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Coisas de Afonso
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Sábado, 15 Abril 2017 18:59

Coisas de Afonso

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Coisas de Afonso Fernando Quintella

Fernando Quintella conta um pouco do muito que o multifacetado Afonso Rodrigues de Oliveira e do que a vida faz com ele

Como resumir em quatro mil caracteres a história de vida de uma pessoa com quase 83 anos, multi tarefas, verdadeiro cidadão do mundo, com papo agradável e casos divertidíssimos? Assim é Afonso Rodrigues de Oliveira. Nascido em Pendências (próximo a Natal/RN), casado há 63 anos com dona Salete, seis fi lhos, 16 netos e quatro bisnetos, divide o tempo entre a família e muitas ocupações.

Especialista em controle de qualidade industrial, mas conhecido mesmo como cronista de humor agudo e textos deliciosos, do alto do seu 1,5m de altura e corpo sempre esbelto (“até engordo um quilinho, porém parei de crescer”, diz), ele circula todos dias pela cidade com passos rápidos e olhar atento
ao comportamento humano.

Mestre Afonso sabe identificar bons assuntos. Deu um tempo nas esculturas, outra atividade em que é craque. Quando decidiu terminar a última obra, descobriu que as ferramentas haviam sumido. Coisas de Afonso.

Rumo ao Sul Maravilha

Quando completou 18 anos, Afonso deixou a cidade natal para tentar a sorte no Sul do país. Em São Paulo, encontrou sua vocação na indústria. Passou 30 anos no controle de qualidade, 15 deles no Rio de Janeiro. Sua vida mudou novamente em 1981, quando leu reportagem sobre Roraima em O Globo. Encantou-se com Bonfim. Lá construiria nova história.

Depois de dias na estrada, com o filho Alexandre a reboque, chegou à Rodoviária de Boa Vista em noite chuvosa. Já em Bonfim, percebeu que o texto do jornal dourara a pílula. E muito. Decepcionado com a realidade,
em dois dias voltou para a capital do Estado.

Passou por Alto Alegre, antes de se fixar na colônia Confiança 1, em Cantá. E “cantou” por alguns anos, até passar uma semana de cama, com séria crise renal, sem qualquer assistência.

Ao primeiro sinal de melhora, entrou na picape, virou a chave, mas o motor não pegou. Foi para a beira da estrada, onde conseguiu carona até Boa Vista. “Nunca mais voltei lá, nem pra pegar o carro”, conta ele, sorrindo.

A família só veio para Roraima em 1985. No Rio de Janeiro, ele despachou a mudança, que nunca chegou aqui. A empresa jamais localizou a carga, apesar das insistentes reclamações. Coisas do Afonso.

Desde os tempos da Confiança, Afonso fazia esculturas e escrevia crônicas. Primeiro para o jornal O Roraima. Depois, na Folha de Boa Vista, Tribuna de Roraima, A Gazeta de Roraima, até voltar para a Folha, onde está há 25 anos.

Na década de 1990, lançou o livro de crônicas “O caçador de marimbondos”. Este ano sairá sua segunda obra, “E Deus criou o homem”, série publicada em 1991. Fundador da Academia Roraimense de Letras, Afonso tem participação ativa na área cultural, como membro do Conselho de Cultura de Roraima e fundador do Instituto Histórico e Geográfico de Roraima.

Algumas das esculturas produzidas por Afonso Rodrigues Oliveira, antes que suas ferramentas sumissem (Foto: Jorge Macedo)

Porradas da vida

Ainda na última década do século passado, a família recebeu a dura notícia da doença de seu filho, Alexandre, prof ssional de Tecnologia da Informação, que voltara para São Paulo. Começou com a atrofia dos dedos, um por um. Afonso passou cinco anos entre Roraima e a capital paulista.

Mas Alexandre, exemplo de superação, vítima de rara doença, é assunto para outra reportagem.

Mesmo com tantos percalços, Afonso considera-se um homem feliz. Tem família especial, faz o que gosta, cumpre o seu papel de cidadão. Para ele, a verdade dos fatos está acima de tudo. Doa a quem doer. Coisas de Afonso.

Não é exagero afirmar que, das pessoas de Roraima que, pelo menos eventualmente, leem jornal, a maioria tenha se deliciado com textos desse nordestino. Coisas de Afonso”.

 

Escolhidos a dedo

A existência de Afonso é marcada por altos e baixos. Os causos e a maneira que ele conta são a parte diverti da na vida desse pequeno grande homem. Dariam um livro. Como o do estafeta da empresa onde ele trabalhava, no Rio de Janeiro.

Ele chegou lá

Bom de papo, o jovem vaticinava: “Um dia serei conhecido em todo o Brasil, seu Afonso”. Tempos depois, o agora adulto era notícia nacional. Tornara-se o Denis da Rocinha, um dos mais perigosos chefes do tráfico do País. Ao ver, pela TV, a prisão do ex-funcionário, comentou: “Puxa, ele ficou famoso mesmo...”

Trambique oficial 

O calote dado pelo IBDF (atual IBAMA) é outro caso de humor negro. Na década de 1980, contrataram-no para criar o painel da entrada do prédio, na avenida Brigadeiro Eduardo Gomes, a ser inaugurado meses depois. Trabalho pronto e colocado, começou o suplício para receber o dinheiro. Até hoje a
conta continua pendente. 

Cuidador de jabuti

Na semana em que chegou em Roraima, no sítio onde ficou, no Alto Alegre, colocou o jabuti de estimação do dono para comer do lado de fora da casa, perto do igarapé. Horas depois, descobriu, assustado, que o animal fugira pela água...

 

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Redação

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