Maranhense roraimado - ele chegou a Boa Vista com poucos anos de vida -, 1,66 de altura, voz tranquila, sorriso fácil, 30 anos, destaque no MMA internacional, Fabiano Silva treina e dá aulas de Jiu-Jitsu na academia CT Aikithai enquanto espera chamada para novos embates na Europa.
Fabiano Jacarezinho não tem a boca grande como o nome adotado leva a crer. A marca foi criada por causa de sua admiração por Ronaldo Jacaré, estrela do UFC que brilha nos Estados Unidos, e em quem o maranhense de Bom Jardim se inspira para aplicação de golpes.
A paixão pelo MMA nasceu quando o menino tinha 14 anos. Seus primeiros passos foram no boxe. Ronaldo SIlva, instrutor, convenceu-o a tentar o Jiu-Jitsu e, daí, foi um passo para misturar modalidades e estabelecer-se no MMA.
Nascido em família humilde, cinco irmãos, criado na periferia de Boa Vista, Fabiano diz que sempre foi da paz. Nunca trocou sopapos com ninguém, apesar da violência à sua volta. “Meu negócio é a arte marcial; respeito a filosofia do Jiu-Jitsu”, diz.
Logo após completar 12 anos, Fabiano fugiu de casa, pois não aguentava as agressões físicas que o padrasto dispensava a sua mãe, a ele próprio e a seus irmãos. A despeito disso e de ser lutador de MMA, Fabiano diz ser de muita paz e condena qualquer tipo de violência.
De susto
Jacarezinho conta que subiu ao octógono pela primeira vez quase sem saber. “De repente, em 2006, meu treinador começou a exigir mais de mim. Estranhei. Uns três dias antes do Roraima Show Fight, no Ginásio Totozão, Ronaldo me disse que eu estava inscrito para duas lutas. Não consegui convencê-lo de que eu não estava preparado. Encarei o desafio e, naquela noite, derrotei os dois adversários. Daí não parei mais”, conta.
Para crescer na profissão, o peso galo (até 61kg) decidiu mudar-se para o Rio de Janeiro, onde as coisas acontecem e onde poderia conseguir um bom empresário. A atuação e o jeito característico de lutar chamaram a atenção do alemão Ivan Djacovic que, desde então, toma conta dos interesses e administra a vida profissional do lutador.
Depois de rápida passagem pelos Estados Unidos, Jacarezinho foi levado para a Europa, onde concentra sua vida profissional. Já lutou na Alemanha, Polônia, Bélgica, Áustria e Sérvia. No Velho Continente, 17 vitórias: 10 finalizações e sete nocautes.
Falta de patrocínio
Fugindo do frio europeu, Fabiano veio em busca do aconchego da esposa e do filho e assistir ao nascimento de sua primeira menina.
Sobrevivendo de economias feitas com os ganhos na Europa, o lutador de MMA ama o que faz, mas reclama da falta de patrocinadores. “O comércio daqui é fraco e os empresários fogem da gente. Eles não veem que esse esporte está em alta e que conseguiriam grande visibilidade para seus negócios”, lamenta.
Lamenta também que nem o Governo do Estado nem a Prefeitura deem algum incentivo para lutadores profissionais de MMA: “Antes de subir ao octógono, sou anunciado como ‘Fabiano Silva, de Boa Vista, Roraima, Brasil’. Se tivesse patrocínio, eu bem poderia entrar com uma de nossas bandeiras”, encerra.