By Érico Veríssimo on Terça, 13 Fevereiro 2018
Category: Crônica do Aroldo

Uma Quarta-feira de Cinzas ad infinitum

Suely Campos (PP) bem que tentou começar 2018 com o pé direito, mas foi pega por alguns infortúnios que jogaram ainda mais o seu governo na lama. Desde a nomeação de parentes e protegidos para o primeiro escalão de seu governo, seu mandato teve de tudo um pouco daquilo que não se deve ter para o bem da moralidade da coisa pública e bem-estar da população.

O tempo passou e ficou cada vez mais difícil imputar a outros governos as consequências de erros que todos agora sabem muito bem por quem foram provocados. Em entrevista no fim de 2017, ao fazer uma espécie de balanço, Suely admitiu ter sido eleita no rastro daquilo que seu marido, o ex-governador Neudo Campos, havia feito. Mas, ao tentar a reeleição neste ano, ela afirmou esperar ser levada ao Palácio Hélio Campos em 2019 por aquilo que fez durante sua administração. Como diriam, só faltou combinar isso com os russos! Ou, melhor, com os eleitores, vítimas de um estelionato escancarado.

A renúncia do vice-governador Paulo César Quartiero, um dos reveses sofridos por Suely neste começo de ano, ainda é um mistério. Ao se despedir do governo, ele fez questão de reforçar a necessidade de que Suely seja apeada do cargo por diversos motivos, entre eles, incompetência e "traição" ao Estado. O homem afirmou ainda que, ao renunciar, tinha a intenção de que a Assembleia Legislativa tomasse as rédeas da situação e levasse adiante um processo de impeachment da governadora.

No mesmo dia da renúncia, o governo, por meio de um espalhafato promovido pela Secretaria de Segurança, afirmou ter encontrado na vice-governadoria um cheque de R$ 500 mil , além de farto material, que comprovaria que Quartiero vendeu o cargo e tudo se tratava de um complô para tirar Suely da jogada. 

O governo de Suely, que sempre foi um verdadeiro Carnaval, com destaque para as comissões de frente familiares, alegorias de tremendo mau gosto e um enredo representando bem toda a bagunça institucionalizada que aí está, vai seguir num clima de Quarta-feira de Cinzas ad infinitum, com aquela estranha sensação do sujeito que passou dos limites, tomou todas, está com uma baita ressaca e, no fim das contas, se pergunta se valeu mesmo a pena tanta farra.