Sem querer mais comer, Guilherme, quatro aninhos, diz para Mariana:
- Chega mãe. ‘Tou cheio.
- Não se diz “tou cheio”, meu filho; a gente diz “estou satisfeito”.
Mais tarde, da rede na varanda, Mariana grita:
- Guilherme, vem ver que linda a lua cheia!
- Não é lua cheia, mãe: é lua satisfeita.
Pai: - Meu filho, o que você quer ser quando crescer?
Filho, seis aninhos: - Quero ser soldado militar.
Pai: - Mas soldado vai pra a guerra e pode ser morto pelo inimigo.
Filho: Ah..., então eu quero ser inimigo.
A avó de Bernardo determinou que ele só sairia para jogar futebol depois que ela tivesse tomado sua lição. Cartilha aberta sobre a mesa, o pirralho dividia pensamentos entre bola e as letras:
- U-vê-à-vá... Uva
- Bê-ô-bô-ele-ó-ló... Bolo
- Eme-á-má-cê-á-cá-cê-có... Macaco
No último desafio, ansioso, Bernadinho se perdeu:
- Cê-á-cá-esse-á-sá-cê-ó-có... Paletó
O caminhão de madeira de Daniel, seis aninhos, quebrou. Com pregos e martelo, consertei-o. Depois, mostrando a ferramenta para meu filho, perguntei-lhe:
- Qual é o nome disso?
- Martelo...
- E pra que serve o martelo?
- Pra bater em caminhão quebrado.
Com seis anos de idade, Paulinho continuava fazendo xixi na cama. Levado a médico, a mãe descobriu que lhe faltava educação fisiológica. Em conversa franca, Marion disse ao menino que ele deveria ir ao banheiro e urinar antes de se deitar para dormir. O pirralho arranjou um bode expiatório:
- Eu faço xixi antes de dormir, mãe. Acho que quem mija na minha cama é o Anjo da Guarda.
Muito católica, dona Neuza queria que um de seus filhos fosse sacerdote. Para influenciá-lo, até deu o nome de Anchieta a seu menino mais velho. Um dia, depois da novena, entre as comadres, resolveu mostrar que o pirralho, sete aninhos, estava encaminhado para as coisas da fé; com o menino no colo, arriscou:
- Anchietinha vai ser padre, né?
O menino, rapidamente, fugiu da proposta:
- Padre não, mãe: padre é capado e veste roupa de mulher.
Negro, mais de 1,80m de altura, lábios grossos, voz tonitruante, doutor Elesbão, amigo da família, impunha certo medo a minha filhota, Mariana, quando ainda bebê. Um dia, conseguimos que ela fosse ao colo do médico; surpresa, receosa, a pirralha, dois aninhos, passou a mão no rosto de Bambão e comentou aliviada:
- Nem suja, né, papai?