Segundo Jaider Esbell, artista do povo Macuxi e articulador do evento, o encontro surgiu com o propósito de reunir pessoas de diferentes origens e realidades específicas com o grande mundo. “Assim, índios e não índios vivenciam experiências únicas e a socialização acontece de diferentes formas, em diferentes magnitudes, tendo a arte como base e seus desdobramentos acompanhados e medidos”.
O luxo e a exibição dos povos indígenas parecem mesmo ostentação, mas, para os artistas e artesãos envolvidos diretamente, não é. Trata-se de uma linha de trabalho muito importante, que é colocar o conhecimento ancestral, a arte, a cosmovisão de mundo dos povos indígenas a serviço de uma sociedade possível para todos. “Nós todos sabemos dos desafios dos indígenas na atualidade, mas não podemos aceitar que nossa identidade pare na primeira imagem, a do fracasso social e cultural, vista com frequência nas feiras e ruas da cidade”, alerta Esbell.
Nas palavras do articulador, o que se quer é dignificar o indígena por meio da beleza, da sabedoria, da saúde física e espiritual. “Não estamos de modo algum alheios às lutas de base por saúde, educação, terra e direitos. Nosso trabalho é abrir e ocupar novos espaços e lideranças tradicionais que entendem e apoiam essa iniciativa. Como indígenas, vemos todas as coisas em conjunto, mesmo que não pareça, nosso esforço é para todos e não iludimos, alertamos à luz do debate o que talvez seja inevitável, mas administrável”, diz Jaider Esbell sobre os desafios do indivíduo e do sentido de comunidade dos indígenas na contemporaneidade.
AVANÇOS E OPORTUNIDADES
A função social da arte é o primeiro e maior ganho que os artistas e artesãos podem comemorar. Hoje, a diversidade cultural nativa está mais conhecida no mundo. O trabalho do III Encontro é exatamente o tema Paisagem e Diversidade Nativa.
O que se quer é avançar objetivando o diálogo, o despertar, o orgulhar-se ou indignar-se. Há preocupação com uma sociedade que avança em política global, deixando os locais totalmente excluídos. O movimento refere-se à natureza, à resistência ao domínio puro do capital. Aborda ciência e busca uma forma de o todo com valores e práticas de índios. Em resumo, é um evento que consegue, com esforço próprio de seus idealizadores e o reforço de seus parceiros e apoiadores, mostrar um outro Roraima ao mundo e a si próprio para ser observado.
ROTEIRO
O III Encontro de Todos os Povos inicia-se às 14h do dia 29 de janeiro, no Espaço de Cultura e Arte União Operária, da UFRR. Na programação, além da exposição de arte, paisagem e diversidade nativa, haverá venda de artesanatos indígenas, panelas de barro, comidas, bebidas, debates, mostras de filmes além de muita convivência e interatividade.
O evento á aberto ao público de todas as idades e a exposição vai até dia 05 de fevereiro.
Mais informações podem ser obtidas pele e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. e pelo telefone 99959-2025.