Aroldo Pinheiro, roraimense, comerciante, jornalista formado pela Universidade Federal de Roraima. Três livros publicados: "30 CONTOS DIVERSOS - Causos de nossa gente" (2003), "A MOSCA - Romance de vida e de morte" (2004) e "20 CONTOS INVERSOS E DOIS DEDOS DE PROSA - Causos de nossa gente".
GENTE BOA (quando quer), o competente publicitário Dyego Araújo acelerou corações durante a Expoferr3034
(Material publicado na edição impressa número 225 de dezembro de 2024)
JOÃO VALENTE, capo da JR Refrigeração, é prova de que com trabalho sério e honestidade chega-se a lugares inimagináveis
(Material publicado na edição número 225 de dezembro 2024)
GENTE BOA (quando quer), o competente publicitário Dyego Araújo acelerou corações durante a Expoferr 2024
(Material publicado na edição impressa número 225 de dezembro 2024)
ESTILOSA, feito cometa, Tereza Sampaio iluminou os espaços da Expoferr com seu charme, beleza e alto astral
(Material publicado n edição impressa número 225, de dezembro 2024)
BRASÍLIA, mulheres da família Pinheiro, posam juntas para mais um Natal: Julieta Pinheiro Martins, Maura Gomes Pinheiro, Aleide Pinheiro Martins, Mariana Pinheiro, Auricélia Pinheiro Henriques (a anfitriã), Beatriz Rocha Pinheiro, Anne Marcolino, Natália Pinheiro, e no colo da mãe, a princesinha Laura Pinheiro Dias
(Material publicado na edição impressa número 225 de dezembro de 2024)
Em 2012, poucos dias depois da morte de Laucides Oliveira, encontrei-me com meu amigo Joel Cruz e comentei não tê-lo visto no velório ou no enterro de Mestre Lau. Franzindo o cenho - expressão peculiar de quando queria falar sério -, ele explicou: "Parente, eu não paro em acidentes, não visito doentes e nem vou a velórios ou enterros..."
Antes que eu procurasse sentido em suas palavras, ouvi: "É nesses lugares que ela, a Morte, está sempre. Não vou a esses lugares para evitar que a danada me veja, busque sua caderneta e anote meu nome para próximas missões... Eu não dou chance à ceifadora de vidas".
Minha amizade com Joel vem desde a infância. Passamos algum tempo distantes um do outro, mas, de uns 10 anos pra cá, a música nos reaproximou e nossos encontros se tornaram frequentes. Depois de aposentar-se, ele, pouco a pouco, passou a fugir de vida social e de amigos. Isolamento total.
Em seu último aniversário, 20 de abril, mandei-lhe mensagem reclamando da distância que ele impôs a si mesmo. Por seu filho, soube que ele leu meus escritos, sorriu, mas não fez nenhum comentário.
Hoje, domingo, primeiro de junho, fui informado da morte de Joel. Uma pena. Perdi um grande amigo. Pena que a Morte, quando quer, sempre encontra suas vítimas.
Vá em paz, amigo.
Pioneira em Roraima, dona Neuza festeja seu centésimo aniversário em Brasília, DF
Reportagem publicada na edição 219 de 29 de abril de 2024
Como a longevidade do brasileiro vem aumentando muito, apressadinhos podem até dizer que "hoje, chegar aos 100 anos é fácil". Pode-se garantir, no entanto que pouquíssimos dos que leem a reportagem atingirão essa idade.
Ainda mais com o bom humor, a disposição e a espirituosidade da homenageada.
Neusinha - como tratada pelos filhos e os mais chegados - nasceu em Quixará, hoje, Farias Brito, no Ceará, no dia 24 de abril de 1924. Filha mais velha de Alzira e Manoel Ribeiro da Silva, ajudou na lida doméstica e na criação de seus quatro irmãos.
Casada com José Pinheiro de Souza, em 1939, deu à luz 13 filhos; desses, oito chegaram à idade adulta. Em 1953, com seis crianças na bagagem e um na barriga, mudou-se para Boa Vista, capital do, então, Território Federal do Rio Branco - hoje, Estado de Roraima.
Ainda no final dos anos 1950, Neusinha trouxe seus dois irmãos solteiros para a única capital brasileira além da linha do Equador - José Ribeiro e Maria Betisa - que, também, contribuíram com o progresso de Roraima. Voltada para a educação de sua prole e dos afazeres domésticos, Neusinha sempre participou da vida profissional do marido. Moderninha, foi a segunda mulher a tirar Carteira de Habilitação em Roraima.
Bem informada, Neusinha também teve participação ativa na política do Rio Branco. Organizava reuniões, discursava e escrevia discursos para oradores de partidos aos quais esteve filiada. Em 1982, dois anos depois da morte do seu companheiro, Neusinha mudou-se para Brasília, DF, onde vivem suas filhas.
No sábado, 27, dezenas de pessoas se reuniram no salão de festas do condomínio onde Neusinha mora, na capital federal, para festejar seu centenário. Amigos e parentes de outros estados fizeram questão de comparecer. O número mais expressivo desses convivas foi, claro, de Roraima, onde Neusinha viveu boa parte de sua vida.
DE RORAIMA, os sobrinhos Berinho Bantim, Rossiany Bantim e Cézar Thaumaturgo cumprimentam a centenária
A ANIVERSARIANTE com os sobrinhos Ailton e Amilton, que se deslocaram do Crato (CE) e Boa Vista (RR), respectivamente, para homenageá-la
Josinaldo entrou no serviço público logo depois de completar 18 anos. Aos 30, funcionário de carreira, bom partido, deu mole, apaixonou-se por amazonense faceira e, quando deu fé, estava dizendo sim à pergunta feita por padre Luizinho, na igreja de São Francisco das Chagas.
Com os quatro filhos já encaminhados, Josinaldo e Patrícia resolveram pôr fim ao casamento. Nada de problema. Puro desgaste. Agora, perto de aposentar-se, Josinaldo vivia muito bem vivida a vida de solteiro e dizia que "nunca mais juntaria panos de bunda com mulher nenhuma".
Certa noite, numa dessas arapucas do destino, Josinaldo encontrou-se com Hildete – morena jeitosa que sempre lhe despertara tesão. O casamento de Detinha não ia lá muito bem e os encontros com Josinaldo passaram a ser cada vez mais frequentes.
Uns dois meses depois de iniciado o affair entre o casal de sexagenários, o divórcio de Hildete com Irineu foi homologado. Na mesma semana, sem nem virar o colchão desocupado, Josivaldo mudou-se para os aposentos da namorada.
Tudo ia bem até quando Detinha começou a ter crises de ciúmes e perturbar o juízo de Josinaldo sempre que ele saía para encontrar-se com amigos. A marcação era cerrada, as brigas se tornaram caa vez mais constantes e nosso funcionário público decidiu dar um basta à situação.
Numa sexta-feira, depois do almoço, Josinaldo explicou seus motivos e comunicou à parceira que voltaria para o seu muquifo e sua paz. Hildete não botou dificuldades, mas fez uma única exigência.
- Olha, Naldo, quando nós começamos a sair, eu tinha um homem nesta casa. Irineu só foi-se embora daqui depois que você surgiu em minha vida...
E propôs: "Você pode até ir-se embora de vez, mas só depois que eu arranjar um homem pra ocupar o seu lugar".
Não tenho certeza, pois o povo fala muito. Em mesa de bar, ouvi que Josinaldo anda doido pra encontrar um namorado para a sua ex-namorada.
No embalo desses forrós safados e de muito mau gosto, empresário de visão resolveu adaptar imensa área urbana para que aficionados se entregassem aos bate-coxas e rela-buchos. Contratou um arremedo de banda forrozeira, quatro periguetes que se diziam dançarinas, espalhou algumas dezenas de mesas e cadeiras de plástico pelo terreiro, deu o nome de Fazendinha ao mais novo point da cidade e deixou o fuzuê comer no centro.
Lá, dava gente de todo tipo. Em visita ao point, Tonhão, um amigo meu, sentenciou: "Meu irmão, eu nunca tinha visto tanta gente feia por metro quadrado".
Daniela, acadêmica de Comunicação Social na Universidade Federal de Roraima, 20 anos, mocinha de muito bom gosto, gostava da balada, mas oferecia resistência a lugares que considerava suspeitos. Lugares que pudessem "queimar o filme", como ela dizia.
Certa noite de sábado, depois de a turma zanzar sem rumo, alguém deu ideia de encerrar a farra no Fazendinha. Dani pulou fora.
- Não, não, não. Faço questão de não ir a esse lugar. Além de muito arriscado, lá só tem gente feia...
Os amigos rebateram:
- Ei, menina, nós vamos em grupo. Ninguém vai nos incomodar... Lá tem tanta gente, que tu nem vais ser notada.
Para não se tornar desmancha prazeres, Dani capitulou. Retocou a maquiagem, ajeitou a roupa e, de braços dados com dois amigos, misturou-se ao resto da galera. Ao cruzar o portão do point, a moçoila ouviu o refrão da música de boas vindas: "O Fazendinha tá cheio de quenga/ E cada hora tá chegando mais.../ O Fazendinha tá cheio de quenga/ E toda hora tá chegando mais..."
Fazer o quê? A acadêmica se entregou ao ritmo apelativo e dançou entre as "outras" quengas até o dia amanhecer.
"Eu sou é madeira/ Em samba de roda já dei muito nó.../ Em roda de samba sou considerado,/ De chinelo novo brinquei Carnaval, Carnaval. Eu sou é madeira/ Meu peito é do povo do samba e da gente,/ E dou meu recado de coração quente/ Não ligo a tristeza, não furo eu sou gente. Sou é a madeira/ Trabalho é besteira, o negócio é sambar/ Que samba é ciência e com consciência/ Só ter paciência que eu chego até lá... Sou nó na madeira/ Lenha na fogueira que já vai pegar/ Se é fogo que fica ninguém mais apaga/ É a paga da praga que eu vou te rogar" (João Nogueira)
Com letra e embalo da música de João Nogueira homenageio com saudade o Gilson, caboco querido, sangue bom, animado, espirituoso, brincalhão, bom de farra, amigo prestativo.
O peito de Gilson explodia com música de qualidade, com samba da gente. Carnaval era com ele.
Gilson era assim, não ligava pra tristeza, não furava: Gilson era gente. A notícia da morte do "Nó-na-madeira" – era assim que eu o cumprimentava, pois, para mim, essa música o identificava como bom intérprete de sambas bem humorados – pegou-me de surpresa.
Há algum tempo eu não me encontrava com Gilson. Não sabia que uma broca, em forma de câncer, estava corroendo essa madeira de lei roraimense.
Como boa madeira, Gilson se consumiu estalando, lutando contra essa doença que, covarde, invade organismos silenciosamente.
Gilson Leitão era nó na madeira, lenha na fogueira que já vai pegar e, se é fogo que fica ninguém mais apaga.
A chama de dor e saudade deixada por Gilson Leitão no coração de inúmeros fãs e amigos há de ficar acesa por meio das muitas horas de prazer e alegria que a companhia desse caboco nos proporcionou.
As noites roraimenses ficaram menos alegres.
Deus te guarde, Nó-na-madeira.