Recebo, estupefato, áudio no Zap, em que uma senhora cospe marimbondos contra certo cidadão, por ela acusado de dar-lhe drible caprichado na administração de um grupo do qual ambos participavam.
Jogada para escanteio pelo Neymar virtual, ela ameaça transformar a apropriação indébita em caso de polícia e chegar a extremos se continuar fora do grupo.
Pois é, a reclamante, entre o furioso e o decepcionado, lembra ao agora desafeto tê-lo colocado no grupo como administrador (não explica o motivo da decisão). Ainda segundo sua versão, o “amigo” incorporou a figura de líder, deletou a antiga administradora e estamos conversados.
Dona encrenca reforça a ida ao distrito, mesmo “operada, há uma semana, da coluna”. Ela está desolada por ter sido sacada do grupo que criou quatro anos antes. Acha injusto. Jura ter até depoimentos de testemunhas, em áudio, contra ele.
A cantilena dura 42 segundos, o suficiente para mostrar o quanto esse mundo virtual é capaz de tudo.
Cá comigo, imagino se, em vez de furto, fosse caso de sequestro. O malandro só devolveria a administração do grupo se recebesse duas grades de cerveja Kaiser, o último dvd do Wesley Safadão e uma camisa autografada do zagueiro Rodrigo, do Vasco. Sem
isso, nada feito. Quando muito, negocia o Safadão pela Ludmila, e fim de papo.
Como terminou a bronca? Nem imagino. O áudio me foi enviando pelo Barão e, ansioso, aguardo o desfecho do caso. Mesmo assim, constato o óbvio: é grave a crise...
Aroldo Pinheiro, roraimense, comerciante, jornalista formado pela Universidade Federal de Roraima. Três livros publicados: "30 CONTOS DIVERSOS - Causos de nossa gente" (2003), "A MOSCA - Romance de vida e de morte" (2004) e "20 CONTOS INVERSOS E DOIS DEDOS DE PROSA - Causos de nossa gente".
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