Minha mãe sempre foi carola. Ao mudar-se para Brasília, na década de 1980, conheceu Santo Expedito e apaixonou-se pelo encarregado das causas impossíveis.

A igreja de Expedito fica a poucos metros do apê de Neuzinha e ela, agora íntima, quando vai ao templo para suas orações, avisa: "Vou ali na casa do vizinho".

Família grande sempre tem problemas. Saúde física, saúde financeira, amor, desamor, mamãe está sempre apelando para Santo Expedito pelos seus. Pior – ou melhor? – é que a maioria das preces dela, parece, são sempre ouvidas.

Daniel, meu filho, foi aprovado em concurso para a Polícia Civil do Distrito Federal. O roubo de Agnelo, quando governador do DF, deixou a Segurança sem orçamento e Daniel, mesmo com os pedidos feitos a Santo Expedito, nunca foi chamado.

Há algum tempo, sendo meu filho aprovado em concurso para o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, Neuzinha carregou nos pedidos para que Expedito intercedesse junto ao chefe supremo: Deus.

Deu certo. Daniel assumiu vaga no TJDFT. A família reuniu-se em almoço para comemorar a vitória do meu menino. Mamãe preferiu não ir.

Terminada a farra, quando cheguei ao apê, encontrei Neuzinha aos pés da imagem de Santo Expedito. Antes que mamãe desse por minha presença, ainda ouvi-a dizer: "Meu Santo, você deve estar de saco cheio de meus pedidos... Descanse e retome suas atividades, pois, por aí, deve ter muita gente precisando de sua ajuda. Eu, com essa vitória conseguida por meu neto, prometo que vou dar um tempo e passar pelo menos um ano sem lhe pedir nada..."