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    Segunda, 19 Novembro 2018 18:10

    Eu prefiro a esbórnia

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    Vamos sair pra tomar umas? É isso e pronto! Motivos podem ser muitos ou nenhum para bons momentos, alguns tragos, muitos goles... Bons instantes de prazer não precisam de muito pretexto não! A vida é uma inconsequência do acaso: hoje estamos aqui; amanhã, quem sabe....

    Todo boteco carrega em si um pouco de tudo que perdemos no caminho da vida: juventude, sonhos, amores.. É nessas doses amargas e nas cinzas que caem das baganas do cigarro que tentamos esquecer tudo isso, dessas parcas oportunidades que vieram e se foram sem termos percebidos que ali estavam. Vida segue!

    Nem sei direito de que se trata essa crônica. Se minhas noites mal dormidas pelos meus porres loucos ou das mal dormidas noites pelas ressacas dos meus porres loucos! Simplesmente não sei, até porque nem nas noites eu saio mais, e os botecos já fecharam as portas quando eu os procuro na madruga.

    Pensando aqui com meus botões: por que se prefere a esbórnia? Cheguei à conclusão de que o que nos resta é essa pálida opção da fútil e miserável mesa de um bar, rodeado por semelhantes com as mesmas e desinteressantes vidas. A embriaguez é a pílula vermelha que nos remete ao nirvana ou ao nada.

    O boteco é a esbórnia sintetizada no tempo-espaço, é simplesmente um lugar; um ambiente indefinido entre algumas coisas, objetos sem muita utilidade, mesas, cadeiras e o nada. Música ruim (quase sempre!), terríveis tira-gostos e supostos garçons que nem sempre são isso que a palavra diz o que é: são pessoas que servem as mesas e, com o tempo, tornaram-se um amigo. Nesse contexto empírico, somos todos um só freguês coletivizados em muitos “homo etílico sem rostos”. É como se nos transformássemos em vários bêbados sorvendo um só copo. Todos têm as mesmas utopias, quimeras já esquecidas ou tantas vezes lembradas dessa desilusão que a cachaça provoca, dessa coisa torpe que nos ilude e que nesse breve interstício vamos esquecer o que não queremos esquecer, mesmo sabendo que não queremos lembrar de nada.

    Vamos ao Korova tomar uma! Ou algum copo-sujo que nos dê alguma alegria! Ou a alguma bastança que faça sentido, que nos venda algo forte para nos tirar dessa fantasia que é o mundo real. Vamos tomar umas e quando formos perguntados onde fica a latrina, simplesmente responda: “Você está nela!”. Como disse Cazuza: “E me lembrar, sorrindo, que o banheiro é a igreja de todos os bêbados”. Vamos afogar nossas mágoas, até porque, nelas, já estamos imersos...vamos sim, rir o riso de mais uma semana que nos amargurará dessa tola existência medíocre”.

    Então é isso, vamos tomar uma!

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