Aroldo Pinheiro, roraimense, comerciante, jornalista formado pela Universidade Federal de Roraima. Três livros publicados: "30 CONTOS DIVERSOS - Causos de nossa gente" (2003), "A MOSCA - Romance de vida e de morte" (2004) e "20 CONTOS INVERSOS E DOIS DEDOS DE PROSA - Causos de nossa gente".
No início o ruído à minha volta tornou-se tão constante – e irritante – que prometi a mim mesmo que não ia aderir ao modismo.
Logo, vi que não ter o aplicativo me tornava um alienado. Capitulei e troquei meu antigo e querido aparelho celular analógico por modernoso smartphone – com tantas utilidades que, tenho certeza, não vou utilizar nem 10% delas até o dia de minha morte – e instalei o WhatsApp.
No inicio, me apaixonei pela nova modalidade de comunicação. A paixão começou a sumir no dia em que começaram a me adicionar a grupos e eu passei a receber mais de mil mensagens por dia. Destas mensagens, poucas eram aproveitáveis.
As mesmas piadinhas sem graça são enviadas por quase todos os integrantes de diferentes grupos. Mensagens de “bom dia”, “boa tarde”, “boa noite”, “bom fim de semana”, “bom domingo” cheias de flores, animaizinhos, crianças, paisagens e músicas românticas passaram a ocupar o espaço de memória de meu aparelho e a encher de impaciência o meu saco.
Filmes de sacanagem e sexo explícito e vídeos com pegadinhas ridículas fazem parte do pacote.
Comecei a dedicar boa parte de meu precioso tempo a excluir-me de grupos que tinham me adicionado sem me consultar e deletar mensagens idiotas e desinteressantes. Comecei, também, a ter ódio do WhatsApp.
Usuários do WhatsApp acham que temos de estar prontos para ler, ver, ouvir e, se for o caso, responder às mensagens que nos enviam a qualquer hora. Há os chatos que te encontram na rua e, mostrando o display de seus aparelhos, perguntam: “Tu viste essa?”
E o aplicativo é fofoqueiro. Se você, por algum motivo, alega não ter recebido determinada mensagem, o interlocutor corta: “Recebeu sim. Às 10h43 os pauzinhos ficaram azuis. Além do mais, vi que tu ficaste on-line até as 11h37; falavas com quem?”
Já aconteceu de ouvir o sinal anunciando mensagem às três da manhã. Com filhos e mãe - de 92 anos de idade - morando fora do Estado, vi-me obrigado a despertar, revirar-me na cama com todas as dores que a coluna me dedica, pegar o celular na mesinha de cabeceira, digitar a senha do aparelho e ler: “Dormindo?” Resposta: “Estava até a hora que você me mandou a porra dessa pergunta!” Claro que a vontade de digitar um palavrão é grande.
Nada contra a modernidade. Celular é útil e WhatsApp é prático, mas, por favor, tenhamos um pouco mais de respeito como nossos semelhantes.
Em tempo: se alguém me adicionar a algum grupo depois de publicado esse desabafo, pode considerar-se meu inimigo. Belém, belém, nunca mais fico de bem.
Há muito tempo, o Departamento de Trânsito do Distrito Federal foi exemplo de bom atendimento e respeito ao público. As cidades incharam, a frota automobilística, proporcionalmente, cresceu mais do que a população, e o Detran-DF, infelizmente, parou no tempo. Perdeu a corrida.
A qualidade dos serviços deixa a desejar. Se você não madrugar às portas da repartição, dificilmente conseguirá resolver seus problemas.
Cedo, entrei na fila para vistoriar o surrado Corsa. Às 11h30, saí do veículo para alimentar pulmões e estômago. Nicotina e alcatrão para o primeiro e um salgadinho safado para o segundo.
Lá longe, vi uma figura que me pareceu familiar. Seria o Mangulão?
O corpo arredondado, a barriga proeminente, os cabelos esbranquiçados e aqueles óculos que eu não conhecia provocaram dúvidas. Os mais de dois metros de altura e o desajeitado jeito de andar, porém, me deram a certeza. Ali pertinho de mim, estava um colega de faculdade. Colega de 40 anos atrás.
Surpresa maior: ao seu lado, em vestido solto cobrindo enorme barriga, Celinha, a sua namorada dos nossos tempos de CEUB.
- Mangulão!?!?
A figura me estudou por alguns minutos e, logo, um sorriso se abriu:
- Índio? Não é possível! Celinha, ‘ocê num tá reconhecendo o Índio?
Abraços, cumprimentos, perguntas, lembranças...
- Puxa vida, estou feliz pelo reencontro. Mais feliz por saber que vocês casaram e que ainda tão fazendo menino.
Mangulão abriu um sorriso, puxou-me pro lado e confidenciou:
- Que menino que nada, rapaz. Eu tou mexendo com revenda de automóveis e tenho que vir ao Detran todos os dias. Com essas filas enormes, eu não dou conta de resolver meus negócios. – E arrematou. – Resolvi comprar uma barriga postiça para a Celinha e ela, diariamente, monta a gravidez para ter atendimento preferencial...
Com um tapa nas minhas costas, ele encerrou:
- Tu tá pensando que eu sou leso? Já faz mais de um ano que ela tá “grávida”...
É. Zé Eustáquio, o Mangulão, meu colega de faculdade, não mudou nada.
Read MoreAtendendo convite do governo, que precisava de professores para expandir a rede escolar, Erasmo Sabino de Oliveira mudou-se para Roraima. Em Boa Vista, enquanto se dedicava à educação de adolescentes, viu possibilidades de ganhar dinheiro no setor imobiliário. Se deu bem.
No final do século passado, numa dessas campanhas de governo em tempo de crise, a Caixa Econômica Federal alardeou que teria bastante dinheiro para financiar quem quisesse investir em casas populares.
Ao saber que existiria verba fácil para o setor, o empresário, destemido, resolveu que aquele seria o momento de alavancar seus negócios.
Ao ver o projeto de Erasmo, o gerente do banco federal assegurou-lhe que, depois de análise da documentação, o dinheiro seria liberado. Com aquela garantia verbal, para ganhar tempo, o potiguar resolveu iniciar a construção de seu conjunto habitacional.
Depois de um mês de desembolso, a fonte secou e o financiamento oficial não havia saído. “É questão de dias”, garantiu-lhe o gerente. Para não parar, Erasmo passou a comprar fiado o material necessário para dar andamento nas obras.
Sessenta dias se passaram e o empréstimo não tinha sido aprovado. O gerente disse que logo, logo, a grana estaria na conta do empreendedor. Desmobilizar equipes redundaria em prejuízo. Além do mais, sem reservas, como pagar rescisões trabalhistas? A saída: pedir dinheiro emprestado a agiotas e tocar o que havia iniciado.
Já bastante endividado no comércio e pendurado em mãos de agiotas, Erasmo soube que a carteira para o financiamento que ele pleiteara havia sido fechada.
Desespero. Apelar pra quem?
Ao ouvir lamúrias do empresário, Marivaldo Barçal, advogado, prometeu levá-lo a Brasília para falar com Romero Jucá. Para o influente senador, não seria difícil mobilizar a Caixa Econômica Federal e resolver o problema de Erasmo.
Passagens foram compradas com cheque pré-datado. Difícil foi convencer dona Dalva, proprietária da boutique Shalon a vender-lhe fiado um paletó.
Numa sexta-feira, Marivaldo e Erasmo embarcaram juntos para encontrar-se com o senador às oito horas de segunda na capital federal.
No gabinete, além do senador, estavam presentes uns oito homens vestindo elegantes e finos paletós pretos: os picões da Caixa Econômica Federal. Romero Jucá iniciou o discurso:
- Senhores, esta reunião foi agendada para ver se, juntos, conseguimos encontrar uma solução para o problema deste grande empresário roraimense. Erasmo enfrenta sérias dificuldades desde que a Caixa Econômica fechou uma carteira de crédito e está a ponto de parar um dos maiores empreendimentos imobiliários de nosso Estado.
Com um olhar, o vice-presidente consultou o presidente da Caixa Econômica Federal; sentindo-se autorizado a falar, dirigiu-se ao empresário:
- Quantas casas o senhor está construindo?
Apesar de nervoso, Erasmo respondeu alto:
- 55.
Os homens da Caixa se entreolharam, o senador Romero Jucá mostrou-se nervoso. O vice-presidente da instituição reinquiriu Erasmo com certo sarcasmo:
- Quantas?
Erasmo respondeu pausada e nervosamente:
- Cin-quen-ta e cin-co.
Os homens da Caixa abriram risadas, Romero Jucá ficou vermelho de vergonha; o presidente fechou:
- Senador, problemas desse tamanho, a gente resolve com um telefonema...
Erasmo ficou satisfeito com a promessa de que seu financiamento seria liberado no dia seguinte. Depois de agradecer o senador Romero Jucá pela ajuda, pediu-lhe R$ 200 reais emprestados para pagar o táxi.
- Senador, problemas desse tamanho, a gente resolve com um telefonema...
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