporadas no baixo rio Branco e entre os yanomamis despertaram-lhe a vontade de viver definitivamente em Roraima. O paulista largou tudo pra trás e mudou-se para Boa Vista. “Foi um rompimento doloroso, pois tive que deixar todos os meus arquivos na Inglaterra. Eram milhares de fotografias, muitos quilos de tranqueira que, se fosse hoje, caberia num simples HD”, lamenta.

    Para sobreviver, Pavani trabalhou em jornais voltados para divulgação de políticos, periódicos que tiveram vida mais curta que os mandatos de seus donos. A última experiência foi no extinto Jornal de Roraima, cujos proprietários verdadeiros até hoje não se sabem quem eram.

    Fazendo das tripas coração com o dinheiro que recebia dos mais diversos tipos de trabalho fotográficos, Pavani encontrou tempo para dedicar-se à passarinhagem. Marcelo Camacho, paulista, que tem como hobby a observação de aves ajudou seu conterrâneo nessa arte e esporte silenciosos.

    Hoje, em Roraima, ao lado de Camacho, Francisco Diniz, Paulo Goes, Thiago Laranjeira e Alexandre Curcino, Pavani é um dos especialistas em passarinhagem – arte que consiste em observar, gravar cantos e fotografar aves. Transformou sua paixão em negócio e recebe gente de todas as partes do mundo para se deleitar com atividades de aves da Amazônia.

    Pavani diz que há outros amantes de passarinhagem em Roraima, cita, por exemplo, o também fotógrafo Jorge Macedo - que serviu de inspiração para o nome que o paulista deu a seu microfone revestido de farta cabeleira branca, “Macedinho”, tirando sarro com os cabelos grisalhos do colega Jorge.

     Com o “Macedinho” na mão e outros equipamentos a postos, Pavani grava canto de pássaros, cujo áudio servirá mais tarde para atrair aves semelhantes (Foto: Aroldo Pinheiro)

    De longe para passarinhar

    Aos poucos, com ajuda da internet e de propaganda boca a boca, Pavani vê a clientela aumentar: “Depois de alguns brasileiros, já recebi passarinheiros da Bélgica, Suíça e Estados Unidos. Logo, espero ter japoneses e coreanos no meu cadastro”, sonha. 

    Amante da natureza, Pavani tem um livro pronto para ser publicado: Serra do Caburaí - Amazônia do extremo Norte do Brasil. “Trabalhei nessa obra durante 10 anos. Está pronto há dois. É dífícil. Não há apoio à cultura e governantes não veem que turismo é uma grande fonte de divisas. Consegui encaixar meu livro em programa de incentivos à cultura do governo do Estado, mas até hoje nenhum empresário roraimense acreditou no projeto”, protesta.

    Em 2008, a Prefeitura de Boa Vista lançou um “Guia das Aves de Roraima”; de lá pra cá, nada mais foi publicado sobre o tema. O fotógrafo de Amparo, entusiasta pelo assunto, aliado a outros passarinheiros roraimenses pretende publicar uma obra mais completa e atualizada sobre aves do Estado, além de uma cartilha para ser distribuída em escolas.

    Sonha, Pavani!

    Galo-da-serra macho, uma das mais belas aves do mundo, exclusiva da Amazônia, seria o mais valioso troféu para Pavani (Foto: Marcelo Camacho)

    Lido 2916 vezes Última modificação em Terça, 24 Outubro 2017 15:08
    Aroldo Pinheiro

    Aroldo Pinheiro,  roraimense, comerciante, jornalista formado pela Universidade Federal de Roraima. Três livros publicados: "30 CONTOS DIVERSOS - Causos de nossa gente" (2003), "A MOSCA - Romance de vida e de morte" (2004) e "20 CONTOS INVERSOS E DOIS DEDOS DE PROSA - Causos de nossa gente".

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