Na época, o rombo deixado pelo juiz do Trabalho Nicolau dos Santos Neto e o ex-senador Luís Estêvão na construção da sede do Tribunal do Trabalho, em São Paulo, ocupava todos os espaços da mídia nacional. Um pouco da imprensa estadunidense também dava destaque ao juiz ladrão, que ficara conhecido pelos gastos em restaurantes de luxo, coleção de carros importados e investimentos milionários que fazia em Miami.
Resolvido o que eu fora tratar, saí de meu hotel em South Beach para pequenas compras no centro da capital da Flórida e, eis que, ao parar num sinal vermelho, olho para a placa de identificação da avenida e leio “Biscayne Boulevard”. Lembrei-me da incumbência que Adilson me dera de brincadeira.
Duas quadras adiante, entrei em imensa e luxuosa loja de veículos europeus. O terno do sujeito que me recebeu era mais caro do que a surrada F-1000 e o rodado Fiesta que ocupavam a garagem de minha casa. Somados.
Eu, vestido com camiseta, calça jeans desbotada e surrado tênis do dia a dia, não me apequenei à frente vendedor. Cheio de moral, disse-lhe que estava interessado num BMW 325.
O homem conduziu-me a uma mesa, mostrou-me panfletos, falou da potência, do conforto e dos opcionais para aquele modelo de máquina alemã. Disse-me que só poderia entregar o veículo de meus sonhos em, pelo menos, oito meses a partir do pedido.
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