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    O êxodo venezuelano separa familiares, amigos e parentes, mas, no outro lado, promove encontros de valores artísticos que surpreendem

    Com o advento de Nicolás Maduro à presidência, em 2013, o caos político e econômico tomou conta da Venezuela, levando mais de cinco milhões de pessoas a fugirem de seu país em busca de melhores condições de vida. Desses,  cerca de 300 mil estão no Brasil. Em qualquer lugar de Boa Vista, ouvem-se termos espanhóis pronunciados por expatriados que ocupam vagas em todos os setores produtivos do Estado.

    Se Nicolás Maduro provocou a separação de famílias, de grupos, oportunizou o nascer de novos relacioamentos, sejam de amizade, negócios ou arte. Exemplo disso é a dupla Avenida y Bohemia, que, utilizando-se de vozes, violões e kazoo (curioso instrumento de sopro) e caixa amplificada, fazem música popular de bom gosto e seguem tocando por bares, restaurantes, lanchonetes e esquinas da vida. Pablo Baute, 43, natural de Puerto Ordaz (VE), chegou a Boa Vista em 2016 onde, para sobreviver, submeteu-se aos mais brutos e humilhantes serviços, sem perder a esperança de poder trabalhar com música. Enrique Portal, 39, caraquenho, aceitou convite de um grupo de malabares para correr mundo vivendo de doações  e, em 2018, na praça de alimentação do estacionamento do Estádio Canarinho,  conheceu Baute. Ao verem que seus interesses musicais convergiam, depois de alguns ensaios, sentindo que  suas personalidades e sonhos se encaixavam, criaram o Avenida Y Bohemia. Claro que não foi simples assim. Para chegar aonde está, a dupla passou por muitos ensaios, por muitos encontros, por muita discussão até decidir repertório, arranjos, adaptações, detalhes. Ultimamente, a dupla tem se apresentado nas manhãs de sábado, das 8h30 às 11h, no Café Brasil (lanchonete na Praça João Mineiro). 

    Como (ainda) não dá para viver só de música, eles fazem das tripas coração para adaptarem os horários de suas atividdes de subsistência com os interesses da banda. "Esses encontros no Café Brasil também servem de ensaio, servem para que vejamos alguma falha e tratemos de corrigi-las", diz Enrique.

    A psicóloga Carmem Cabral Garcia, que, aos sábados, frequenta o Café Brasil, gosta de ouvir os venezuelanos cantando. "Eles são afinados, têm um bom repertório e o sotaque espanhol ao cantar músicas em inglês e português acrescenta um charme especial ao trabalho deles", comenta.

    Sobre o repertório, Enrique diz que as músicas brasileiras dos anos 1970 e 1980 são muito boas. Têm letras profundas, têm poesia e sempre agradam. "Antes de incluir uma música no nosso repertório - seja em inglês ou português - a gente procura entender o que o autor quer dizer para que, assim, possamos interpretar as palavras dele", justifica.

    Kazoo -  Durante os show, Enrique, muitas vezes, recorre ao kazoo para complementar os arranjos que, originalmente, seriam feitos por metais, como se fora o som de um saxofone. O kazoo, um popular e acessível instrumento de sopro, cujo desempenho é proporcionado pela vibração de uma membrana, faz-se presente. Para tocá-lo, o músico não deve soprar, mas sim cantar e/ou vocalizar através dele, o que adiciona um timbre metálico e "zumbido" à voz. 

     

    Kazoo

    O instrumento é originário da Àfrica e é muito utilizado em rituais daquele continente. O seu design moderno foi desenvolvido e patenteado pela Alabama Vest, dos Estados Unidos. Há versões em metal, plástico ou madeira.

    Dupla de três - Quando surgiu, o Avenida Bohemia, contava com a percussão do, também venezuelano, Fernando Millan. Por ter seu tempo voltado para outros projetos, hoje, Millan só figura na banda como participante especial. Quer contratar os rapazes? Faça-o por meio do Instagram AVENIDA BOHEMIA ou do WhatzApp: 9598412-9830

    A dupla em sua composição de trio: Fernando Millan, Enrique Portak e Pablo  Baute (Instagram)

    Publicado em Cultura e lazer
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