O começo da década de 1980 marcou intensa movimentação de profissionais de todos os cantos do país em busca de novas oportunidades de trabalho. A excelente remuneração oferecida pelo então território Federal atraía até quem estava bem colocado em outros centros. Boa Vista registrava índice de violência mínimo, outro atrativo importante.
A cidade, antes com o mercado imobiliário equilibrado, precisava novas unidades residenciais com urgência. O governo passou a desenvolver projetos com o apoio da Companhia de Desenvolvimento de Roraima (Codesaima). Um deles, o Conjunto Caçari, entregue no fim de 1982, teve grande procura, com suas 144 casas bastante disputadas.
Instalado o novo condomínio, logo os moradores iniciaram a ocupação das áreas de lazer, principalmente aquela defronte à Avenida Ville Roy. O campo de futebol Society foi a primeira novidade. Até moradores de outros bairros apareciam nas manhãs de domingo, a partir das 9h.
A quase totalidade das casas ainda permanecia sem muro, conceito sugerido aos novos moradores, a maioria colegas de trabalho nas secretarias de Governo. Parecia comunidade americana. Nem cerca viva existia.
O engenheiro Ricardo Matos, gerente do projeto e um dos moradores do conjunto, logo surgiu como liderança natural. O Rico agitava os fins de semana, em especial com a garotada, grupo com o qual fazia tremendo sucesso.
Mas o sucesso tem o seu preço. Recém-casado com a Astrid Tidinha Marques, o casal acordava às 7h com batidas na janela do quarto deles (as casas eram sem muro, lembra?). A gurizada cobrava a presença do líder, treinador, árbitro e afins no campinho, onde haveria diversas partidas antes dos jogos dos adultos.
Rico acompanhava a turma com a maior satisfação, mesmo se estivesse cansado de esticada noturna do casal em alguma festa. Afinal, era o espírito do novo condomínio. Bons tempos.