Olha, a língua e o rabo do dragão! Deixa passar!
Tá cada dia mais doido viver. Pensando bem, nem é bom abrir muito a porta da nossa casa, postar a foto da nossa felicidade ou falar a cor da nossa pele em Paris.
Na casa ao lado, ao lado da cama, dentro da nossa cabeça, criam-se monstros; nas horas de quietude, no vazio de razão, estabelecem-se em uma espécie de terror que extrapola, que cai na TV, pegando milhões de almas frágeis.
Debaixo das árvores, nos recantos longínquos, na mais dominicana ideia de paraíso, o mal está muito vivo. Há um réquiem, não exatamente um funeral, pois acredita-se num continuum: uma ideia de separação e um equívoco antecipado de estar do lado certo, que não se vê ao fazer tudo errado, que não se enxerga na hipnose da demagogia e se repete já sem qualquer força madrugada à fora como um uivo vira lata.
Sábia mesmo foi a natureza ao colocar todas as língua atrás dos dentes. Mais sábio ainda foi o homem ao descobrir logo cedo que língua paga. Língua paga, simples assim, é como se diz ao homem que perde a extensão da sua e que traz, quando a recua, espinhos ao coração.
Não, isso não tem nada a ver com não dizer e, sim, com a coisa dita. É de sabedoria popular que trata o dito, mas, por onde se anda, os velhos ditados são inauditos. Há um vulto, um culto e pode ser só miragem, no fim, ou alguém perverso que te coloca na jaula com a língua entre os dentes e o rabo entre as pernas.
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