Criado em 1943, o Território Federal do Rio Branco recebia governadores escolhidos na capital do Brasil. Muitas vezes, esses governantes eram pessoas inconvenientes para o Executivo federal, que, para ver-se livre de aporrinhações, mandava-os para bem longe. Mais longe do que o Território do Rio Branco? Impossível.
Lá pelo final dos anos 1950 – ou início da década de1960 –, o novo governador trouxe em sua equipe, um tenente que, na função de ordenança, fazia tudo o que seu mestre mandava. Insistente e persistente, tenente Palma Lima conseguiu ser nomeado prefeito de Boa Vista.
Palma Lima era apaixonado pelo Exército e tinha verdadeira adoração pela farda verde-oliva. Sempre usando impecável uniforme engomado e vincado, sapatos tão brilhantes que refletiam a luz do sol, óculos Rayban – independentemente do local e da hora do dia –, o tenente gostava de desfilar entre sua moradia, na Praça do Centro Cívico, a residência governamental, na avenida Jaime Brasil, e o Palácio do Governo, na esquina da rua Coronel Pinto com a avenida Getúlio Vargas. Narcisista ao extremo, ele imaginava que a população o admirava da mesma maneira que idolatrava os astros do cinema americano daquele tempo.
No peito, Palma Lima carregava muitas medalhas. Até hoje, não sei onde nem como o militar conseguiu tantas comendas. Dizem até que ele comprou alguns daqueles enfeites. Na cidade, a empáfia do militar tornou-se motivo de piada e deu origem a algumas expressões. Se um cidadão comparecia muito elegante a qualquer acontecimento, alguém comentava: “Tu estás mais bonito do que a farda do tenente”; se uma mulher surgia com brincos, pulseiras e cordões de ouro exagerados, ouvia: “Tu estás mais dourada do que o peito do Palma Lima”.
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