Belém, belém...

    No início o ruído à minha volta tornou-se tão constante – e irritante – que prometi a mim mesmo que não ia aderir ao modismo.

    Logo, vi que não ter o aplicativo me tornava um alienado. Capitulei e troquei meu antigo e querido aparelho celular analógico por modernoso smartphone – com tantas utilidades que, tenho certeza, não vou utilizar nem 10% delas até o dia de minha morte – e instalei o WhatsApp.

    No inicio, me apaixonei pela nova modalidade de comunicação. A paixão começou a sumir no dia em que começaram a me adicionar a grupos e eu passei a receber mais de mil mensagens por dia. Destas mensagens, poucas eram aproveitáveis.

    As mesmas piadinhas sem graça são enviadas por quase todos os integrantes de diferentes grupos. Mensagens de “bom dia”, “boa tarde”, “boa noite”, “bom fim de semana”, “bom domingo” cheias de flores, animaizinhos, crianças, paisagens e músicas românticas passaram a ocupar o espaço de memória de meu aparelho e a encher de impaciência o meu saco.

    Filmes de sacanagem e sexo explícito e vídeos com pegadinhas ridículas fazem parte do pacote.

    Comecei a dedicar boa parte de meu precioso tempo a excluir-me de grupos que tinham me adicionado sem me consultar e deletar mensagens idiotas e desinteressantes. Comecei, também, a ter ódio do WhatsApp.

    Usuários do WhatsApp acham que temos de estar prontos para ler, ver, ouvir e, se for o caso, responder às mensagens que nos enviam a qualquer hora. Há os chatos que te encontram na rua e, mostrando o display de seus aparelhos, perguntam: “Tu viste essa?”

    E o aplicativo é fofoqueiro. Se você, por algum motivo, alega não ter recebido determinada mensagem, o interlocutor corta: “Recebeu sim. Às 10h43 os pauzinhos ficaram azuis. Além do mais, vi que tu ficaste on-line até as 11h37; falavas com quem?”

    Já aconteceu de ouvir o sinal anunciando mensagem às três da manhã. Com filhos e mãe - de 92 anos de idade - morando fora do Estado, vi-me obrigado a despertar, revirar-me na cama com todas as dores que a coluna me dedica, pegar o celular na mesinha de cabeceira, digitar a senha do aparelho e ler: “Dormindo?” Resposta: “Estava até a hora que você me mandou a porra dessa pergunta!” Claro que a vontade de digitar um palavrão é grande.

    Nada contra a modernidade. Celular é útil e WhatsApp é prático, mas, por favor, tenhamos um pouco mais de respeito como nossos semelhantes.


    Em tempo: se alguém me adicionar a algum grupo depois de publicado esse desabafo, pode considerar-se meu inimigo. Belém, belém, nunca mais fico de bem.

    Poesia e despudor
    Ainda tenho muito a fazer por aqui
    Comment for this post has been locked by admin.
     

    By accepting you will be accessing a service provided by a third-party external to https://jornalroraimaagora.com.br/

    Colunistas

    Literatura psicodélica - Hudson Romério
    0 post
    Literatura psicodélica - Hudson Romério ainda não definiu sua briografia
    Consulte seu advogado - Alcides Lima
    0 post
    Consulte seu advogado - Alcides Lima ainda não definiu sua briografia
    Querido diário - Diva Gina Peralta
    2 posts
    Querido diário - Diva Gina Peralta ainda não definiu sua briografia
    Fernando Quintella
    0 post
    Fernando Quintella ainda não definiu sua briografia
    Menina de rua
    9 posts
    Biografia
    Érico Veríssimo
    15 posts
    Em construção
    Tia Lyka
    59 posts
    Tya Lika
    Ulisses Moroni
    23 posts
    Ulisses Moroni Júnior é promotor de justiça no ...
    Aroldo Pinheiro
    76 posts
    Aroldo Pinheiro,  roraimense, comerciante, jorn...
    Jaider Esbell
    5 posts
    Jaider Esbell veio da terra indígena Raposa Ser...
    Plinio Vicente
    36 posts
    Nascido há 71 anos em Nova Europa, re...
    © 2022 Criado e mantido por www.departamentodemarketing;com.br

    Please publish modules in offcanvas position.