A palavra gambá tem seu berço no tupi gâ’bá, seio oco, uma referência ao marsúpio onde as fêmeas criam seus filhotes. O bicho propriamente dito tem cerca de 50cm de comprimento, sem contar a cauda, que chega a medir 40cm. Podem reproduzir-se três vezes durante o ano, dando 10 a 20 filhotes em cada gestação, que dura de 12 a quatorze dias. Produzem um líquido fétido através das glândulas axilares, utilizado pelo animal como defesa. Durante o cio, a fêmea costuma exalar esse odor para atrair os machos.

 

A expressão tem seu berço, segundo o estudioso espanhol Covarrubias, no mau hábito dos antigos donos de estalagens. Quando o freguês pedia um prato de lebre, comia, na verdade, gato, daí a variante de outra expressão igualmente conhecida: comer gato por lebre.

Como a carne de gato não goza da preferência do paladar brasileiro, vender ou passar gato por lebre é enganar alguém e comer gato por lebre é ser enganado.

Como o mau cheiro do gambá pode ser totalmente eliminado, é fácil enganar alguém que gostaria de comer carne de lebre – o nosso bom coelho –, passando-lhe gambá por lebre.

Assim, comer gambá errado, expressão hoje praticamente em desuso, é ser levado a fazer alguma coisa por engano. Pode-se dizer, sem medo de errar, que o próprio Brasil comeu gambá errado quando deu preferência à dispendiosa opção rodoviária em detrimento das ferrovias, alternativa muito mais lógica e barata num país de dimensões continentais como o nosso, não lhe parece?

 

FENEMÊ – Muita gente já nem se lembra mais dos FNMs, caminhões pesados que por muito tempo dominaram as estradas do país. Nos anos 1950 e 1960, quando rodovia asfaltada era manga de colete, nossas estradas eram só pó ou lama. “Fenemê não tem idade”, dizia-se. Bastava cuidar que o veículo de cara achatada estava sempre pronto para trabalho duro. Era brasileiro, um dos orgulhos nacionais nos anos dourados de JK. Seu nome vem da sigla FNM, de Fábrica Nacional de Motores, empresa criada em Duque de Caxias logo depois do término da Segunda Guerra. A demanda pelo modelo pioneiro foi tamanha que a fábrica não conseguia atender à procura. Em pouco tempo, o primeiro caminhão da indústria brasileira, já então fabricado em parceria com a italiana Alfa Romeo, começou a levar vantagem sobre os importados. Como o recém-lançado Volkswagen, que virou Fusca, o Fenemê também teve seus apelidos – “João Bobo, pois vai e volta sem parar e leva tudo o que lhe põem em cima”, “Fábrica de notas de mil”, “Fé no motorista”, e assim por diante. Enfim, dezenas. . .

 

ELITE – Palavra do berço francês élite, a partir do antigo particípio passado eslit, de élire, escolher, eleger, vocábulo usado, sobretudo a partir do século 18, para designar produtos de excepcional qualidade. Depois, seu emprego foi expandido para referir-se a grupos sociais onde se situavam os membros mais altos da nobreza. Na verdade, o termo elite alude ao grupo dominante localizado numa camada social da hierarquia superior na sociedade – o que há de melhor, o escol, a nata. Em termos estatísticos, segundo dados publicados pela Universidade das Nações Unidas, 1% da população mundial detém 40% das riquezas do planeta, o que revela a monstruosa disparidade em que vivem os seres humanos, verdadeiro escândalo que provoca, obviamente, protestos, revoltas e todo tipo de reações mundo afora, problema que nos humilha e revela o extremo a que a fome pode chegar. Será que um dia, afinal, alcançaremos a solução para um enigma tão brutal?