Ao longo do tempo, a Banda Guy-Bras se consolidou como um dos grandes expoentes do reggae roraimense. Em 2016, o grupo completa 17 anos de estrada, sempre levando o melhor do reggae raiz, com canções que falam sobre paz e amor, além de versões de grandes sucessos do estilo. Destaque para as músicas do ídolo Bob Marley.
Comandada pelo carismático guianense Mark Edwards, não por acaso conhecido como Mike Guy-Bras, o grupo conseguiu manter a proposta de sempre ter pessoas oriundas do Brasil e da Guiana em sua formação.
De acordo com Mike, o projeto Guy-Bras surgiu em 1999, para integrar o line-up do antigo evento Reagge n’ Roll, que ocorreu em Boa Vista entre o final do século passado e começo dos anos 2000. Como o nome já sugere, a ideia do grupo é ressaltar a amizade e a parceria entre os dois países.
SEM PRECONCEITO
Mike diz que, apesar de ser conhecida como uma banda de reggae e ter os grandes clássicos do estilo em seu repertório, o grupo crê que a mistura de estilos é algo muito salutar para o desenvolvimento da música de Roraima. “Eu gosto de todos os estilos. Eu gosto do pessoal do rock, do forró, do samba. Essa mistura é boa para todos, pois todos representam um pouco da música do Brasil”, disse o artista.
Em 17 anos de carreira, a Guy-Bras lançou dois CDs e um DVD. Além de ser muito conhecida em Boa Vista, a banda comandada por Mike também faz história no interior roraimense, com destaque para os shows feitos em Pacaraima. Num deles, dentro do “Fronteira Cultural”, promovido pelo Sesc-RR, a banda abriu a apresentação para a lendária Tribo de Jah, de origem maranhense.
“Estar esse tempo tocando com a banda é algo que me deixa muito feliz. Nada disso aconteceria se eu não tivesse o apoio do público, das pessoas que conhecem o Mike, conhecem a Guy-Bras e estão sempre nos shows, nos apoiando, pedindo por nossa música”, destacou o vocalista.
SE É BOM, DEIXA ROLAR
A história de Mike Edwards com o Brasil iniciou-se há 25 anos. Na época, ele, que nasceu em Georgetown, capital da República Cooperativista da Guiana, era garimpeiro numa região próxima a fronteira com o Brasil. Num belo dia, decidiu deixar seu país e se aventurar nas terras Tupiniquins. “Foram nove dias de caminhada até chegar ao Brasil”, contou.
Já em Roraima, o ex-garimpeiro se apaixonou pelo Brasil e pelos brasileiros. Começou a se transformar no que ele chama de “Preto Macuxi”. O estilo de Mike, que na época ostentava generosos dreads, trouxeram a ele comparações com o grande ícone do reggae mundial, Bob Marley: o primeiro passo para que ele aprendesse mais sobre música.
O conhecimento acabou trazendo frutos ao artista. Apesar de sempre cantar músicas em sua língua materna, o Preto Macuxi nunca deixou de compor e cantar em Português. Essas investidas permitiram que o público conhecesse a canção “Deixa Rolar”, uma grande homenagem a Roraima, que é presença obrigatória no repertório de Mike.
Apesar de fazer constantes shows com seu grupo, o guianense de coração brasileiro sempre pode ser encontrado no Centro de Boa Vista, principalmente nas avenidas Jaime Brasil e Sebastião Diniz, onde usa seu violão, um microfone e uma caixa de som, para mandar as mensagens de paz e harmonia presentes nos reggaes executados por ele.
“O meu grande palco é a rua. A rua é importante pra mim, pois aqui sim você tem contanto com o seu público. Você vê as pessoas, conversa, troca ideia com elas. É muito bom tocar no palco, com a banda, ver a galera curtir. Mas eu creio que, para você ser conhecido de verdade, é preciso estar perto das pessoas”, ressaltou Mike.