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Gafanhotagem II - Salve-se quem puder

    Sábado, 30 Julho 2016 23:19

    Gafanhotagem II - Salve-se quem puder

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    Gafanhotagem II - Salve-se quem puder Aroldo Pinheiro

    Dando prosseguimento à entrevista exclusiva concedida ao jornal Roraima Agora, Carlos Levischi ressalta que “conforme depoimentos de pessoas que trabalharam na folha de pagamento do governo do Estado, testemunhas em processos tramitando na Justiça Federal, o esquema foi absorvido pela Secretaria de Administração e teve seus valores aumentados por determinação do então governador Flamarion Portela”. 

    Leia a primeira parte: http://www.jornalroraimaagora.com.br/noticias/gafanhotagem-levischi-conta-tudo?fb_ref=Default 

    Em abril de 2002, Neudo Campos deixou o governo para tentar vaga no Senado Federal. Empossado como governador, Flamarion Portela extinguiu o DER e, segundo Levischi, “utilizou-se do ato para dar a impressão de que combatia a corrupção, supostamente havida na gestão anterior”.

    Bode expiatório

    Esporões de gafanhotos começaram a surgir quando pessoas que nunca tinham feito declaração de Imposto de Renda eram intimadas pela Receita Federal para justificar valores recebidos em exercícios passados. Nas eleições, políticos se acusavam mutuamente. E estavam corretos, pois Executivo, Legislativo e Judiciário de Roraima estavam contaminados. A questão não era saber quem era corrupto, era saber quem tinha roubado mais.

    Levischi conta que, para dar apoio à campanha do ex-governador ao Senado, instituíra o PRTB em Roraima e, para esse partido, conseguira mais de 15 mil filiados. “Neudo, entretanto, dava claros indícios de que deixaria toda a culpa recair sobre mim, e, mais por mágoa do que pela razão, decidi lançar-me candidato ao governo do Estado”, diz.

    A campanha eleitoral de 2002 transcorreu entre acusações, traições e outras coisas próprias de políticos de Roraima. Apesar do uso de métodos condenáveis pela Justiça Eleitoral e que custou a perda de seu mandato, Flamarion elegeu-se governador. Alguns deputados foram reconduzidos à Assembleia Legislativa; Romero Jucá e Augusto Botelho se elegeram senadores. O ex-governador Neudo Campos ficou em quarto lugar, com 10,87% dos votos válidos.

    Devagar, mas firmes, Ministério Público e Polícia Federal conduziam investigações sobre a roubalheira em folhas de pagamento; depoimentos eram colhidos, informações eram confrontadas.

    Instruídos por defesa bem paga, depoentes jogavam a culpa em Levischi. Ele afirma que, “com o rumo que as coisas tomavam, tinha medo de ser preso, assassinado na cadeia e, com sua morte, facilitar a vida de mentores e beneficiados pelo esquema de corrupção”.

    Aconselhado por advogado, e sofrendo pressões, Carlos partiu para acordo de delação. “Eu não tinha meios financeiros para me defender e não havia sinalização de que Neudo e demais beneficiados com o esquema me ajudariam; ao contrário, se fizeram de desentendidos e me culpavam pelo episódio, como se eu pudesse ter os poderes necessários à sua execução”, justifica.

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     POEIRA DE AVIÃO pode ter acelerado investigações e levado à descoberta de esporões e asas de gafanhotos (www.campograndensenews)

    Avião faz pouso forçado e levanta poeira

    Em 22 de maio de 2003, um avião fez pouso forçado no entorno de Boa Vista. Dentro da aeronave abandonada foram localizados dólares e libras esterlinas (na época, equivalentes a R$ 3,5 milhões). Mistério.

    Carlos Levischi diz que “a lenda conta que as investigações, sobre esse avião, levaram à NSAP, que levaram a procurações falsas e fraudulentas, que levaram ao esquema de gafanhotos com seus deputados, conselheiros do Tribunal de Contas e ao ex-governador Neudo Campos. Atiraram no que viram e acertaram no que não viram.

    Agente federal, que pediu anonimato, diz que “como no avião havia indícios de cocaína, as investigações foram canalizadas para o tráfico de drogas ilícitas”.

    Operação Praga no Egito

    Seis meses depois, em 26 de novembro, a Polícia Federal deflagrou uma das maiores operações de sua história até então: pelo menos dois aviões, dezenas de veículos, uma centena e meia de agentes saíram à caça de criadores de gafanhotos e seus respectivos capatazes.

    Enquanto envolvidos eram presos ou conduzidos para depor, na edição do dia 27, “O Globo” noticiou: “Neudo Campos (PP) foi preso no Lago Sul, em Brasília. Os demais foram detidos em Boa Vista. No fim da tarde, na chamada Operação Praga no Egito, a PF ainda estava caçando mais 14 supostos beneficiários do golpe responsável pelo desvio de aproximadamente R$ 500 milhões de verbas federais e estaduais”.

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    NEUDO CAMPOS quis tirar o dele da reta e jogar toda a culpa no ex-diretor do Departamento de Estradas de Rodagem  (Boavistajá)

    Carlos Levischi afirma não poder esquecer a data, pois, naquele mesmo dia, sua única irmã morrera em São Paulo.

    A quem o acusa de maior culpado pela roubalheira, o ex-diretor do DER e operador do desvio de dinheiro pergunta: “Por que Neudo foi preso e eu não?”

    O terceiro capítulo dessa novela que ainda está longe de ter o seu desfecho estará na próxima edição do Roraima Agora.

     

     

    Lido 2913 vezes Última modificação em Quarta, 09 Agosto 2017 09:09
    Aroldo Pinheiro

    Aroldo Pinheiro,  roraimense, comerciante, jornalista formado pela Universidade Federal de Roraima. Três livros publicados: "30 CONTOS DIVERSOS - Causos de nossa gente" (2003), "A MOSCA - Romance de vida e de morte" (2004) e "20 CONTOS INVERSOS E DOIS DEDOS DE PROSA - Causos de nossa gente".

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