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    Terça, 27 Junho 2017 11:26

    Aero-Willys Itamaraty: tanque de guerra urbano era carro para a família

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    Aero-Willys Itamaraty: tanque de guerra urbano era carro para a família Arquivo pessoal

    Automóvel modelo 1971 traz lapsos da história do automobilismo no Brasil e da vida social em Roraima

    De repente, o ronco do motor Willys de seis cilindros, equipado com dois carburadores DFV e distribuidor Wapsa, chama a atenção para a reluzente carcaça que o carrega. Alguém da família Salomão resolveu dar uma volta em tesouro inestimável, que, certamente, vale dezenas milhares de reais entre colecionadores.

    Said Salomão, que chegou a Roraima no início do século passado e fez história como empreendedor, adquiriu o seu modelo 1971, cor verde hortelã, dois anos depois que o Aero-Willys Itamaraty saiu de linha, cedendo lugar para carros mais modernos. Ressalte-se: naquela época, modificações em modelos de veículos existentes ou lançamentos de novos demandava muito tempo.

    Perda de brilho e queda de cabelos 

    No tempo em que Said adquiriu o Itamaraty, o teto de vinil do carro ainda era preto e brilhante, como era preta e cheia de cabelos a cabeça de Sander, o filho que chamou para si a responsabilidade de cuidar do tesouro. Hoje, a cobertura metálica do veículo perdeu o brilho e o cuidador contabiliza a perda de mais da metade de sua cabeleira.

    Motor de 132CV, seis cilindros, dois carburadores, nenhum dos dois envenenados, chegava a 4.400rpm e atingia 100Km por hora. Corria um pouco mais se em ladeira abaixo. Consumindo um litro de gasolina a cada seis quilômetros, o reservatório de combustível do Itamaraty (71,6 L) dava-lhe boa autonomia (430km). Brincando, Sander Salomão diz não se alarmar com o consumo da máquina: “Eu, sentado, bebo mais cerveja do que ele bebe gasolina rodando”.

    Detalhes históricos

    O Itamaraty – versão mais modernosa e confortável do Aero-Willys 2600 – começou a ser produzido nos Estados Unidos da América em 1950, a partir de chassis de jipes, usados na Segunda Grande Guerra, inspirados na aerodinâmica de aviões a jato. No Brasil, o modelo foi lançado em 1960, depois que a fábrica norte americana descontinuou a produção. Lataria de aço dava-lhe robustez de tanque de guerra urbano e, claro, muito peso a ser transportado. 

    Na época em que Said Salomão adquiriu o seu, o Itamaraty só perdia em beleza e conforto para os imensos Galaxies (LTD e Landau) chegando ao mercado. Em 1973, modelos similares ao de Said Salomão pertenciam ao governo do então território federal: um preto, para transporte do chefe do Executivo; e um branco, para
    uso da primeira dama, sempre coordenadora da Legião Brasileira de Assistência. Como táxi, o primeiro Aero--Willys pertencia a Arnóbio Silva, que ganhou muito dinheiro conduzindo noivos para e das cerimônias de casamento.

    Início de coleção

    Said Salomão morreu em 2009, aos 93 anos. A paixão que o velho sírio tinha pelo automóvel levou os filhos a decidirem pela conservação do Aero Willys Itamaraty 1971. A partir de então, Sander, o guardião do tesouro, decidiu conservar para si modelos de carros que tenham marcado sua própria vida. Hoje, em casa, ele mantém um Ford Scort XR3 amarelo, conversível, modelo 1988; um Fiesta verde 1995; um Fiesta vermelho 2001; e um Del Rey, também 2001, que está sendo reformado. Todos em perfeito estado de conservação e funcionamento. 

    Lido 4608 vezes Última modificação em Terça, 27 Junho 2017 11:56
    Aroldo Pinheiro

    Aroldo Pinheiro,  roraimense, comerciante, jornalista formado pela Universidade Federal de Roraima. Três livros publicados: "30 CONTOS DIVERSOS - Causos de nossa gente" (2003), "A MOSCA - Romance de vida e de morte" (2004) e "20 CONTOS INVERSOS E DOIS DEDOS DE PROSA - Causos de nossa gente".

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