Sexta, 09 Junho 2023 07:19

    Professor Diomedes: lenda da educação roraimense encontra-se registrado em poucas publicações

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    Professor Diomedes: lenda da educação roraimense encontra-se registrado em poucas publicações Manipulação: Aroldo Pinheiro

    Na rua Professor Diomedes, o prédio caindo aos pedaços, sem manutenção por muitos anos, nem de longe remete ao professor que chamou para si a responsabilidade de ensinar as almas do Vale do Rio Banco

    Boa Vista ainda pertencia ao Estado do Amazonas e ganhara o status de cidade havia pouco mais de uma década quando o paraibano Diomedes Pinto Souto Maior aportou por aqui. Em 1905, aos 26 anos de idade, fizera périplo de Campina Grande (PB), onde nasceu, ao Rio de Janeiro, onde foi militar, depois Amazonas até chegar ao extremo norte do País, já como professor.

    Começava o casamento perfeito entre o profissional do magistério e as crianças sem escola. O professor Diomedes ensinava na própria casa, à falta de prédio escolar disponível. Casa alugada, pois o salário, vindo de Manaus, além de insuficiente para investir num imóvel, muitas vezes demorava tempos para chegar às suas mãos.

    Casado com Bernardina Rodrigues Pará Souto Maior, pai de seis filhos (Jandira, Aracy, Joel, Joaquim, Diomedes e Coema), o mestre era rigoroso com a garotada. Naqueles tempos, o professor tinha o direito até de usar a força na arte de educar. Com muita competência no ofício, compromisso com o saber e duas palmatórias (Faceira, mais leve, e Cabocla, o terror dos alunos), ele conseguia extrair o melhor da meninada.

    Naquela época, o ensino local ia até a quarta série. Depois, quem estivesse preparado enfrentaria o temido exame de admissão ao Ginásio, espécie de vestibular dificílimo, principalmente para crianças com idade entre 10 e 12 anos. As provas aconteciam em Manaus. Todos os alunos dados como prontos por ele passavam na peneira.

    Também, pudera, a bateria de exercícios, testes e provas aplicados durante o ano garantiam forte conteúdo aos candidatos a ginasianos.

    Polivalente, o professor Diomedes ensinava Matemática, Português, Geografia, História e Ciências com profundidade. O mestre exigia o melhor dos alunos em todas as matérias.

    Faceira e Cabocla - as palmatórias que ajudaram muitos roraimenses na conquista de diplomas

    O administrador público, ex-prefeito de Boa Vista e ex-deputado federal Júlio Augusto Magalhães Martins integrou a última turma de alunos do professor Diomedes, falecido em julho de 1947. “O mestre foi o grande responsável pelo sucesso de, pelo menos, duas gerações de roraimenses, cujo desempenho nos estudos surpreendia os professores de outros estados”, diz Júlio. “Lamento muito a escola onde estudei e leva o nome do professor estar destruída, em total desrespeito à memória de quem tanto fez pela Educação nesta terra”, protesta Martins.

    A escritora Cecy Lia Brasil, presidente da Academia Roraimense de Letras (ARL) não foi aluna do mestre, mas guarda parte do acervo do professor em sua casa. “O professor Diomedes Souto Maior, homem de grande cultura, é o patrono da nossa Academia. Sua memória deve ser preservada pelos relevantes serviços prestados por ele à Educação em nosso Estado”, enfatiza Cecy. “Até as palmatórias constam do acervo”, lembra ela.
    O professor Diomedes deixou herdeiros de seu saber entre filhos, netos e bisnetos com destacada atuação em diversas áreas da vida pública e privada. O mestre merece todas as homenagens.

    Mesa de trabalho da residência de Diomedes Souto Maior com alguns ítens pedagócios e objetos pessoais do professor: Cadernos de Caligrafia;

    lupa; Tabuada; cédulas de dinheiro da década de 1940; tinteiro; mata-borrão; óculos; e as temidas palmatórias (Foto: Fernando Quintella)

    Lido 542 vezes Última modificação em Sexta, 09 Junho 2023 07:36
    Fernando Quintella

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