Ulisses Moroni

    Ulisses Moroni

    Segunda, 10 Abril 2017 14:32

    Crianças sempre crianças

    Aqui em Boa Vista tenho visto algumas cenas que demonstram a força de “ser criança”, de sua forma de ver o mundo. Três cenas que presenciei com nossos irmãos venezuelanos,
    que vêm para cá tentar vida nova:

    Na porta de uma lanchonete ficavam aquelas índias, com filhos pequenos ao lado, pedindo esmolas. Inclusive parece que saíram de Boa Vista, não mais as vi nos semáforos. Entrei na
    lanchonete e me pediram uma esmola. Não daria dinheiro, mas um alimento sim. Comprei um pacote de balas para meu filho e uns salgados para aquelas crianças, eram duas. Dei os salgados para a mãe, sob o olhar indiferente dos infantes. Quando viram na minha mão o pacote de balas, os olhos delas brilharam e passaram pedir as guloseimas. A mãe até não gostou, parece que somente ela deveria pedir esmolas. Mas entendi a mensagam e dei as balas às crianças. Que alegria sincera em seus olhos e sorrisos!

    Caminhando para meu o carro estacionado, vi uma cena mais forte. Numa lixeira, uma família de venezuelanos mergulhava para buscar algo. Era um lixo grande, um tambor, de um
    establecimento comercial. Também havia duas crianças, e de repente uma delas achou ali dentre algo similar a um brinquedo. Foi o suficiente para a outra se aproximar e brincar junto, pela calçada, se afastando dos pais que se mantinham mergulhados na lixeira. 

    Num caixa eletrônico de um banco umas duas ou três famílias venezuelanas se protegiam do calor sob o ar condicinado. E aproveitavam para pedir esmolas. Dentre oa adultos, apenas
    mulheres. Parece que eram avó, mães e tias. Umas cinco ou seis crianças com elas. Os adultos, na porta, um local estratégico, pediam cédulas. Estratégico, pois quem vai ali via de regra saca dinheiro.

    Como os adultos logo recebiam um sonoro não dos clientes do banco, então era a vez das crianças ‘entrarem em ação’. Elas iam até os clientes já nos caixas e pediam algo, geralmente
    estendendo a mão. Mas, ali também logo falava mais alto sua principal característica: serem crianças! Uma vinha por trás e pulava nas costas da outra, que passava a correr. As outras aproveitavam que o espaço era grande e passavam a correr também, umas pulando e sobre as outras, brincando e se divertindo!

    Sob o olhar meio reprovador dos pais, que talvez desejassem delas que fossem bem sucedidas nos pedidos de esmolas. Mas talvez se esquecessem que crianças, antes de tudo, da condição econômica, da nacionalidade, ou qualquer outra coisa, são crianças! Sedentas de brincar, pular, sorrir e gritar.

    Read More
    Domingo, 05 Março 2017 21:00

    Acessibilidade: sentindo os obstáculos

    Eu estava caminhando, e também correndo um pouco, numa praça aqui em Boa Vista. Um dos muitos bons espaços públicos que temos, nem todas as cidades são assim. Praça agradável, havia muita gente por lá. Já apresenta sinais de deterioração, pede manutenção. Espero que não deixem se acabar.

    Eu corria, quando de repente acabou a energia. Ficar no escuro, sem energia, também outra peculiaridade local... Tudo escuro por alguns momentos. Mas, durar alguns segundos não quer dizer instantâneo. Alguns segundos podem ser momentos infinitos. E foram.

    Corria, estando bem aquecido. Tinha pegado um bom ritmo, boa velocidade para a ocasião. Aquela praça tem sarjetas altas, e várias rampas que rebaixam na calçada, para cadeirantes. Também havia algumas obras, havendo objetos nas pistas.

    Crianças brincavam, e ciclistas pedalavam. Outras pessoas correndo e caminhando.

    Quando a energia cessou, apagando a iluminação, até que a minha “ficha caísse”, eu ainda corri um pouco. E confesso me senti plenamente vulnerável! Vi-me correndo a pé no escuro total. Nos primeiros momentos é pior, pois ocorre a adaptação da visão. Já me preparei para um acidente tipo: cair em buraco, na sarjeta, colidir com criança ou ciclista, colidir e me esfolar nos objetos das obras que estavam espalhados, colidir com alguma das várias pessoas que ali estavam também correndo ou caminhando. E outras incontáveis formas de acidentar-se!

    Logo, parei. A minha visão se adaptou à reduzida luminosidade. Controlei a situação, e as demais pessoas também assim fizeram.  Fizemos todos um contrato silencioso de cautela. Os faróis dos veículos passaram a servir de guia. Não tive como não me colocar no lugar de um deficiente visual. SEM LUZ, O MUNDO PARECIA UM LABIRINTO DE ARMADILHAS! Ainda que eles se adaptem à sua condição física, deu para ter uma impressão das suas dificuldades.

    Também coloquei-me no lugar de quem utiliza muletas. Precisam manter o máximo de equilíbrio, podendo cair com mínimo degrau no solo. Recordei-me de Herbert Vianna, músico que se acidentou e hoje é cadeirante. “Para quem utiliza cadeira de rodas, degrau de um centímetro torna-se um muro!”, disse ele.

    Fui-me embora caminhando, me guiando pelas luzes dos automóveis. Funcionou, exigindo muita atenção. Nada melhor para entender as barreiras do outro do que estar no seu lugar. Todos que lidam com arquitetura urbana deveriam caminhar e empurrar carrinhos de bebê pelas ruas. Serão mais eficazes na sua atividade!

    Read More
    Segunda, 13 Fevereiro 2017 01:19

    Nada como o tempo

    Certa pessoa enfim foi pleitear o BPC – Benefício de Prestação Continuada. Este o nome correto do benefício concedido aos maiores de 65 anos. Chamamos impropriamente de aposentadoria. É concedido a todos, mesmo sem ter contribuído para a previdência. Basta ser considerado economicamente carente, de acordo com a lei.

    Lembrando que o BPC tem o valor de um salário mínimo.

    Nosso protagonista é um brasileiro honrado, cidadão exemplar. Trabalhou mais de quarenta anos, até que passou a ter problemas de saúde, e teve que reduzir as atividades. Ficou contando os minutos para chegar aos 65 anos e conquistar um pouco de tranquilidade.

    Trabalhou tanto na vida que até deixou de pagar suas contribuições previdenciárias. Se assim tivesse feito, já teria se aposentado. Mas, sempre pensou na família, criou e formou sete filhos. Também conseguiu que a esposa não precisasse trabalhar enquanto os filhos eram pequenos.

    Para receber o Benefício de Prestação Continuada, necessário analisar a renda de todos que moram na casa. Quando ele preencheu o cadastro, colocou ela como sua companheira em união estável. Quando foram analisar os dados dela, constou que ela era casada, mas com outro homem! Isto parou o processo, esclarecimentos seriam necessários.

    Eles viviam juntos já mais de trinta anos, em união estável. Apenas com a força do amor, e sem papeis, como ele se orgulha de afirmar. Na juventude, ela foi casada formalmente com um sujeito trinta anos mais velho. Era ainda uma menina e, de hora para outra, foi viver com um estranho como sua esposa. Não deu certo e, antes que viessem filhos, ela foi-se embora, sem olhar para trás. Para não ver mais o antigo marido, nem foi atrás de fazer o divórcio legal. No ‘papel’, ela permaneceu casada com ele a vida toda. Sofreu demais, tanto que tentou esquecer tudo. O que gerou o problema para o homem de sua vida.

    Necessário identificar seu esposo, para resolver a situação previdenciária. Algo burocrático, mas inafastável. Ela dizia que o ex-marido chamava-se TIÃO DE TAL. Então, buscou-se incansavelmente um SEBASTIÃO. Até que ela encontrou um documento antigo, e constatou que o nome do ex-marido era JOÃO DE TAL!

    Fizeram pesquisas no órgão previdenciário, e constatou-se que JOÃO DE TAL tinha falecido há apenas um ano. Tudo esclarecido, foi deferido pedido do BPC. Disse que aquele período foi tão triste para ela, que resolveu esquecer tudo que conseguisse. Depois de um tempo, nem mesmo recordava o nome do ex-marido! Como diz o ditado, “o tempo cura todos os males!”

    Read More
    Domingo, 13 Novembro 2016 22:26

    Ficaram seis vidas para o gato

    Mudei-me para uma casa certa vez, e lá havia um gato morando. Era uma moradia coletiva, e um vizinho disse-me que era do antigo morador. O dono se foi, e o gato ficou, como diz a lenda. Era todo branco, parecia que tomava banho diariamente. Sinceramente, não gostei da ideia no início. Com o tempo fui me acostumando.

    O bichano era na dele, não fazia sujeira e não entrava em casa.

    Depois de um tempo, passei a comprar ração e colocar na varanda a noite.

    Moradia coletiva, estacionamento coletivo. Havia um portão motorizado, e cada morador tinha seu controle. Pintaram tudo de branco, o portão, capa do motor e o muro. Ficou da cor do gato.

    Uma manhã fui sair de carro e acionei controle para abrir o portão. Foi quando escutei uns gritos fortes, tipo pedido de socorro misturado a muita dor. Um enorme susto, vinha do portão. Até cheguei a pensar que tivesse prensado uma criança, tamanho meu pânico. Mas eu não via nada.

    O portão em movimento, tentei parar, mas não deu, abriu até o final.

    Olhei com muita atenção e descobri a causa: um gato todo branco ficou preso em meio ao portão, parede e trilho de movimentação. Como era branco, e o portão também, eu me confundi.

    A situação era trágica, o felino estava esmagado pelo trilho. Tentei tirá-lo, mas não teve jeito. Então a solução foi fechar o portão. O gato estava imóvel, aparentando morto. O portão fechou-se e o gato ficou livre. Tombou para o lado, caindo imóvel no chão.

    Cheguei perto para pegá-lo, quando tomei outro susto. O bicho soltou um miado forte, deu um saldo sobre o portão e caiu na rua. Correu como uma bala de revólver, logo sumindo.

    Fui trabalhar e no caminho lembrei do “meu gato”. Aquele gato prensado se parecia com ele. A noite eu teria certeza, pois o encontraria - ou não - em casa.

    Cheguei do trabalho e fiquei aguardando, mas o bichano não veio. Isto se repetiu nos dias seguintes. Hipótese: matei meu amigo de quadro patas!

    Dias depois, ouço um barulho na varanda, vou lá e quem encontro? O gato pedindo comida! Ele estava inteiro, aparentemente sem lesões.

    O leitor poderá questionar: será que meu gato realmente era aquele que foi esmagado no portão? Há muitas semelhanças entre gatos brancos... Realmente o questionamento tem lógica. Porém, minha certeza do gato esmagado ser o meu era absoluta.

    Quando chegou em casa, o gato parecia uma zebra, com as marcas do trilho do portão sobre o corpo. Então, nesta história teve apenas um gato. A conclusão é que a lenda é verdadeira: GATOS TÊM SETE VIDAS!

    Read More
    Quinta, 06 Outubro 2016 01:24

    20 anos, logo ali!

    Neste ano, 2016, retorno a 1996, e um número se ilumina como título da minha reflexão: Faz 20 anos! Como um susto, ou um acender de luzes, vejo que uma passagem importante de minha vida recebe agora esta coroa: duas dezenas de anos.

    Naquele ano, comecei a trabalhar na Justiça Federal em Franca, São Paulo. Logo depois, em 1998, saí de lá para assumir o cargo e a cidade onde estou até hoje. Uma rápida passagem, mas muito importante e marcante para mim. Retorno no tempo e tento olhar daqui, de hoje, a visão de futuro que eu tinha lá em 1996.

    A conclusão primeira é que lá, com 27 anos, eu não concebia como realidade ter em minha memória um lápso de 20 anos! Hoje eu me espanto pensando em fatos mais até mais distantes.

    Brevemente, espero escrever “há 50 anos!” Em outubro de 1996 fui convocado como mesário numa das primeiras sessões eleitorais com urnas eletrônicas. Uma experiência então pioneira, até desacreditada. Hoje, todas as eleições brasileiras são praticamente concluídas no dia da votação.

    Os celulares talvez fossem notícia de pesquisa no exterior. A privatização da telefonia apontava que muita coisa boa viria. Mas eu jamais pensava que em duas décadas haveria o tal celular totalmente difundido, qualquer pessoa podendo ser localizada onde está em qualquer lugar.

    Telefone era algo caro, pouco acessível. Hoje, há mais linhas telefônicas do que pessoas no Brasil. Ainda existiam máquinas de escrever.

    Os editores de texto vieram para tornar a arte ou ofício de escrever algo simples, acessível e eficaz. Mas eu testemunhei uma revolução: aprimoramento e difusão da internet. Informações e mais informações ao alcance de todos, de graça, a qualquer momento. Redes sociais para reduzir o mundo a uma vizinhança. Chance de todos falarem e mostrarem o que desejam. Na rede, enquanto o pedestre reclama da acessibilidade, o prefeito pode estar lendo. O artista faz seu show e pode ser notado por milhares de pessoas, sem gravadora ou propaganda. A garota bonita sai do cabelereiro, bota sua foto e vira uma modelo tão vista quando aquelas das capas de revistas. O Brasil realizaria Copa do Mundo e Olímpiadas, e fazendo bonito. Nossa seleção sofreria a mais humilhante derrota de sua história em casa. Mas depois conquistaria a medalha de ouro olímpica em pleno Maracanã!

    Nestes 20 anos, foram muitas as revoluções que vivi em minha vida e testemunhei no mundo. Que Deus me dê outros 20 anos, para eu me olhar hoje, aqui em 2016, e saber que meu otimismo na vinda mudanças intensas e positivas estava correto!

    Read More
    Segunda, 12 Setembro 2016 15:40

    A oportunidade e o livre arbítrio

    Três pessoas denunciadas por dois furtos, em residências de Boa Vista. Fatos ocorreram há mais de dez anos. Todos os réus tinham, na época, idades próximas aos dezoito anos.

    Processo antigo, fora encaminhado ao mutirão da justiça penal. Concluí a instrução processual, participando das audiências. Chamou minha atenção pelo destino dos réus.
            
    O primeiro, ao sair da prisão, foi participar de crimes mais graves. Ele acabou morrendo em confronto. Não sei se com outros bandidos, ou com a polícia.

    O segundo permaneceu na marginalidade. Não conseguindo emprego ao sair da prisão, voltou a furtar. Foi novamente preso e processado. Agora reincidente, ficou na cadeia mais tempo. Saiu novamente. E, novamente... 'caiu'. Não cometeu crimes mais graves, ficando 'apenas' nos furtos. Reincidente, terá dificuldades de sair em condicional ou liberdade provisória. AQUELA CHANCE QUE ELE TEVE LÁ ATRÁS... FICOU LÁ ATRÁS! Ele ainda é jovem, antes dos trinta anos. Terá outra oportunidade daqui a algum tempo.

    Porém, o terceiro reú chamou muito mais minha atenção. Considerado o mais perigoso dos três na época dos fatos, foi abandonado por pai e mãe. Envolveu-se nas chamadas ‘galeras’ de jovens, que pintavam o terror. “Semente de coisa boa” ele não era! Seguindo a lógica dos outros dois réus, eu não esperava boas notícias do terceiro.

    Fiquei muito surpreso quando ele entrou na sala. Era uma pessoa que eu conhecia de vista, um empresário local. Contou-me que todos ficaram presos pelo mesmo tempo, no primeiro fato. Foram soltos praticamente juntos.

    Assim que ele saiu da prisão, teve oportunidade de trabalhar com um serralheiro, na manutenção e fabricação de portões. Passado um tempo, pediu demissão para tentar ser empreendedor. E deu muito certo. Trabalham com ele atualmente umas doze pessoas. Tem dois filhos, mostrou as fotos.

    Houve tempo para conversar mais com ele sobre o assunto. Reconhece o erro que cometeu. Não expõe o fato do processo como cartão de visitas, pois se trata de passado distante. Hoje ele é outra pessoa. Disse que teve a oportunidade de trabalhar e precebeu que poderia dar algo melhor à sua vida. Fez isso. Sua mudança não se motivou por religião,  programas de recuperação governamentais ou mesmo um amor.

    Logicamente, foi condenado pelo furto cometido. Como era primário, e o crime não foi grave, houve substituição da pena de prisão por  prestação pecuniária. Uma ilustração do ditado popular: QUERER É PODER!

    Read More
    Segunda, 08 Agosto 2016 20:28

    Ainda tenho muito a fazer por aqui

    Eu lia um jornal de Manaus e vi uma notícia sobre a novel Avenida das Torres.

    Trata-se de via expressa que corta parte da capital amazonense.

    Via de alta velocidade, que fica mais rápida à noite.

    Recordei de um episódio ocorrido comigo nessa avenida.

    Quase me envolvi em um acidente, que provavelmente seria fatal.

    Eu andava dirigindo meu carro, à noite, já altas horas.

    Como não conhecia bem o lugar, sem querer adentrei na avenida sem parar!

    Talvez por ser obra recente, não havia placa de PARE na rua onde eu andava.

    Eu achava que estava na preferencial...

    Cruzei, e uma picape veio na minha direção pela via preferencial.

    Andava com velocidade superior a uns 100 km/h.

    Cruzei a avenida, quase junto à picape.

    Foi possível sentir o vento dela passando por detrás do meu carro.

    Um segundo a menos, e colidiria com minha porta.

    Provavelmente eu sofrereria uma lesão grave ou mesmo fatal.

    Desta recordação, outras cenas surgem, na minha parede da memória.

    Moleque, de bicicleta, uma vez fui querer segurar em um caminhão, pegando carona.

    Todo mundo fazia isto, achei que seria fácil. Segurei com a mão esquerda o caminhão, e com a direita o guidão da bicicleta.

    Era frio e eu usava uma jaqueta.

    Não sei o que aconteceu, mas minha roupa ficou presa no caminhão.

    Este corria cada vez mais, e eu não conseguia me soltar.

    De repente chegou um quebra-molas, e o caminhão reduziu a velocidade. Com salto do quebra-molas eu pulei, e minha roupa soltou.

    A bicicleta desgovernou, e fui ao chão, mas miraculosamente nada aconteceu.

    Menino ainda, resolvi descer um escorregador na lateral de uma piscina funda.

    Estava vazia, e tive uma "ideia brilhante": desceria até o fim da rampa e, antes de cair na água, com os pés eu parava.

    Detalhe: EU NÃO SABIA NADAR!

    Claro que não consegui parar e caí na água.

    Houve um milagre: invés de eu morrer afogado, aprendi a nadar!

    Outra vez, já adulto, entrei numa construção.

    Deveria usar capacete, mas não usei.

    Erro também quem deixou-em entrar sem a proteção.

    Uma barra de ferro cai do alto em cima de mim.

    Quando eu virei para ver o que acontecia, tirei a cabeça de sua trajetória.

    Senti o vendo nos meus ouvidos. O impacto foi tão forte que perfurou o piso.

    São muitas as cenas 'POR UM TRIZ' na parede da memória.

    O céu não me chamou em nenhuma destas ocasiões.

    Acredito que Ele quis me dizer que ainda tenho muito a fazer por aqui.

    Certamente o Criador, com sua concessão, espera que eu faça o bem.

    Espero não desapontá-lo!

    Read More
    Segunda, 11 Julho 2016 03:56

    Monteiro Lobato: infância e brasilidade

    Saudade, muita e boa saudade!

    Esta a melhor para palavra para descrever a sensação que tive ao ver uma foto do principal elenco da primeira versão do "Sítio do Pica-pau Amarelo" - série de televisão baseada na obra do escritor Monteiro Lobato, criada e transmitida pela Rede Globo no final dos anos setenta e início dos oitenta.

    Os personagens da foto eram Dona Benta, Tia Anástacia, boneca Emília, Visconde de Sabugosa, Pedrinho e Narizinho. Estes os principais, de todos os episódios.

    Mas havia outros, a bruxa-jacaré Cuca, o saltitante Saci Pererê, Tio Barbabé, o porquinho Marques de Rabicó, o burro-sábio Conselheiro...

    Vendo isto, parece que retorno no tempo. Meus pensamentos voam e, como num filme, assisto-me em uma cena.

    Estou saindo da escola, segundo, terceiro ou quarto ano do primeiro grau.

    Naquele tempo se chamava assim. Hoje, o quarto e quinto anos do ensino fundamental.

    Eu saía das aulas querendo chegar logo em casa, para assistir ao 'Sítio'.

    Estudava à tarde. Saía rápido pelas ruas entre a escola e minha casa, calculando a velocidade dos passos para chegar na hora de o programa começar.

    Usava uma mochila tipo pasta, ia alternando de uma mão para a outra, para não incomodar.

    Antes, um copo de leite, pãozinho, alguma fruta, e... televisão!
    Quantas gerações de brasileiros não fizeram isto.

    Depois as crianças da série cresceram, e colocaram outras. Mas a primeira versão é inesquecível.

    Quanta infância, quanta alegria, quanta criatividade.

    A magia de Monteiro Lobato, a competência dos atores e produtores.

    Sim, pois os artistas da televisão se uniram com o artista das letras.

    O resultado foi sempre um bom episódio.

    Havia humor, suspense, conhecimentos técnicos e morais, inteligência emocional.

    Quanta alegria, que saudade!

    Pergunto-me se Monteiro Lobato teve aquela infância? Ou se inspirou na de seus filhos? Se foi assim, que paizão foi ele.

    E, porque não falar, quanto brasilidade!

    A Cuca, apareceu aqui agora.

    O Visconde de Sabugosa, sempre um cientista, um sábio.

    Emília, a percepção feminina aguçada em tudo que olhava.A música tema, seu refrão, "Sítio do Pica-pau amarelo, sítio do pica-pau amarelo...! Um trecho da música de um episódio: "Sete piratas sobre um caixão, ho!, ho!, ho!, e uma garrafa de rum. No fim da bebida, saiu confusão, ho!, ho!, ho!, e não sobrou nenhum! Tum tum tum tum tum tum". Cantada em coro. Que boa recordação!

    Passado sim, mas a alegria inesperada que estas lembranças trouxeram é presente, sentida aqui e agora.

    O bom passado é sempre presente, uma alegria conquistada na estrada da vida.

    Que o espírito de Monteiro Lobato reencarne, para criar histórias na era da internet, para as crianças de hoje!

    Read More
    Página 2 de 2
    © 2022 Criado e mantido por www.departamentodemarketing;com.br

    Please publish modules in offcanvas position.