O título nada criativo e absurdamente redundante encerra o pensamento de muitos de nós quase como mantra. O conceito vai muito além da obviedade da frase. No fundo, traz a certeza de a mãe ser algo muito mais importante em nossas vidas.
Neste 2019, minha mãe, Nilza, completa 20 anos em outro plano. Com seu 1,50m de doçura e alegria, fazia da vida viagem divertida, sempre disposta a ter aquela palavra de conciliação.
Conhecida por atitudes engraçadas, “punia” o filho peralta com imenso rigor: batia com pantufa, virada para o lado mais macio... Era, digamos, repreensão moral. O castigo duro era competência do meu pai, quase sempre com o cinto. Por ter sido remador e treinado boxe, ele preferia evitar as palmadas com as mãos firmes de atleta. Ainda bem.
Nascida em Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro (a Cidade Imperial), ela dividia com os irmãos a busca diária de água na mina existente próximo à casa. Estamos no início da década de 1920, quando o frio na serra era fortíssimo. Certo dia, um dos seus primos colocou uma abóbora com vela acesa dentro pouco antes de a mamãe aparecer. Ao entrar na gruta e ver aquela cena, dona Nilza tomou baita susto. Quebrou o pote e correu na escuridão da gruta até o lado de fora, onde o dia nascia. Décadas depois contava o caso sem rancor dos primos. Ria ao lembrar a corrida desastrada.
Em 1999, pouco antes de se despedir da vida, fizemos viagem de resgate histórico na Petrópolis de fim de Segundo Milênio. Andou de charrete pela avenida Köller, foi ao Museu Imperial, tomou chá na quase centenária Casa D’Ângelo, visitou a rua onde nasceu, no alto da serra, onde encontrou apenas escombros do que um dia foi a
Fábrica de Tecidos Santa Helena. Mas a grande decepção foi constatar o fim das hortênsias às margens do rio Piabanha, marca registrada de Petrópolis da primeira metade do século.
Dois meses depois, dona Nilza foi ao encontro do seu Ribeiro. Levou com ela a alegria de quem viveu como exemplo a quem a conheceu. Faz falta, muita falta.
Feliz Dia das Mães!