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    Segunda, 24 Dezembro 2018 14:34

    Suely Campos: rombo de R$ 190 milhões

    De ''cum'força - Servidores e fornecedores de bens e serviços botaram pra arrebentar a boca do balão

    Com a deflagração de três operações da Polícia Federal em Roraima, agentes da lei concluem que os desvios de dinheiro público ocorridos no governo Suely Campos cheguem a R$ 190 milhões. Por enquanto.

    Em menos de 30 dias, foram cumpridos 26 mandados de prisão preventiva. Na operação Escuridão, em 29 de novembro, que investiga desvios de recursos públicos do sistema penitenciário do Estado, pelo menos R$ 70 milhões foram desviados entre 2015 e 2018. Entre os presos, está Guilherme, filho da governadora Suely Campos, suspeito de ser dono da empresa envolvida no esquema. ex-secretários de Justiça, Ronan Marinho e Josué Filho, também estão confinados. No dia 4 de dezembro, foi deflagrada a Operação Tântalo, para desarticular organização criminosa envolvida em desvios de recursos públicos de merenda escolar, entre 2016 e 2018. Pelo menos R$ 19 milhões foram surrupiados.

    Cinco mandados de prisão preventiva foram cumpridos. Entre os presos, está o ex-secretário adjunto da Educação Shiská Pereira. No dia 15, com deflagração da Operação Zaragata, a Polícia Federal cumpriu 10 mandados de prisão. Deputada eleita, Yone Pedroso foi presa antes de ser diplomada. Wallace Barbosa, marido de Yone, ex-candidato a suplente na chapa da senadora Ângela Portela, está foragido. A CGU (Controladoria Geral da União) aponta irregularidades em diversos contratos. Num deles, há indícios de pagamentos indevidos na ordem de R$ 50 milhões.

    Passando a régua

    No início do segundo semestre deste ano, a então governadora apelou para Brasília reivindicando R$ 190 milhões para, segundo ela, repor gastos que o governo vinha tendo com a invasão de imigrantes. Numa conta rápida: vendo-se os números do rombo e o valor solicitado, conclui-se que, se não tivessem enfiado a mão no erário, Roraima não se encontraria em situação tão caótica. Sabendo que os três casos citados podem ser só a ponta de um iceberg, imagina-se que altas cifras podem surgir com investigações na Saúde e secretarias menores.

    Antônio Denárium, governador eleito, que cumpre função de interventor federal no Estado, enfatiza que a principal bandeira de sua gestão será o combate à corrupção e ao desperdício.

     

     

    Publicado em Politica
    Domingo, 23 Dezembro 2018 03:10

    Dingo bel, acabou o papel

    A situação em que Suely Campos deixou o Estado de Roraima é bem pior do que se podia imaginar. Sem informações confiáveis, interventores se surpreendem com o rombo à proporção que avançam nos números.

    Na quinta-feira, 20, depois de reunir-se com os poderes Legislativo e Judiciário, o interventor federal e governador eleito, Antônio Denárium, em entrevista exclusiva para o Roraima Agora, desabafou: “Houve muito descaso e irresponsabilidade com a coisa pública. Pensávamos que a dívida do Estado chegasse a R$ 3 bilhões – que já é muito -, mas ultrapassa os R$ 6 bilhões”

    E continua: “Hoje, se confrontarmos toda a arrecadação com despesas fixas, não sobra nada para custeio. Para se ter uma ideia, não sobra dinheiro sequer para comprar papel higiênico. Do jeito que está, temos que fazer cortes, muitos cortes para conseguirmos R$ 40 milhões por mês; doutra maneira, não conseguiremos fazer a máquina funcionar. Não poderemos pagar servidores”. Arremata desolado: “Investimentos, nem pensar”.

    DEVOLUÇÃO DE VEÍCULOS

    Antônio Denárium diz que havia abusos em todas as secretarias. “Pra você ter uma ideia, ontem, devolvi 14 picapes alugadas. Pra que isso se o Estado está quebrado? Não quero dar uma de bonzinho, mas, para trabalhar, estou usando meu próprio veículo”, diz.

    O interventor afirma que a reunião com o Legislativo e o Judiciário foi proveitosa. “Mostrei-lhes os números e convenci-os de que, sem cortes profundos em cada um dos poderes, o Estado não sobrevive. Eles se mostraram sensíveis à situação e dispostos a fazer a parte deles”.

    Ao fim da entrevista, com um sorriso amarelo na face, Denárium desabafa: “Tem horas em que eu penso ‘não sei onde eu fui amarrar meus cachorros’”. Em seguida, confiante, arremata: “Mas gosto de desafios e nossa equipe vai arrumar a casa. Precisaremos de algum tempo, mas vamos arrumar”, encerra.

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