Você já deve ter ouvido – e até usado - a expressão acima depois de dar fim a relacionamento amoroso. Soa com o desdém de quem despachou o(a) parceiro(a) sem remorso ou constrangimento. “Fulano? Já era. A fila andou”, mesmo se não houver fila. Todos querem sair por cima.
No nosso caso, a fila é outra, no sentido literal. Chico Anísio fazia piada com a situação. “No Brasil, fila boa é aquela em que você precisa perguntar a quem está próximo se ele está na fila. Se confirmar, assim como cinco outras pessoas que foram ali e já voltam, melhor ainda”, ironizava o falecido comediante cearense.
Tem quem use idosos para driblar as filas. A senhorinha chega na caixa, saca grande quantidade de boletos e faturas, começa a pagar vagarosamente cada uma delas. Poderíamos chamar de idoso de aluguel. O pessoal se irrita, mas prioridade é prioridade. Alguns lugares criaram a caixa exclusiva dos idosos, na tentativa de aliviar a encrenca. Nem sempre dá certo.
Na sexta-feira, minha sogra, dona Nilcéa, entrou em casa animadíssima. Os bancos decidiram criar a preferência da preferência. Quem tiver mais de 80 anos escapa da fila. Qualquer fila. Tem atendimento direto. Aos 89 anos bem vividos, com muita alegria e disposição, Ceinha comemorava a iniciativa. Afinal, já estava mesmo na hora de respeitarem octogenários. “Garotos” mal entrados nos 60 anos, alguns até sarados, tomavam o lugar dessa turma oitentona.
Também animado com a notícia, dei corda no papo. Lá pelas tantas, lancei a ideia revolucionária: “Quem sabe, se vocês forçarem a barra, os banqueiros decidam pelo atendimento residencial a quem tem mais de 90 anos?” A menos de um ano de mudar de turma, ela adorou a ideia. Se cuida, gerente!