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Terça, 10 Janeiro 2017 21:19

Dica ensina como viver 100 anos-

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Dica ensina como viver 100 anos- Aroldo Pinheiro

Inteligente, simpática, boa de papo, lúcida, a acreana roraimada, que chegou ao vale de Boa Vista do Rio Branco em 1949, comemora um século de vida

De Sena Madureira, no Acre, ela mudou-se para Manaus. “Uma minha irmã disse que ‘a riqueza estava aqui, onde diamantes brotavam nas ruas’”. Com 33 anos, espírito de aventura nas veias, Francisca Baltazar deixou emprego, amigos e familiares para trás e, com 11 outras pessoas, entrou num “motor”, enfrentando 19 dias de viagem sobre a água, cortando florestas, até chegar à terra prometida.

Em Boa Vista, umas poucas almas vivendo em casebres plantados no meio do nada foi tudo o que ela encontrou. “Pensei em voltar. Mas como? O ‘motor’ já havia partido e ninguém sabia quando teria outro. Fui ficando...”, conta Dica, com um sorriso nos lá.

Na administração do recém-criado território federal, Francisca conseguiu emprego e, aos poucos, adaptou-se à modorrenta, mas agradável, vida do lugarejo.

Passado algum tempo, Dica casou-se com Francisco “Chiquito” da Silva e, ao mundo, trouxe cinco bonitas meninas que, quando adolescentes, faziam garotos subir e descer ladeira, só para verem – e serem vistos – pelas três loirinhas do Calungá.

As loirinhas e duas morenas deram 10 netos, 27 bisnetos, seis trinetos e um tetraneto a Francisca Baltazar da Silva. No dia 6 de janeiro, sábado, as meninas e boa parte dessa gente que veio ao mundo a partir da acreana se reúnem e homenageiam a centenária.

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 (ARQUIVO PESSOAL)

ROTINA

Dona Dica não dá trabalho. Não tem nenhum problema da saúde, não tem dieta especial. “Como de tudo, mas minha preferência é pizza com Coca-Cola”, afirma. A centenária ocupa o tempo com leitura, livros de pintura e orações. Rezar terço diariamente é coisa sagrada para ela.

A velhinha gosta de passear e as filhas sempre lhe proporcionam visitas a cidades vizinhas e balneários.

Comparando a vida de tempos passados com os dias de hoje, ela só reclama da violência: “Antigamente, nossos filhos saíam e a gente ficava despreocupada; hoje não. Hoje, mesmo atrás de grades, a gente vive com medo”, lamenta.

Dona Dica agradece a Deus por ter uma família muito unida e atribui ter  chegado a essa idade porque sempre procurou fazer o bem e vive sem se preocupar com o que o Senhor há de trazer.

 

 

 

Lido 2281 vezes Última modificação em Quarta, 25 Janeiro 2017 02:53
Aroldo Pinheiro

Aroldo Pinheiro,  roraimense, comerciante, jornalista formado pela Universidade Federal de Roraima. Três livros publicados: "30 CONTOS DIVERSOS - Causos de nossa gente" (2003), "A MOSCA - Romance de vida e de morte" (2004) e "20 CONTOS INVERSOS E DOIS DEDOS DE PROSA - Causos de nossa gente".

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