Na década de 1980, Roraima ganhou a Rádio Pipoca, “emissora” criada por Júnior Campos para animar a capital e o interior. Longe de ter transmissores potentes ou estúdios caprichados, tratava-se de picape preta, com sistema de som na caçamba, alimentado pela bateria do carro. Dali, Júnior criava programas como “Madrugada Pipocal”, paródia ao “Fim de Noite Equatorial”, sucesso na voz de José Barros, pela rádio homônima.
Se faltava luz em baile do Iate, a Rádio Pipoca entrava no ar. Júnior, proprietário, locutor oficial, técnico de som e mais o que precisasse fazer, parodiava “O Mensageiro do Ar”, programa de recados transmiti do pela Rádio Nacional, fundamental a quem estava no interior e ficava sem comunicação com a família. Na versão alternativa, as notícias tinham como alvo amigos do locutor. “Atenção, Fulano. Sicrana avisa que o exame deu positivo! E manda abraços”. O fulano, claro, estava no baile, acompanhado da namorada...
Quando a banda Tokyo veio a Roraima, Supla e turma adoraram a Rádio Pipoca e passaram a dica a outros arti stas com shows marcados para Boa Vista. As meninas do grupo Afrodite se Quiser, ainda no aeroporto, perguntaram como poderiam assisti r à apresentação da “emissora”.
Na década de 1990, veio o bloco carnavalesco Rádio Pipoca. Eles anunciavam o enredo com antecedência. O repórter Sylvio de Carvalho encarregava-se da cobertura do bloco. Às vésperas do desfile, Júnior comunicava a mudança do tema. Sylvio entrava na redação, escrevia a matéria e avisava, rindo: “Os caras alopraram de novo. O enredo mudou”.
A banda Pipoquinha de Normandia apenas complementou o empreendimento. Saíram a Rádio Pipoca, o carnaval e o improviso, entrou o esquema profi ssional. Mesmo assim, senti mos falta daqueles tempos, em que o microfone da “emissora” aterrorizava quem estava por perto.