Em Boa Vista há cerca de sete anos, onde mora de favor em residência de parentes, o rondoniense, cuja atividade tem sido a venda de picolés, dirigiu-se à Imobiliária Potiguar no dia 8 de janeiro, sexta-feira, para comprar um pedacinho de terra no loteamento Monte Cristo.
Depois de ver as condições oferecidas, timidamente, Oseas perguntou: “Posso pagar em moedas?”. Erasmo Sabino, proprietário da empresa respondeu—lhe que sim. “Quando ele chegou com um saco plástico e um bujão cheios de moedinhas, a emoção tomou conta de mim”, afirma o empresário.
Ao saber que aqueles quase cinco quilos de moedas tinham sido economizados com a venda de picolés, Erasmo tomou a decisão de doar um terreno ao trabalhador. “Eu vim do Nordeste e sei das dificuldades que pobres honrados enfrentam para sobreviver”, justifica Sabino.
Na imobiliária, colaboradores se sensibilizaram com a atitude do patrão. Depois de colocar fotos e contar a história no Facebook, Erasmo surpreendeu-se com a repercussão. “Até hoje (11 de janeiro), o post recebeu milhares de curtidas e comentários e dezenas de compartilhamento. Atores, jogadores de futebol, empresários e pessoas comuns entraram em contato comigo: todos querendo contribuir com a casa que Oseas vai construir em seu lote”, diz o empresário.
No dia 9, sábado, Erasmo Sabino entregou o documento do lote, quitado, para Oseas. Na segunda-feira, 12, o empresário conduziu o novo proprietário até uma agência da Caixa Econômica Federal, onde uma conta foi aberta para que o picolezeiro guarde suas economias com segurança.
Emocionado, ao site de notícias G1, Oseas declarou: "Agradeço a Deus e ao ‘seu’ Erasmo por essa doação e pela sua caridade. Não tenho palavras no momento”. Sobre a construção da casa, ele limita-se a dizer: “Esta é uma nova etapa".
TRABALHO DIÁRIO
Utilizando uma motocicleta com baú adaptado, Oseas percorre bairros de Boa Vista comunidades próximas da capital oferecendo seu produto. Ele afirma que seu trabalho tem hora para começar, mas não para terminar. Sua tática: vender em localidades mais afastadas e no interior do Estado, pois “não tem concorrência. Meu faturamento diário é entre R$ 30 e R$ 50. As moedas que recebia nas vendas, eu colocava num galão e ia contando até chegar ao valor da entrada do terreno. A força de vontade me motivou a realizar meu sonho", conclui.
Terreno similar ao doado por Erasmo Sabino a Oseas dos Santos é comercializado por R$ 54 mil.
(Fonte: G1)