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noticias http://jornalroraimaagora.com.br Thu, 28 Mar 2024 08:37:35 +0000 Joomla! - Open Source Content Management pt-br É sempre tempo de realizar um sonho http://jornalroraimaagora.com.br/noticias/e-sempre-tempo-de-realizar-um-sonho http://jornalroraimaagora.com.br/noticias/e-sempre-tempo-de-realizar-um-sonho É sempre tempo de realizar um sonho

Calmo, elegante, educado, voz empostada, com roupas sempre limpíssimas e bem engomadas, entre o alunado, Rubeldimar era conhecido como "Professor Beleza". Formou-se em Medicina em 1984

Você deve conhecer histórias de pessoas cuja vida profissional sofreu virada surpreendente. O caso de Rubeldimar Maia de Azevedo Cruz é emblemático. O professor aposentado de Geografia passa no vestibular de Medicina e se forma aos 58 anos de idade. A caminhada entre a sala de aula e o hospital foi longa, mas valeu a pena.

Nascido em Boa Vista, em 1926, Rubeldimar fez o ensino fundamental no então Ginásio Euclides da Cunha (GEC). Logo depois, tirou habilitação ao magistério. Tornou-se professor de Geografia e Organização Social e Política do Brasil (OSPB).

Rubeldimar nos tempo do Ginásio Euclides da Cunha

 

Por mais de 20 anos, o professor Rubeldimar contribuiu para a educação de centenas de alunos, ainda nos tempos de Território Federal. Criou a primeira biblioteca de Roraima. Trabalhou em diversas escolas, inclusive no GEC. Até hoje seus alunos destacam a qualidade de ensino recebido.

Rubeldimar em tempos de Escola Normal Monteiro Lobato


Graça Viana, empresária que estudou na Escola Normal Monteiro Lobato, diz: “Ter aula com o professor Rubeldimar era um prazer. Ele ensinava Geografia com alma. Desenhava os rios no quadro, nos fazia sentir nos lugares. Nós adorávamos”.

Em 1979, casado e com as três filhas (Marilúcia, Vera Lúcia e Maria de Lourdes) estudando em Brasília, o agora professor aposentado decidiu cursar Medicina em Manaus. Passou para a Universidade Federal do Amazonas. Foram seis anos de muitas dificuldades, pois a esposa, Teresinha Santos de Azevedo Cruz, sofreu acidente vascular cerebral na capital amazonense. Rubeldimar ficou viúvo antes da formatura, em 1984.

Rubeldimar no dia da formatura em Medicina

Clínico geral, o médico Rubeldimar aceitou convite para trabalhar em Novo Airão, interior do Amazonas, onde encontrou a vertente que o acompanharia pelo resto da carreira: médico de família. O cuidado mostrado com os alunos nos tempos de professor, agora era dispensado aos pacientes. Lá, acumulou a direção do hospital da cidade.

Antes de retornar a Roraima, em 1988, casou-se com Osmarina Santana Freitas de Azevedo Cruz, com quem teve duas filhas (Nancy Nathaly e Nelma Gabrielle).

De volta à terra onde nasceu, o doutor Rubeldimar manteve o ritmo acelerado. Quem conta é sua filha, a psicóloga Vera Lúcia: “Papai chegava cedinho no hospital, antes mesmo dos pacientes. Atendia todos sem pressa. Buscava fechar o diagnóstico perfeito. Pesquisava os casos. Muitas vezes, fazia visitas residenciais. Amava seu trabalho”. Ele ocupou muitos e diferentes cargos na área de saúde, inclusive diretor clínico do Hospital Coronel Mota.

Se perguntassem a ele qual foi sua profissão mais importante, certamente ele diria: “Todas”. Rubeldimar Maia de Azevedo Cruz morreu em Boa Vista, aos 78 anos. Deixou o exemplo de profissional dedicado em todas as áreas em que atuou.

Rubeldimar médico

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faquintela@gmail.com (Fernando Quintella) Variedades Thu, 13 Apr 2023 03:29:34 +0000
De Roraima para o mundo http://jornalroraimaagora.com.br/noticias/de-roraima-para-o-mundo-202201130931 http://jornalroraimaagora.com.br/noticias/de-roraima-para-o-mundo-202201130931 De Roraima para o mundo

Roraimense, Thaynná de Melo Bufrem faz sucesso na internet

Nascida em 1986, na capital Boa Vista, extremo norte do País, Thaynná de Melo Batista, magérrima e bem mais comprida que as coleguinhas, já sonhava tornar-se modelo. Na escola, destacava-se em representações teatrais e filmagens feitas com câmeras que deixam muito a desejar se comparadas aos minúsculos e eficientes equipamentos de hoje.

Capacidade de improvisar e bom humor sempre foram sua marca registrada. Certa vez, durante filmagem na escola, Thaynná atrapalhou-se e escorregou feio ao descer escada. “Numa rapidez incrível, ela se recompôs, usou o escorregão como se este fizesse parte do roteiro e o incidente tornou-se o momento mais comentado e aplaudido da produção”, conta Natália Pinheiro, companheira constante daqueles tempos de Ensino Fundamental.

Concluída a primeira fase de ensino escolar, como boa parte da classe média roraimense, Thaynná partiu em busca de preparação para vestibular em faculdade melhor do que aquelas oferecidas em sua terra natal. Aprovada para Jornalismo pela PUC-PR, engravidou, casou e trancou matrícula. E engravidou de novo. Aos 23 anos, com dois curumins para criar, a irrequieta roraimense teve que assumir o papel de mãe, esposa e dona de casa.

Quando ela viu chegar seu momento, porém, ninguém conseguiu segurá-la. Com o restaurante do marido indo para baixo, ela conseguiu segurar a onda ao propor reformas e a instalação de um play center para crianças. O marido até pensou em abrir uma loja para que Thaynná administrasse e, assim, engordasse o orçamento doméstico. Ela não quis. E voltou a estudar. Graduou-se quando entrou na casa dos 30.

“Há quatro anos, consegui emprego de vendedora na Cris Barros [rede de lojas de moda em Curitiba (PR)]. Nunca tinha trabalhado na vida. Eu queria aprender a vender. Acho que todo mundo vende alguma coisa e eu queria saber fazer isso. Fiquei seis meses na Cris Barros e, lá, eu comecei a fazer vídeos nos provadores. Como minhas amigas eram parte de minhas clientes, iniciei fazendo contato pelo WhatsApp; logo, eu passei a usar o Instagram. Eu entrava no provador, fazia piadas e meus posts começaram a fazer sucesso”, conta Thaynná.

E depois de ser considerada a melhor vendedora da Cris Barros, Thai foi convidada para ser gerente do Gallerist (curadoria de confecções, calçados e assessórios femininos). “Fiquei dois anos e meio como gerente da loja de Curitiba e, nesse período, fui aguçando meu olhar sobre moda. Tenho muito carinho pela marca e pela oportunidade que ela me deu”, enfatiza. Foi nesse momento que novos – e grandes – desafios começaram a surgir. “Fui convidada para abrir uma loja Gallerist em shopping center de São Paulo. Então, nessa época, eu passei a morar na capital paulistana enquanto meu marido e filhos continuavam em Curitiba. Eu só os via a cada 15 dias e, nesse período, continuei fazendo meu conteúdo pela internet”, explica.

O marido de Thaynná começou a descobrir que trabalhar e cuidar de uma casa com duas crianças não era tarefa fácil. “Foi quando Manuela Bordasch, do site Steal The Look, que me seguia e dizia gostar de minhas criações, me convidou para ser diretora de Conteúdo do Steal. Eu sou jornalista por formação e achei que o convite fazia muito sentido. Saí do Gallerist, depois de três anos, e fui para o Steal”, relata Thaynná. Ao cabo de seis meses trabalhando no site, a roraimense saiu da empresa e decidiu dar um tempo em Curitiba. “No meio disso tudo eu me descobri outra pessoa que eu nem sabia que existia: atriz, roteirista, diretora de arte, enfim, eu faço tudo o que as pessoas estão vendo no meu Instagram… Eu nem sabia que isso era uma profissão e é uma coisa que eu gosto muito de fazer. Então me dei um tempo para organizar as ideias”, diz.

(VOGUE BRASIL)

MELHORANDO E CRESCENDO

“Durante a quarentena, as pessoas estão buscando leveza. E é isso que você encontra no Instagram da Thai. Ela fala de forma despretensiosa e com dose extra de bom humor sobre os desafios da maternidade e a importância de você se amar exatamente como você é. Lá, ela também traz dicas de moda, mas esqueça os clássicos #looksdodia. Thai fala sobre esse assunto de um jeito bem divertido e inovador. ‘A Thai do Instagram está achando isso o máximo [sobre ser considerada um fenômeno da quarentena imposta pela pandemia]".

Mas, fato é que nesse período de fica-em-casa, me sobra tempo pra fazer mais coisas. Por estar em casa, eu tenho mais tempo para produzir mais conteúdo. Antes era muito apertado, corrido, já que estava constantemente entre São Paulo, avião e Curitiba. Sempre trabalhando muito. Além disso, as pessoas, presas em casa, estão mais conectadas, consumindo conteúdo na internet e com mais tempo para me ver também’, analisa Thai”. (Excerto do site fashionistando.uai. com.br)

 

 (VOGUE BRASIL)

E A AUTO ESTIMA DE THAI?

“As redes sociais são as grandes responsáveis por contribuir para a insegurança de muitas mulheres que seguem perfis de pessoas 'perfeitas', acreditando que aquele é o padrão de beleza (que sabemos inalcançável). No caso da Thai, ela sempre opta pela espontaneidade e naturalidade. E nosso time acredita que esse tipo de conteúdo nas mídias sociais é importante justamente para puxarmos essas mulheres para a realidade e mostrar: todas somos lindas – de pijama ou com look de festa, sem make ou com batom vermelho” (Excerto de reportagem do fashionistando. uai.com.br)

Quando tinha 18 anos, Thaynná representou Roraima, em concurso de Miss Brasil. A iniciativa de participar do certame deu-se mais por vontade de seu pai, do que pelo desejo da adolescente. Ela diz que sua eleição como a mais simpática das misses valeu-lhe mais do que a consagração desejada pelo pai. “Eu não uso filtro. É um posicionamento, uma libertação [em fotos e vídeos postados]. Mulheres dizem que gostam de me ver assim. Por outro lado, há quem diga: ‘Nossa, como você é feia... Tem melasma’. Eu gosto dessa coisa de provocar, óbvio que me machuco no caminho porque euvim dessa sociedade que valoriza a menina com narizinho... Já tive distúrbios alimentares e aí falei: ‘Peraí, percentual de gordura não mede caráter. Em que momento a gente se perdeu achando que perfeição é isso?’ Sou vaidosa, adoro me cuidar, passo meus cremes, só que acho que todo excesso esconde uma falta. A gente vive numa sociedade de excessos e isso é preocupante. A vida não é um concurso de beleza”, sentencia Thai.

Hoje, com 35 anos, Thai de Melo Brumem, 1,80m, faz sucesso em redes sociais e vê o número de fãs e seguidores crescer vertiginosamente. Reportagens sobre a roraimense são publicadas em importantes revistas e sites sobre sobre moda. Só em seu Instagram, @thaidemelobufrem, ela tem 136 mil seguidores, com alcance de mais de 800 mil visualizações em um único vídeo no reels (vídeos curtos e divertidos usados pela plataforma). Número que aumenta todos os dias.

 

1,80M DE SIMPATIA E BOM HUMOR - Thaynná sempre foi a mais alta de todas as suas amigas. Acima, excursão à Disney, quando toda essa turminha tinha 13 anos de idade

(Foto arquivo Natália Pinheiro)

 

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zepinheiro1@ibest.com.br (Aroldo Pinheiro) Variedades Thu, 13 Jan 2022 12:05:03 +0000
Você está preparado para o futuro? http://jornalroraimaagora.com.br/noticias/voce-esta-preparado-para-o-futuro http://jornalroraimaagora.com.br/noticias/voce-esta-preparado-para-o-futuro Você está preparado para o futuro?

Quem não embarcar no trem da informática corre o risco de perder a viagem da vida

“Você está preparado para o futuro?” Desde sempre ouvimos essa pergunta. Há séculos, os pais preocupam-se com o futuro dos filhos. Há 80 anos, o Banco do Brasil, carreira militar e magistério estavam no topo das preferências, principalmente o banco, sonho de independência financeira de jovens em todo o País.

A tecnologia chegou e mudou o cenário definitivamente. A sua profissão daqui a dez anos pode ainda nem existir. Duvida? Pesquise sobre as profissões antes existentes hoje descontinuadas pelo mercado. Você vai se assustar. Mas antes de entrar em pânico, entenda como deve se preparar para o novo mundo.

A pedagoga Maria José Alves da Silva, mestre em Educação Empreendedora, acumula décadas de experiência na área, em especial como funcionária do Sebrae/AM, onde foi diretora. Hoje, ela dirige empresa especializada na área de consultoria e treinamento. Ao mesmo tempo, cursa pós-graduação em Psicologia Positiva e graduação em Neurociência. Maria José também precisou adaptar-se aos novos tempos.

“Em time que está ganhando não se mexe”, diz o ditado esportivo. Será? Quem o usa na área empresarial corre sério risco de ficar para trás da concorrência. Nos dias atuais, avaliar o potencial dos funcionários pode representar salto de qualidade nos serviços oferecidos.

“Nosso trabalho começa com o diagnóstico de situação de todos os setores da empresa ou órgão público“, diz Maria José. “Usamos várias técnicas de avaliação dos métodos aplicados e da capacidade e habilidade dos funcionários”, complementa. Segundo a dirigente, é comum a pesquisa mostrar a aptidão de pessoas para outras tarefas, com melhor desempenho.

Com os recursos da neurociência, o mundo mudou. O cérebro é treinado para atuar em várias situações. Maria José adotou o nome Plasticidade Profissional para definir a capacidade de adaptação das pessoas aos objetivos traçados, novos ou antigos. O profissional deve mostrar-se capaz de mudar, aceitar novos desafios em outras áreas. Afinal, quantas profissões evaporaram nas últimas décadas? Você muda ou estará fora do mercado. “O profissional moderno deve ser especialista e generalista ao mesmo tempo”, sentencia Maria José.

ABRA OS OLHOS (E A CABEÇA)

A tecnologia sempre foi considerada inimiga dos empregos formais. Vemos vagas ocupadas por pessoas serem cortadas pelo uso da informática. Os bancários conhecem bem essa realidade. Maria José vê lado positivo na troca, se houver adaptação do ser humano ao quadro. “As pessoas se desumanizaram com o uso da tecnologia”, adverte. “Se usam robô em determinada tarefa, pense em quantas pessoas são necessárias para dar suporte ao seu uso. O relacionamento humano ficou mais pobre com quem troca o contato pessoal pela tecnologia. Se nos re-humanizarmos, encontraremos o caminho ideal para os novos tempos”, finaliza.

Em time que está ganhando se mexe, sim. Você pode se surpreender com o sucesso do antigo zagueiro, agora atacante e artilheiro. Prepare-se para as mudanças e você terá sempre vaga no time.

                 

 

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faquintela@gmail.com (Fernando Quintella) Variedades Thu, 26 Mar 2020 15:33:01 +0000
Violência contra a mulher – uma vergonha nacional http://jornalroraimaagora.com.br/noticias/violencia-contra-a-mulher-uma-vergonha-nacional http://jornalroraimaagora.com.br/noticias/violencia-contra-a-mulher-uma-vergonha-nacional Violência contra a mulher – uma vergonha nacional

Apesar de campanhas feitas pela imprensa, do endurecimento de leis contra infratores e da proteção oferecida a vítimas, os índices brasileiros de violência contra mulheres são alarmantes

Margarida, que pede para não ser identificada, grávida, casou-se aos 17 anos de idade. Dois anos depois, teve o segundo filho. Aos 32 anos, formada em Contabilidade, foi aprovada em concurso público e passou a fazer parte da camada privilegiada da sociedade, com emprego estável e bom salário.

Jorge, marido de Margarida, dono de uma birosca, associou-se a amigo bem relacionado e tornou-se empresário, daqueles que vendem para o governo com preços superfaturados e recebem.

Navegando em céu de brigadeiro, Margarida e Jorge não tinham do que reclamar. Até que, em 2013, uma nuvem negra posicionou-se sobre os negócios de Jorge: o Governo do Estado, seu único provedor, deixara de pagar faturas de materiais fornecidos e de fazer novas compras. A empresa quebrou.

A queda no estilo de vida e o fato de viver praticamente à custa da esposa modificou o relacionamento de Jorge com a família. Desrespeito e agressões levaram à separação.

Passados dois anos, Margarida apaixonou-se de novo e botou o novo amor dentro de casa. Epaminondas, que não estudou além do ensino fundamental, ganha bem menos que a companheira.

Dando uma de machão, Epaminondas passou a controlar passos, ganhos e gastos de Margarida. Brigas em casa se tornaram constantes. Palavrões evoluíram para empurrões e, há três meses, Margarida levou a primeira surra.

Os filhos dela estão revoltados. Mariana, 19, saiu de casa e está morando com a avó materna. Miguel, 17, afirma que “vai matar Epaminondas” se a mãe dele for agredida de novo.

Amigas aconselham Margarida a registrar queixa e botar o companheiro para fora de casa. Ela, a vítima, enrola e arranja justificativas para não seguir conselhos.

Passo a passo de uma tragédia - Gilberto e Janaína em promessas de amor; corpo de Janaína no carro; Banalização da violência; corpo de Gilberto depois do suicídio (Autores desconhecidos)

No dia 26 de abril de 2014, a rua Pará, no Bairro dos Estados, registrou uma tragédia que abalou a cidade de Boa Vista.  Naquele dia, o tenente da Polícia Militar Gilberto Vieira da Costa, 51, matou a tiros sua ex-companheira, Janaína Vieira Mota, 30, e suicidou-se.

Testemunhas afirmam que o casal esteve junto por oito anos e, por causa de constantes brigas e desentendimentos, estavam separados há dois meses. O policial militar, entretanto, não aceitava a situação.

Familiares dizem que, desde a separação, Janaína vinha recebendo ameaças de morte feitas pelo tenente e que ela não queria que Gilberto fosse a sua casa, pois tinha medo que ele fizesse algo contra a filha do casal, de 9 anos, ou contra uma mocinha de 14 anos, fruto de outro relacionamento de Janaína.

Na manhã de sábado, 26, o tenente chegou à residência da ex-companheira e começou discussão que foi levada até o veículo da vítima. Dentro do carro, o tenente disparou dois tiros em Janaína, que teve morte instantânea, para, em seguida, depois de ficar andando ali por perto, como se desorientado, atirou contra si, morrendo no local.

As duas histórias acima são emblemáticas. Fatos parecidos são registrados por delegacias de todo o Brasil e divulgados pela imprensa que, nos últimos tempos, enceta campanha contra a violência doméstica e feminicídios.

No Brasil, os números são alarmantes. Em 2018, uma em cada quatro mulheres passou por violência. Pesquisa feita pelo Instituto Datafolha estabelece que, em 2018, 27,4% das brasileiras acima de 16 anos passaram por violência, seja no ônibus, no trem, na rua, no trabalho.

Delegada Catherine Saraiva (Aroldo Pinheiro)

Catherine Saraiva, titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, estabelecida na Casa da Mulher Brasileira, na rua Uraricoera, no bairro São Vicente, mostra que, apesar da rigidez da Lei Maria da Penha, os índices continuam crescentes. De janeiro a agosto de 2019, foram solicitadas 724 medidas protetivas e que, no mesmo período, 1452 registros de crimes de ameaça contra mulheres foram feitos.

A delegada ressalta que ameaças são mais perigosas do que se imagina, pois, se atitudes não forem tomadas, as chances de elas serem cumpridas são grandes. Por outro lado, Catherine faz questão de frisar que “com a modernização do sistema, consegue-se, em curto espaço de tempo, um despacho judicial determinando medidas”.

Psicóloga Tatiana Gonçalves (Reprodução Facebook)

Omissão pode levar a tragédias

Hoje, diferentemente de passado bem recente, as delegacias especializadas de atendimento à mulher contam com profissionais preparados para lidar com o problema.

Dentro de casa, os números assustam: 42% das ocorrências ocorreram no ambiente doméstico. Ressalta-se que, na mesma pesquisa feita pelo DataFolha, 52% das vítimas não denunciaram agressores nem procuraram ajuda.

 De ofensas verbais até mesmo à morte, mulheres são alvo de violência em todo o mundo. Em algumas regiões do Planeta, religião ou cultura são usadas para justificar atos violentos contra o sexo feminino.

Relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) indica que, no mundo, sete em cada 10 mulheres já sofreram situações de violência em algum momento da vida. Cabe à sociedade mudar esse quadro.

Consultada pela reportagem, a psicóloga Tatiana Gonçalves, da Vara de Família do Tribunal de Justiça do Estado de Roraima, disse que as duas histórias narradas pelo Roraima Agora são mais comuns do que pensa. Enquanto você lê esta reportagem, milhares de mulheres estão passando pelos mais variados tipos de violência nos mais diferentes quadrantes do Globo terrestre.

Maria da Penha (Reprodução Facebook)

 

Lei Maria da Penha no combate à violência

Aprovada pelo Congresso Nacional, a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06) torna mais rigorosa a punição para agressões contra mulheres no âmbito doméstico e familiar. A lei entrou em vigor no dia 22 de setembro de 2006 e sua efetiva aplicação vem incentivando mulheres a denunciar seus agressores.

O nome da lei é uma homenagem a Maria da Penha Maia, que foi agredida pelo marido durante seis anos até se tornar paraplégica, depois de sofrer atentado com arma de fogo, em 1983.

O marido de Maria da Penha ainda tentou matá-la por meio de afogamento e eletrocução, e só foi punido depois de 19 anos de julgamento, ficando apenas dois anos em regime fechado. A Lei Maria da Penha altera o Código Penal e possibilita que agressores de mulheres no âmbito doméstico e familiar sejam presos em flagrante ou tenham prisão preventiva decretada. Com essa medida, os agressores não podem mais ser punidos com penas alternativas, usando pagamento de cestas básicas, por exemplo, como era usual. A lei também aumenta o tempo máximo de detenção de um para três anos, estabelecendo ainda medidas como a saída do agressor do domicílio e a proibição de sua proximidade com a mulher agredida e filhos.

(Fonte: Agência Senado)

Apertando mais

Em setembro deste ano, a Lei 13.871/19, aprovada pelo Congresso Nacional, obriga o autor de violência doméstica ou familiar a ressarcir todos os danos causados por suas condutas, como por exemplo, os gastos da vítima com atendimento médico particular. Além disso, o agressor está obrigado ao ressarcimento de gastos com o SUS.

Com as modificações, o autor de violência doméstica ou familiar será obrigado a ressarcir gastos relacionados com equipamentos de monitoramento e segurança, como por exemplo, o botão de pânico, usado para acionar a polícia, em caso de perigo representado pelo agente.

 

 

 

 

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zepinheiro1@ibest.com.br (Aroldo Pinheiro) Variedades Wed, 09 Oct 2019 01:14:13 +0000
Newton Campos: parte da história de Roraima se vai http://jornalroraimaagora.com.br/noticias/newton-campos-parte-da-historia-de-roraima-se-vai http://jornalroraimaagora.com.br/noticias/newton-campos-parte-da-historia-de-roraima-se-vai Newton Campos: parte da história de Roraima se vai

Inteligente, simpático, querido por todos, o craque professor deixa marca

O câncer venceu. Depois de intensa luta contra a doença, o professor Newton Campos, referência nos setores de educação e esportes, morreu, na segunda-feira, 8, aos 72 anos. Durante quase meio século em Roraima, o maranhense, craque de bola e talhado para o ensino, deixa exemplo de competência e compromisso com as atividades em que se envolveu.

Esportivamente, professor Newton conquistou o sucesso aos poucos. Começou no Grêmio Atlético Sampaio, à época, time vinculado aos militares do Exército, mas seus melhores momentos nos campos de futebol aconteceram no São Raimundo, onde fez história. O maior feito ocorreu ainda no Estádio João Mineiro (demolido depois de construção do Estádio Flamarion Vasconcelos): foi o autor do gol da vitória do seu time contra o Baré, em amistoso no qual Garrincha, um dos maiores jogadores da história do futebol, participou.

Se, em campo, a bola rolava fácil, nas salas de aula, o professor Newton contribuía com a educação do então território federal. Lecionou em diversas escolas. Enfrentou desafios, como a elaboração de provas para concursos importantes e apresentação de trabalhos técnicos dentro e fora de Roraima, com direito a homenagem do Ministério da Educação e Cultura.

Quando parou de disputar os campeonatos promovidos pela Federação, reuniu amigos e ex-jogadores para criar o Salada Futebol Show. Eram jogos descompromissados, embora o talento da turma fizesse a diferença. Torcedor do Sampaio Corrêa, no Maranhão, e Vasco, no Rio, bastava o time carioca vencer o Flamengo para Newton partir para a gozação de praxe.

Ocupou cargos importantes no decorrer da carreira no funcionalismo público: secretário adjunto da Educação do Estado; presidente do Conselho Estadual de Cultura; presidente do Conselho Regional de Desportos, entre outros. Em 2004, recebeu o título de Cidadão Boa-vistense, concedido pela Câmara de Boa Vista. Em 2015, o Governo do Estado reconheceu e outorgou o Certificado de Reconhecimento Profissional por sua atuação com Ética e Competência na construção do Estado de Roraima. Leitor assíduo deste jornal, opinava sobre o conteúdo e sugeria pautas.

Uma grande perda.

 

Salada Futebol Show - Newton Campos foi um dos maiores incentivadores da equipe que fez muito sucesso em campos roraimenses (Foto: Fernando Quintella) 

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faquintela@gmail.com (Fernando Quintella) Variedades Thu, 11 Jul 2019 02:52:43 +0000
Conexão Cotingo-Japão http://jornalroraimaagora.com.br/noticias/conexao-cotingo-japao http://jornalroraimaagora.com.br/noticias/conexao-cotingo-japao Conexão Cotingo-Japão

Macuxi, que vive há mais de 20 anos na Ásia, fala de sua vida e de sua família na Terra do Sol Nascente

Nascida no alto Cotingo, norte do Estado de Roraima, Zaide foi adotada por Francisco e Odineia Laudelino. Teve vida semelhante a de qualquer boa-vistense dos anos 1960, 1970, 1980: primário no Colégio São José; ginásio no Euclides da Cunha...

Irrequieta, aos 24 anos, em 1980, decidiu mudar-se para Manaus onde daria seguimento aos estudos, interrompidos pelo nascimento de dois filhos, Leonardo e Lúcio, que ficaram em Boa Vista com os avós.

No ano seguinte, enquanto se adaptava à nova vida, Zaide reencontrou Yoshiya Bakoshi, japonês que conhecera anos antes e que trabalhava em empresa instalada na Zona Franca. Apaixonados, resolveram casar-se, apesar de colegas do nipônico terem se posicionado contra.

Os Bakoshis desfrutavam confortável vida de classe média na capital manauara: Yoshiya como diretor comercial e Zaide administrando sua loja de variedades no Distrito Industrial, quando a empresa do marido entrou em concordata e teve que demitir colaboradores.

As coisas foram ficando difíceis para o casal quando a caboquinha roraimense de olhos puxados como os orientais, então com quatro filhos, propôs que saíssem em busca de dias melhores.

Em dezembro de 1997, os Bakoshis mudaram-se para Hokkaido, terra natal de Yoshiya – a ilha mais fria da Terra do Sol Nascente.

Mundo novo, vida nova

A família foi muito bem recebida pelos pais de Yoshiya. Para os brasileiros tudo era novidade, tudo era fascinante, mas eles precisavam ganhar dinheiro, precisavam dar rumo à suas próprias vidas. Mudaram-se para Gifu - próximo a Nagoya -, onde há grande concentração de brasucas.

Com bom currículo, Yoshiya não teve dificuldade para conseguir emprego. Alojados em confortável apartamento e, apesar das dificuldades com o idioma, Zaide e os filhos se adaptavam ao modus vivendi nipônico.

Zaide não é de ficar acomodada. Depois de trabalhar como operária durante algum tempo, resolveu buscar uma profissão que lhe desse autonomia e fez cursos de Estética Holística e Massoterapia.

Tendo os aromas como verdadeira paixão, de vez em quando, a menina do alto Cotingo, monta turmas e passa para seus alunos a arte de fabricar sabonetes artesanais e de massagear.

No ano passado, para preencher o tempo, arranjou emprego numa fábrica de auto peças, onde trabalha quatro horas por dia durante quatro dias da semana.

Mas nem tudo são flores. Como gaijins que são, os Bakoshis  sentem discriminação dos japoneses nativos. Zaide diz tirar vantagem disso, pois essa discriminação faz com que eles procurem ter vida exemplar e respeitem o jeito nipônico de ser. Lá, aprende-se a ter respeito pelo ser humano, ter paciência, obedecer regras.

Zaide está entre os pouquíssimos roraimenses que saíram rumo ao Japão e, com certeza, é, dos macuxis, quem vive por lá há mais tempo

À reportagem do Roraima Agora, a senhora Bakoshi disse que planeja visitar sua terra natal no próximo ano: “Quero sentar e bater papo descontraído com pessoas interessantes, quero comer comidas que só existem em minha terra, quero, se der tempo, buscar minhas raízes”, conclui.

Com a mãe, Odineia, e os filhos, antes de partir para o Japão

 

Zaide, entre as filhas: Erika e Karen

 

Lúcio, filho mais novo, vive em Maringá (PR), com a esposa

 

Leonard, filho mais velho, solteirão, vive com os pais em Gifu

 

 

 

 

 

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zepinheiro1@ibest.com.br (Aroldo Pinheiro) Variedades Sat, 25 May 2019 19:22:48 +0000
Pioneira comemora 95 anos de idade http://jornalroraimaagora.com.br/noticias/pioneira-comemora-95-anos-de-idade http://jornalroraimaagora.com.br/noticias/pioneira-comemora-95-anos-de-idade Fotos> Família Pinheiro

Cearense, dona Neusa viveu mais de um terço de sua vida em Roraima, onde ajudou a fazer história

Em Brasília (DF), no dia 27 de abril, filhos, parentes e amigos mais chegados se reuniram para comemorar o 95º aniversário de Neusa Pinheiro, cearense que viveu em Roraima por mais de 30 anos e contribuiu para o desenvolvimento nestas terras de Makunaima.

Auricélia e Adelson Henriques - filha e genro - receberam dezenas de pessoas em sua residência, no Lago Norte, em torno do cumpleaños de Neusinha (como ela é chamada pelos mais íntimos).

Natural de Farias Brito, no agreste cearense, mais velha de cinco irmãos, Neusa estudou até o 5º ano primário no internato Madre Ana Couto, em Crato - berço de Padre Cícero.

Aos 14 anos casou-se com o jovem comerciante José Pinheiro de Souza, ele, então, com 19 anos de idade.

Em Farias Brito, dona Neusa trouxe 9 crianças à luz. Secas e males advindos desse flagelo, aliados à ausência de assistência médica, mataram dois desses rebentos.

Irrequieta, sem ver futuro no Cariri cearense, ela convenceu o marido a tomar o mesmo caminho de milhares de nordestinos e tentar uma vida melhor na cidade grande: mudaram-se para São Paulo, onde um irmão de Zé Pinheiro, trabalhando como mecânico na CMTC (Companhia Municipal de Transportes Coletivos), estava “se dando bem”.

Na capital paulistana, o casal não foi muito feliz. O insucesso da mercearia aberta e a morte de mais um dos filhos, levou os Pinheiros a aceitarem convite de José Francisco da Silva - conhecido como Barrudada -, comerciante cearense que, na Amazônia, se destacava na lida com ouro, pedras preciosas e comércio varejista, e tentarem a sorte no recém criado território federal.

Em novembro de 1953, com seis filhos pendurados e um na barriga de dona Neusa, os Pinheiros desembarcaram em Boa Vista, onde, em sociedade com Barrudada, abriram loja de confecções e armarinhos: A Brasileira, na avenida Sebastião Diniz.

Em março de 1954, nasceu o primeiro filho macuxi; em junho de 1955, nasceu uma menina, último descendente dessa linhagem.

Enquanto tomava conta dos filhos e administrava o lar, dona Neusa ajudava o marido na condução dos negócios.

Determinada, ela aprendeu a dirigir veículos, tornando-se a terceira mulher a conseguir Carteira Nacional de Habilitação no Território de Roraima.

Empreendedora

Uma das meninas dos Pinheiros sofria com problemas na coluna cervical. Falta de recursos na Saúde pública riobranquense convenceram dona Neusa a buscar assitência médica em São Paulo.
Durante a estada na maior cidade do país, dona Neusa conheceu linha de perfumes e cosméticos e seu revolucionário método de vendas. Não deu outra. A cearense assinou contrato e trouxe para Boa Vista os produtos Avon. Foi única representante da marca no estado por alguns anos.

Debandada de filhos

Ainda nos anos 1960, imperava mandar a filha mais velha - que havia concluído o curso ginasial - estudar fora para adquirir mais conhecimentos.

Para fazer frente às grandes despesas que a família enfrentaria, dona Neusa, sem sequer dizer bom dia em inglês, resolveu fazer viagens para Georgetown, capital da então Guiana Inglesa, de onde trazia produtos para vender no incipiente comércio da capital, que ainda não tinha 30 mil habitantes.

Os negócios progrediram, Zé Pinheiro mudou de ramo e passou a vender autopeças, ferramentas e parafusos. No inícios dos anos 1970, com os oito filhos estudando fora do Estado, dona Neusa passou a ajudar o marido na organização e condução da empresa.

Tendo ela e o marido se aposentado pelo INSS, o comércio exigindo menos deles, e filhos concentrados em Brasília, o casal Pinheiro planejava começar a aproveitar a vida: viajar; quem sabe ir-se embora de Boa Vista para alguma cidade litorânea do Nordeste, onde ficariam perto dos parentes que haviam deixado para trás...

Em fevereiro de 1980, no dia em que os Pinheiros comemorariam o 40º ano de casamento, o coração de José parou de trabalhar. Pouco tempo depois, a viúva decidiu-se mudar para Brasília: viver ao lado das filhas.

Mais um sofrimento 

Quando dona Neusa começava a se acostumar à vida candanga, um aneurisma no cérebro provocou a morte de Aurineide, sua filha mais velha, sua escudeira.

Mais uma temporada de saudade e sofrimento. Ironia: morte na capital federal, onde bons médicos, com bons equipamentos, nada puderam fazer.

Hoje, com sete filhos, sete netos, e quatro bisnetos, totalmente integrada à vida brasiliense, morando em companhia de Aurileide, uma das filhas, e recebendo visitas diárias e carinho das outras três, lúcida, bem humorada, dona Neusa irradia luz e tranquilidade.

Em vez de reclamar das limitações que o tempo encarregou-se de deixar em seu corpo, ela faz troça. Perguntada sobre a receita para chegar tão bem aos 95 anos de idade, Neusinha exibe largo sorriso e filosofa: “Acho que trabalho, sofrimento e pancadas da vida endureceram o meu couro. Como não sou de contrariar os desígnios de Deus, vou ficando por aqui até o dia em que ele quiser”.

 

Galeria

Com os filhos 

Com os netos

 

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zepinheiro1@ibest.com.br (Aroldo Pinheiro) Variedades Sat, 11 May 2019 22:48:40 +0000
Padre está pagando hora extra no Planeta Terra http://jornalroraimaagora.com.br/noticias/padre-esta-pagando-hora-extra-no-planeta-terra http://jornalroraimaagora.com.br/noticias/padre-esta-pagando-hora-extra-no-planeta-terra Padre está pagando hora extra no Planeta Terra

Aos 101 anos, primeiro ex-diretor GEC vive muito bem, obrigado

O homem que atende à ligação recomenda que a reportagem tenha paciência e fale pausadamente, “pois padre Orestes está muito surdo”. Houve, de fato, dificuldade na comunicação para que o Roraima Agora agendasse a entrevista.

Algumas horas depois do primeiro contato, por detrás de grossas lentes, homenzinho mirrado, elegante e graciosamente vestido, luta com mais de uma dezena de chaves para abrir a porta da Casa Paroquial Nossa Senhora da Consolata, na Asa Norte, em Brasília (DF), e convida o repórter a entrar.

“Dou muito valor à pontualidade”, começa ele. E como se quisesse desmentir aquele homem que primeiro atendeu a reportagem, acrescenta: “O telefone do padre que falou com o senhor é antigo, velho, remendado... O meu é bom”. Logo, sorrindo, entregando um cartão de visita, arremata: “Na próxima vez, ligue direto para o meu número...”

Padre Orestes assume o lugar do repórter e, para matar sua própria curiosidade e, quem sabe, mostrar lucidez e atualização com mundo, bombardeia: “Como está a situação de venezuelanos no Estado? Como está o Calungá? O Surumu se desenvolveu?”

Antes de começar a responder perguntas, o sacerdote diz não entender o interesse de alguém sobre a sua vida, “pois sou só um homem comum que vem cumprindo missões nessa caminhada que Deus me deu”.

De sua temporada no norte do Brasil, o ex-padre-diretor adquiriu o hábito de acordar sempre, todos os dias, às três horas da manhã. “Se você trabalha até depois das 10h, 11h da noite, o trabalho não rende; assim, prefiro dormir cedo e começar a lida na madrugada”, explica.

Hoje, ele se sente mais sonolento do que quando era jovem e, para não perder a hora, tem três despertadores ajustados ao lado de sua cama.

 GINÁSIO EUCLIDES DA CUNHA, 1958 (Foto: autor desconhecido)

Falando sobre a vida

Aos 101 anos de idade, completados em 31 de janeiro, com pesado sotaque italiano, padre Orestes, natural de Turim, conta que, no longínquo ano de 1951, estava pronto para missão nos Estados Unidos da América quando seus  superiores determinaram que partisse para a prelazia do Território Federal do Rio Branco  (hoje Estado de Roraima), onde assumiria a direção do recém criado Ginásio Euclides da Cunha.

Na época, não mais que 10 mil almas habitavam a nova unidade da Federação.

Sem luz elétrica, sem água encanada, a residência dos sacerdotes, na capital do Território, era abastecida por meio de um catavento que captava o líquido diretamente do rio Branco.

O prédio da Escola não estava finalizado. A ideia era ir concluindo: novas salas seriam construídas de acordo com a demanda e com a disponibilidade de verbas, que, segundo ele, eram muito curtas.

A sala para a primeira série era composta basicamente de adultos - talvez uns 20 -, pessoas que não puderam dar seguimento a seus estudos até então, quando o Território só oferecia o Ensino Primário. 

O corpo docente do “ginásio” era formado por padres e um ou outro escolado que fazia parte da comunidade.

Quando Orestes chegou ao vale do rio Branco, o recém criado território federal era governado por Belarmino Neves Galvão. O padre diz que se tornou amigo da autoridade maior e, com ela, tomou muitas doses de uísque escocês, que aviões da Força Aérea Brasileira traziam da, então, Guiana Inglesa. 

Paralelamente à direção da escola, padre Orestes desenvolvia atividades normais dentro da igreja. Conta que, durante as férias escolares, saiu muitas vezes para desobrigações pelo interior do Estado, onde viu muitas paisagens bonitas, além de fartura de caça e de pescado.

“Uma vez, na companhia de um índio, fui do rio Branco até Maiquetia [região de Caracas, na Venezuela]. Foram 12 dias de viagem. À noite, o índio se encostava em qualquer lugar e dormia como se estivesse num paraíso; eu, por meu lado, estava sempre preocupado com qualquer ruído à nossa volta e com a mão sempre pronta para usar a pistola 9mm que não saía da minha cintura”, relata.

“Meu trabalho sempre foi implantar e organizar escolas. Sinto muita pena por ter sido enviado para nova missão [no Rio Grande do Sul] em 1953, antes de completar quatro anos no Território do Rio Banco, pois não vi minha primeira turma de ginasianos se formar”, lamenta.

Padre Orestes é músico: toca órgão e piano. Diz que, apesar da insistência dos outros sacerdotes, não se apresenta em eventos da igreja. “Não pratico mais com assiduidade e acho que, se não for pra fazer bem feito, é melhor não fazer”, sentencia.

 Ginasianos no pátio do GEC, ainda em fase de construção - 1962 (Foto: autor desconhecido)

Raridade milionária

Ghibaudo ouviu falar da existência de um Stradivarius nalgum lugar do imenso sertão roraimense. “Empenhei-me na busca dessa raridade. Viajei em pequenas avionetas, em barcos, canoas e em lombos de cavalo... Depois de um tempo, concluí que eram só rumores”. Sonha: “Se o violino existisse e eu o tivesse encontrado, poderia investir na obra da Missão da Consolata e ainda sobraria muito dinheiro para outras atividades”.

De Roraima, Orestes seguiu para o Rio Grande do Sul, onde ficou por alguns anos. Hoje, radicado em Brasília dedica-se, ainda, à coordenação de ensino em instituições da igreja. “Gosto de meu trabalho e, apesar de minha idade, meus superiores valorizam minhas ações. Raramente temos alguma divergência dentro das decisões que eu tomo”, festeja.

Considerações finais

Perguntado sobre a possibilidade de vir a Boa Vista para ser homenageado por ex-alunos do GEC, padre Orestes responde: “Eu me sentiria lisonjeado com o convite, mas, por questão minha, não volto aos lugares em que trabalhei. O tempo passou, as coisas mudaram e eu prefiro guardar na lembrança o tempo vivido por mim”.

 

Meninos, eu vi

Padre Orestes assistiu a passagens interessantes durante seus tempos em terras de Makunaima. Uma amostra: 

ESTUDANTADA

Pausadamente, como se forçasse as lembranças, ele conta que, um dia, algum dos alunos botou pó de giz na careca do padre Bindo Maldolesi, professor de matemática. Injuriado, aborrecido, revoltado, o sacerdote pediu que o diretor suspendesse as aulas até que o culpado pela “agressão” fosse descoberto e expulso da escola.

“Reuni-me com o bispo e com os outros padres e tivemos muito trabalho até que padre Bindo se acalmasse e aceitasse voltar à sala de aula, pois aquilo ‘era coisa de estudante’”, conta sorrindo. Fato que é nunca se descobriu quem fez a sacanagem com o professor.

O GATO COMEU

“As madres tomavam conta de nossas vestes e providenciavam nossa alimentação. De carne bovina, elas faziam linguiças que, secas ao sol, resistiriam ao tempo, sem estragar.

Uma vez, por não ter linguiça bastante para todos os sacerdotes, resolvemos reclamar.

As freiras disseram que a reclamação não procedia.

Fizemos uma investigação e descobrimos que irmão Carlos [cujo sobrenome ele não se lembra mas garante que não era Casadio] escondia boa parte dos embutidos para comer sozinho”, relata com os olhinhos apertados, querendo rir.

ONDE ESTÁ O DINHEIRO?

Produtores locais guardavam o dinheiro de suas vendas em casa.

Com a inauguração da primeira agência do Banco do Brasil em solo roraimense, padre Orestes viu-se obrigado a aconselhar aqueles homens a depositarem suas economias na instituição financeira, onde estariam mais seguras e, até, podiam render algum trocado.

Convencido pelo sacerdote, um pecuarista abriu conta na agência bancária. Dois ou três dias depois de entregar seu dinheiro ao caixa da instituição, o homem levou padre Orestes até o gerente que, contrafeito, conduziu o correntista até o cofre-forte e mostrou-lhe onde e como seus caraminguás estavam bem guardados.

PRESENTE MORDEDOR

Para festejar o aniversário de tenente Guimarães, proprietário de O Átomo - primeiro jornal riobranquense -, homens e mulheres da sociedade local se reuníram para comes e bebes.

Aboletado entre autoridades civis, militares e eclesiásticas, o homeageado dominava o ambiente e recebia presentes que fazia questão de abrir para que todos apreciassem os mimos.

Do meio dos pacotes, o tenente alcançou um pequeno embruho; dentro deste, um mimoso estojo. Do estojo, o jornalista retirou uma sorridente perereca, com 32 alvos dentes incrustrados em brilhante resina cor de rosa.

Antes que tenente Guimarães escondesse o “presente” no bolso do paletó, convidados mais próximos dele sorriam e davam asas à imaginação sobre como e porquê aquela prótese viera parar ali àquela hora. 

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zepinheiro1@ibest.com.br (Aroldo Pinheiro) Variedades Tue, 07 May 2019 03:40:21 +0000
Encontro sobre Direito Amazônico em Boa Vista http://jornalroraimaagora.com.br/noticias/encontro-sobre-direito-amazonico-em-boa-vista http://jornalroraimaagora.com.br/noticias/encontro-sobre-direito-amazonico-em-boa-vista Encontro sobre Direito Amazônico em Boa Vista

Evento voltado para jusitas e estudiosos sobre o assunto

De 15 a 17 de maio deste ano, nas universidades Estadual e Federal de Roraima, ocorrerá um grandioso encontro de especialistas que vão discutir, sob a visão jurídica, a Amazônia e todos os seus aspectos - culturais, sociais, econômicos, políticos, ambientais e fronteiriços -, durante o 4º Congresso Internacional de Direito Amazônico.

Juristas e estudiosos interessados em uma abordagem regionalizada, interdisciplinar e transversalizada na construção de um novo direito não podem deixar de participar.

Das quatro edições, esta é terceira vez que o Congresso ocorre em Roraima, sob a coordenação geral da Associação Brasileira de Letras Agrárias (ABLA), instituição presidida por Gursen de Miranda, professor decano de Direito da Universidade Federal de Roraima.

Na programação, estão agendadas as participações de vários palestrantes de renome nacional e internacional, como, por exemplo, Román José Duque Corredor – escritor venezuelano e doutor em Direito, que tem diversos trabalhos publicados sobre Direito Constitucional e Direito Agrário em seu país -, e Leonardo Pastorino, da Argentina, presidente da União Mundial de Agraristas Universitários (UMAU). Especialistas do Peru, Bolívia, Cuba e Itália também confirmaram presenças.

O evento é aberto a estudantes, advogados, profissionais que atuam nas áreas de Direito ambiental, Direito Indígena, Agrário, Minerário, Direito da Navegação Fluvial e direitos humanos. “O Direito Amazônico envolve várias disciplinas jurídicas que dizem respeito à realidade amazônica”, explicou Gursen De Miranda, referindo-se à necessidade de ampliar e aprofundar cada vez mais os conhecimentos sobre o assunto. “O Direito, atualmente, deve ser estudado numa visão jurídica regionalizada para construir o estado da arte do Direito Amazônico”, concluiu o professor.

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contato@rrdigital.com.br (Redação) Variedades Thu, 04 Apr 2019 06:42:36 +0000
Feliz Natal http://jornalroraimaagora.com.br/noticias/feliz-natal http://jornalroraimaagora.com.br/noticias/feliz-natal Feliz Natal

Que todos nossos leitores, anunciantes, colaboradores e simpatizantes tenham um feliz Natal!

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zepinheiro1@ibest.com.br (Aroldo Pinheiro) Variedades Mon, 24 Dec 2018 13:27:22 +0000